Right Time Wrong Place

Categorias:Romance
Wyrm

Right Time Wrong Place


A vida noturna fora o seu ambiente por muitos anos e a distância não a tornara menos íntima. Pessoas e bebidas assistidas por detrás de um balcão de bar entre milhares de histórias desabafadas ou ouvidas. Rhistel não sentiu saudades dos tempos incertos de aprendiz da noite, mas agradecia por cada um deles. A trajetória que o levara por tantos caminhos humanos, entrelaçando com vidas que passam por ele muitas vezes por uma única noite, contribuíra para formar boa parte dos seus valores. Todavia, o mais importante talvez tenha sido o quão fácil conseguia perceber os truques sujos da Wyrm.

Ele gostava de sair com Blair e caminhar de mãos dadas com ela, perto e longe das crianças da noite. Era comum que encontrassem algo para caçar no final do encontro. Rhistel sentia que não havia mais ninguém que se encaixasse tão perfeitamente ao seu lado e tinha certeza que Blair pensava o mesmo. Somente tê-la na mente ele se sentia bem. Mesmo quando estar com o pensamento na namorada trouxesse a ansiedade ao imaginá-la em locais tão escuros quanto a Umbra Negra. Blair e Henry são fantásticos. Ele estava preocupado, mas não a ponto de duvidar que eram capazes de retornar a salvo. O irmão ao seu lado com certeza não se sentia à vontade de caminhar pelo centro de Fox Town e nem levava a mesma segurança ao peito. Os dois, vestidos com roupas esportivas e regatas cavadas, caminhavam lado a lado em um silêncio que somente se cortava para fotos com fãs lúcidos que surgiam pelo caminho. Os dois Dragões os atendiam com carinho. Era a pausa dos pensamentos agitados.

Duvidar das habilidades de Blair e Henry seria abraçar a ignorância. A Maga experiente e o Kitsune semideus possuíam créditos pelas vidas que acumulavam ao não perecerem, vencendo batalhas onde a derrota poderia ter sido certa. Contavam a história de ambos terem sobrevivido a um encontro com um Rastejante Nexus. Nem mesmo Mundo Espiritual os ignorava mais. Ladirus também confiava neles, mas não conseguia forçar o mesmo com Audrey. Imaginava que era muito possível qualquer atitude impensada e suicida surgir da Maga. Era o pior lugar para ela estar. Ladirus ajeitou o boné na cabeça e se virou para Rhistel.

– Ártemis foi para alguma missão também… Com as fadas. – Ele sussurrou ao Dragão de Gelo.

Rhistel se voltou para o irmão, assentindo vagarosamente.

– Ahm… Ártemis é poderosa. – Rhistel sussurrou em resposta e desenhou um sorriso em seus lábios. – Não se preocupe…

– Não… Com ela, não tanto… – Ladirus abaixou a cabeça. – Eu estou com uma péssima sensação geral. Agoniado, eu não sei.

– Por causa da Rey? – Rhistel o abraçou pelos ombros, de lado.

– Não somente pela Rey. Não estou em paz…

– Você não está misturando as coisas? – Rhistel abaixou a cabeça, arqueando as sobrancelhas enquanto o olhava.

– Não sei, Ras. – Ladirus respirou profundamente, tocando-se ao pescoço.

– Você sempre foi o nosso filtro… Ahm… Isso faz tempo?

Ladirus encarou os olhos do irmão e negou com a cabeça.

– Eles estão ali. – Rhistel desviou do caminho reto que seguiam.

A mensagem chegou quando estavam muito perto: “Já estão chegando? Vocês podem pegar a So no estúdio Music Weather? Ela vem conosco.”

O local ficava há algumas quadras dali. Era um local onde as estrelas de pop costumavam se encontrar com produtores para brainstorms e reuniões dos próximos passos.  Após a festa de Halloween, Sophie havia se dirigido para lá para assinaturas e programações da sua carreira. Estava preocupada em muitas formas, mas animada, especialmente pelos festivais que havia fechado. Um deles, a estrearia com uma imensa performance, muitos dançarinos e efeitos. Nunca havia participado de nada tão grande. Mas estava preocupada.

“Está bem”, Ladirus respondeu de pronto. “É naquele lugar que fomos semana passada?”.

“É…”, Rhistel respondeu. As reticências claramente expostas em sua voz lamentosa. “Não é longe… Vamos andando…”.

Nyra está me provocando. Rhistel cruzou os braços ao se desviar da rota e girou os olhos para o céu brevemente. Por que ela mesma não foi até lá? O Dragão de Gelo fez um muxoxo, maldizendo Deus e o mundo ao ter que se arrastar até Sophie. O dia já não estava tão bom sem a sua namorada ao lado…

– Já parou para pensar sobre de onde vem tanta birra contra a Cria de Fenris? Sophie é uma pessoa tão legal… – Ladirus perguntou e suas palavras entraram como farpas em baixo do dedo de Rhistel.

– Ahm…. – Ele ponderou brevemente. – Não quero pensar. – Rhistel bufou. – Deixe-me.

– ‘Tá. – Ladirus fez um beicinho para si mesmo, observando ao redor.

A temperatura descia aos poucos conforme a escuridão se aproximava. Ladirus fitou Rhistel de soslaio, mirando o irmão se alimentar da própria birra. Mimo, concluiu. Os olhos pequenos tornaram-se atentos ao se sentir sozinho na vigília. Desviavam-se das pessoas que se agrupavam nas calças, rindo e bebendo. Cheiro de sangue indicava Sanguessugas onde não deveriam. Ladirus parou de caminhar e franziu o cenho. Entre a multidão, um par de olhos azuis lhe chamou a atenção. Olhos azuis, destacados por uma sombra negra. Lábios grossos e corados se desprenderam e a garota escorou a cabeça como um canino curioso.

– Ladi. – Rhistel o pegou pelo pulso. – Vamos!

Ladirus olhou o Dragão de Gelo brevemente e se virou para buscar o semblante que a sua intuição apontara para prestar a atenção, mas ela na estava mais lá. Desconfiado, ele se pôs a caminhar ao lado de Rhistel novamente.

O local ficava há algumas quadras dali. Era um local onde as estrelas de pop costumavam se encontrar com produtores para brainstorms e reuniões dos próximos passos.  Após a festa de Halloween, Sophie havia se dirigido para lá para assinaturas e programações da sua carreira. Estava preocupada em muitas formas, mas animada, especialmente pelos festivais que havia fechado.

Esperou a confirmação da mensagem de Nyra, e esperou no saguão conversando com outra popstar. Falavam animadamente sobre a sonoridade de algumas músicas, e de alguns novos artistas sem visibilidade, até os mais cotados.

– Aqueles meninos também arrasam… – A garota disse. – Heathens.

– Ah! São meus amigos. – Sophie disse animadamente.

– Sério? E você os conhece mesmo?

– Claro! Às vezes tomamos café juntos.

– Nossa. E vocês não pensam em trabalhar juntos?

– Não… Talvez se eu insistir muito o Rhistel deixa o Ladi tocar em algum show meu. Acho que Ladi toparia. Mas… Eu não sei… Rhistel não fala comigo direito.

– Por quê…?

– Bem… Não sei se vale mencionar… – Ajeitou a mochila de couro da Chanel nas costas, presente de patrocínio. A outra continuou a olhando curiosa e atenta. Sophie se viu incapaz de parar: – Mas… Quase ficamos… Em uma casa de show. Eu nem lembro que banda era… E ficou nisso… Acho que ele pensou que eu estava dando em cima do Redwyne em um outro evento e deve me achar uma vadia. É o que minha irmã Julia acha.

– Que babaca! – Franziu o cenho incomodada.

– Ele tem o direito de achar o que quer. Não ligo também. Já faz um ano ou mais. Eu não vou ficar… Tentando mudar a mente dele… – Olhou-a e deu de ombros.

– E ainda sim vocês tomam café juntos?

– É, na Ilha… Eu fico com os Ve… Com os… Com alguns músicos. – Corrigiu-se – Nyra, Jullian, tem a Annik, modelo, conhece?

– Sim… – Tentou se recordar, e confirmou o rosto em sua mente. – Caramba. Você não pode me armar um café desse? Tem várias pessoas aqui nos negócios que adorariam…

– Não… É familiar. Somos amigos mesmo. – Sophie franziu o nariz – Não é esse tipo de café e encontro, onde a gente balança a cabeça e dá as mãos para contratos. É desses que… Às vezes, eu vou de pijama até. E… – Não continuou, mas pensou em cenas exóticas. – Enfim.

– Uau… – Arqueou as sobrancelhas surpresa. – Não é muito comum. Todo mundo aqui no show bizz tem um ego de leão…
Sophie concordou, mas lembrou-se que por ser uma Garou, eles tinham preocupações maiores que ego.

– Eles logo estão aí.

– Eles? – A garota se virou para a porta do hall.

– É. Rhistel… Ladi…

– Sophie! – Chamou-a nervosa.

– Que? – Olhou-a surpresa.

– Você não disse isso! Como é que você não avisa! Sua louca.

– Ah…

Na resistência, uma pose. Rhistel estava com os braços cruzados enquanto um produtor tagarelava com Ladirus e o Dragão de Água estava rindo simpático de suas piadas sem um pingo de graça. Rhistel franzia o cenho e tentava sorrir – sem sucesso – para demonstrar também que estava aberto a contatos, mas não desistia antes do gesto pendurar.

– Sophie, Sophie, vem aqui! – O produtor a chamou com a mão mole. – Coincidência? Estávamos falando de quem hoje? Ah?!

Ladirus abriu um sorriso para a Garou e a moça ao seu lado que ele pensou que talvez conhecesse…

– Deixe-me te aprese-

– Joff. A gente se conhece. – O sorriso de Rhistel se alargou amarelo.

– Ah… Verdade? Ela não me disse.

– Hah-ham… – Rhistel respondeu, fechando os olhos numa tentativa de fofura.

– Era dela que eu estava falando. Seria um Single com o sucesso certo.

Ladirus voltou a sorrir de novo.

– Seria maravilhoso, mas não temos tempo para falar disso agora. – Rhistel se voltou para Ladirus, encarando aquele sorriso largo. – Estamos de saída.

– Sim… Nos conhecemos.  – A Galliard sorriu com mais sucesso, mas como não teve vontade, logo morreu.

Sophie olhou para a amiga, ‘não disse?’, mas a garota não prestou muita atenção. Quis sorrir e ser vista, mas a pressa do vocalista da Heathens logo a fez se tocar que não conseguiria diálogos produtivos. Então devolveu seu olhar a Sophie, ‘me apresenta’.

– É, espera. Essa é a Solána. – Sophie se adiantou, mas preferiu manter seu olhar em Ladi. – Ela está começando agora. O primeiro single dela saiu ontem… Mas ela já escrevia música para várias pessoas…

A garota encheu o peito e sorriu nervosa, assentiu e cruzou os braços depois. – Olá. Parabéns pela última música de vocês…

– Obrigado. Deu trabalho. – Ladirus esboçou novamente um sorriso selado e sincero, unindo as mãos a frente do corpo com certa timidez. – Vou pedir para Sophie me mostrar a sua música…

– Quando tiver outra festa, você me avisa, Solána.  –  Sophie se moveu para o lado de Ladi.

– Ok. Claro. – Concordou. A popstar morena, de altura baixa e cabelos enrolados, não usava maquiagem, estava bem solta em um conjunto moletom e parecia ser marca da sua identidade.   Ela evitou o olhar de Rhistel quando percebeu que não conseguiria muita simpatia.  –  Espero poder os conhecer em outra ocasião…

– Quando tiver outra festa, você não nos avisa, Solána. – Rhistel disse, voltando os olhos entediados para a morena que não conhecia. Mas repentinamente, um sorriso. – Brincadeira. Você escreve muito bem. Conheço o seu trabalho. – Rhistel se virou para o produtor perdido. – Ei, Joff. Por que não marca um horário entre a Heathens e a Solána, hein?

– Bom… É uma possibilidade… – O produtor respondeu.

– Enfim! É isso! Até mais! Um prazer, Solána. Continue fazendo música boa. – Rhistel acenou para ela. – Vamos.

A garota arregalou os olhos com a proposta imediata, e embora percebesse que a amiga fosse provocada, não deu atenção a isso no momento.

– Legal! – Ela não escondeu seu entusiasmo. – Legal… – Consertou o tom da sua voz.
Sophie a olhou com as sobrancelhas arqueadas e voltou para Rhistel entediada. Andou logo que ele se despediu e fechou a jaqueta que usava para se esconder do frio.

– Solána é muito fã de vocês sabe. Ela é conhecida da Arty também… – Explicou a Ladirus – Mas acho que ela não sabe que vocês namoram… Não tem nada oficial na rede. – Sophie disse e desviou o olhar para a própria perna, a cicatriz ainda coçava, pois estava em um estado sensível. O comentário veio espontâneo enquanto tocava a própria coxa:  – Sabe… Não ia ser uma má ideia se fizéssemos alguma música juntos…

O Dragão de Água abriu a boca, buscando por um comentário rápido na mente antes que precisasse defender Sophie de alguma grosseria do irmão de coração de gelo.

– É coisa das Diamonds. Por enquanto, tem que ser assim. – Ladirus explicou. Por enquanto. Esperava que Sophie não quisesse investigar a sua declaração. – Eu devo ter ouvido. A Ártemis é bem apegada a todo mundo que se liga e vive dando apoio, sabe… Com certeza, deve ter me mostra-

– Eu não escrevo sobre o amor.

Ladirus prendeu a respiração ao ouvir a voz de Rhistel.

– Não como você escreve… Não é o meu foco. – O Dragão de Gelo continuou enquanto olhava para frente.

– Sophie não fala somente de amor. Ela fala sobre… Empoderamento. – O Dragão de Água usou a palavra com insegurança. Audrey disse…­ – Você não ouviu tudo, então.

– Não… Só ‘New Rules’.

– Você não gostou de ‘New Rules’? Eu gosto de ‘New Rules’. – Ladirus sorriu abertamente e sinceramente para Sophie. – Ela gruda na mente.

– Eu não disse que “não gostei”… – Rhistel praticamente sussurrou.

Sophie franziu o cenho para a afirmação, mas desviou-se para Ladirus e retribui o sorriso para o elogio a música.

– Obrigada. E… Você tem razão, Ladi. Eu falo de amor e se cuidar, e saber onde depositar sentimentos… Manter a estima.– Ela pensou olhando para o céu brevemente, resgatando as canções dele: – House Of Gold é sobre cuidar de quem se ama…  Holding On To You é sobre se agarrar ao amor próprio, sobre o controle de si mesmo… E… The Run and Go… É sobre confiar em alguém quando os problemas são maiores do que você pode lidar sozinho… Isso não é amor também? O que não é tão longe sobre as coisas que você escreve.  – Ela disse sentindo certo conflito na própria mente com a afirmação do Dragão de Gelo. Entreabriu os lábios e os fechou – Bem… Eu gosto da sua música com a Aisha… Eu acho que você combina com qualquer pop que fale de amor também… E não tem problema nenhum falar disso…

Gaia. Ladirus fitava Sophie enquanto ela falava, agarrando a oportunidade de diálogo que Rhistel havia aperto. Chegou a se identificar. Ele não nunca gostou de ser rejeitado e ficava tentando entender o porquê. Reagia de outra forma, mas reagia.

– apenas se lembrava de episódios de medo na reserva, mas aquela distância o fez enxergar uma proximidade. Eu, estrela…

Rhistel corou no mesmo instante. Quando Ladi o olhou, até os lábios vermelhos estavam mais vivos. Surpreso? Nervoso? Vai, idiota, resolve essa briga interna. Os olhos escuros e altivos encaravam Sophie. Ele suspirou tentando ser discreto, mas não foi. Rhistel era transparente com emoções. Ladirus nem sabia o porquê de ele tentar…

– Ahm… – Rhistel fez uma pausa. Até diminuiu a velocidade da caminhada. – Obrigado… – Ele entreabriu os lábios e molhou o inferior lentamente. – Você me pegou. – Outra pausa longa… – Eu fico inseguro para falar sobre amor sexual e acabar sendo meloso demais, mas é… Foi mais fácil em dupla… Esquecer com uma pessoa mais segura do tema…

Sophie arqueou as grossas sobrancelhas quando ele recuou um passo naquela briga. Abaixou o olhar, delineado em preto e com sombra esfumaçada na mesma cor. Os lábios estavam pintados em um gloss nude, e o cabelo, na altura dos ombros, tinha o lado esquerdo afastado para trás do ombro, exibindo os brincos prateados que contornavam a cartilagem, terminado no lóbulo com um pequeno cadeado com a letra “N” minusculamente desenhada. No pescoço, uma gargantilha grossa e decorada de cristais e cetim preto. A Galliard caminhava no ritmo deles, no tênis esportivo adidas e calças confortáveis e largas da mesma marca. Sophie usava uma jaqueta mais quente, mas por baixo  do zíper fechado apenas havia o sutiã. – Eu escrevo as minhas músicas também. Todas elas… Não são ruins.  Aliás, eu comecei do mesmo degrau que você. – Falava e o olhava – Você lembra quando conversávamos sobre fama? E nenhum de nós éramos. Ainda tem espaço para nós dois conviver, Rhistel.  Você não precisa se esforçar em demonstrar que tem desgosto em me ver toda vez. Você pode não gostar de nada mesmo. Mas eu não sou nenhuma ameaça… Não estou competindo com você…

A certeza que não deveria estar presente naquele momento foi tão forte que Ladirus desejou que a missão começasse naquele instante e ele não precisasse presenciar uma discussão entre os dois. Rhistel já não parecia notar que o irmão de Água existia. O seu olhar direto ao de Sophie só se tornou mais firme quando o assunto ganhou um ar pessoal. Ele negou com a cabeça, fitando o caminho brevemente por prudência antes de respondê-la:

– Eu não estou competindo com você… Ou torcendo contra você… O nosso trabalho nem tem nada a ver… – Ele parou finalmente de caminhar.

Ladirus fez o mesmo. Deveria chamar Nyra? Deveria continuar andando? O Dragão de Água olhava de Rhistel para Sophie com os pequenos olhos bem abertos.

Rhistel passou a mão pela barba curta que crescia, pinicando-o. Já era. Ele desviou dela brevemente e olhou para o céu.

– Não deveríamos estar tendo essa conversa agora… – Girou os olhos, impaciente, antes de voltá-los a ela. – Eu… Deve ser só uma birra… Eu tenho direito de ter uma birra. Sabe, você me iludiu sei lá o porquê! Minha vida andou e…. Mas não muda. Não foi… Legal.

– Hm? – Ladirus se voltou para Rhistel.

– Ela me iludiu, Ladi. – Rhistel repetiu. – Bom, eu me iludi, né. E eu me machuquei. Pronto. É isso! Nada contra a sua música. Nada, nada, nada. – Ele falava, agitando-se. – Não achei legal o que você fez!

Sophie parou ao mesmo tempo e ficou com os olhos nele igualmente. Escutou a razão dele e teve dificuldade de enxergar os motivos. Franziu o nariz e depois segurou o ar. – Uma birra, Rhistel! – O grito foi proferido na forma de um sussurro para não sair do Dom que a escondia dos olhos que passavam pela grande avenida central. – Você me culpou esse tempo todo por causa de uma expectativa sua? – Sophie respirou fundo e impaciente. – Eu não fiz nada! – Tocou o colo – Você acha que eu fiz, mas eu não-fiz-na-da, ok? Malcriado você. Jullian é tão educado, e você é muito malcriado. E mimado.

A crítica direta fez Ladirus fitar Sophie com os lábios entreabertos antes de retornar ao irmão de Gelo. Rhistel sorria – se é que aquilo poderia se chamar sorriso. Ele estava com os dentes pressionados e os lábios esticados retos e apertos. Era uma careta meio estranha que o Dragão manteve antes de rir breve, entre o conformismo e o deboche:

– Sim. – O Dragão arqueou as sobrancelhas. – Apesar de eu ser ligado nele, não temos as mesmas experiências de vida. Você era a primeira pessoa que eu estava me afeiçoando ao me sentir inteiro… E não com uma parte de mim grudada em uma Seita. Então, é! Você era especial. Muito especial. – Rhistel afundou as mãos nos bolsos da calça jeans. – Eu só não calculei que, para você, eu era apenas um Espírito em uma caverna. Uma carinha bonita qualquer. Alguém que você dançou na balada. Pode me chamar de mimado. – Ele encolheu os ombros. – “Ele criou expectativas e me puniu por isso”. Oh, pobre Sophie. Menina inocente que não sabia o que estava fazendo. ‘Tá. – Ele assentiu e riu. – Vamos indo. Eu estou me sentindo mais leve.

Ladirus gostaria de ajudar, mas para ele estava tudo muito confuso. Rhistel e Sophie quase tiveram algo?! Que parte havia perdido?! Se não tinham nada, por que Rhistel ainda estava chateado?! Ele amava tanto Blair… O Dragão de Água franziu o cenho para Sophie e retornou para Rhistel. Seguiu-o com o olhar quando ele atravessou em sua frente e começou a caminhar ao lado de Sophie.

– Não! Não… Eu não sou esse tipo de cara. Eu estava confuso, entende? Tudo era meio… Intenso, novo… E eu vivi muitas coisas de uma vez! – Ele se explicava, falando muito rápido. – Eu… Meti os pés pelas mãos… Pelo que eu entendi agora. Então… – Ele parou novamente de caminhar. – Me desculpe… – Pediu, olhando-a. – Talvez tudo isso tenha se misturado com ciúme também… Ah.

– Ras. Você é muito confuso. – Ladirus pontuou.

– Eu SEI! Droga. E… Se eu quisesse só chamar a sua atenção?! Ahm… Sabe, nós tivemos uma espécie de amizade e daí… – Ele largou os ombros. – Ficou tudo estranho e eu sinto a sua falta… Talvez… Não do jeito que começou, mas… Como amiga… É isso.

Ladirus gostaria de ajudar, mas para ele estava tudo muito confuso. Rhistel e Sophie quase tiveram algo?! Que parte havia perdido?! Se não tinham nada, por que Rhistel ainda estava chateado?! Ele amava tanto Blair… O Dragão de Água franziu o cenho para Sophie e retornou para Rhistel. Seguiu-o com o olhar quando ele atravessou em sua frente e começou a caminhar ao lado de Sophie.

– Não! Não… Eu não sou esse tipo de cara. Eu estava confuso, entende? Tudo era meio… Intenso, novo… E eu vivi muitas coisas de uma vez! – Ele se explicava, falando muito rápido. – Eu… Meti os pés pelas mãos… Pelo que eu entendi agora. Então… – Ele parou novamente de caminhar. – Me desculpe… – Pediu, olhando-a. – Talvez tudo isso tenha se misturado com ciúme também… Ah.

– Ras. Você é muito confuso. – Ladirus pontuou.

– Eu SEI! Droga. E… Se eu quisesse só chamar a sua atenção?! Ahm… Sabe, nós tivemos uma espécie de amizade e daí… – Ele largou os ombros. – Ficou tudo estranho e eu sinto a sua falta… Talvez… Não do jeito que começou, mas… Como amiga… É isso.

Parou quando ele parou, e continuou com aquela expressão de que era difícil digerir ainda. Sophie cruzou os braços e o olhava muito pensativa.

– Tudo bem… Eu acho… Mas… Amigos não fazem isso. Você não tinha que me tratar assim por todo esse tempo. – Soltou os braços – Por que você iria sentir minha falta…? Nem tivemos muita chance de conversar… Provavelmente o que você sabe de mim é só o que ouviu falar… – Fitou Ladirus brevemente – É… Ficou estranho. A gente deveria conversar… Outro dia. Okay?

– Não…?! Nós conversamos por anos… – Rhistel disse, estendendo os braços. – Sophie. Eu sou o Ras Algethi. Rhistel é o meu segundo nome… Essa aparência é minha aparência humana. Eu sou o Dragão de Gelo que ouvia… Todos os seus desabafos. – Ele afundou as mãos nos bolsos de novo. – Eu era um Incarna…

– É que você usava o seu nome real. – Ladirus disse a Rhistel. – Fica mais difícil associar… Né?

– Enfim… Okay. Esquece. Eu não vou mais te destratar nem nada. Você não precisa ser minha amiga se não quiser, mas não serei rude… Contigo. – Ele finalizou. – Você não me fez nada. Você tem razão e essa conversa realmente está muito estranha… Vamos…

Sophie ergueu as sobrancelhas, como se assimilasse algo naquele segundo, mas logo percebeu que já sabi da informação.

– Ah! E..Eu… Eu sei que é você! Mas era diferente! Você era um Dragão imenso de gelo. Não havia tanta intimidade… Eu acho… Eu falava muito… Falava? – Moveu as mãos e respirou antes de concordar. Era um começo. Talvez fosse aquelas coisas de progressos lentos. – Tudo bem… É que é diferente. Estou me acostumando também… – Voltou a andar sem pressa. – Já é algo… Se eu puder conversar… Com você no café. – Ela parou e se virou para ele de novo – Eu te desculpo.

Esperançoso, Ladirus se voltou para Rhistel. Acabe com isso, por favor. Apesar de amá-lo, sabia o quanto era difícil amá-lo, às vezes. Ras Algethi não possuía uma mente simples. Ele construía os próprios demônios com frequência e acreditava na existência deles. Ladirus sabia que Blair o ajudava muito com esse defeito, relembrando-o que não precisava morder qualquer um por qualquer coisa. Ladirus sabia que isso também não fazia bem para o Dragão de Gelo…

– Se isso te incomodava tanto, por que você não brigou comigo? – Rhistel perguntou a Sophie, olhando-a em seus olhos escuros. Doces olhos escuros. – Você está fazendo com que eu me sinta um monstro e eu achei que você estivesse nem aí… – Ele fechou brevemente os olhos. – Podemos conversar em qualquer lugar…

– Claro que sabia. Jullian cansou de te chamar a atenção.

– É diferente. Sophie nunca disse nada e o Jullian adora me dar broncas por tudo. E ele… – Rhistel olhou brevemente para Ladirus e retornou a Sophie. – Fica diferente perto de você. – Disse em tom acusatório.

A Lupina abriu a boca e a fechou. – Diferente como?! – Questionou surpresa – Nós somos amigos! Do Norte! Lutamos juntos diversas vezes! Ele não fica diferente… – Respirou impaciente – Ah! Isso não dá em lugar algum. Ras. Para de brigar comigo …de novo! Agora tá até discutindo de quem eu sou amiga. Eu sou de todos os Versos. – Franziu a testa – Annik é minha parente. Nyra é minha amiga de escola. Nathan me ajudou a produzir meu álbum. Jullian lutava comigo no Norte. – Enumerava com os dedos cada razão – Qual o problema de serem diferentes comigo? Quer saber… Se meu salto fosse fácil de tirar eu jogava em você agora. – Negou e decidiu andar na frente, a Fúria da Cria oscilando em ameaça.
As sobrancelhas escuras do Dragão de Gelo foram se arqueando conforme ela – precisamente – se explicava para ele. A Fúria despertada o deixou confuso. Por que tão brava? Dias e dias de aspereza trariam a impressão que qualquer comentário seu era um ataque… Provavelmente? Rhistel moveu o rosto em dúvida e se voltou para Ladirus pedindo por uma explicação.
Ladirus não disse nada. Apenas fitou Rhistel de volta.

– Eu acho que eu estraguei as coisas… – Rhistel disse ao irmão.

– Eu não sei. Você complica tudo. Eu parei de acompanhar. – Ladirus respondeu com um sorriso de canto. – Jullian não trata a Sophie diferente…

– Trata. Ele gosta dela. Considera uma amiga. Normalmente, ele ignora todo mundo… Não liga.

– Isso não é bom?

– Pra ela sim. Pra mim, não.

– Rhistel…

– Ele já não me dá atenção, Ladi… – Rhistel lamentou, manhoso. – E ainda arruma uma “super-amiga”. Eu não aguento…

O grupo aguardava em uma cafeteria agradável e charmosa. Estavam próximos da porta, em pé no hall decorado de pinturas clássicas, apenas os aguardando para seguirem. Sophie entrou sem perguntar, pois sentiu o cheiro do grupo, e abraçou cada um com um sorriso ao os ver.

– Eu adoro pensar que parecemos apenas celebridades se encontrando, quando na verdade vamos derrubar alguns nomes. – Veronica abriu um sorriso selado e segurou sua bolsinha Chanel entre os dedos. – Os paparazzi fazem a gente parecer tão normal, no final.

Os olhos claros de Annik se voltaram para os paparazzi intimidados a permanecer do outro lado da sua da cafeteria, armados com as suas câmeras potentes. A lupina fez um muxoxo.

– Ah! Espero que eu tenha saído bem nas fotos. Já me pegaram cutucando o nariz, sabe… – Disse a Nikki. – Não foi legal.

– É… – Veronica não fez um retrato da cena e rir. – Melhor não fazer isso nem se eles não estiverem por perto. Nunca se sabe…

– Sou recordista de memes. – Nathan disse com um orgulho cômico na voz. – Cheio deles.

Nyra riu e esperou Ladi e Rhistel se aproximarem.

– Vocês querem comer alguma coisa antes de caminharmos? – A ruiva perguntou aos três – Eu encomendei alguns alfajores para comermos amanhã… E o café de menta deles… Vão entregar direto na Ilha.

Sophie parou ao lado de Nathan e enrolou seus braços no dele, apoiando sua cabeça no ombro do Galliard com a intimidade de uma amiga. O Galliard se curvou para beijá-las tantas vezes a bochecha dela que Rhistel pensou se ele pararia…

– Nós vamos começar por onde?

– Eu quero comer qualquer coisa… – Rhistel disse. – … Antes.

Ele se aproximou de Jullian, abraçando o Lendário de lado com a amizade de um amigo. Seu receio durou alguns intermináveis segundos até Jullian pousar a mão em suas costas.

– Eu vou pedir algo para você, então… – Jullian disse, observando ao redor. – Hm… Nós vamos começar por onde geralmente surgem os problemas: o centro… – Disse a Sophie.

– Passamos por lá. Está horrível… – Ladirus suspirou. – Nay. – Ele a olhou depois de fitar Rhistel e Jullian com certa demora… – Vamos lá fora um instante? Eu quero falar com você. – O Dragão de Água seguiu para fora da cafeteria antes da resposta.

Nyra observou a interação entre Rhistel e Sophie, pensando se um pouco de conversa não os fariam ter uma convivência menos irritante, mas o Dragão de Gelo ficou tão manhoso que pareceu contagiar a própria Galliard. Também manhosa. Mas não conseguiu divagar por muito tempo, Nyra prestou atenção em Ladi e antes que ele caminhasse, ela o segurou delicadamente pelo braço e o guiou para outra direção da cafeteria, uma antessala perto de algumas pequenas mesas. Nyra se virou para ele e o esperou se manifestar, imaginando que era algo sobre sua preocupação com as meninas.

O baterista chamativo, levando olhares discretos e indiscretos juntamente com os que seguiam Nyra indecisos em quem fixar, olhou para a Theurge com uma expressão de confusão por um instante, mas a compreensão chegou logo em seguida. – Não. – Ele negou. – Nyra, é está lá fora o que eu quero te mostrar. – O Dragão cruzou os braços e a regata quase sumiu no meio do peito forte. – Não quer sair em fotos comigo?

Nyra cruzou uma perna na frente da outra, fitou-o como se pudesse antecipar algo e concordou. – Tudo bem. Achei que falaria sobre outras coisas… Acho que a Veronica atraiu mais paparazzi do que estamos acostumados… Bem…  – Ela pressionou e encheu os lábio e riu, brincando: – Acho que meu ego pode lidar com as notícias amanhã das fofocas das duas celebridades mais sexy andando juntas. – A Garou caminhou sua mão pelo braço dele e procurou sua mão para andarem de mãos dadas para o lado de fora.

– Eu quase fiquei cego com as fotos. – O Dragão se queixou e girou os olhos com impaciência. Não ligava para os homens armados com máquinas fotográficas, mas realmente era outro nível de assédio à imagem.

Assim que saíram, sentindo o olhar de Jullian a acompanhá-los com atenção enquanto falava com o garçom. Ladirus criou um simples Efeito para confundir as palavras que saíram da sua boca e da de Nyra. O Dragão franziu o cenho, evitando observar os flashes do outro lado da sua e encarou-a em seus olhos.

– Está sentindo isso? – Ele perguntou, olhando-a. – Feche os olhos e sinta.

Nyra se Incomodou com as fotos, não estava acostumada com a quantidade e nem em um bom humor. Escondeu-se quase inteira atrás do corpo de Ladirus e seguiram com Efeitos Mágikos para a grande e larga praça que enfeitava o quarteirão. Enganou-os quando alguns carros saíram de estacionamentos, fazendo-os pensar que teriam sorte de encontrar o novo casal por trás dos insulfilmes. Nyra parou com o Dragão perto de uma fonte de água desligada, o local estava escuro por algumas lâmpadas com a tecnologia perturbada, então qualquer um que passava próximo simplesmente não os via. Mas ainda estavam há poucos metros da cafeteria do outro lado da rua. Parou diante de Ladirus e fechou os olhos devagar… A perturbação a fez franzir a testa. – Eu sei. Há muitas coisas fora do lugar. Minha intimidade com minha esfera já me alertou logo que saímos… – Encarou-o – Muitas coisas estão sendo mudadas… Mas é por isso que estamos aqui hoje…

Impaciente, Ladirus a olhou com uma sobrancelha arqueada antes de contornar a Garou e parar às costas dela. Delicadamente, ele a tocou sobre os olhos, cobrindo-os. A sua força espiritual se entrelaçou, trançando-se firmemente.

O silêncio se tornou completo antes de um zumbido incômodo começar entre os ouvidos do Dragão e da Garou. Ladirus guiou-a a olhar para cima e uma nítida e real imagem da Umbra Profunda começou a se formar. Entre tons que caminhavam do azul ao roxo, dois grandes buracos feriam o céu como duas dentadas violentas. Ele permitiu um instante para a Theurge observar antes de afastar as mãos.

Quando ele se demonstrou impaciente, Nyra encheu os lábios ao apertar a boca e respirar fundo. Cruzou os braços impaciente e reclamou: – Você poderia simplesmente me dizer o que é, se só você enxerga. – Soltou os braços devagar ao se deparar com o zumbido e depois a imagem de impacto. Nyra moveu seu corpo para trás no susto, esbarrando no Dragão e se recompondo ao encará-lo. – Eu não tinha visto algo tão nítido…

Ladirus engoliu a seco e entreabriu os lábios enquanto a olhava, decidindo-se como prosseguir com o restante da informação. Ele focou os olhos tempestuosos, mas não os encarou. Deixou-se olhar pelo chão sem se fixar em nenhuma região dele. – Algo passou por aí… É magia. – Afirmou. – O Ambiente Umbral está perturbado… Ouriçado, eu diria… – Ele molhou os lábios. – Talvez… Os três tenham problemas na Umbra Negra com tempestades…

Nyra pensou sobre e respirou fundo. Algumas ideias se embaralham muito rápidas em sua mente, e tentou afastou qualquer paranóia inicial.

– Eles vão ficar bem. – Disse, mais a si mesma do que a Ladirus. Ainda duvidava que poderia ser uma completa boa ideia deixá-los ir sozinhos. – Henry deve ter percebido isso. Se eles precisarem de reforço, vão pedir… Né… – Mordeu o canto da boca. – Mas temos que investigar sobre essa perfuração… É muito grande… Mágika pura. – Franziu a testa – Gaia. – Abaixou o rosto – Eu estou com dificuldades de me concentrar. Eu deveria ter ido…

– Eu estou vendo… E sentindo. – Ladirus pousou a mão no ombro dela e o contornou até abraçá-la de lado. – Preocupe-me com Rey… Não com Henry. Eu tenho a impressão que ainda não sabemos do poder dele. Para sobreviver a mente de um Rastejante Nexus… – O Dragão de Água desviou os olhos. – Eu vou saber se ele estiver em perigo. – Com a mão livre, ele ergueu parte da regata, exibindo o abdome. Com o dedo indicador, tocou-se sobre um dos gomos de músculo. Uma delicada tatuagem tribal formando uma raposa surgiu na pele do Dragão, desaparecendo aos poucos. – Minhas meninas acharam. Eu acho que a minha criadora queria que ele não passasse por apuros…

Quando Ladirus exibiu a barriga, Nyra fitou ao redor para ter nova certeza de que não estavam sendo observados por algum humano mais atento. A Theurge voltou o olhar para o abdome do Dragão, virando-se de frente para ele, ajudou-o a ergueu a camisa para fitá-lo melhor. – Elas descobriram? Então reage ao toque de qualquer pessoa? – Encarou-o nos olhos – Faz sentido. Elara tinha modos discretos de cuidar dos que amava… –  Desceu o olhar novamente, mas não tocou, com medo de que isso causasse uma reação diferente – Mas… Pode ser que… Você perca a conexão, Ladi. A Umbra Negra vai cortar qualquer contato nosso com eles. Essa é a parte que me assusta. E mesmo que o Henry seja muito poderoso… Seres poderosos arrumam inimigos a altura… Você sabe…

O Dragão de Água mirou Nyra com os lábios recolhidos para dentro da boca, olhos destacados e um rosto que ganhava leve tom de cor. Ele olhou de um lado para o outro, refletindo. – Não… Não a todo o toque. O meu toque… Elas… – Ele olhou para o chão e novamente para a Theurge. – Estavam me… – E continuou num sussurro. – … chupando. E umas delas chupou ali… E eu nem lembro quem, pois eu estava… – Ele fechou os olhos apertados e suspirou. – Eu não posso nem lembrar, mas eu senti… Quando alguém foi em cima e… Aí, apareceu e elas acharam muita graça. Quiserem descobrir mais, mas… Só tem essa… Seguramente.

Nyra o escutou com um sorriso que cresceu divertido e malicioso. A Theurge terminou rindo e abaixou a camisa dele. – Eu estou tentando não imaginar essa cena, mas com esses detalhes não me deixou muita escolha… Que bom que elas conhecem seu corpo inteiro. Aposto que teríamos levado uma vida para esse detalhe surgir se não fosse pela fada e pela princesa… – Nyra fez uma pausa, terminando com um riso breve.  – Talvez reaja ao meu toque também. Mas melhor não mexermos nisso agora. É bom saber… Mas nada vai nos ajudar agora nessa questão… Eu estou preocupada com o tempo também… Se eles vão voltar num piscar ou… Daqui uma semana… Duas… Eu não sei. Eu já me perdi na Umbra algumas vezes. Tudo é possível e eu odeio não trabalhar com probabilidade. Muitas coisas não estão simplesmente na mão deles…

A força espiritual de Ladirus se elevou de súbito. O tom de metal batendo contra metal foi ensurdecedor. O Dragão de Gelo empunhava em mãos um tridente dourado. Ladirus pestanejou. Sorte. Ele fitou a marca em uma das presas da arma a proteger o rosto da Garou. Resfolegando, ele se virou para Nyra. Não, concluiu ao sentir igualmente a Força da Theurge se despertar. Nyra.

Author: