Little Black Cloud

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Wyrm

Little Black Cloud


A respiração profunda de Jullian fluiu dos seus lábios entreabertos. O Lendários fechou os olhos e franziu o cenho, apertando os orbes com as pálpebras. O coração acelerado feria o seu peito, mas vagarosamente se amansava. Rhistel era um Dragão com emoções. Emoções que o Lendário não estava acostumado a lidar em tais intensidades. Ainda que fosse uma sensação estrangeira, levemente distante de sua mente, ainda existia presente. O copo molhado quase escorregou de sua mão. Ele pousou ao escorredor e apoiou-se na pia, controlando-se da Fúria.

– Está tudo bem, Jules? – Ouviu a voz distante de Nathan, como se ele tivesse muito longe, chegar aos seus ouvidos.

– Sim. – O Lendário respondeu de pronto.

Jullian abriu os olhos, observando parede de vidro afora e encontrando a praia e as calmas ondas do mar. O chuveiro da suíte onde Annik havia se trancado para tomar banho ainda estava ligado desde que deixara a cozinha. Jullian olhou para o teto e fez um muxoxo.

Fitando as costas do Lendário, Nathan estava sentado sobre o balcão, meneando as pernas em movimentos contrários. O Galliard se virou para Nyra com uma expressão preocupada. Os dois estavam em silêncio desde que Blair e Henry tinham seguido para a Casa Azul.

– Eu acho que deveríamos falar com a Annik de uma vez. – Nathan se manifestou.

– Ela não quer falar sobre isso. – Jullian disse.

– Eu sei. – Nathan parou brevemente de balançar as pernas. – E se ela estiver grávida?

O comentário de gravidez tirou Nyra do estado pensativo, enquanto terminava a maçã. Não associou de breve que Annik era uma lupina, mas sua mente calculou rápido o que aconteceria com uma gravidez agora. Deixaria todos ansiosos! Um filho… Não. Cinco, ou seis? Franziu o nariz e estranhou a sensação… Bebês… Não, bebês lobos. Filhotes! Em uma toca na floresta. Olhos de Jullian, olhos de Nathan… Prendeu o ar. Todos Garou! E em um ano, com sete anos cada. A Theurge tentou respirar, mas percebeu que se engasgou com a maçã e sentiu dificuldade em respirar. Nyra tossiu e se ergueu, livrando-se do engasgamento rapidamente. – Se ela estivesse grávida… Descobriríamos rápido, eu acho? – Perguntou corada e preocupada. – Três meses de gestação, e pelo dois como lupina. Talvez seja outra coisa… Você não pode julgar que qualquer alteração emocional em uma mulher é gravidez, Nathan. Deve ser as noites sem dormir…

A última coisa que o Galliard estava considerando eram os números gritantes. Pela tranquilidade que ele olhava para Nyra, Jullian teve certeza que ele estava considerando apenas um bebê.

– Ela saiu para vomitar todas essas noites. – Nathan disse, defendendo-se. – Grávidas em enjoo… Né?

Jullian cruzou os braços, apoiando o quadril na pia da cozinha:

– Ela não está grávida. – Disse, seguramente.

Nathan o fitou em dúvida. – Como você sabe? – Não esperou pela resposta óbvia do Philodox. Cheiro. – Se não for isso, ela está sendo possuída.

– Seja lá o que for, eu recomendaria que esperássemos que ela falasse. – Jullian disse, olhando de Nathan para Nyra. – Quando se sentir à vontade, ela vai falar. – Ele abriu os braços, convidando Nyra para se aproximar. – Teremos uma noite longa pela frente. Possivelmente, entediante e cansativa. Eu apreciaria que pudéssemos sair, comer… Fazer qualquer coisa normal que pessoas ricas fazem. Não que eu não esteja preocupado com a condição de Annik, mas… Nós já pressionamos e só conseguimos que ela se irritasse.

Nyra não pensou em protestar, Annik estava muito protetiva dos seus segredos, e ir pelas beiradas, ou coloca-la contra parede, não andavam adiantando.

– Não seja insensível, Nathan. Annik está passando por mudanças… Uma hora isso chegará a nós… Eu não sei… – Abaixou o olhar e fitou as próprias pernas antes de se mover e se acolher nos braços de Jullian. Nyra o beijou em um selinho antes de continuar a fala manhosa e natural da sua voz – Eu soube que a Leah está fazendo milagres acalmando os furacões que temos por aí… Talvez ela possa nos ceder um pouco desse segredo. Espero que Annie não esteja a ponto de surtar… Ou coisa assim…  – Encarou melhor o Lendário.  – Para onde deveríamos ir? Eu acho que vamos encontrar problemas na cidade.

– Hm… Acalmando furacões. Imagino qual furação e como. – Nathan se aproximou os dois, apoiando-se na pia. – Vocês também acalmam os meus furacões.

A piada que foi tão ruim que Jullian riu, sentindo-se um idiota por fazê-lo.

– Na verdade, eu estou tentando ser sensível. – Nathan fez um beicinho desagrado, refletindo antes de continuar. – Ela anda triste e só esperar que ela decida falar é… – Assentiu vagarosamente. – …O certo a se fazer então. Paciência. Bom, ela desligou o chuveiro. – Apontou.

– Certo. Comer alguma coisa? Está de dia, minha estrela. Alguém tentar ao conosco num restaurante precisa ter um punhado de coragem, creio. – O Philodox molhou os lábios. – Eu pensei em falarmos com as demais Seitas e tentar descobrir se eles sentiram alguma mudança… – Jullian beijou Nyra à testa. – Assim que a noite cair, realizarmos uma patrulha. Podemos levar alguns Dragões conosco. Ladirus e Rhistel precisarão distrair as suas mentes e podem nos acompanhar dos céus.

– Tudo bem… Acho uma boa ideia. – Nyra se aninhou ao peito dele, pensativa por um tempo. – Eu vou me arrumar bem bonita para me animar. Eu quem deveria estar grávida com esse mal humor todo que eu tenho sentido nos últimos dias… – Fechou os olhos e suspirou chorosa – As coisas nunca estão perfeitas. Eu nem lembro a última vez que estive em uma festa. Todo mundo estranho… Nem da chata da Aisha escutei mais nada.

Os olhos preguiçosos de Nathan até acordaram. O Galliard se entreolhou com Jullian e o Philodox apenas devolveu o olhar silencioso. Em comum acordo, deixaram passar. Os dedos pálidos do Lendário percorreram o longo cabelo ruivo num carinho delicado:

– Perdoe-me, minha flor… Eu sei que tenho exigido muito de vocês três e estou ciente que você gostaria de ter feito a sua festa… – Jullian disse a ela. – Quando Blair e Henry retornarem, teremos menos responsabilidades para pensar. Eu terminei o Ritual para o Rei da Sociedade Garou. Isso já me tira um grande peso das costas. Você poderá planejar a sua festa com calma. Rhistel me perguntou se não gostaríamos de viajar com eles no segundo mês. Enfim… Formam dias péssimos. Podemos pensar em como relaxar um pouco mais, sim?

– “Perdoe-me”… Não vou te dizer o que você merece ouvir. – Nathan disse e aceitou aconchegar-se aos braços do Lendário quando ele lhe ofereceu proximidade. – Você deve imaginar.

Jullian o fitou com os olhos semicerrados e um sorriso cínico aos lábios.

“Sim”, foi tudo o que Nathan conseguiu arrancar da Ragabash quando perguntou se ela gostaria de saber para almoçar. “Sim” e nenhum sorriso ou palminhas empolgadas. Enquanto ele escolhia uma camisa vinho e calças sociais, jogando-as sobre a cama, ouvia-a caminhando silenciosamente pelo quarto.

Ao menos, estava se embelezando. Deveras, ele a achava linda de qualquer forma, mas Annik sempre muito vaidosa. Raramente descia para o café da manhã sem maquiagem. Mas ainda falava pouco. O Galliard a acompanhou com os olhos. Ela havia dispensado o sutiã e vestido uma blusinha justa, frente única e gola alta, profundamente cavada às laterais. Sexy. Ela trajou uma calça branca, larga e rabiscada grosseiramente de preto e sandálias papetes prateadas. A Garou sorriu com os seus lábios cor de cereja quando sentiu a observação dele. Annik caminhou até ela a abraçou, carinhoso.

– Estou bonita? – Ela perguntou.

– Um tesão. – Nathan respondeu, olhando-a. – Você está bem?

Annik apenas o olhou, sem responder.

Os olhos cinzas vivos e os ruivos avermelhados escuros. De todas as coisas, Nyra sabia que da sua beleza ao menos sua mãe sentiria muito orgulho. Batom vermelho cereja, salto com uma imensa plataforma na frente, que a deixava da altura do Galliard, e com faixas vermelhas que usou sob uma meia branca. Pensou em combinações, mas foi rápida em selecionar o vestido branco, saia de prega rodada e parte superior transparente de redinha, que combinaria com o sutiã apropriado da roupa. Nyra o fez, mas se olhou em dúvida… Mas não se aprofundou demais no pensamento ao escutar o diálogo dos dois. A Theurge saiu do quarto e fitou Annik na sua raiva silenciosa.

– Você ao menos deveria dizer como devemos te tratar, Annie. Essas patadas gratuitas não estão ajudando ninguém… – Seu olhar pairava nela – Diga alguma coisa, para termos alguma ideia de como agir.

Pelo olhar que lançou a Nyra, o Galliard entendeu que ela não sabia exatamente o que responder. O Garou inspirou. Descobria que não era tão simples lidar com uma loba e a sensação de caminhar no escuro lhe causava uma incômoda agonia. Ele se desviou quando Jullian abriu a porta do quarto de banho, ainda se secando com a toalha.

A Ragabash da Theurge se desviou para o Philodox por um instante e abaixou a cabeça, observando as próprias sobre o peito de Nathan.

– Você não quer falar sobre nada, Annie… Nós te vemos passando mal, sem dormir… Não dá para ficar indiferente, porra. – Nathan disse a ela, ternamente apesar do mal jeito. – Você quer isso, que a gente ignore?

Com a toalha em volta da cintura, Jullian se aproximou, tocando o ombro de Nathan e apoiando o rosto nele.

– Que medo é esse? – O Lendário sussurrou.

Annik o olhou. Raiva faiscando em seus olhos cevados, mas uma raiva que não pendurou. A Ragabash fitou Nyra novamente. Dessa vez, triste. Uma triste perdida.

– Eu não sei o que dizer… – Ela sussurrou. – Eu não queria ter que dizer nada.

Nyra respirou fundo, paciente quando falava com a loba. Negou brevemente e se aproximou alguns tímidos passos.

– Você precisa dizer algo… Pelo menos para termos noção do que se trata… Ficar criando essa distância não ajuda. Deixa a gente perdido também. – Nyra tocou o braço esquerdo e o massageou. – Ao menos tente… Explicar…

Que as mentes funcionavam levemente diferente, Nathan já imaginava. Em certos aspectos, o simples fato de terem nascido de ventres de espécies diferentes destoava. Havia semelhanças, porque no fundo, todos se encontravam na mesma condição. Entretanto, às vezes, o Galliard tinha a sensação de ter um animal dentro de casa que estava com dor e não sabia explicar onde e continuava chorando sem parar.

Annik andava assim. Chorando pelos cantos, silenciosa e estranha. Ele já não sabia se ela pedia ajuda ou tentava sozinha fazer a dor sumir. Ela relutância em que encarava Nyra, nem isso ele saberia descrever. Ele entreabriu os lábios rubros e fechou os olhos. Por para fora a sua dor parecia mais difícil do que aguentar na solidão.

– São pesadelos de morte… – Murmurou.

– Você nos disse. – Jullian sussurrou, observando o rosto incomodado.

– É que… São Garou… Morrendo. Às vezes, não somente lobos, mas… Eu sei que estou sonhando pelos lobos. – Ela continuou bem baixinho. – Todos da mesma forma. Eu me sinto morrendo todas as vezes. A vida corta. Eu acordo sentindo que morri e fico enjoada. Se medito, ouço-as também. São pedidos de socorro… E eu não sei de onde vem…

– Ecos, talvez? – Jullian perguntou a Nyra.

– Não. São atuais… – Annik respondeu de pronto. – Enquanto dura, eu me sinto conectado a esses lobos… E… – Ela negou com a cabeça. – Eu não sou ninguém. Eu sou tão insignificante. Eu não posso ajudar. Eu me sinto como se Gaia tivesse escolhido a pessoa errada para um trabalho…

– Um chamado de Gaia…

Nyra dedilhou os próprios lábios e a olhou com mais atenção, mesmo que seu pensamento já estivesse longe demais. Annik… Uma lupina, próxima demais da Wyld e de Gaia. Mas mais ainda, filha do Pai Lobo graças ao seu sangue Volkov.

– Você precisa escutar onde esse chamado está querendo te levar, Annie. Você está mais próxima que todos nós, parece. Está ouvindo a Cidade talvez. A Reserva. – Pensava e falava – Você não é insignificante. Não diga isso, você é uma Garou. Talvez haja algumas respostas muito importantes… – Entreabriu os lábios – Até para a situação que temos passado. Você tenta escutar? Já tentou realmente ouvir?

A gente tem um cristal russo e isso faz de nós mais profanos ainda gente

Assentindo vagarosamente com a cabeça, ela mordeu a bochecha por dentro da boca e refletiu antes e como se expressar. Annik fitou Jullian, Nathan e Nyra novamente:

– Sempre tarde demais… – Respondeu, melancólica.

– Elas não podiam ser passagens do futuro, talvez? – Nathan arriscou.

A Ragabash o encarou com os seus grandes olhos surpresos:

– Eu não sei.

O Philodox se afastou de Nathan, assentindo vagarosamente e coçando a fila barba curta que crescia pelo seu rosto. Os olhos de oceano se voltaram para Nyra:

– Você pode tentar conduzi-la em uma meditação guiada. Podemos, hm… – Ele fez uma pausa, medindo-a de cima a baixo. – Almoçarmos em algum restaurante… E procurar uma praia deserta para podermos fazer isso. Em Fox Town mesmo. Entre as treze, tenho certeza que deva existir algum local reservado para podermos fazer um pequeno ritual e tirarmos essa dúvida. – Um sorriso selado surgiu aos lábios do Lendário. – Prevejo um teste árduo de concentração. – Jullian franziu o cenho. – Dos mais árduos que já tive.

Nathan ergueu o olhar cima do ombro ao captar o humor nas palavras e buscou pelo foco de atenção de Jullian. Os seus olhos arregalados nem disfarçaram a sua surpresa e cobiça. Annik desviou timidamente os olhos para a Theurge.

– Vai ser difícil encontrarmos uma praia deserta. – Annik disse com um humor tímido.

– Caralho, babe. Vocês duas estão inspiradas.

– Oh. – Nyra fitou os olhos claros e sorriu maldosa em seguida. – Meu lobo. Você está se adiantando muito.  – Provocou-o e se virou para Annik – Faremos durante a noite, na estufa. E vamos pesquisar seus sonhos apropriadamente… Talvez um pequeno ritual para nos conectarmos mais… Gaia não enviaria mensagens se não houvesse algo por trás.  – Aproximou-se da loira e a beijou em um selinho, segurando-a na mão. – Tudo bem?

A dúvida a impediu de assentir de início. Ela concordou, mas pareceu se arrepender assim que o fez. O olhar caiu pelo chão, perdido, antes de retornar à Theurge.

– Não… Mudem comigo. – Soltou, olhando-os. – Não mudem. – A Garou apertou a mão de Nyra. – Por favor.

– Annie. Você não ouviu o Jullian querendo profanar o ritual da babe? Nada mudou por aqui. – Nathan disse com um sorriso malicioso.

– Que… Calúnia! – O Lendário comentou enquanto se afastava para o closet. – Só fiz uma proposta prática e inteligente, e confessei as minhas dificuldades de concentração, mas aceito a opção da estufa. A propósito. – Ele continuou do closet, elevando a voz. – Creio que seja recomendado que passamos no vilarejo antes. Os Cliaths de Arabella estão ativos pela cidade. Talvez tenhamos alguns detalhes vindos de Veronica igualmente.

– Tudo bem… Vamos. – Nyra disse com um olhar censurador a Jullian, mas riu ao final. Esperou todos se arrumarem para seguirem juntos até a Areia Dourada, que com certeza merecia outro nome além de vilarejo.




O local havia ficado sofisticado com uma grande quantia monetária investida, havia se tornado uma pequena cidadezinha, com caminhos de pedras decoradas, sendo deixado apenas algumas partes cobertas de terra: respeitando uma arena, e um jardim onde se alocava restos de uma imensa fogueira acesa na noite anterior. Mas o que mais chamava atenção, era a praça central, estava linda e com direito a uma fonte em reforma, sendo construída. E bem ao lado dela, um escorregador inflável onde algumas poucas crianças se jogavam sem medir perigos. Sophie estava ao final dele, e pegava-as por debaixo do braço, jogando-as em pé ao lado, e esperando a próxima.

A Galliard estava com um vestido tubinho preto, curto o suficiente para obriga-lo a abaixar hora e outra, e por cima, um quimono rosa claro e florido. Música tocava em um pop de rádio agradável, e a decoração começava a mostrar faces de um Halloween. Havia muitas caixas ao lado das casas e Nyra deduziu que fossem decorações, pois uma abobora estava sobre algumas delas. Nyra achou interessante o suficiente o fato de não ter acompanhado tanto as mudanças ao longo dos anos, mas sabia que Henry estava envolvido no planejamento. O local soava muito familiar, exceto… Pelo sangue na terra da arena, do cheiro de feridos que vinha de uma distância longa, mas ao redor dali, e ainda, a cicatriz que cortava o peito dos pré-adolescentes.

Provavelmente, já envolvidos em missões muito maiores do que um Cliath conseguiria lidar. Nyra lembrou como esteve perto da morte muitas vezes desde os seus catorze ou quinze anos, e para alguns se iniciava com treze, ou até dez anos. A Theurge desceu do lombo de Nathan, impossibilitada de mudar, pois o Sol ainda reinava muito forte do céu. E imaginou que a risada e a brincadeira das crianças e adolescentes estavam incomodando alguns outros, pois escutou uma janela sendo fechada com força em uma república mais para frente. Quando a Cria de Fenris os viu, abriu um enorme sorriso empolgado, e se aproximou em uma corrida lupina, voltando a se transformar em humana na frente dos Versos.

– Nina… – Ela ofegou antes de continuar e abaixar a própria saia. Sophie estava com a boca melada de um pirulito que deixava sua língua roxa.  – Falou que deu tudo certo com o Klaus. Eu não sabia se poderia ir visita-lo… – E finalmente se aproximou para abraçar a todos, apertado e sem restrição, inclusive a Jullian.

Ele possuía uma forte conexão com quem lutara ao lado e Sophie, além de ser uma guerreira dedicada, havia sido uma amiga no período difícil que passou na batalha que trouxe a Jullian o título de Lendário. A aceitação de proximidade era rara e difícil da parte dele, mas Sophie havia conquistado um lugar raro em suas permissões. Ele não somente aceitou o abraço como retribuiu.

O Lendário trajava uma camiseta sem mangas branca e as suas tatuagens Fetishe azuis, desenhando as veias do braço, brilhavam ativadas tanto quanto o imenso desenho da Sereia na cachoeira que lhe tomava as costas, levemente visível pelo tecido leve. A calça folgada que trajava se combinava em cor com o All Star azul marino. Perto de Nathan, inteiramente social, o Rei do Luar do Oceano parecia um menino. Os óculos escuros aviadores, Tiffany & Co, protegendo os olhos sensíveis possuíam uma lente azul dégradé e eram iguais aos de Nathan, diferenciando-se apenas nas lentes mais escuras.

– Ainda não. Ele claramente precisa descansar e está agitado. À noite poderemos falar com ele. Vinnie apenas abriu uma exceção à Audrey, Blair e Henry que precisarão falar com ele antes de entrarem em missão. – Jullian explicou enquanto observava ao redor, sentindo os olhares sobre eles sem discrição alguma.

– Ele parece uma pessoa muito gentil. Carinhoso… – Annik comentou, relembrando-se do semblante belo do Garou.

– É. Muito poderoso também. – Nathan franziu o cenho, recordando-se. – Ah. Sophie. Você esteve em Fox Town esses dias? Sentiu alguma diferença? Nós vamos sair em uma patrulha na madrugada.

– Nossas barreiras estão erguidas desde o ritual e o Caern está começando a dar alertas… – Annik disse, assentindo.

– Que bom… – Sophie disse pensativa e acenou – Me avisem quando eu puder? Queria muito vê-lo.

– Avisaremos. – Nyra concordou e protegeu os olhos com a mão. – Você tem estado na cidade?

– Eu vou bastante para a Reserva. – A morena afastou o pirulito da boca e adotou um ar mais sério. – A energia está estranha. Mas não sei o que é. Nada muito fora do normal… Exceto que… Onde achamos foco de Wyrm, ela é bem resistente. – Apontou por cima do ombro – Perdemos quase uma Alcateia inteira de Cliath recentemente. Arabella passou a missão para mim, eu fui com Julia e Nero, mais alguns outros. Julia está se recuperando ainda. Foi violento. – Apontou a cicatriz na coxa, recente e bem avermelhada. – Vou ter que fazer uma plástica ou meu agente me mata.

Nyra observou o ferimento fresco, e retornou aos olhos escuros: – Conseguiram descobrir algo disso?

A morena que os olhava de um a um, negou lentamente.

– Não muita coisa. Mas parecia reorganizado. Eu não sei… – Franziu o cenho, ameaçou colocar o pirulito de novo na boca, mas o afastou. – Nikki se dispôs a investigar. Ela andava com a teoria que a Goetia está se organizando em uma subdivisão, em outro nome… Os focos estão mais dispersos, mas mais fortes. Organizados. E todo esse clima estranho na cidade… Começamos a considerar que algo grande vai surgir… Estamos trabalhando ativamente com a Reserva. Eu só…

– O que? – Nyra a olhava com atenção.

– Está difícil de gravar meu novo álbum. – Lamentou-se com um longo suspiro.

Annik abriu a boca para fazer uma observação, mas distraiu-se quando Jullian assumiu a forma lupina e simplesmente correu em direção à casa da irmã. A Ragabash tocou os próprios lábios e se virou de Nyra para Nathan. O Galliard indicou que caminhassem em direção a casa de Julia.

– Ele vai ficar puto porque ninguém o avisou. – Nathan adiantou.

– Nós também interrompemos todos os nossos trabalhos esses dias… – Annik comentou enquanto tirava da bolsa os seus óculos de Sol cor-de-rosa. – Vimos a sua apresentação no Brit Awards, Sophie. Você parecia cansada mesmo. – A Ragabash buscou a mão da Volkov com a sua. – Deu para ver.

Não está bem mesmo a Annie. Teria feito qualquer elogio bobo no lugar. Nathan se entreolhou com Nyra:

– Vamos patrulhar hoje de madrugada. Levar alguns Dragões. Nikki só disse isso? Ela não está por aqui, está? – O Galliard se voltou para Nyra. – Babe, eu acho que deu alguma merda. Eu estou com um péssimo sentimento desde que vi Klaus. Sei lá. É como se… Algo estivesse fora do lugar. Porra, eu não sei explicar.

– Eu estava exausta! Um monte de gente falando na minha cabeça. Eu nem consegui ir para nenhuma after party. – Fez um beicinho – Estou muito cansada.

– Oh, Sophie… – Nyra a tocou no outro braço. Sabia que ela era imune a mácula e isso com certeza era utilizado na hora de abrir novos cenários e desbravar locais da Wyrm. Ainda, era uma poderosa Garou. – Eu acho que posso pedir a Vinnie para ajudar com essa cicatriz. Ou eu mesma…

– Ah, eu não ia reclamar de um pouco de Mágika. – A morena sorriu brevemente a eles. – Obrigada. E sobre a Nikki… Ela estava… Ah! Ela foi buscar algo para a Julia. Ia passar no Castelo… Aisha está com problemas… E ia retornar com o pudim que a Julia pediu.
– Vocês deviam ter avisado sobre a Julia. – Nyra a olhava, em dúvida se queria perguntar do problema da Aparentada.

– É que… É tanta coisa acontecendo… A gente está acostumado a se virar aqui… Como uma Seita. – Afastou um fio de cabelo da boca quando a brisa soprou mais forte. – Acho que ninguém lembrou.

Entraram na cabana dos feridos. Havia vários quartos formados por divisores no segundo andar. Cômodos muito estreitos, e alguns feridos. Não era possível muita privacidade já que as paredes eram finas. Julia estava mexendo no celular e deitada na maca do primeiro quarto. Os cabelos castanhos estavam presos e ela usava um camisetão branco. Sua perna esquerda estava enfaixada, assim como o braço direito. Provavelmente evitando que cicatrizes monstruosas demais agredissem seu corpo. Não parecia mal, mas cansada. Havia passado por um longo ritual de purificação. Ela se sentou e estranhou ao ver o irmão, tanto que o olhava como se fosse um impostor. Ajeitou-se sentada e o esperou se explicar.

Jullian tirou os óculos de Sol e tocou-os sobre os cabelos curtos. A Fúria recém-desperta trouxe uma indesejada atenção. Ele fitou ao redor brevemente antes de se sentar à cadeira perdida que encontrou ao lado da maca, cruzando os braços sobre o encosto. Os olhos de oceano, gêmeos aos da irmã, encararam-na antes de passearem por seu corpo com uma expressão de atenção clínica ao mesmo tempo em que desprendia de si força espiritual entre o Primórdio e a Vida. Ele fez um muxoxo.

– Vou pedir para… – Vergil. Não. Julia odiava o Lendário. – … O Dragão de Lavinia dar uma olhada nisso. Não aprecio o cheiro. Cheira a doença. – Jullian olhou por cima do ombro, certificando-se que Nyra ainda não estava já a Garou conseguiria chamá-lo diretamente. – O que te atacou?

Ela observou o irmão com uma curiosidade crescente, até que aquele sorriso cínico e característico de Julia terminasse de se formar em seus lábios.

– Que milagre. – Deslizou a perna para fora da maca e o fitou por mais um tempo. – Não acredito que alguém foi te perturbar e contar. Sophie? Eu disse para ela não falar. – Apoiou o rosto na mão e o cotovelo na coxa – Não sei exatamente. Pareciam Espirais. Mas não se transformaram. Tinham aparência humana. Com habilidades que pareciam dons… Mas… Não sei… Adotavam partes monstruosas e voltavam ao normal em um piscar… Se é alguma espécie de Fomor… Nunca vi antes. Mas havia muito mais por lá… Não conseguimos avançar… A mácula já tinha tomado conta de mim em uma velocidade anormal eu diria… – Ajeitou a postura ao sentir um incômodo – Está custando um pouco para me livrar dela. Eu não posso ficar no castelo e me colocaram nessa… – Olhou ao redor – …salinha. O que você está aprontando? Seus Dragões têm te mantido ocupados?

– As namoradas deles… – Jullian se levantou da cadeira, afastando-a. – Os olhos fixos na perna enfaixada de Julia enquanto estendia as mãos pelo ar. – Aparência humana, velocidade anormal de corrupção. – Perguntou-lhe, mas claramente concentrado em outra coisa. Droga. Eu precisava de Blair aqui. – Hm… – “Minha estrela. Chame Connor para cá, por favor? Connor e Torvoethardurg…”, o Lendário enviou-lhe a mensagem mental. – Desconfio que isso irá doer.

De súbito, ele agarrou algo próximo à perna de Julia e puxou. Um som de distensão seguido por um rompido. Os dedos na forma Crinos seguravam o que parecia um pequeno verme rubro, com a boca circular cheia de pequenos dentes. O pequeno Maldito – ao menos, semelhava-se a um – ganhou materialização perfeita na Tellurian e se estrebuchava, tentando morder a pele resistente de Crinos que Jullian fazia uso. Julia foi abrindo a boca, gemeu e gritou. A Garou começou a ofegar apavorada e tocou o próprio corpo, como se procurasse mais.

Jullian cheirou a pequena criatura agressiva e ergueu o rosto, inspirando. – É contagioso. – Declarou. – Quem está zelando por vocês efetivamente?

– Que porra é essa?! – Afastou-se na cama e tocou a região que doía como fogo e brasa, como se uma toxina ficasse no seu espírito no ferimento. – E-eu não sei! É a… – Olhava assustada – Sophie está aqui sempre. A Veronica… Está investigando… A…

Seus olhos azuis se desviaram para o restante dos Versos e Sophie.

– O que houve?! – A morena se aproximou, mas foi barrada ao ver a mão da irmã estendida.

– O que houve Jullian…? – Nyra perguntou preocupada – Eu já chamei aos dois…

– Vocês querem que eu chame a Maya? – Sophie perguntou, notando que Julia suava frio – Ela é a nossa curandeira aqui. Oh…

Repentinamente, notaram o que se movia na mão de Jullian.

– Que horror… – Sophie exclamou.

– Que porra é essa?! – Nathan se afastou quando Jullian caminhou para perto deles. – Que cheiro podre…

Annik arreganhou as presas no mesmo instante, bufando Fúria.

– É um Maldito que se comporta como um vírus. Aloca-se em algum ferimento e é quase imperceptível… – Jullian sussurrou, olhando-as. – Senti com um Efeito. Provavelmente, os demais feridos estão infectados. Eles se reproduzem rapidamente… – O Lendário molhou os lábios. – As Dançarinas do Crepúsculo. Chame todas elas, Sophie, mas principalmente, Louis.

– Vinny seria perfeita para isso também, Jules. – Nathan disse, fitando o verme tentar morder os dedos de pelo prateado do Lendário.

– Sim. – O Lendário ponderou, pensando. “Blair, Henry, Audrey…”, ele os contatou ao mesmo tempo mentalmente, “Vocês já estão indo falar com Klaus?”.

“Sim… Estávamos só comendo. Aconteceu alguma coisa?”, Henry perguntou.

“Peça para Lavinia vir para a Areia Dourada assim que chegarem lá. Eu vou mandar alguém para ficar com Klaus”, Jullian respondeu e concordou a ligação. – Melhor sairmos enquanto os Dragões não vêm. – Jullian disse e se voltou a Sophie. – Sophie, por favor. Eu preciso de uma caixa qualquer. Preciso guardar isso. – Ele indicou o verme. – Ajude-me com um Efeito, minha estrela?
– Aqui… Jullian.

Veronica se aproximou com uma caixa entre as mãos, ela mesma providenciou um efeito seguro e estava com seu olhar atento sobre o verme. Deram passagem para ela se mover no corredor até Jullian, e ela abriu o recipiente redondo, de brilho sobrenatural dourado, para que Jullian colocasse dentro. Veronica pegou a caixa no caminho, tirou o algodão de dentro e a transformou em uma proteção dourada. Maga da matéria.

– Podemos conversar enquanto isso? – Ela se dirigiu aos versos. Ela usava um conjunto de corrida adidas, top, shortinho e uma jaqueta, pretas com suas listras brancas.

– Nikki… – Nyra sorriu brevemente para a Garou. – Que bom que está aqui. – A morena devolveu o sorriso.
– Devemos. – Jullian disse, caminhando até uma torneira próxima para higienizar as suas mãos. – Obrigado. Eu não teria feito melhor.

Nathan e Annik se viraram para caminhar para fora quando foram interceptados sem querer por Connor e Torvoethardurg. A Ragabash os mediu de cima a abaixo. Os dois Dragões mal a enxergaram em seus olhares sérios e preocupados, levando a atenção até Nyra.

– Connor. Torvo. Obrigado por virem. – O Lendário tomou a frente. – Temos uma possível infestação desses Malditos por aqui. Por favor, auxiliem a Areia Dourada a contê-la. Verifiquem cada canto dos ambientes próximos, por favor. Torvo. – Jullian apontou para Julia. – Eu o retirei essa Maldito da minha irmã. Eles deixam pequenas fissuras no campo espiritual. Ela precisará de tratamento, inclusive para a dor. Comecem por aqui, por favor.

– Tudo bem. – Torvoethardurg respondeu com tranquilidade. – Não se preocupe. Estão em boas mãos.

– Obrigado. – Jullian se voltou para a Alcateia. – Ah… Vamos conversar lá fora… Veronica, acompanhe-nos, por favor.

– Respira, Jules. – Nathan disse, abrindo um sorriso risonho. Quando Jullian não sorriu, ele apenas desistiu do gesto e seguiu a ordem calado.

Veronica cumprimentou os dois Dragões antes de seguir com os Versos para fora. Andou na frente, mas não parou na porta, seguiu até um conjunto de bancos, e não se sentou. Virou-se para eles ao formarem uma pequena roda.

– Que sorte me pegarem acordada e sóbria a essa hora da manhã. – Seu sorriso se desenhou selado nos lábios grossos.

– Também acho. – Nyra a provocou com um sorrisinho.

– E já estou trabalhando da hora zero. – Nikki riu e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta. – Bem. Eu estava na cidade. Eu ainda moro no litoral de Fox Town… – Lembrou-os– E perto da casa, alguns quilômetros, encontrei algumas situações estranhas na trama. Investiguei e achei Wyrm organizada. Densa. Repassei para Arabella. E acabou em Sophie… E Julia. Voltarei a investigar eu mesma… Não parece tão simples. É coisa com Mágika. Então… – Respirou fundo e os fitava como se lamentasse – Sem descanso para nós.

Wyrm, Trama, Mágika. Palavras que Annik não apreciava ouvir reunidas. A Ragabash ergueu os olhos até Jullian, esperando por uma reação. Nathan olhou de um lado para o outro. Deu alguma merda.

– Bom, nós… – O Lendário deixou escapar um suspiro impaciente. – Vamos fazer uma varredura com os nossos Dragões na madrugada e ver o que encontramos por perto principalmente. – Jullian cruzou os braços. – Senti Mágika nesse Maldito. É o que me preocupa. – Ele desviou os olhos para a fonte. – É melhor guardarmos isso. Merece uma inspeção minuciosa até para sabermos melhor com o que estamos lidando.

– Bem… – Nikki olhou para a caixa. – Não é novidade que… A Goetia usa Magos em suas linhas. Mas… Eles não andavam mais tão bem organizados. Talvez estejamos lidando com pessoas diferentes… – A Garou fitava Jullian – Existe uma situação específica também.

– O quê…? – Nyra esperou qualquer coisa muito ruim.

– Eu percebi que nossos inimigos lá fora estão batendo duas vezes mais forte quando descobrem que algum Garou pertence a Seita do Luar. – Veronica fitou os Cliath adiante – Estamos perdendo um novato toda vez que eles saem em missão. Um contato meu me informou que nossos inimigos… Querem chamar nossa atenção para sairmos mais da toca. Tem algo realmente espreitando lá fora… Eu teria o dobro de cuidado.

Nyra procurou Sera com o olhar e se voltou a Veronica.

– Bem… Ela está em Missão. Mas na Reserva.

– Podem estar atrás da nossa Alcateia, Jullian… – Nyra o fitou – Pode ser qualquer briga pessoal, ou mais sério.

– Vocês querem reforço para a Patrulha? – Veronica se ofereceu.

– Filhos de uma puta. – Nathan esboçou um sorriso maldoso de canto. – Mais um motivo para irmos para o centro… – O Galliard estalou os dedos.

– Sim. – Jullian fez um muxoxo. Se Tom e Stevie não tivessem ligado logo cedo para contar como fizeram uma Espiral Negra de churrasquinho, o Philodox estaria em uma crise de Fúria. Os olhos azuis passearam pelos três antes de retornar para Veronica. – Seria um prazer tê-la conosco, Veronica. Nós vamos sair para almoçar. Prometemo-nos. Está convidada para nos acompanhar sem falarmos de trabalho e Wyrm, apenas…

– Podemos ver fotos de bichinhos bonitinhos. – Annik arriscou, dando os ombros. – Fazer algumas compras…

– Ver fotos de bichinhos bonitinhos sempre me deixa leve mesmo. – Nathan disse à Annik e beijou-a no rosto.

Nyra ainda fitava os Cliath, fazendo uma rota em sua mente onde estavam seus preferidos. Queria pedir a Jullian para afastarem Tom e Stevie desses tipos de missões, já que a Mágika deles chamaria mais atenção, mesmo que não soasse certo… Mas guardou o assunto e fitou Veronica quando percebeu que ela havia se proposto. A morena acompanhou o diálogo com um sorriso interessado.

– Tudo bem. Acho que… Eu posso… – Retirou o celular da bolsa e checou as últimas mensagens. – Preciso que me esperem me arrumar, então. Não vou patrocinar a adidas hoje. – Brincou. – Minhas coisas estão no Castelo.

– Então vamos te esperar lá… E de lá vamos a cidade. – Nyra esticou a mão – Nos dê a caixa para guardarmos e te vemos lá.

– Ok. – Nikki entregou a caixa e se apressou.

Os olhos de Nathan se distanciaram por um instante. Os Cliaths eram sempre os primeiros a morrer. Envolvidos em missões menores e encontrando terríveis desafios pelo caminho que não lhes dizia respeito. Viktor esboçou um sorriso cansado quando o seu olhar recaiu sobre ele. Ele estava sentado lado do pequeno Arthur. O Impuro acenou para Nathan. A fila para os exames de inspeção somente crescia…

– A nossa Tumba de Heróis crescerá muito hoje… – Ele vestiu os óculos escuros.

– Resolveremos isso. – Jullian disse ao Galliard. – Pedi a Arabella que os Cliaths e Fosterns não saiam para missões até termos certeza sobre o que estamos lidando. Melhor deixarmos isso no calabouço. – Jullian indicou a caixa com o olhar.

– Alice ainda está lá. – Annik disse.

– Eu sei.

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