Sweater Weather

Categorias:Romance
Wyrm

Sweater Weather


O show que estaria em revistas de música sobre como um dos favoritos da banda. A sua aparição, Nyra, seria saudada e exaltada, tinha certeza. Mas nenhum desses assuntos de fama a impressionava quando se via tão apaixonada. “Fuck…” xingou em sua mente ao perceber seu estado de agonia, ainda pensando em um selinho tão simples. Sua pele se manifestava em fogo. Ele logo desceria do palco e ela não saberia ser imparcial. Estava se desfalecendo a cada memória curta que criava com Henry, e isso era tão surreal. Nyra decidiu ir embora antes dele voltar. Encontrou uma canetinha preta e rasgou um pedaço de papel de uma caderneta. Nyra escreveu em sua letra desenhada “Eu não posso ficar e fingir que não te quero mais que um selinho. Estarei em algum estúdio nos transformando em canção.” Assinou e dedicou uma dose de quintessência no papel, que ela colocou embaixo de um copo de vinho que ela mesma encheu. Ele encontraria a manifestação Mágika no papel logo que voltasse para o camarim. A Theurge avisou o Dragão de Água, não se surpreendendo em encontrar sua conexão quente como ela estava “Eu vou voltar para a Ilha, estou bem, não se preocupe.” Apenas o avisou antes de seguir no lapso de agitação e mínima prudência.

Eles entraram fazendo mais barulho do que o costume, excitados pelo pocket show e toda a resposta e acontecimentos. Freddie e Claire entraram abraçados no camarim e jogaram-se aos beijos no sofá. Brandon e Denis comentavam sobre os detalhes repetidamente, relembrando o tempo todo cada momento marcante.

Óbvio. Eles não paravam de falar de Nyra. A voz perfeita, a beleza incontestável, os sorrisos tímidos e o beijo. Não pouparam nem as pernas grossas. Henry já havia sido xingado por todos eles algumas vezes. Um maldito sortudo.

Andrew caminhava ao lado. O Kitsune se sentia observado, mas não correspondia. Estava distante, ainda excitado de tanto rever a sua memória. O perfume doce estava em seu corpo, cheirava-se e sentia-a próxima. O coração agitado se tornava agoniado de novo. Percebeu logo que ela não estava mais presente na casa de shows…

– Como foi beijar aquela boca, Henry? Você não disse nada! – Brandon perguntou quando ele adentrou o camarim. – Descreva…

– Eu… – Henry fitou o companheiro de banda, aéreo. – … Foi como beijar uma flor… Mas… Foi só um selinho.

– Claro. “Só um selinho”. – Denis zombou, largando-se no sofá vago. – Foi um selinho na Nyra, caralho…

– Ela sempre beija os seus fãs… – Henry se justificou aéreo.

Ele não queria descrever. Não havia como descrever.

– Henry, ela te beijou. Não foi um beijo de fã. – Denis protestou. – O que está rolando?

– Nada, caralho. – Henry disse, impaciente. – Quem dera!

Ele se largou em uma poltrona e ficou feliz quando eles continuaram o assunto de si, descrevendo os mais sórdidos detalhes da ruiva. Henry nem havia absorvido a experiência. A sua energia espiritual estava até bagunçada e confusa, viajando longe de si e consigo, sem direção ou harmonia. Ele esticou a mão e alcançou um copo de vinho por impulso. Henry quase o levou aos lábios, mas o papel deteve a sua atenção ao voar direto para o seu colo. Ela.

– Henry? – Andrew se debruçou no encosto do sofá. – Você está legal? Não costuma ficar tão calado assim depois de um show. Cadê as suas mil stories? Nyra te deixou mudo na internet?

O Kitsune pousou as mãos sobre o papel, sentindo a energia. Ele se voltou para Andrew, mas não estava o enxergando. Lia o bilhete, movendo a sua energia espiritual.

– Estou… Bem. – O Kitsune respondeu, piscando os olhos vagarosamente.

Não estou. Henry se levantou num salto e observou ao redor. O coração batendo na garganta. O castelo tem um estúdio, não tem? Tinha quase certeza que sim. Ele aguardou bilhete no bolso da calça jeans com pressa, quase deixando-o cair.

– Eu… Não vou na Click hoje. Preciso fazer uma coisa. Acabei de me lembrar. – Henry disse rapidamente.

Andrew o olhou ainda mais desconfiado:

– Coisa?

– É! – Henry se tocou nos bolsos e correu até o celular desprezado sobre a mesa, pegando-o e aguardando-o no bolso.

– Eu não ‘tô entendendo nada, cara. – Andrew franziu o cenho, sem entender.

– Conte tudo depois, H… – Brandon piscou para ele.

Henry não respondeu, mas entendeu que Brandon percebeu alguma coisa apenas pelo seu largo sorriso exagerado de malícia. Sem dar ainda mais margem para perguntas, Henry tirou um papel do bolso e seguiu para o Umbral. Não queria se explicar. Perdoem-me, queridos. Quando tocou o solo na ilha com o All Star, sentiu-se tremendo. Eu estou nervoso. A sua Fúria destacou presas em sua boca. Ele fechou os olhos com força. Drawn está dormindo no castelo. Por onde andava a sua prudência?

Com um salto, ele aterrissou próximo ao castelo, transitando por espaços claros para si no reino dos espíritos. Espiou e saiu. Ele vai te matar. Quem se importa? Henry caminhava com pressa, sentindo a respiração raspar em sua garganta como uma lixa. “Eu não posso ficar e fingir que não te quero mais que um selinho”, Henry mordeu o lábio. Estúdio. Foda-se Drawn. Ele começou a correr, ouvindo os próprios passos ecoando no castelo vazio pelo horário.

A porta do estúdio quase arrancou o que restava do seu olhar. Henry diminuiu o passo. Gaia, estava todo suado e uma gota lhe caiu ardida em seus olhos. Ele se encostou na porta, girando a maçaneta e espiando adentro pela fresta.

A música já estava pronta, mas não chegava nem perto do que achava ideal. Mas a inspiração correu por suas veias, como algo intenso demais para se ignorar. Ela apagou o próprio vocal da melodia no computador e anotou algumas mudanças nos versos… Mais calor. Cantaria diferente. Apertou play no aplicativo do Mac e esperou a melodia vir… Em pé e de frente para a máquina, ligou o microfone e deixou sua voz fluir distante no teste.

Love… I said real love…It’s like feeling no fear. When you’re standing in the face of danger… Cause you just want it so much. – Ela cantou o primeiro verso e pausou, para se ouvir. Nyra sorriu satisfeita, mas distante, ainda pensava na cena do palco. E estaria mentindo se não houvesse esperado que ele corresse atrás, na impulsividade que admirava no Kitsune, enrolado em suas ideias de amá-la como se não houvesse vida amanhã. Ela escutou a porta e apertou play novamente, para deixar a própria voz soar enquanto o fitava por cima do ombro com um sorriso tímido, como se já esperasse que ele estivesse ali. Nyra se virou na direção da porta, apoiando-se quase sentada na mesa, e o esperou entrar com seu olhar de tempestade que se aproximava, fixo e cheio de pedidos quentes porque não conseguia pensar com calma ou disfarçar o que queira dele.

Henry não reparou que havia parado de respirar. A música vagara até encontrá-lo, abraçando a sua alma num gesto quente de desejo. Ele piscou vagarosamente, escorando a cabeça na porta entreaberta. Oh, Gaia. Ele expirou o ar dos pulmões todo de uma vez, ofegante. – Eu… – Acalme-se, acalma-se… Você está muito nervoso… – Eu quero ouvir o que você escreveu… Quero ouvir… Na sua voz… – Ele umedeceu os lábios. – … Você poderia dizer, por favor?

Ela o assistia na porta, procurando meios de acalmar os próprios ânimos e ela tentou fazer o mesmo. Acalmar a mente. Tarefa até muito exercitada nos últimos tempos, exceto quando se tratava de assuntos tão próximos de seu coração, ainda era um desafio não se desesperar por tudo o que sentia dentro de si. Mas inspirou e abriu um sorriso… Nyra o admirou mais alguns segundos, respirou fundo para aliviar a mente e tocou a bochecha quente e corada.

– Você chegou muito rápido, Henry. Não está pronta… Acabei de mudar algumas coisas… Eu vou cantar pela primeira vez… – Ela puxou uma cadeira para frente do computador – Quer ouvir? – Ela caminhou devagar para dentro da proteção acústica de vidro e indicou o computador. – Só apertar play…

Não está pronta? Ele teve um daley de raciocínio antes de rever a própria memória do bilhete. Henry sorriu, apertando os lábios e fechando os olhos. Os dedos na porta dedilharam a madeira brevemente e ele adentrou o estúdio, encostando-a. Ele caminhou até a cadeira que ela indicou, sentando-se e observando a tela luminosa com curiosidade. Seguindo com o mousepad, ele apertou o play. O rosto descansou sobre a ponte que as mãos formaram ao que ele apoiou o cotovelo na mesa.

Nyra não conseguiu evitar o riso divertido ao vê-lo se sentar com aquela expressão de quem procura paciência em algum lugar. Sabia o que ele queria ouvir, mas também sabia que se dissesse o beijaria e não haveria mais nada que pudesse fazer sobre o que sentia por ele. Seu corpo, sua mente, sua alma estavam em fogo e não sabia explicar o que havia visto naquele sorriso, ou nas tatuagens… Era simplesmente como se conectasse com a natureza dele. Ela o observava do outro lado do vidro, sem desviar e deixando sua voz soar, muito mais suspirante que sua intenção. A batida havia sido criada com carinho, mas ainda recantava ela para se encontrar… E tê-lo em sua mente enquanto o fazia, parecia colocar o tom que queria. Que realmente queria:

Love, is it real love?… It’s like smiling when the firing squad’s against you and you just stay lined up…Yeah… Fuck. – Ela fechou os olhos e tocou o microfone com a ponta de suas unhas. A música a envolveu fácil com aquela proposta de paixão revestido de amor e pura inconsequência. Ele era inconsequente não era? Ele sabia ser. – Darlin’, darlin’, darlin’… I fall to pieces when I’m with you… I fall to pieces. My cherries and wine, rosemary and thyme… And all of my peaches.

A música terminou com seus suaves vocais, e a batida parou de tocar. Nyra andou para perto do vidro somente para assistir de perto o belo rosto e as reações do Kitsune, mantendo aquela sádica brincadeira de permanecer atrás da vitrine e o olhar.

Existia um humor maldoso no meio de toda a sua saga de perseguições com ela, embora não negasse apreciar o trajeto. Henry alargou o sorriso quando a assistiu rir e, apesar da figura perfeita da Garou ser um objeto de apreciação único, ele fechou os olhos quando ela começou a cantar.

Era voz que encantava milhões de fãs devotos como se seguissem uma região em que Nyra Blackwood era a deusa suprema. Um encantamento natural que movia as partículas de energia do ambiente e trazia um aspecto de prioridade, como se muito sensível, e nada mais pudesse ocupar o momento com tamanha preciosidade. Henry se deteve à letra da canção. Ouvia uma declaração de amor para si em formato de música e a emoção umedecia os seus olhos conforme progredia. Era muito especial. Sentia a sua totalidade reagindo com amor e ansiedade.
Almejava que o seu amor também estivesse tão transparente. Ele, devagar e controlado, ergueu-se e caminhou até a cabine em que ela estava. De frente para ela e separados por um vidro transparente, o Kitsune espalmou a superfície fria que rapidamente ganhou nuances embaladas ao redor das suas mãos quentes. O corar em seu rosto se destacava em sua pele clara e os seus orbes escuros se conectavam aos dela em uma intensa corrente de sentimentos… – Um amor sem resistência… – Ele sussurrou entre suspiros, criando uma esfera turva no vidro com o ar quente de sua boca. – É de uma beleza indescritível como a sua. Se eu tivesse que te transformar em outra coisa em minha mente, eu faria de você uma música…

Assistiu-o tentar alcançá-la, tocar através do vidro eu sentir qualquer coisa sua. Nyra se aproximou um pouco mais e tocou onde a respiração dele deixava uma marca. Queria-o tanto… E o que a aliviava era que ele estava ao seu alcance. A loba abriu a porta da cabine e saiu dela. O seu sorriso cresceu a ele, e ela respondeu:

– Você já tem muitas músicas me alcançando… – Andou para perto dele, e encostou sua cabeça ao vidro, fitando-o de pertinho – Eu escrevi que… Eu não posso ficar e fingir que não te quero mais que um selinho… – Falou baixo, como se dissesse só para ele em um quarto cheio de gente. – Eu quero um beijo seu, Henry… Um de verdade… – Nyra pediu, encarando-o em seus belos olhos firmes.

Arrepios cálido de desenho desceram roçando em sua cintura e se encontrando entre as suas pernas. Havia desencostado do vidro e acompanhava-a vindo em sua direção sem acreditar na própria visão. Henry piscou os olhos vagarosamente e não conseguiu mantê-los totalmente abertos. Olhava-a com o queixo afrouxado e lábios entreabertos exigentes de respiração.

Eu também quero o seu beijo. Desejava o gesto como o único caminho para saciar uma sede. Henry só tocou que tremia quando ergueu a mão até o rosto de Nyra, sentindo a sua pele harmoniosamente quente como a dele. Aproximou-se mais, tendo em cada movimento uma tortura. Seu corpo, deslizando-se de lado, trouxe o dela de frente para si e de costas para o vidro. O seu dedo escorreu pelo queixo dela e alcançou seu lábio inferior, entreabrindo os lábios cheios. Entre suspiros, ele beijou um beijo ao canto dos lábios de Nyra e moveu-se, roçando o seu nariz ao dela e beijando o cantinho oposto… – Nyra… – Ele ofegou, olhando-a em seus olhos cinzentos. – Abrace-me… Deixe-me te levar… Para outro lugar… – Os lábios dele enamoraram os dela, deslizando suavemente antes de um selinho demorado.. – Hm…? Vem comigo…

Sem perceber estava nos braços dele, invertida na situação, envolvida e não aquela que envolvia. Ela não conseguia evitar sorrir, mesmo no estado quente e ofegante que se encontrava, até ansiosa, mas também entregue. Tentou pensar na proposta, mas não conseguiu. A boca dele queimou em seus lábios e ela suspirou sem se censurar. Não se via em capacidade de negar o pedido. Henry era tão lindo. – Tudo bem… – Ela cercou os braços na cintura do Kitsune, arranhando-o muito de leve quando suas unhas encontraram a pele das costas dele, mais como consequência de seu abraço agarrado, juntando bem próximo seus corpos, do que intenção. – Eu vou. E não vou perguntar para onde… – Roçou seu nariz no perfil do rosto dele, deixando sua respiração tocar a pele dele.

Não unhas. Eram garras tentadoras. Henry fechou os olhos apertados quando sentiu o seu toque e o seu corpo pressionou mais o dela. Precisou de alguns segundos para se localizar entre as cruéis ondas de desejos e a respiração cálida em sua pele… Pense. – Ah… – Ele moveu a mão livre no ar e tirou um papel dela. – Eu pensava que poderíamos ir para alguma praia daqui, mas você me encheu de criatividade agora…

O dedo no meio do Kitsune se alongou com uma garra e se feriu na palma da mão. A gota de sangue manchou o papel, crescendo com uma esfera irregular rubra. Gentilmente, ele deu um passo para trás, sentindo-a agarrada a si conforme faziam uma rápida viagem.

Chuva. Ele sentiu as primeiras gotas de chuva da Penumbra e banho vindo dos céus assim que os trouxe para a Tellurian. A noite predominava a escuridão, assim como o aroma de folhagem úmida, mas luzes artificiais iluminavam às costas de Nyra sem atingi-los com as suas qualidades. Henry fechou brevemente os olhos, sentindo as gotas escorrerem pelo seu rosto. Os seus braços a envolveram pela cintura e ele a olhou, buscando por seus orbes cinzentos como a tempestade que os banhava. Eu estou te amando outra vez. Eu estou te olhando como fiz no passado… Como te senti me olhando de volta… E tudo isso ainda… É diferente. Ele aproximou os lábios, beijando o inferior macio de Nyra com o gosto da chuva a pincelados. Envolveu-o com a boca e lambeu-o quando o fez, chupando-o levemente.

Gostava da paciência dele, da forma que se experimentavam e rondavam a expectativa com beijos e experimentos. Mas era difícil o controle, o beijo tinha uma essência única que a provocava, talvez a lentidão dos passos, ou a falta de censura dos gestos da sua boca, seja o que fosse prendia o suficiente sua atenção para se segurar e não vão avançar da forma como seu corpo pedia. Sentiu a mordida em seu lábio e despontou suas presas junto de um gemido tímido. Seu quadril se encostava ao dele sem deixar espaço e a respiração perdeu o ritmo. – Henry… – Sussurrou ao sentir sua testa a dele, só então abrindo os olhos e encarando os dele. Ela o envolveu em um abraço pelo pescoço e ergueu seu pescoço, pedindo beijos por ele. Mas distraiu-se ao notar que estava logo abaixo do imenso letreiro. – Estamos no… – Devagarzinho, virou as costas a ele, sem desgrudar os corpos, e encarou a imensa letra H. Seus olhos mal piscavam, mesmo com a chuva molhando sei rosto. Seu sorriso cresceu aos poucos e só quando entendeu onde realmente estavam, riu com a surpresa. – Eu não acredito que me trouxe aqui…! – Ergueu o rosto para ele e mordiscou seu rosto enquanto segurava o riso. – Por instante, achei que só queria me ver molhada na chuva… – Provocou brincando na sua voz manhosa e observou as outras letras. – Eu quero ficar aqui a noite inteira com você agora.

Os olhos dele se fecharam fortes com a mordida. Já não conseguia encarar como uma brincadeira de carinho nem que quisesse. O Kitsune prendeu a respiração e a deixou ir devagarzinho do peito. Ele a tocou no rosto, afastando os fios colados do cabelo de fogo da pele cheia de pintinhas. Henry se curvou, beijando-a pelo pescoço. Sal, chuva, perfume. O Kitsune suspirou… – Hm? HAH! – Ele riu jogando o pescoço para trás. – Não está sendo ruim te ver molhada, eu confesso, mas eu pensei que… Seria um lugar que você gostaria de visitar. A sua vida é um filme. – Ele comentou, observando o letreiro come ela. – Eu já visitei aqui diversas vezes e sempre me vejo sonhando em todas. Eu sei que há muitos podres envolvendo esse lindo letreiro, mas eu me detenho ao que ele causa em quem assiste a um filme e consegue se transportar para uma história…

– Eu sei o que quer dizer. Eu concordo… O lugar é mágico. Minha infância e adolescência foi criada pelos filmes…
Nyra murmurou, impressionada com a grandiosidade e a atmosfera que a inspirava de longe. Os olhos foram e voltaram pelas imensas letras, e ela entrelaçou seus dedos ao dele para o puxar e caminharem por algumas delas, mas fez questão também que seus corpos andassem juntos, para senti-lo agarrado às curvas quentes de seu corpo, tocando seus braços e o deixando perto. – Agora que a gente convive com fadas… Eu aprendi um pouco sobre elas. Eu ando por lugares que inspiram como esse e quero saber o que elas enxergam… – Confessou e deu a volta para detrás das letras. Nyra se encostou no ferro que mantinha o letreiro em pé ao se virar de frente para Henry e o fitou por alguns segundos.

– As festas delas são as melhores… – Henry comentou, risonho. – Se você nunca visitou um lar de fadas, deveria… Esta aqui… – Ele tocou antebraço esquerdo. – Foi uma grande amiga minha. Uma amiga incompreendida e injustiçada. Viajávamos pelo mundo e ela apresentou para mim, Elara, Klaus e Scarlett… O Sonhar.

– Por que se cobriu inteiro? – Perguntou curiosa e deixou um beijo no pescoço dele, no centro do triângulo. – Há magia nelas… – Afirmou, descendo suas mãos dos ombros pelo peito do Kitsune.

– Esta não seria uma resposta simples… – Henry a olhou com profundidade.

Muito mulher, mas igualmente muito menina. Ares que se envolviam o tempo todo, intercalados e unidos. Henry a ouvia, sentindo a necessidade o tempo inteiro de puxar a sua consciência – a muito custo – racional enquanto ela o provocava de tantas formas diferentes entre os seus sorrisos puros e os toques luxuriosos. Ele a seguia até meio tonto. Sentindo-se bobo com uma ficha que também custava a cair. Henry fechou os olhos com o beijo de fogo. Sentiu o Fetishe reagir sem que tivesse usado a sua forma espiritual. As mãos dele pousaram sobre as dela brevemente, seguindo os seus toques por sua pele. Henry voltou a tocá-la em sua cintura, mas elevou o toque. Curvando-se, ele buscou por beijo aquecido beijo lúbrico. O toque estacionou antes de alcançar os seios delicados e ele sussurrou suspirante, próximo à aos lábios cheios. – Eu sou muito antigo… E não quero me separar do meu passado. Então… Como a memória pode ser falha sem que eu use algum Efeito, eu me desenhei com ele… E trouxe poder para cada uma delas… – Sussurrou. – Você tem uma bem aqui, abaixo dos seios. Está desenhada na sua alma. Se você desenhar na sua pele, poderá ativá-la. Esta aqui é muito poderosa… – Ele deixou uma mão cair sobre a coxa dela, contornando-a até se aproximar da virilha feminina direita. – Esta também.

Fitava-o nos olhos enquanto acompanhava as observações dele. Respirou fundo e acomodou as costas no ferro o quanto foi confortável, suas mãos terminaram de redesenhar o corpo de Henry e pararam presas ao cinto da calça dele. Nyra o escutou até o fim, mordendo os lábios e contendo a imaginação… A chuva amenizou, mas ela mal conseguia perceber, estava quente demais para se preocupar com a água e de menos para parar de desejar que ele avançasse em cada gesto.
– Acho que eu tenho um olho mesmo para pessoas mais velhas… – Sorriu ao brincar com malícia – O que está desenhado em mim? É curioso porque… Sempre achei que deveria me tatuar algo aqui. – Tocou-se abaixo do seio, massageando-se brevemente, na camisa branca grudada ao seu corpo. – Minhas estrelas e meus planetas…

Henry seguiu o olhar até a mão em seu cinto e desviou para a outra dela que se massageava. – Hmmm… – Murmurou próximo ao ouvido dela ao aproximar seu rosto. Os lábios buscaram pelo lóbulo úmido e ele o lambeu. – É sexy… – Ele sussurrou, roçando suavemente o quadril ao dela ao contornar os seus braços de novo ao redor da cintura feminina. – Eu acho que, independente do que possuir, você deveria seguir a sua vontade… A ideia de estrelas e planetas… É bem você… – Ele retornou a olhá-la e um sorriso arteiro e largo, rindo e fazendo brilhar a joia em seu dente. – Essa sua mão… Aí em baixo… É um perigo. – Ele suspirou. – Você está dificultando… A minha vontade de ir aos poucos… Pois eu estou sofrendo, desejando que você me agarre… – Sussurrava, observando-a em seus olhos. – Mas se você fizer isso… – Ele mordeu o lábio. – Ah, não sei…

Nyra sabia bem onde a história terminaria, mas o escutou até o final e acabou rindo. Muita cautela. Sozinhos, e molhados. A chuva dava um outro sabor a tudo, e se brincasse de colocar sua mão onde não deveria, não tinha volta para o que queria construir com mais cautela. Mas ainda pensava: cautela para quê? Era o homem que ela desejava… Beijou-o no pescoço e no ombro, cheia de suspiros e devoção, roçando seu nariz na pele dele e gemendo cada vez que sentia-o roçar em seus quadris. Ela segurou-o mais forte pelo cinto e o soltou devagar…
– Eu não vou fazer… – Riu e o beijou nos lábios – Que seja aos pouquinhos. Pelas beiradas. Eu já estou apaixonada por você, e eu sinto que você é meu… – Mordiscou-o delicadamente – Pela primeira vez… Eu não vou correr… – Encarava os olhos dele de volta e sorriu corada – Embora seja muito forte o que eu sinto por você… Não costumo me apaixonar tão rápido.

O gemido soou manhoso. Manha de dúvida em pedir que ela continuasse ou não. Beijos quentes em uma chuva fria. Enfim passou a mão pelos cabelos, lançando-os para trás. Os seus lábios pousaram no rosto perfeito de Nyra, deslizando os lábios por sua pele com beijos vagarosos. Eu já estou abaixada por você. Henry fechou os olhos, sentindo o coração disparar de novo naquele ritmo ansioso. Apaixonada… – Você me deixa nervoso falando essas coisas… – Ele sussurrou. – Eu me imaginava com você… Mas não esperava… Isso… – Olhou-a. – Deixe-me cuidar esse sentimento… – Os seus dedos subiram pelo ventre da loba, seguindo entre os seus seios e encontrando aconchego sobre o coração dela. – Eu sou apaixonado por você… Desde… – Ele apertou os lábios e aproximou-se para roubar mais um beijo dos dela.

Beijo que não acreditava que não acontecia. Lento, terrivelmente excitante. Henry seguiu as suas mãos pelas costas, adentrando sua camiseta e, habilidosamente, soltou o fecho do sutiã. O beijo ganhou um ardor menos vagaroso enquanto ele puxava a peça íntima para baixo. Henry a achou fortemente contra si, almejando por sentir os seios contra o seu peito enquanto perdia a noção do quanto precisava de ar…

O sutiã se desprendeu e encontrou o chão em algum tempo, seu peito ofegava como o dele e roçava-se entre o fino tecido úmido da camisa. Os beijos seguiam menos comportados, agarrando-se a nuca dele e acariciando seus cabelos. Enroscando seus dedos e puxando levemente; quando não, estavam com suas unhas nas costas dele. Nyra buscava mais o roçar de seus quadris, e brincou de subir em seu colo ao pedir apoio e cruzar as pernas em sua cintura. Os minutos corriam e o tempo se pedia. O ar ia indo embora… A chuva se demonstrava mais intensa, e aliviava, idas e vindas, até que decidisse ficar. Quando raios começaram, e a água se tornou uma tempestade, ela sorriu maliciosa entre o último beijo e se encolheu ao abraçá-lo em uma tentativa de se esconder. Mas nem no momento que achou que deveriam ir embora, pelos fortes raios que caiam na região, conseguiu tirar os lábios da pele dele, bebendo a água que acariciava o rosto de Henry como se tivesse encontrado seu novo vício em álcool. – Melhor a gente voltar… ? – Sussurrou no ouvido dele, mordendo a orelha dele como ele havia feito com seu lóbulo e tornado qualquer parte da sua pele que ele tocava em brasa.

– Hm…?

Melhor? Henry ofegava. Não havia meios de se recuperar ao lado dela da vontade de tê-la inteira. Aqueles beijos maldosos deixavam-no fora si. Sabia que estava visitando uma terrível e perigosa estrada sem volta e simplesmente fechava os olhos e corria em sua direção, cego. Os cabelos puxados o excitavam e ele retribuiu o toque aos dela. Havia uma necessidade agressiva conforme o desejo não era saciado e apenas se elevava perigosamente. Henry tinha se cortado na boca e sabia que havia a ferido sem querer igualmente. Sangue, chuva, saliva.

Chuva. Tão libertador. Sentia-se também tendo o espírito lavado; leve. Henry a sustentava com os braços, tendo-a para si em uma posição sexual terrivelmente tentadora, separada por vestes que ainda os vestiam. Sentia-se tão excitado que a sua calça já não escondia os seus calores.

– Sim… – Ele sussurrou ao ouvido dela e assentiu… Relutante! Não queria ir embora. Não queria ter que deixar daquele abraço quente. Os olhos escuros fitaram o céu que desaguava sobre eles. Henry ofegou, piscando os olhos vagarosamente. – Ladirus nasceu num dia como este… – Ele comentou levemente distraído por um instante. – Ah! Nyra… – Ele voltou a abraçá-la fortemente. – Vem comigo para minha casa… – Pediu. – … Por favor? Você… Toma um banho e eu te faço um chá quente… Por favor, por favor… 

A informação dele a trouxe curiosidade. Ladirus e sua conexão com a água era fortemente dividido por Nyra, e talvez fosse uma das razões da chuva não a incomodar nem um pouco. Mesmo que os raios ficassem mais próximos e frequentes. Ela afastou os cabelos molhados dele do rosto e simulou um ar pensativo. – Um banho e um chá… – Ponderou segurando um riso entre o lábio mordido. – Sua casa onde? No vilarejo?

Carente, ele deitou o rosto na mão dela enquanto a olhava, roçando-se em seus dedos. – É uns… Dez minutos andando de lá. É perto, mas eu a construí isolada. Eu queria uma casa grande e não faria sentido construí-la nele. Além do mais… Eu gosto de andar pelado em casa e o povo do vilarejo adora ficar olhando janela adentro… – Confessou, franzindo o cenho. – Eu não vou fazer isso com você lá… Por enquanto… – Ele riu. – Ah… E… Não se preocupe… – Ele apertou o sorriso. – Ninguém vai te ver…

Ela fingiu pensar, mas riu quando não conseguiu esconder que estava interessada em ir.

– Eu quero. Leve-me em segredo para seu esconderijo… – Acariciou-o no rosto e o beijou em selinhos carinhosos.

Rindo com ela, contagiado com a sua doçura e pela felicidade que sentia, Henry retribuía os selinhos enquanto caminhava cautelosamente pelo chão liso, recuando passos para trás enquanto movia a sua força espiritual para levá-los pelos caminhos de Gaia até o seu quarto de banho.

O oriente se fazia presente no piso bege, contornado de preto e nas paredes que imitavam tijolinhos no mesmo tom claro. Havia um ar clássico também nos objetos, na pia de bronze e nas luminárias imitando velas ao redor da enorme banheira. Henry pousou Nyra delicadamente no chão enquanto roubava dos seus lábios beijos que se relutavam muito para cessar…

– Eu vou pegar toalha e… Roupas… – Ele disse.

Os seus passos deixaram poças de água pelo chão. Completamente ensopado, ao passar próximo ao espelho do corredor, gargalhou de si mesmo. Henry escolheu uma camiseta branca sua, de tecido macio e um short vermelho. Qualquer coisa que ela vestir, ficará sensual. Ele suspirou, retornando ao quarto de banho com um olhar curioso. Caminhou até a pia e pousou sobre a cadeira antiga a toalha e as vestes.

– Então… Eu… – Ele apontou para trás com o dedão. – Vou usar a suíte… A não ser que… – Ele encolheu os ombros. – Você acabe se sentindo sozinha aqui e… Bom, você pode me chamar… – Ele esboçou um sorriso arteiro. – Eu venho correndo…

Observou o local com a curiosidade nítida que seus olhos expressavam e se afeiçoou rapidamente com a decoração. Amava qualquer coisa que remetesse ao oriente quando se tratava de estética e Henry tinha um bom gosto. Nyra o olhou com um riso fácil e se aproximou, beijou-o em um selinho demorado e o esperou sair para se banhar… Ligeiramente tortuoso fazer sem ele. A Theurge chegou a se tocar sem se instigar muito, apenas relembrar, mas manteve firme a ideia de que seria interessante esperar… Além de não ter dito nada aos Versos declaradamente – ainda que fosse muito óbvio. Perfumou-se com a essência de cerejeira do sabonete e lavou os cabelos com o mesmo perfume. Vestiu as roupas que foram entregues a ela, e deixou as suas molhadas pelo chão. Secou seus cabelos parcialmente e seguiu para onde o cheiro de ervas estava mais forte… Ela andou descalça até ele e o observou parada na porta por algum tempo.

Ele não havia tido a mesma resistência e a calma mais controlada só foi alcançada com carícias solitárias e prazerosas pelo seu estado de calor. Ele estava distraído enquanto preparava o chá, assistindo a um vídeo gravado por um fã do dueto que realizara com a Theurge. Ele havia se vestido com apenas um short folgado e longo de cor azul escura. Os seus cabelos escuros estavam completamente desalinhados e ainda muito úmidos.

Distraído, mas os seus gatinhos, não. Fen, dada à carência, se aproximou de Nyra assim que a viu. Kang pareceu em dúvida e o arisco Ji continuou sobre o balcão, observando a Garou com os seus grandes olhos atentos. Quando Fen miou, o Kitsune se virou por cima do ombro.

– Ei… – Ele pegou o celular, caminhando em direção a ela. – Veja isso… – Pousou o celular na mão de Nyra e beijou-a num selinho demorado antes de retornar ao fogo. – Veja até o final, porque… A pessoa filmou para cima e… Eu acho que vi uma cena bem curiosa…

Nyra imediatamente sorriu para os gatos, ela pegou Fen no colo e acariciou seus pelos, mas o deixou-a ir quando viu Henry se aproximar. Recebeu o doce beijo e demorou para se nortear novamente. Nyra pegou o celular e reconheceu de pronto a tomara-que-caia de Leah. Mas quem estava com ela? Cobriu a boca com o susto.

– A-ck-sul! – Nyra voltou o vídeo e reviu. – Mas… Não dá para ver muito. Não deve ser nada! Nossa… Mas já pode ser que vire um escândalo se descobrirem que Leah estava lá. – Franziu o cenho – Não estou acreditando… Se for… Eu o achava tão certinho! Com isso pelo menos.

O Kitsune jogou o pescoço para trás e gargalhou com a reação dela. Ele a olhou por cima do ombro com um sorriso exagerado. – Você acha mesmo que elas ficaram sem tirar uma selfie lá ou algo parecido? Mas eu acho que ninguém vai associar… Acho. Fãs são criaturas curiosas e sagazes…

Ele pegou as duas xícaras que havia separado, encheu-as com o chá e também derramou um pouco de mel. Caprichoso, ele colocou os guardanapos enrolados em fitas vermelhas em uma bandeja de ferro, assim como alguns cookies e biscoitos de creme. Henry a olhou, ainda com lábios que queriam rir e indicou o braço para que ela segurasse, caminhando com ela para a sala de estar. O som da chuva ainda estava forte o suficiente para a música noturna que a floresta normalmente fazia estar emudecida…

– Espertinho. Leah é muito linda. Chama muito a atenção. Os meninos da minha banda estavam todos doidos para conhecê-la. Principalmente, Andy. Terei que desanimá-lo. – Henry comentou ao se sentar, pousando a bandeja na mesinha de centro e pegando as duas xícaras.

Nyra o acompanhou até a sala e se sentou perto dele no sofá, dobrando as pernas de lado e aceitando a xícara com o chá. Antes de beber, contemplou os arredores como se pensasse e visualizasse algo.

– Seria um dos casais mais lindos que já vi. Bem… Aisha controla muito o Acksul, eu já percebi. Eu acho que ele precisava de alguém que fosse mais ligada a ele… Não sei se a Leah é essa pessoa, mas ele deve querer alguém que seja parte dele como a Blair é do Rhistel. Ele deve sentir. – Finalmente bebeu do chá e lambeu o lábio superior ao sentir a boca queimar. – Quente… Mas gostoso. – Sorriu para ele, fitando-o – Mas eu queria que desse certo. Secretamente eu monto casais na minha mente e penso quais garotas ou garotos poderiam dar certo com eles. – Riu – Até hoje não acertei nenhum casal. Mas Leah e Acksul me agrada. Ela tem um olhar de que saberia lidar com a personalidade dele… Não é? Com a Aisha ele finge ser outra coisa. No começo era bom, mas acho que a longo prazo é difícil…

Os olhos escuros acompanhavam as ricas expressões que ela esboçava. Claros retratos dos seus pensamentos que estavam por vir. O Kitsune contornou o ombro dela com um braço e cruzou preguiçosamente uma perna sobre a outra enquanto a ouvia, sentindo as curiosas similaridades em seu discurso com o que já havia escutado de Elara. Os seus dedos a acariciavam no ombro. Gaia… Como é linda…

– E só você pode controlar, não? Aisha não pode. – Ele disse, provocando-a.

– Eu controlo porque eu amo, não porque eu quero exibir. – Ela o tocou na testa a empurrando com o indicador. – Bem, na verdade, eu não controlo mais nada há muito tempo. Eles fazem como bem entendem e eu defendo.

– Eu tomei o susto da minha vida quando soube que ele estava envolvendo com a Arnezeder. Ela é muito difícil. Ela não se lembrava de mim porque nunca olhou na minha cara. Já nos falamos algumas vezes. – Henry riu. – E Acksul… Genioso… Emotivo… Agressivo pra caralho… Mas… Sempre foi muito humilde. Não ligava para luxos, divertia-se com ou sem eles. Ele sempre olha a todos no olho. Alguma qualidade daquele presente de grego tinha que ter. – O Kitsune sorriu. – Ele é muito carinhoso e companheiro. Ao menos, era. Ele não quer muito papo comigo… Infelizmente. – Ele escorou a cabeça à dela. – Blair e o Rhistel são muito fofos. Onde um está, está o outro. Ele continua difícil. Eu poderia falar da Arty, mas o Ladirus sempre foi um amorzinho… Nunca deu trabalho.

Nyra o assistia falar e riu concordando. Divertindo-se com a ideia curiosa de que ele conhecia tão bem os Dragões quanto ela própria os sentia. Bebeu outro gole do chá e deixou-o na mesinha, pegando um biscoito de creme, segurando-o mas não o mordendo.

– Bem… Eu jurava que Ladi era o espírito mais chato que eu conhecia. Aí ele se tornou humano e logo soube que daria trabalho. Ele é lindo! – Disse exaltada.

– Ele é, não é?! Uma obra de arte. As moças da Areia Dourada amam quando ele aparece lá… É conversa para o dia todo. – Henry ria, observando-a. – “Como ele é lindo”, “Como é simpático”…

– Ele dá mais trabalho que o Rhistel. Eu não sei se você sabe… Mas é segredo, tá? – Pediu, fitando-o em seus olhos inteligentes – Ladi não está só com a Arty. Ele está com a Audrey também. As duas sabem, eles se organizam… Não sei como é a dinâmica… Eu sei que é o que preocupa mais, porque a Ártemis é uma queridinha do Connor, Ross, até do Acksul… Mas o Tayrou criou um sentimento de posse dela… Como se ela fosse uma pedra preciosa no tesouro do Dragão… Eles não se falam um bom tempo… – Nyra lamentou. – Ladi a ama tanto que nem considerou nunca se afastar… Mesmo sabendo da briga que poderia dar. E a Ártemis… É uma coisinha impossível de mediar. Bem. Eu gosto dela. Mas… Eu acho que isso pode mexer com o animo deles se eles descobrirem… – Desabafou – Eu tenho medo sincero de uma briga, Henry. Ladi dá muito trabalho com aqueles sorrisos e gentilezas.

– Wow… Pela minha Mãe Esmeralda, isso é bem inesperado dele… – Henry também pegou um cookie, mordendo-o e mastigando-o. – Elas não se entendem…? Bem, de qualquer forma, eu não sei o que opinar sobre isso. Eu quase me meti quando os vi brigando. Foi horrível. Eles não costumavam brigar… – Henry bebericou do chá e se aproximou dela, roçando o seu nariz pela bochecha corada dela e beijando-a. – Você os ama. Dá para sentir na sua voz… – Ele disse, observando sem perto. – Ladirus precisa aprender com você a pôr harmonia no relacionamento. Audrey estava muito triste… Eu senti. Ela nem ficou…

Nyra encostou a cabeça no braço dele e fechou o olho ao sentir o beijo na bochecha. A Garou fechou os olhos por uns instantes, pensando e se ajeitando mais perto do corpo dele.

– Claro que eu os amo. E não é pouco. – Mordeu o biscoito cheia de delicadeza ao leva-lo aos lábios e morder com os dentes da frente. – Elas estão se entendendo, eu acho… Mas… Bem, você vai conhecer a Audrey ainda. O que a Ártemis tem de difícil, Audrey tem de impulsividade. Ela é completamente imprevisível. Nem combinam com o Ladirus.  – Negou e o olhou sem saber se ele sabia da história da Rússia. – Alana, a Rainha… “Sequestrou” a Audrey para fazer um acordo entre famílias… E fomos buscá-la. Resgatar mesmo. Ela estava presa. – Explicava – Ninguém sabe o que aconteceu ainda nas horas que ela passou lá… Eu estou com medo que algo muito ruim ocorreu para ela estar desse jeito… Na verdade, eu tenho certeza que algo muito ruim aconteceu por lá. Eu só não tenho ideia do que seja… E estou com medo de perguntar.  – Confessou o que havia sentido quando reviu a princesa: –  E o Ladi fica no meio. Ártemis acabou de voltar, o namoro deles era a distância. Ele está tentando esconder a Audrey, para ainda proteger a vontade da Arty, mas eu não sei se isso vai funcionar. Audrey vai se sentir de lado, eu sei disso. Nathan se sentia muito no começo, quando ele não se sentia algo “oficial”. Até ele entender que eu o amava tanto quanto, e Jullian o aceitar como parte…

Henry até chegou a se distrair com aquela mordidinha delicada no biscoito, mas o assunto complicado pediu por sua atenção. Absorvia, e gostaria de não ter demonstração preocupação, mas ao que parecia havia muito para se preocupar. A história da Rússia desceu indigesta. Um calafrio passou pela sua espinha, avisando-lhe para prestar ainda mais atenção. Henry a acariciou nos cabelos enquanto refletia:

– Os Russos são sujos. É o que sei deles. Hipócritas e sujos. – Ainda tinha essa. Audrey era a princesa da Sociedade Garou. A Aparentada mais importante para os lobos. Ladirus, Ladirus… – Hm… A Blair é muito amiga dela, parece… Eu acho que vocês poderiam tentar evitar um desastre… Eu não sei. Deu-me uma má impressão, minha Rainha… – Ele mordeu a língua, pensando… – Às vezes, tudo se acerta… Né? Mas prevenir uma coisas dessas me parece um caminho obrigatório. Principalmente, se vier tudo de uma vez… – Henry franziu o cenho, voltando os olhos para o teto. – Bem… Jullian e Nathan parecem muito unidos agora… De todas as formas. Eu acho que… Se duas pessoas tão diferentes… Bem. Annik também é muito diferente…

Ela assistiu as expressões dele, e agradeceu ter sido escutada, embora um sorriso viesse ao final:

– Você não queria me trazer para ouvir meus problemas. Mas eu estou gostando de contá-los. Desculpa, sair com uma Rainha é mais ou menos isso… – Brincou e roubou um selinho dos lábios dele, devagar e carinhoso. Aproveitava cada carícia dele, e sempre roçava seu nariz à sua pele, inspirando seu cheiro antes de se afastar.

– Ah, eu poderia ficar ouvindo os seus problemas a noite inteira. Se você estiver precisando, eu apreciaria muito ouvir essa sua voz gostosa por horas, mesmo que fossem problemas… – Ele disse, de olhos fechados, sentindo ainda o prazer dos seus carinhos. – Continue…

– São todos diferentes. Mas a minha situação não é igual do Ladi de qualquer modo, eu o aconselho, mas ele precisa sentir como deve agir. Eu não as conheço como conheço meus lobos… E às vezes não funciona, simplesmente… Eu tive minhas experiências,  poucos entendem o que é esse tipo de amor… Exigiu muita evolução minha… E deles… Bem, você já viveu esse tipo de amor, eu sei. – Riu sem jeito – Eu só quero ficar perto das pessoas que eu amo… Eles sabem disso.

“Eu tive minhas experiências”, Henry pensou instantemente na loira sorridente. A “Rory” dos telefonemas de Remi. – Já… Hm… Não é fácil. – Ele riu com também, escorando a cabeça à dela. – Precisa de amor. Todo mundo precisa de amor… Ou pelo menos, muito carinho… – Henry abriu um sorriso, beijando-lhe os cabelos e cheirando-os. – Eu sei que você está aqui porque, de certo modo, todo mundo está de acordo… O que… Me deixa ansioso! – Confessou, fechando os olhos apertados. – Isso… I-isso é tudo um pouco doido, sabe? Nossa, eu estou muito feliz que você esteja comigo agora. Eu ficaria aqui, igual barata… Querendo gritar. Argh! Eu… Nossa. Você foi no meu show e isso já me deixou maluco. Fiquei pensando se isso queria dizer algo, eu… Não parava de pensar no nosso encontro no gazebo… Se você não iria querer mais me ver… E aí, você me quebra em pedaços. Você aparece… Meu coração ficou disparado o show inteiro!

O sorriso dela foi crescendo até se tornar um riso:

– Você não pode dizer isso, Henry… Que está ansioso, você me seduziu, sabia do problema que estaria se metendo todo o caminho.  – Virou o rosto e beijou o dele sem pressa, tocando-o na outra face com sua mão que o acariciava. – Ou achava que sabia. – Brincou – Você me chamou para o palco e me beijou nele… Isso me deixou maluca… Eu não ia conseguir ser discreta no camarim. Eu me senti até uma groupie esperando meu ídolo no camarim dele, e sem saber o que fazer exatamente… Você disse que ia cuidar do sentimento o que eu tenho por você… Cuide do meu coração também que é bem frágil… – Disse manhosa e lentamente se ajeitou para deslizar e deitar sua cabeça no colo dele. Roçou seu rosto na perna de Henry e mudou de posição de novo para ficar com a barriga para cima e observar o teto e depois o rosto dele.

– Ah! Agora é minha culpa?! – Ele riu, mordendo o lábio. – Você sempre beijou os seus fãs… Eu também sou seu fã, oras! – Henry negou com a cabeça. – E eu queria tanto te beijar…

– Você tem certeza que quer estar aqui comigo…? – Fitou-o nos olhos –Você sabe o quanto me entrego e o quanto eu posso amar.  Eu amo meus amores e eles sabem o que eu estou fazendo o tempo todo… E ainda meu estilo de vida é muito problemático… – Tocou o lábio superior com a língua, o contornando – Eu sei que você respeita seu próprio passado… Mas as coisas são turbulentas agora também e eu sei o quanto você está envolvido em tudo isso… Tantas coisas retornando, tudo diferente… Pode ser difícil, Henry.  – Tocou-o no rosto de novo, descendo a mão pelo ombro e centro do seu peito – Mas se quiser mesmo ficar por perto… – Ela sorriu e riu: – Não quero te iludir com a minha beleza.

Os dedos dele mergulharam nos cabelos ruivos, penetrando entre os fios e acariciando-a suavemente enquanto a ouvia. Nyra era uma loba, mas sabia se comportar como uma gatinha quando queria. Henry a mirava com um sorriso relutante em se abrir, pressionando os lábios e mantendo nos olhos um ar atrevido. Uma expressão que se poderia atribuir a uma raposa.

– Eu não costumo me meter em problemas. Isso seria novo demais para mim. – Ele quase não conseguiu conter o sorriso. – Ah, eu… Não estaria preocupado comigo… Eu sou fácil de levar… Posso abrir o coração aberto para amar… Eu quero cuidar de você. Quero participar da sua vida. Eu quero me envolver… Eu quero que você cuide de mim também… – Henry dizia enquanto a acariciava nos cabelos. – Os seus amores, eu sei que são importantes… Sei que eles são territoriais também. Principalmente, o nosso poderoso Rei, ah? Todos os encontros que tive com ele, senti-me tenso. Normalmente, ele manda a Debra, mas quando vem… Eu sempre tenho a impressão de estar sem roupa ou só falando abobrinha. Ele sempre fala pouco pouco, mas apesar de costumarem dizer que ele não tem expressão… Aqueles olhos azuis falam muito.

A Theurge sorria e ria para os comentários dele, e fechava os olhos vez e outra pelo carinho dedicado. Acabou se ajeitando de novo, sentando sobre as pernas dele e deixando as suas esticadas pelo sofá.

– Meu amor é um serial killer. As expressões dele falam mas não igual a de todo mundo. – Disse, encarando os olhos escuros – Bem… Se você não se coloca em problemas, eu vou te colocar constantemente. Esteja ciente. – Beijou-o em um selinho e sorria com malícia – Mas eu sei que você pode lidar. Eu sei que pode. E eu estou muito feliz de ouvir que quer se envolver agora… – Sua visão seguiu até o final do sofá grande e ela voltou a olhá-lo. Seu desejo subia muito rápido e sozinho, bastava prestar um pouco mais de atenção nele que a temperatura subia tudo de novo. – Você se aninha a mim se eu deitar aqui e dormir?

Aceitaria qualquer coisa que ela dissesse naquela posição. Henry a fitou sobre si e suspirou profundamente. Assentiu sem pestanejar para cada constatação. Apesar do assunto ser de uma pauta que merecia considerações, não havia nada que pudesse ser tão complicado e capaz de fazê-lo recuar ao invés de querer desvendar ainda mais do que a cercava. Henry a envolveu num abraço carinhoso e forte, beijando o seu pescoço e subindo para o seu rosto. Os olhos de tempestades aos seus, desejando. Henry a beijou num selinho, querendo se delongar… Mas não fez. Sabia que seria muito fácil se entregar se o fizesse. Sentia a respiração dela e a sua. A chuva ainda caia forte do lado de fora… – Sim… – Ele sussurrou, ajeitando-se para se deitar com ela no sofá vermelho e macio.

Havia muitos anos que ele não se sentia tão feliz.

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