Hopeless

Categorias:Romance
Wyrm

Hopeless


Já havia algum tempo que a enfermaria recebia seres de outros lugares para serem tratados, principalmente da União Lupina. Ladirus adentrou o local e passou por diversas macas, cumprimentando rostos conhecidos com um carinho sincero que nutria por aquele povo. A União Lupina nunca saia do seu coração. O Dragão se vestia com uma camiseta branca toda rabiscada de preto, boné branco voltado para trás sobre os cabelos vermelhos, óculos escuros short preto, uma legging preta delineando suas pernas fortes e uma chuteira de futsal preta e branca. De mãos dadas com Ártemis, ele foi se aproximando de onde Audrey estava com o seu irmão Adrian.

Ártemis andava ao lado de Ladirus, usava uma jardineira vermelha e um tope preto por baixo, a sandália tinha um salto bem alto. A fada andava observando a todos e a popularidade bem aceita do Dragão namorado. Caminharam até a porta branca, o quarto VIP, e abriram devagar para ver a cena da maga deitada ao lado do irmão. Eles conversavam, mas pararam ao vê-los. Audrey estava muito triste, foi a primeira coisa que Ártemis conseguiu dizer. Qualquer Glamour que via explodindo nela, estava apagado, morno e cinza. Mas Audrey ainda sorriu. Estava ainda com seus cabelos negros e acima dos ombros, uma camisa preta qualquer e uma calça jeans rasgada. Adrian ainda usava uma calça azul marinha de pijama e seu peito estava todo enfaixado protegendo as costuras nas costas. Receberia alta naquele dia. A maga até pensou em pedir a Ladirus para terminar de curá-lo, mas o silêncio do quarto branco havia causado certa inércia nela.

– Ladi… E Arty… – Ela se ergueu e Adrian se sentou com dificuldade.

– Ladi e Arty. – Ele repetiu e acenou timidamente. – É muito ruim ficar vendo os amigos da minha irmã nesse estado.

Amigos. Os dias estavam passando vagarosos com a distância dela. Desde que retornara para a ilha, ela não havia saído do castelo. O Dragão tentava adivinhar o que se passava naquela mente selvagem, parecendo tão distante de si mesma e dispersa de qualquer profundidade analítica…

– Nós viemos fazer um convite. Vamos sair em umas… Duas horas. Vamos a um concerto da Avenue e ficaremos numa área tranquila…

Ladirus sorriu quando abaixou a cabeça. – Não tem problema. É provisório. – O Dragão observou ao redor, quando retornou o olhar, mirou Audrey.

Amigos. Os dias estavam passando vagarosos com a distância dela. Desde que retornara para a ilha, ela não havia saído do castelo. O Dragão tentava adivinhar o que se passava naquela mente selvagem, parecendo tão distante de si mesma e dispersa de qualquer profundidade analítica…

– Nós viemos fazer um convite. Vamos sair em umas… Duas horas. Vamos a um concerto da Avenue e ficaremos numa área tranquila…

– Okay… – Audrey os fitou juntos, de mãos dadas, e concordou, nem considerando que estava sendo convidada. – A banda é legal.

Adrian apertou os lábios e fitou as costas da irmã.

– Audrey? Você não precisa ficar vinte e quatro horas por dia aqui. Eu estou bem. Melhor você sair com seus amigos, ver pessoas. – Adrian disse em um tom tranquilo, embora seus olhos a encaravam com discreta preocupação.
– Ah… – Ela pareceu despertar de algum pensamento e os fitou de novo. Deslizou as mãos para dentro do bolso da calça, abaixou o olhar e negou por fim. – Tudo bem. É melhor eu ficar.

Ártemis olhou Ladirus brevemente.

– Tem um mezanino legal. Dá para ficar bem reservado. – A Changeling disse casualmente.

Seria um exagerado Ladirus arriscar dizer que ela nem estava ouvindo ou se ouvindo e sorteava alguma resposta neutra qualquer para não transpassar o humor que corroía? O Dragão a observou silencioso, esperando por uma reação a mais. Uma reação de verdade

Ele não sabia o quanto doía para ela ainda. A traição disfarçada de bem maior. Para todos os efeitos, Audrey estava casada e nem um manifesto de sua parte aconteceu desde a confusão dolorida. Adrian era a sua desculpa doce e altruísta. Ladirus não acreditava que ela queria pensar…

– Blair e o Rhistel vão conosco. Talvez, até a Nyra. Nós vamos de helicóptero até lá… Em Nova Iorque. Se mudar de ideia… – O Dragão se voltou para Adrian e, novamente, para a Maga. – Vamos dançar, beber… Essas coisas…

A Maga escutou o convite e assentiu novamente. A voz dela expressava um desânimo inacabável, triste, e que tentava apenas por tentar.

– Tudo bem… Bom show a vocês dois… – Entreolhou-se com Adrian e concluiu – Eu vou assistir a um filme com Adrian mais tarde.

O Aparentado coçou a testa e respirou impaciente.

– Eu acho que eu quero ir ao show. Por que vamos ficar aqui e ver filme? – Adrian reclamou em russo.
– Não, Adrian! Você não está bem. Para de falar besteira. – Ela respondeu no mesmo idioma. – Você vai trocar os curativos hoje à noite.

Ártemis piscou os olhos devagar. Havia entendido nada.

– Nah. Eu já cansei. – O Aparentado colocou o pé no chão e começou a procurar a ponta da faixa para retirar. Não esperou que Audrey fosse reagir de maneira tão desesperada ao agarrar seu braço com força:

– Não, Adrian! – Ela gritou com as lágrimas caindo do rosto – Você ainda está mal!

Má ideia. Ladirus observou de Audrey para Adrian e abaixou a cabeça. Desde que nos amamos nos três… Ficou esquisito. Depois da Rússia, mais esquisito ainda. Audrey se trancava dentro de si mesma e Ártemis nunca esteve tão próxima. Ladirus suspirou com uma dor incômoda dentro do peito e sua voz carregou o sentimento ao sair de seus lábios:

– Desculpem-nos por… Acabar agitando vocês. Seja lá o que vocês estão falando. Melhoras… Para os dois. – O Dragão disse, indicando a Ártemis para saírem.

Ártemis fitou Ladirus em dúvida, perguntando-se se era só aquilo mesmo, mas seguiu para a saída quando indicado. Audrey soltou o braço de Adrian e assistiu-os irem paralisada. O Aparentado a fitava sem entender as reações da irmã.
– Você precisa sair daqui. – Ele murmurou. – Não me usa de muleta. O que está acontecendo?

Audrey o olhou como se não soubesse do que ele falava, e insistiu para que ele voltasse a cama do quarto.

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