Baby Blue Love

Categorias:Romance
Wyrm

Baby Blue Love


Mesmo após o amor, Jullian não conseguiu dormir. Os olhos se fecharam, mas o corpo não relaxou completamente. A mente não o deixou em paz, produzindo todo o tipo de pensamento relacionado ao dia que se seguiu. Apesar de ter ocupado o seu dia com muito trabalho, não despregou das conversas de um passado que nem era dele. As três horas se passaram rapidamente e ele se levantou, banhou-se e vestiu o pijama que estava pelo chão, camiseta branca e short azul claro. Os olhos de oceano passaram pela cama. Remi não havia dormido em casa. “Muito trabalho. Vou ficar por aqui mesmo!”, ele disse na mensagem em seu celular. Por um instante, Jullian quis refletir sobre os últimos dias ausentes do Ahroun, mas dispersou a análise antes que ela tomasse uma forma mais concisa. Seguiu para a cozinha e foi preparar o café da manhã, disposto a preparar a mesa antes que todos acordassem.

Às vezes, Blair, Ladirus e Rhistel os visitavam para um pré-café da manhã. A companhia dos três era sempre muito bem-vinda e querida, mas naquele dia em especial, Jullian gostaria que eles tivessem pulado a cerimônia.

Rhistel estava animado em relatar a sua experiência noturna. Jullian ouvia, já que Nathan ainda despertava e apenas fitava a mesa sonolento. O Dragão desvia os exercícios de controle, ainda muito básicos, mas o suficiente para mexerem com a ansiedade do Dragão de Gelo e, consequentemente, com a do Lendário.

– Nós ficamos até umas duas horas da manhã. Eu estava achando tudo muito doido. Basicamente, eles ficaram fazendo exercícios físicos e alongamentos. – Ladirus comentava. – Ártemis terminava primeiro que você, Ras…

– É o começo, Ladi! Temos que aprender a sentir melhor nossos corpos. Eu acho que ela nem estava entendendo direito. – Rhistel comentava, falando tão rápido como se estivesse improvisando um rap. – Bee deu um quarto para ele! Agora, ele vai ficar mais perto da gente e poderá nos auxiliar melhor.

Havia acordado, mas nada de abrir os olhos. O problema de quando se sentia apaixonada, era não tirar a pessoa da sua mente de uma maneira exagerada. Lembrava-se do olhar firme, os dedos entorno da sua cintura, a respiração tocando seu pescoço. Até a sensação da grama nos pés descalços quando fugiu sem seus sapatos da estufa, e a diferença das alturas. Achava o corpo coberto de tatuagens tão atraente tanto quanto sua mãe odiaria aquele estilo problemático. A ideia sorriu para si e ela devolveu o sorriso discreto para a parede. Mas a ideia que aquilo seria tão errado quanto desejar qualquer um dos seus Dragões assombrou sua mente, mesmo que fossem situações diferentes. Todos avisavam que ele era problema! Poderia ser um problema tão grande assim? Estava um pouco cega pelas coisas que queria, e não sobre o que era melhor, mas achava saudável se atentar que talvez não estivesse apaixonada… Eu não estou. Negou-se. Mas sorriu de novo ao lembrar do jeito divertido do Kitsune. Para, Nyra. A Garou se ergueu, espreguiçou-se e percebeu Annik na cama ainda.

– Annie? – Aproximou-se e a beijou no colo delicadamente. Recordou-se que ela havia possivelmente visto algo… Mas não tinha dito nada sobre, e os olhos ficaram parados nela, em dúvida se perguntava ou não.

Preguiçosamente, Annik esticou os braços na direção da Theurge e a envolveu num abraço ao relaxar. Também não havia adormecido. Pela forma que Nathan deu “bom dia” para todos, imaginava que somente ele havia apagado. Os olhos cevados se abriam lentamente, mas se destacaram, totalmente despertos, embora sem a maquiagem fossem os cílios claros que os emoldurassem. Os cabelos presos em um coque frouxo e mal-feito não prendia a sua franja longa que se espalhava pelo colchão.

– Nay… – Ela respondeu num sussurro e se curvou para beijar-lhe os lábios num selinho carinhoso e acariciar o rosto perfeito da Theurge com as mãos suaves. – Jullian já está montando o café da manhã… Ele fez uma tortura que está tão cheirosa… – Ela fechou os olhos brevemente. – E nossas companhias energéticas já chegaram… – Ela murmurou. – Eles estão falando sobre Henry…

O sorriso se perdurou enquanto a escutava falar. Nyra se sentou devagar e a fitou com certa surpresa ao ouvir o nome dele logo na primeira hora da manhã.

– Eu estou os ouvindo… Mas… Por que está me falando dele, Annie? – Perguntou com um meio sorriso, a voz manhosa e desconfiada – O que você viu…? – Perguntou mais baixo. A Theurge estava usando uma lingerie escura por debaixo da camisola branca transparente, cheia de babados nas mangas curtas e na barra da saia também curta. O corpo perfumado do último banho antes de dormirem.

Sem tirar os olhos dela, Annik se deitou de bruços, elevando os pés e meneando-os alternadamente. A Ragabash só vestia um shortinho curto cor-de-rosa e rendado. Ela abriu um sorriso malicioso e o mordeu antes de comentar. – Eu vi Henry correndo até você e… Eu não acho que você achou ruim… – Ela sussurrou. – Pode ficar tranquila. Eu não contei nada para ninguém, Nay… – Aquilo se aproximou para falar mais baixinho ainda. – Mas fiquei bem surpresa! O que foi isso?

“Eu não acho que você achou ruim…” Nyra franziu a testa com o comentário. Ele sabia que ela não tinha achado? Não havia o olhado a reunião inteira e havia sentido o olhar. O que ele estava pensando agora?

– É que foi rápido demais… Eu ficava brincando com ele, mas… Não achei que responderia assim. Eu não esperava nada. – Disse e sorriu um pouco tímida.

– É… – Annik comentou num sussurro, apoiando o rosto nas mãos. – Ninguém costuma ousar conosco. Eu noto olhares, mas nunca chegam perto de mim. Ninguém parecia tão doido assim… Henry é bem doidinho… – Ela gracejou, rindo. – Ele tem cara de ser bem doidinho.

– Eu não sei ainda expressar o que houve… Pareceu uma colisão, não sei. Estou sem reação… Mas… Eu gosto um tanto dele. – “Eu gosto muito…” , seu rosto esquentava. Ela dobrou os joelhos e deixou os pulsos descansando sobre eles, os dedos entrelaçados – Mas não sei o que dizer, Annie… Não conte a ninguém… Estou pensando sobre “o que foi isso”. Não disse nada a ninguém.

– Não vou contar… Nem sou doida… – Annik cobriu a boca com uma mão. – Sabe, o Henry é muito lindo. Sexy! Tem uma voz manhosa. Eu não sei o que eu faria no seu lugar… – A Ragabash confessou com outro gracejo. – Eu acho melhor que você tenha certeza do que se passa aí dentro antes de falar alguma coisa, né? Todo mundo desconfia dele… Parece coisa que se tem em relação a uma raposa… – Annik soltou os cabelos. – E você sabe que… Você se trai no rosto. Denuncia-se toda.

Eram cosias que Annik nem precisava enumerar, Nyra já havia reparado tudo, até mesmo os desenhos de seu corpo com sua memória fotográfica. Os olhos e o sorriso não fugiam das lembranças.

– Eu? – Tocou o próprio colo – Eu acho que você está analisando demais, Annie! Eu nem sei o que pensar ainda. – Disse, esticando-se para descer da cama. – Eu ainda estou pensando… Eu realmente tenho que ter certeza… Mas talvez seja apenas um… – Ergueu os cabelos para os prender em um rabo-de-cavalo no alto – Calor. Eu não sei. – Nyra andou até o banheiro e saiu poucos minutos depois, os olhos perfeitamente maquiados com longos cílios e a boca pintada em um rosa nude. Ainda no pijama sensual, ela andou até a porta para descer, mas se virou para a Ragabash antes:

– Deixa as coisas como estão. Ele pode ter se exaltado também. Os rumores no vilarejo é que ele pode ter alguém já… – Nyra apertou os lábios e suspirou. – Eu não sei. – Repetiu a frase.

– Sim, sim e sim. – Annik concordou e rolou pela cama até se virar e se levantar. Ela fitou Nyra por um instante, mas decidiu não comentar nada do que passou por sua mente vagarosamente. No momento, não parecia adequado comentar… – Eu vou jogar uma uma água no rosto e já desço também!

Ladirus e Rhistel auxiliavam Jullian a montar a mesa enquanto Nathan havia contornado a mesa para se sentar ao lado de Blair, escorando a sua cabeça no ombro da prima e brincando com os seus dedos pálidos com as duas mãos fortes. Ele estava sem camisa e usava um short verde-escuro bastante folgado e confortável. Ele ergueu os olhos para ela, fitando o seu rosto com os olhos que ainda expressavam muito sono, abrindo-se e fechando-se vagarosamente. Ele a beijou no rosto, abrindo um sorriso sem muita forma:

– Você anda provocando o professor, senhorita… – Ele sussurrou, arqueando uma sobrancelha ao comentar. – Ele não vai gostar muito quando souber que chamou o raposo para a sua casa… – Nathan fez um beicinho. – O que vocês fizeram ontem? Remi estava lá. Eu vi que ele postou uma foto de vocês.

Blair sorriu para o comentário, e observou a brincadeira dele com os dedos finos da maga. A loira usava um shorts jeans curto e desfiado e uma regatinha de seda rosa, sem sutiã, a pele levemente rósea do Sol que haviam pego no caminho.

– Eu não estou provocando ninguém! Eu gosto do Henry e o convidei. Aliás, eu quero que o Rhistel avance bastante nos treinos… – Sorriu e retribuiu o beijo no rosto dele ao encarar os grandes olhos negros que ele tinha – Nós estávamos fazendo tanta bagunça que eu acho que Remi subiu pra checar. A gente ficou fazendo uns exercícios doidos, e eu e Ladi acompanhamos. Hm! Eu percebi que Remi passou a noite por lá… Achei bem estranho.

– Sei. – Nathan respondeu, duvidando que não envolvesse uma provocação afrontosa junto do convite… – É, pela foto e o vídeo, vocês pareciam mais um grupo de ioga bêbado do que treinando alguma coisa. – O Galliard acabou rindo. – Os sorrisos de vocês eram de quem estava rindo muito. – Ele pegou o celular da mesa e a abriu o perfil do Andarilho do Asfalto, obervando Ladirus se aproximar. – Olha a cara de Ártemis. Ela com certeza estava berrando. E você e o Henry gargalhando. Que bocona, Blair. – Ele a olhou, rindo. – Remi ainda tirou uma selfie com você. Parece que estava com muito trabalho mesmo.

– Nunca sei que cara fazer nessas fotos. – Ladirus se apoiou na cadeira dos dois. – Remi parecia cansado, Nathan. Ele só desceu para fumar um cigarro e estávamos lá, fazendo nada com nada. Eu achei que ele parecia um pouco triste também.

O Galliard ergueu os olhos para o Dragão de Água, mirando-o pensativo.

Blair gargalhou quando Nathan comentou da sua boca. – Pareço que eu estou morrendo de rir! E eu estava mesmo. Minha barriga até doeu. Ártemis não cai! Você sabia disso? Parecia que fazia yoga há uns trinta anos.
Os olhos verdes da loira seguiram Ladirus, e lembrou-se de Remi distante mesmo. Pensou em comentar algo, mas se distraiu com Nyra descendo as escadas igual a Rainha que era. A Theurge sorriu ao vê-los, deu um selinho em Jullian e depois um beijo no rosto de Rhistel:

– Bom dia vocês. Por que estão tão elétricos? – Perguntou, andando até o trio que fitava o celular.

– Ártemis fez uma sessão de humilhações conosco ontem… – Rhistel comentou antes de retornar a cozinha. – A sua namorada é um saco quando quer, Ladi. – Ele riu.

Com um suspiro profundo, Jullian se sentou ao lado de uma cadeira vazia e seguiu Nyra com o olhar.

– Ela estava animada só! – Ladirus defendeu a fada, abrindo um sorriso de escanteio. Ele se endireitou e abraçou Nyra fortemente.

Nathan ergueu o celular para Nyra ver:

– Remi postou ontem do treino deles. – Explicou. – Se é que isso é um treino.

A foto era, claramente, uma tentativa de não ser tão espontânea com seres que se juntaram para posar para ela, mas não pararam de rir. Ladirus, Ártemis, Henry, Rhistel e Blair sem conseguir se abraçar direito enquanto riam.
Nyra espiou a tela do celular sem soltar Ladirus do abraço, inclinando-se para beijar o topo da cabeça de Blair e Nathan.

– Hmm… – O sorriso nem surgiu em seus lábios. Nyra pensou em Remi e perguntou a Blair: – Ele ficou com vocês?

– Só um pouco. – Blair disse – Acho que ele não conseguiu se contagiar com a nossa bobeira. Nós estávamos muito.

Nyra observou a foto por algum tempo e se afastou finalmente. Passou pela mesa, pegou um pêssego e se sentou pensativa. Nyra o mordeu e depois perguntou: – Ártemis não quis vir?

– Ladi disse que ela não acorda. – Blair riu. – Não sei como.

O Dragão de Água abriu um sorriso enorme e risonho. – Ela gosta muito de dormir. Não adianta tentar… Ela acorda quando tem que acordar…

– E Audrey? – Annik perguntou enquanto descia, vestindo nada sobre os seios nus. – Ainda com o irmão?

Olhando-a, Ladirus assentiu:

– Sim. Ela vai ficar por lá até ele ficar melhor, eu acho…

Jullian ergueu os olhos até eles, mas nada disse. Pegou o próprio celular e verificou a foto que Remi fez, não demonstrando nada além do seu olhar neutro e lábios sem sorrisos.

– Ah! Nós vamos no show da Avenue hoje! – Rhistel disse ao se aproximar da mesa e já ir direto na torta de frango, cortando um pedaço enorme para si. – Henry não nos chamou, mas nós nos convidamos.

– Ele não nos convidou? Artemis disse que sim. – Ladirus o olhou preocupado.

– Ahm… Não, mas ele ficou feliz que nós vamos… – Rhistel deu os ombros.

O pêssego ficou nos seus lábios ao interromper a mordida. Show do Henry… Sua mente pareceu sofrer um delay e seus olhos piscaram devagar, retornando calmamente. Ela os olhava esperando mais informações…

– As músicas dele são tão, tão boas. – Blair se levantou para cortar para si um pedaço da torta – Acho que é legal levar um pedaço para a Arty. – Lembrou Ladi e continuou: – Eu me sinto tão privilegiada de ter tanto cantor talentoso perto de mim. – Blair riu. – Agora até a Arty! E o Henry.

– Ele… – Nyra começou – Está morando com vocês mesmo agora? – Nyra perguntou aérea.

– Está. Buscamos até as coisas dele. – Blair se sentou para comer. – Vai ser em Nova York o show. É isso, não é? – Confirmou com Rhistel.

– Sim, Bee… – Rhistel se sentou ao lado dela. – A casa dele é cheia de bonecos e de gatos pretos. Toda oriental. – O Dragão de Gelo comentou.

– Espero que ele não esteja incomodado com esse autoconvite. – Ladirus disse, observando de Blair a Rhistel. – Nem vou falar nada para a Ártemis… Ela já está muito empolgada.

– Está tudo bem, Ladi! – Rhistel protestou, manhoso. – Ele estava entristecido com todas essas conversas. Eu tenho certeza que apreciou o nosso interesse. Se ele não quisesse companhia, não tinha aparecido ontem.

– Bom, verdade. Para quem comeu pizza de calabresa e nem gosta muito de carne… – Ladirus se lembrou.

Olhou-os de um a outro, em especial os Versos. Deixou sua fruta de lado e se serviu um pouco de suco. Nyra voltava a ficar aérea.

– Vocês vão trabalhar ainda hoje? – Blair perguntou a Rhistel e Ladirus. – Eu acho que vou passar a tarde estudando. Tenho algumas coisas para fazer também…

– Vocês podem… Me enviar uma mensagem horas antes de irem? – Nyra perguntou tentando disfarçar a súbita timidez, mas falhando – Talvez eu vá. Eu gostaria de ver a banda ao vivo…

Os dois Dragões abrirem a boca para responder Blair, mas a voz delicada de Nyra teve prioridade. Jullian levou a xícara de chá preto aos lábios e mirou a Theurge de soslaio enquanto bebida do chá. A conversa com Drawn viera à sua mente, assim como a impressão que teve durante a reunião…

– Oh. Vamos, Nay. Você não quer ir, Jullian?! Nathan? Annik? Será legal! Ficaremos no mezanino… – Rhistel segurou na mesa, empolgando-se. – Estará todo reservado para nós e as namoradas dos garotos da banda do Henry. Poderemos dançar bastante!

– Hoje é dia de arena, Rhistel. No meio da semana ainda. Eu e Jullian não podemos faltar. – Nathan disse. – Infelizmente. Estou curioso para vê-lo ao vivo.

O Lendário fitou Nathan em silêncio.

– Annie? – Rhistel se voltou para a loira de topless.

Annik arregalou os olhos e esboçando um sorriso exagerado. Ela riu, tímida, gracejando e comentou:

– Eu tenho muitas coisas para fazer. Amaria ver um show ao vivo do Henry… Podemos ir numa próxima? – Ela olhou para Jullian e Nathan.

– Eu cuido da Nay se ela quiser ir. Não se preocupem. Você quer ir mesmo? – Ladirus perguntou a Garou.

Nyra os assistiu falar sobre seus planos e pensou se deveria se manifestar. Mas estava com tanta vontade de vê-lo cantar… Seria bom que Ladirus cuidasse dela mesmo, concluiu, fingiu ponderar, ergueu o olhar para o alto e voltou aos olhos pequenos do Dragão com um sorriso:

– Eu quero. Mas não vou garantir agora. Que horas será o show?

– Às nove, ele disse. – Blair fitava Nyra com um discreto sorriso.

– Talvez eu esteja ocupada… Mas quando estiver perto de irem eu aviso se vou mesmo, tudo bem? – Nyra mordeu o sorriso.

– Sim. – Blair riu, sem entender aquele jeito manhoso e súbito da Theurge. – Legal. Eu acho que ele vai gostar. – Cortou um pedaço da torta para comer, e continuou com os olhos sobre a Nyra, como se reparasse em algo que ainda não tivesse. A Theurge respirou suspirando e desviou o olhar para fora.

– Hm… Chuva… – Observou as gotas de água decorando a imensa parede de vidro e usou do fenômeno para deixar a distração como desculpa, focada nos próprios pensamentos.

Carinhosamente, Jullian se curvou para beijar a Theurge nos cabelos enquanto encarava a chuva. O que seria uma chuva no momento? Os olhos azuis acompanhavam as gotas molhando o vidro e escorrendo vagarosamente.

Annik se escorou em Nyra após beijar o seu ombro. Nathan acompanhou as duas com uma expressão pensativa no olhar, admirando a beleza das duas lobas juntas. Os olhos escuros pousaram na cadeira ao seu lado onde Remi costumava estar. A sua presença era um fantasma ausente. Lembrou-se da foto e dos dias em que ele parecia tão longe até de si mesmo, trancado em seus trabalhos. O Galliard sentiu o cheiro da mudança e, com ele, acabou comentando:

– Deveríamos chamar Judith para o próximo café da manhã. Ela queria provar das suas gostosuras, Jules… – O Galliard comentou.

– Claro. – Jullian respondeu sem pestanejar.




Ele roçou o rosto contra o lençol, sentindo-o macio em sua pele. O corpo inteiro estava nu, como de praxe. Não apreciava dormir de roupa. Se pudesse, nunca estaria vestido. Apreciava a desproteção e a sensação de liberdade que a nudez proporcionava. De bruços, com pernas e braços estendidos, ele despertou com o aroma de café fresco fluindo de alguma cozinha e o prazer de ter o rosto dolorido de tanto rir na noite anterior desenhou um sorriso tranquilo em seus lábios finos.

Raramente se permitia ao prazer se de aproximar de alguém. A exclusividade se resumia à sua banda. Grandes amigos que não sabiam quase nada sobre o Kitsune, além de sua verdadeira natureza de metamorfo. Andy, Freddie, Denis e Brad. Quatro Aparentados muito preciosos para o seu coração, embora o pensamento da manhã não tenha ficado neles.

Ele mordeu o lábio quando alcançou o orgasmo. O seu mel escorreu solitário por seu abdome, distante de qualquer amor possível. Ele fechou os olhos, ouvindo seu coração e respiração agitados. Solitário. A mão melada se afastou vagarosamente si. Solitário. Erguendo-se sem encostar os dedos pelo lençol, ele virou a janela semiaberta e os raios fortes de Sol que adentravam o quarto. Já estava de tarde e ele deveria estar saindo para passar o som. Negando com a cabeça e para si mesmo, censurando-se, ele seguiu para a suíte.

Author: