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Categorias:Romance
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Acompanhado de Acksul, Blair, Remi, Ladirus e, por um milagre curioso, Rhistel, Jullian observava Nyra em sua ligação perto da janela enquanto ouvia o Dragão da Matéria realizando a sua reclamação irritada.

– Você sabia. – Ele apontou para Rhistel. – Aquelas suas perguntinhas na mesa.

– Soube ontem! – Rhistel se defendeu. – Blair me contou… – Ele olhou para a namorada brevemente.

– Duvido. – Acksul rosnou. – Duvido! Jullian acabou de dizer que ele está aqui há quase um ano!

– Eu não sabia! – Rhistel rosnou de volta.

– Ninguém sabia… Vamos ficar em paz. – Ladirus disse, muito calmo. – Pronto.

– Quer dizer o nosso arquiteto é um Kitsune… – Remi comentou, olhando-os com as sobrancelhas arqueadas… – De seis caudas.

– Sete. – Ladirus o corrigiu.

– Sete. E esse Kitsune ajudou a criar vocês…?

– Exatamente. – Acksul disse, erguendo-se. – E pelo que entendi, Drawn sabia disso. Impediu-o de vir até nós!

– Drawn deve ter as suas razões. – Jullian respondeu. – É melhor que ele mesmo se explique. Ele foi buscar os demais para a reunião. Fiquem calmos.

Acksul ficou vermelho ao inspirar o ar.

Nyra também confiava em Drawn, mas até a ela a história soou estranha. Ela molhou o lábio superior, pensando. Aquela seria uma reunião no mínimo estressante, Blair e Polaris estavam em um pico emocional, e enquanto o Dragão da Matéria ficava vermelho, a Maga apenas estava séria e fechada como um concha, arrogante e impaciente, tanto que era possível se perguntar se era com aquela cara que a Mensageira lidava com seus seguidores debaixo do manto. Rhistel podia ser muito frio e racional, mas isso dependia da ocasião. Nyra tinha sorte do seu Dragão estar em uma paz de espírito inalcançável, pois Blair e Jullian deviam estar lutando para separar as situações dentro de si. Não demorou tanto até que ela finalmente dissesse algo, e não esperou menos da loira, que ainda usava um leve vestido branco que usou no café, de tecido algodão, alcinhas e corte curto, claramente sem sutiã:

– Antes… Eu preciso dizer que… Kenai não está mais vivo. – Ela revelou – Ele estava por trás do que houve com as crianças. Eu resolvi.

Nyra a olhou surpresa, mas não triste ou emotiva. Apenas surpresa. “Isso foi rápido…”.

– Antes que protestem. – Ela continuou – Eu não me arrependo. Faria de novo. O que não livra Sebastian da culpa. Apenas reforça pra mim.

Blair apenas os olhou brevemente e pareceu um pouco mais interessada quando a conversa correu para a expulsão dos Blackwoods. Ninguém ali se oporia, mas Nyra tinha uma palavra de peso e isso claramente a assustou. Nem havia conseguido falar sobre a conversa com a Annik, e a perdeu da memória. A Theurge negou brevemente:

– Como assim? – Começou, olhando-o de volta – Você não está falando do meu pai? Meu avô e minha tia, né? Porque além de tudo ela é uma Strauss. Eu não ligo sobre Sebastian e Nikai.

Blair voltou o olhar a Jullian.

– Eu estou sobre todos os que estão aqui, inclusive Neil e Lorena. – Jullian respondeu a Nyra. – Nenhum deles está oficialmente vinculado a Seita. Se quiserem ficar, será de acordo com os nossos termos. Ficará a cargo deles decidir. Eu desconfio que não apreciarão a minha decisão.

– Por quê? – Remi perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Porque até agora estão livres. – Jullian respondeu, seco. – Fazem o que querem e como bem entendem e eu estou cansado disso.

– Bem, é o correto. – Ladirus concordou, assentindo vagarosamente.

– Pode ter certeza que também falarei com os refugiados do Arco Branco. Inclusive, com a minha ex-mestra, Gabrielle.

– É que meu avô também auxilia Ravenfall… Como a gente vai obrigá-lo a se submeter aqui? – Ela reclamou – Ele é meu apoio para todas as experiências que eu conduzo na estufa. Se formos fazer pelo correto… Não deveria nem ter Mago aqui. Nem mil outras coisas.

Blair ergueu o olhar para o teto. Teve vontade de dizer alguma coisa, mas guardou consigo.

– Minha família é diferente… – Nyra disse com tanta manha que pareceu que ia chorar antes mesmo de raciocinar. E ainda brigou com Ladirus: – Eu vou dizer o que é correto, ‘tá? Não me venha com essa palavra.

Calado, Ladirus entrelaçou os dedos das mãos e abaixou a cabeça. Acabou sorrindo para si.

– Ele pode continuar auxiliando Ravenfall em seu tempo livre. – Jullian disse, neutro. – Mas se ele quiser ir e vir quando quiser em minha Seita, ele irá se submeter a mim. – Ele apontou para o chão. – É uma escolha dele aceitar ou não. Nossa Seita aceita os Magos. Não aceitará mais bagunça. Audrey, Blair e Neil se afiliaram a nós logo que foi proposto. Por que o restante continua como visitante? Não estamos fazendo doação de recursos.

Rhistel arqueou as sobrancelhas, entreolhando-se com Acksul. Jullian estava nervoso.

– Laura não vai gostar, desconfio. – Acksul abriu um sorriso maldoso. – Mas… Entendo. – “Ele quer poder acusá-los de traição, se preciso… Eu tenho certeza”, Acksul disse a Blair.

“Parece que sim…” Blair respondeu, olhando de um ao outro. “Espero que ele seja firme… Nyra não vai deixar isso passar. E eu nem sei a razão. Eles foram os únicos que deveriam estar com ela desde o início e são os que a abandonaram…” disse entediada. “Bem… Eu nunca tive esse modelo de família.” Concluiu. Também não entendia a proteção de Jullian em relação a Drawn.

– O professor Drawn também não está formalmente aliado a Seita. – Blair lembrou a Jullian.

– O problema é a minha família. – Nyra disse em um tom acusatório – Está colocando-os em uma posição difícil e você sabe, Jullian. Minha estufa vai explodir e queimar se meu avô não puder mais ajudar e eu vou chorar para sempre. Não pode colocá-lo nessa situação de escolher. Essa conversa não terminou…

Nyra tem a ilusão que isso é uma família”, Acksul respondeu a Blair. “E ninguém vai tirar isso da cabecinha dela. Hugo está escondido aqui desde o início… Sabe quando ele irá se afiliar? Nunca”.

A muito custo, Rhistel precisou se segurar para não rir pela forma que Jullian se voltou para Blair e, depois, para Nyra.

– Espero que Vergil aceite ficar conosco. Eu pessoalmente falarei com ele e realizarei o convite. – Jullian inspirou profundamente. – O mesmo se aplicará ao professor…

– Que bom. – Acksul começou a caminhar pelo cômodo, de braços cruzados.

A Fúria de Nyra fluiu como ondas silenciosas, e Blair acabou sorrindo sem saber o porque. Mas logo se conteve. A Theurge não se apresentou nada satisfeita, e aquilo não seria o fim.

– Eu vou ter que ficar indo a Ravenfall. É isso o que você quer. – Ela murmurou irritada e desviou a atenção para o grupo que se aproximava com Joshua.

– Não. Eu tenho certeza que ele aceitará. – Jullian disse. Ele não tinha certeza alguma.

Pela expressão de Sebastian, ele não esperava se encontrar com certos elementos na sala. Ele fitou Blair, Rhistel, Ladirus e Acksul com uma expressão pouco animada em seu semblante – e até cínica. Ele se acomodou no sofá de frente para eles, entreolhando-se com Nikai.

O ruivo não deixou claros os seus pensamentos, mas trazia um sorrisinho selado em seus lábios cheios. Ele se sentou de qualquer jeito, encarando apenas Jullian com os seus olhos claros.

– Creio que ainda podemos nos dar bom dia. – Acksul disse com um sorriso cheio de dentes.

– Bom dia, Acksul. – Sebastian disse com um sorriso forçado.

Nikai apenas o olhou.

Nyra escutava a conversa com suas lágrimas caindo. Não tinha nenhuma inteligência emocional para lidar com a situação e apenas não saiu correndo por alguma esperança das partes se acalmarem.

– Eu acabei de dizer que não sei de toda a verdade, e você está confiando em informações de pessoas que sabem menos ainda. – Saoirse disse entre os dentes, sua Fúria igualmente atiçada. – Você está nos acusando enquanto coloca a Mensageira dentro da sua casa. Você sequer sabe que foi ela quem incitou a loucura em Edgar!

Blair desviou o olhar de Rhistel e negou:

– Eu mal estava viva. – A maga se ergueu. – E você só está nessa situação porque é burra o suficiente para acreditar nesses dois, que se quer abrem a boca para te defender. – Blair disse. – Chega. Não tem ponto nessa conversa.

– Eu concordo… – Drawn murmurou, ainda estava em choque com as palavras de Jullian. A mente se tornando introspectiva quando pensava no passado, juntando arrependimentos e dores. A discussão tinha ido longe demais.

– Deveríamos matá-los. – Blair disse simplesmente e Saoirse riu irônica:

– Eu não tenho mais nada aqui. Eu não vou cooperar, vocês já escolheram um lado. Estou indo embora. – Saoirse fitou Nyra com pesar, apertando os lábios. – Você não deveria estar nessa bagunça. Você não é igual a nenhum desses monstros… Você não precisa se relacionar a nada ao passado dela, Nay. Menos ainda com esses psicopatas. Você é nova, nova demais.

A Theurge a olhava ressentida das palavras. Os olhos de Blair não observavam mais Saoirse, apenas Sebastian e Nikai. Eles continuavam sem dizer nada, e ela desinteressada no show da Strauss – eram eles que tinham o que falar. Ladirus se ergueu no mesmo instante e se colocou às costas da Garou, massageando os seus ombros carinhosamente.

– Vocês vão sair daqui quando for conveniente para mim. – Jullian se voltou para Sebastian e Nikai.

Sebastian não o encarou de volta, ainda voltando os olhos pregados no chão, mas Nikai o fez. O ruivo apertou os lábios, dividindo a atenção entre Jullian, Blair e Nyra, evitando os Dragões…

– Se vamos falar do passado, tem mais gente que deveria estar presente… – O lupino franziu o cenho, negando lentamente com a cabeça. – Vocês queriam respostas que eram complexas de dar. Ninguém aqui é mocinho, sabe… Mas… – Nikai abriu um sorriso. – A situação se enrolou muito ao decorrer dos anos. Meu foco sempre foi a Goetia… Sempre foi ela. – Nikai apontou para Blair. – Porque o que tem na cabeça dela… É insano e caótico o suficiente para fazer… Dragões para a realidade junto com alguns outros loucos. – O lupino umedeceu os lábios. – Eu não sei se posso ajudar muito sobre muitos porquês. Eu não convivi com Elara. Fui prisioneiro da Goetia por um longo tempo… Com o meu irmão. – Nikai cruzou os braços. – Tudo mundo tem medo de vocês. Magos perfeitos, Dragões… É muito poder e… – Nikai apontou para Drawn. – … Esse aí já foi criticado por praticamente toda a comunidade mágica por estar treinando vocês. – O Garou sorriu. – Eu estou me questionando por não ter matado você ainda. – Ele olhou para Blair. – E eu olho para a sua cara e penso: menina de má sorte… – Ele fitou Ladirus, Rhistel e Acksul. – Estrelas azaradas… Lobos azarados. Nós não sabemos onde vai dar esse poder todo. Vocês aprenderam rápido demais algo que demoramos anos. Vocês não podem julgar o receio alheio. Vocês sabem do que eu estou falando.

– Você não me matou porque não consegue Nikai. – Blair disse, fitando o Lupino em seus olhos. –  Estou onde eu deveria estar. Coletando nomes para devolver onde merecem estar. Esse poder que vocês tem hoje, não tiraram de vocês mesmos.

– Para… – Nyra os olhou e fitou Jullian – Apenas mande-os embora, então. Só os expulse, Jullian. Esses ataques e essa conversa sequer tem sentido…

– Apenas os expulse, Jullian. – Drawn disse, desagradado com o rumo da conversa igualmente. – Não há razão disso, realmente. Todos tem suas razões…

– Eles vão ser um problema eventualmente… Assim como meus antigos mentores. – Blair falou, ainda não havia desviado o olhar deles. – Eles irão atrás de nós na primeira chance. De mim, dos Dragões… Eles não podem viver.

Saoirse fitou Jullian, preocupada. Acksul mirava Jullian diretamente em seus olhos, calado, mas doido para soltar alguns gritos, embora estivesse visivelmente calmo repentinamente.

Carinhoso, Rhistel pousou a mão gelada sobre o ombro de Jullian, fitando os olhos do Lendário quando os teve em si. Os dois se encararam por um longo momento. Jullian mirava os intensos orbes vermelhos do Dragão enquanto Rhistel se aprofundava em seus oceanos azuis. Jullian estreitou os olhos e Rhistel assentiu vagarosamente.

– Eu não posso simplesmente expulsá-los. – Jullian fez uma pausa, inspirando a sua Fúria alta. – Não acho útil tampouco executá-los… E não há muito acordo, eu sinto… De nenhuma das partes, infelizmente. Não há. Há muita sujeira e sangue. Mas sendo dois vocês fontes de conhecimento, então… Eu darei a vocês duas opções…

Tomando forma ao transpassar a Película, Connor surgiu às costas de Jullian e curvou-se, pousando as mãos no encosto do sofá.

– Vocês aceitam se submeter a uma… Cirurgia… – Jullian tocou a cabeça duas vezes. – … Uma trava de segurança que irá impedi-los de usar quaisquer meios para ferir ou prejudicar os meus súditos ou… – Jullian apertou os lábios, arqueando as sobrancelhas. – Enfim. Vocês poderão dar a resposta até o final no dia. Até lá… Connor ficará na companhia de vocês. Seja qual for a decisão que tomem, vocês nos ajudarão a trazer Klaus “Lobo-Fantasma” de volta… E eu espero que… De bom grado.
– Você… – Sebastian ergueu os olhos azuis até Jullian. – … Não faz ideia do que está querendo fazer.

– Você é livre para me esclarecer. – Jullian disse, olhando-o.

– Klaus pode nem retornar como ele mesmo! – Sebastian disse, indignado. – E se acha que pode nos manter enfeitando a sua ilha como você enfeita aquele galpão…

– Então, você não tem nada a temer. – Acksul silabou. – Sorte sua.

– Ele é um rato, Jullian. – Blair disse firme e indignada – Você está esquecendo que ele é o Mago mais antigo, isso não vai nos assegurar. Eu vou ter que dormir com um olho aberto? Eu me recuso. Você quase perdeu Steven e Anthony e por culpa dele, preciso lembrar? Ele é mais útil morto. Não ache que eu conheço os feitos dele de hoje. Me escuta…

– Blair. – Drawn disse – Acalme-se. Há mais coisas em jogo. Há Klaus…

– Ao menos mate, Nikai. Eu não tenho como subjugar e com certeza não precisamos dele… Sebastian já não é nem confiável para trazer Klaus de volta.

– Não é assim que resolve tudo. – Nyra esbravejou e os olhou. Estava tensa o suficiente para tremer. Saoirse aguardava perto da porta, pálida e séria, observando o novo Dragão que surgia…

– Nyra. – Acksul a olhou. – Às vezes, as coisas não são resolvidas com deveriam. – O Dragão disse, inspirando profundamente. – O seu amado Ladirus teve os ouvidos perfurados e ficou anos sem ouvir até que eu conseguisse reconstruí-lo porque repararam que ele ficava calmo demais quando ouvia Rhistel cantando. A Goetia nos deixou traumas em nossas cabeças… Que nos acompanham até hoje…

Lentamente, Ladirus soltou as mãos dos ombros de Nyra…

– … Esse Garou nos entregou para ela. Não era a forma mais fácil de se resolver. Esse Garou traiu Klaus que confiava cegamente nele… É uma lista, ele…

– Eu… Acho… – Rhistel disse, interrompendo Acksul. – … Eu acho que a Bee tem razão, mas se não é ético matá-lo ainda assim… – O Dragão de Gelo se levantou. – Mas eu acho que eu conseguiria… Quebrá-lo. – Ele analisava Sebastian.

Quando o Sebastian se ergueu, Acksul se aproximou na mesmo segundo do Ragabash, fitando-o em aviso.

– Eu… – Ele ofegou. – Acho que consigo, mas… – Rhistel pestanejava.

Sebastian os encarou, apertando os dentes.

– Se eu acho que consigo, Tsuru certamente consegue… Tirar a sua Mágika.

A história mexeram com a Theurge profundamente. Não queria ouvir e nem assistir o desenrolar quando imaginava as imagens. Não era insensível a ponto disso, pelo contrário, sua família e os Dragões eram algo que a deixava agitada e facilmente ferida. Ela os fitou e saiu do ambiente pelos fundos. Saoirse acompanhou o transtorno de Nyra, assim como Drawn, mas não pode ir atrás.

– Jullian. – Saoirse disse – Depois que Elara morreu, eles todos fugiram do controle. Eu digo, você pode imaginá-los fora de si? Eu não estava lá, mas esses aqui que você está condenando fizeram de tudo para pará-los antes que destruíssem tudo. Não havia nenhum poder que pudesse pará-los. As coisas saem de mão muito fácil. Vocês estão cheios de “você deveria”, mas ninguém estava lá. Você não sabe o que é estar de frente pra isso e tomar uma decisão.
– Eu acredito… Que qualquer pessoa pode ajudar e se redimir, Jullian. – Joshua disse com cuidado e calma – Melhor irmos com calma… Eu tenho certeza que Sebastian e Nikai tem suas propostas também… E me desculpem… Eu não confio suficiente em Henry ainda…

– Muita contradição na sua fala, Drawn. – Blair havia voltado a se sentar.

– O que eu quero dizer é… Deixe Nikai e Sebastian falarem, se eles tiverem algo, e depois tomamos uma decisão a sós. Menos acalorados.

– Tirar a Mágika deles é o mínimo. – A loira os olhou.

– Eu não quero falar contra você, Blair. – Drawn avisou. – Acalme-se. Sebastian e Saoirse estavam contaminados até recentemente. Quase tanto tempo quanto eu me levei para me curar… E ainda estamos aqui…

– Você está falando como se não estivéssemos ouvindo você, Saoirse… – Ladirus disse, fitando na direção em que Nyra seguira.

– Sebastian também não é perigoso e fora de controle? – Acksul perguntou, abrindo um sorriso cheio de presas afiadas. – Não traiu diversos companheiros?

– Eu não confio em nenhum deles. E… Eu não posso contar com a boa índole dele, professor. Eu não posso apostar que farão o bem e ajudarão de bom grado. São muitas atitudes egoístas. – Jullian respondeu com a voz cheia de cansaço. – Eu não teria que me preocupar tanto se não fossem mais Despertados…

Os olhos cor de cereja de Rhistel não saiam de Sebastian. A medida que observava, tornava-se mais clara cada mágica. A sala se preenchia de cores e trajetos. Ele estreitou os olhos. Sebastian o encarava de volta tão apreensivo que tremia.

– Você conseguiria cuidar deles se eles se voltassem contra nós, Joshua? – Jullian perguntou. – Eu não acho que eu deva confiar nisso.

– Então me deixem ir! – Sebastian pediu, agoniado.

Nikai apenas olhava de um rosto a outro com os olhos arregalados. Sentia o seu corpo remexido como se fosse tocado sem ser. Imaginou que Sebastian estava sendo submetido à mesma análise incômoda.

Joshua pensou e concordou ao final. Estava disposto a não prejudicar tanto Sebastian e Nikai, mas não podia ir mais longe que isso.

– Deixem ao menos Saoirse ir. Eu peço. – Drawn a fitou brevemente. A Garou fitou Sebastian e Nikai e depois os quatro Dragões. – Ela não será problema.

Blair desviou seus olhos até Jullian e depois Rhistel. O que Connor estaria captando? Se viu preocupada com Rhistel. Mas ao menos Polaris estava próximo também. Estava apenas interessada na morte dos dois.

O Lendário mirou Joshua com uma expressão pensativa antes de respondê-lo. O braço se apoiava no encosto do sofá e ele mídia a unha A tensão que sentia o deixava mais lento do que propriamente se decidia. Ele concordou vagarosamente por fim.

– Peço para que o senhor fique no vilarejo por hora com os dois… Depois que o Lobo-Fantasma acordar, teremos outra reunião. – Jullian respondeu, visivelmente desconfortável.

Sentia o coração disparado e a Fúria em picos intensos. Ele se voltou para Rhistel e observou o chão imerso naquela expressão séria e os olhos que sangravam cor. Já se sentia cheio de perguntas novamente.

– Saiam da minha frente. – Jullian gesticulou rispidamente para os dois Garou diante de si.

Afastando-se para a janela, Acksul soltou um berro rosnado. Connor o observou com uma expressão séria e acompanhou os Garou se erguendo, deixando a sala.

– Eu vou até a Nyra… – Ladirus disse.

– Não. Deixe-a. Ela não está sozinha e eu tenho esperança que a pessoa que está com ela esclareça alguma coisa nesse emaranhado de problemas. – Jullian fechou os olhos.




Era muito difícil assistir a situação e não se envolver pelos dois lados. Ela passou na estufa, mas não conseguiu ficar por lá, com receio de perturbar suas plantas vivas com sua Fúria. Afastou-se para o gazebo de madeira e vidro há meio quilômetro de distância, onde a floresta respirava mais forte com influência da sua Mágika. O gazebo era de madeira em sua estrutura e protegido por vidro. Cercado por uma clareira inteira decorada. Nyra tinha uma mesinha ali cheia de papéis de jardinagem, e a porta costumava ficar encostada, para que os escritos não voassem, mas para quem quisesse entrar e ler a arquitetura botânica ficasse a vontade de acompanhar os mil projetos da Theurge. Ela se sentou no sofá branco e não conseguiu se distrair. Apenas secava suas lágrimas que caiam no vestido azul, corte reto, com bordado de flores vermelhas e ramos verdes. Ele era fechado em argola no pescoço e as mangas curtinhas. Seu humor apenas estava muito diferente das cores vivas que usava, chorava, a mente confusa a ponto de doer. Odiava se ver naqueles estados, pois sempre sentia a abertura para a Harano… Herança da própria Elara, começava a suspeitar.

Pingo-de-Prata entrou primeiro, mas ele o fez logo depois.

Estava vestido com uma camisa branca e aberta, mas as inúmeras tatuagens em seu peito fazia parecer que ele estava de camisa. Henry trajava uma calça pescador preta e as meias brancas não deixaram a sua perna visível, assim como o All Star branco de cano alto. A curiosidade do rapaz foi breve pelo ambiente foi medíocre perante ao que ele merecia. Havia detalhes e histórias de uma personalidade construída em forma gazebo. Ele não deveria estar ali, mas imaginou que pudesse ser perdoado caso trouxesse algum conforto para o coração triste dela.

Um chapéu de praia estava sobre os cabelos sedosos e desordenados. Um cigarro meneava em seus lábios finos. Ele respeitou a distância, indeciso se deveria cruzá-la ou não, e apenas a observou com os seus olhos mornos; meio preguiçosos ou sonolentos. Pingo buscou desesperadamente pela atenção da Theurge, lambendo as suas lágrimas e tocando-a com as patas longas e desengonçadas.

– Pingo… – Nyra o afastou com cuidado ao sentir seu rosto ser lambuzado. – Não. – Soluçou e ergueu seus olhos para Henry, sem ter o percebido chegar. Nyra o analisou de cima abaixo, pois ele era muito diferente e naquele instante se deu o luxo de fazer; talvez até para se distrair.

– Henry… – Limpou o rosto mais uma vez – Está tudo bem?

Parecia pensar na resposta, mas apenas a olhava mesmo. Ele caminhou até ela e se sentou próximo, com um Pingo insistente entre eles.

– Se não estivesse, eu estaria todo vermelho… Com as mãos e os braços pretos como luvas. – Ele gesticulava. – Sete caudas na bunda… Bom… Às vezes, eu escondo algumas para não parecer arrogante…

– Pingo. – Nyra o trouxe para o seu colo, mesmo sabendo que ele ficaria agoniado. – Para. Eu estou conversando… – Deixou-o ir para o chão de novo. Nyra voltou seu olhar para o Kitsune e respirou sentida. – Você é o Kitsune que o Acksul e a Nina falaram mesmo, então. – Observava-o cheia de questões – Por que decidiu surgir só agora, Henry…?

– É… Eu não tenho olhos puxados. Saí assim, bem americano. – Ele tragou do cigarro e expirou, olhando para frente. – Não resolvi, não. Fui forçado. – Os longos braços se esticaram pelo encosto sofá.

– Por que Drawn não confia em você?

– Drawn tem razão de não confiar em mim. Eu também não confio. Às vezes, tenho umas ideias… E vou lá fazer… Arrependo-me, mas dai já fiz… – Ele abriu um sorriso selado. – Eu, ahm… – Ele lambeu o lábio inferior. – Fui muito inconsequente no passado. Fiquei poderoso muito jovem. Isso foi um problema. Faltava-me sabedoria… E eu acabei instigando quem estava quieto. – Os olhos escuros se voltaram para Nyra. – Eu ajudei os três irmãos a dar vida aos Dragões. A proposta antes… Eram somente Espíritos poderosos. Eu achei que poderíamos ir mais longe. Por que não? Éramos tão poderosos… – Suspirou. – Eu e Scarlett ajudamos Elara e Klaus Despertarem. Isso os mudou muito. Isso mudou todo o curso de uma Roda. Drawn nunca me perdoará por isso. – Explicava. – Existe uma Elara muito diferente antes de me conhecer… E outra, depois. Eu não vou dizer que a influenciei… Mas com certeza, acordei o que dormia.

Nyra escutou, olhando-o se confortar no sofá e pegou seu maço de cigarro que havia trazido da estufa. Acendeu um e tragou como se procurasse algo para a acalmar.

– Entendo… Você se culpa, de alguma forma? – Olhava-o com atenção, a voz soava manhosa demais e com traços de choro, de alguém que iria voltar a cair nas lágrimas ou acabava de sair delas – Parece que todos os envolvidos se arrependem… Até sobre a criação dos Dragões?

O riso dele foi espontâneo. Um riso gostoso de si mesmo. Henry mordeu o lábio e jogou o pescoço para trás, voltando a tragar enquanto fitava a própria mente.

– Eu não me arrependo de nada! – Ele selou o sorriso, retornando o olhar a ela. – Você se arrependeria de ter criado algo tão lindo quanto Ladirus? Tão talentoso quanto Rhistel? Tão poderoso quanto Acksul? Tão inteligente quanto Torvo? Tão sensitivo quanto Nina? Eu… Não consigo. O trajeto foi difícil, mas eu olho para essas lendas saídas de filmes medievais e sonhos… Eu só consigo me sentir orgulhoso de ter participado disso. Não foi fácil. Não foi… Simples, mas… Elara criou vida.

O sorriso dela nasceu e morreu breve. Tragou novamente logo após expelir para o alto a fumaça.

– Eles são minha vida… Todos eles… Mesmo eu percebendo pouco como aconteceu. Eu apenas… Não consigo acompanhar tudo… – Suspirou. – Coisas que eu não vivi..

– Se você não viveu, não são suas. – Ele disse, direto e franco, levando o cigarro aos lábios mais uma vez. – Você pode ser a reencarnação dela? Pode. Por não ser? Também. Às vezes, Gaia te escolheu para ter uma afinidade energética com os filhos dela. Quem pode afirmar que é uma coisa ou outra? Só Gaia, querida. Ela te falou algo? Então, foda-se. Não tome para você os problemas da Elara. – Ele piscou um dos olhos. – Por isso, enquanto Gaia não me falar: Henry, hora de ser uma pessoa responsável… Eu não vou ser. Já decidi. – Riu. – Não é só você que tem que carregar a responsabilidade. É todo mundo aqui. Eles fazem parte da Seita, ué…

Nyra sorriu entristecida pelas palavras dele.

– Na verdade, eu sei que eu sou. – Afirmou – Eu tento o máximo me afastar. Mas eu… Tenho os sonhos… Eu tive visões… Eu já enxerguei momentos. Seus sentimentos. Ela está distante de mim, mas me apresentou sua casa, suas ideias. Eu passei muito tempo perdida na Umbra, sabe, e ela estava lá … – Murmurou – Os problemas dela não são meus, mas é, e de todas as pessoas que estão ligadas aos Dragões… Como se ela dissesse, “na próxima vida, não carregarei sozinha”. – Ela sorriu a ele novamente – Você precisa ser uma pessoa responsável, Henry. Mas eu tenho a impressão que você quer ser… – Fitava-o – Se está aqui…

Enquanto a ouvia, ele relembrava. A casa, as ideias. Lembrava-se perfeitamente do ambiente. Lembrava-se das flores em seus cabelos e o seu olhar de sabichona arrogante.

– “Não carregarei sozinha” me soa como algo que ela diria… – O Kitsune comentou com humor entristecido. – “Você precisa ser mais responsável também”… Mas eu só… Estou apenas brincando. Drawn me tira pelo jovem raposo que ele conheceu. Eu tive a minha cota de experiências e revelações também. Aprendi com… Alguns erros. Alguns. – Ele passou o cigarro de um dedo para o outro. – Pareço mais louco do que realmente sou… – Ele tragou, expirando vagarosamente. – Foi um pouco de covardia da minha parte me manter longe. Eu realmente tinha prometido não perturbar Drawn… Mas… A ocasião era urgente… – Suspirou. – Ele vai me odiar de qualquer forma. Eu estraguei o seu romance “perfeito” com sexo insano sem endereço, hora ou lugar marcados.

– Você viveu muitas coisas… Eu vejo pelas tatuagens. – Nyra disse pensando, e se surpreendeu com a última revelação, entreabrindo os lábios e deixando o cigarro queimar entre seus dedos. – Drawn tinha um romance com Elara? E você…? Por isso ele te odeia? Você me parece algo que a Elara amaria… Drawn é muito, muito correto. Não me parece que concorda com nada.

– Eu a conheci envolvida com ele. Só com ele. – Henry franziu o cenho. – Na verdade, ela me conheceu. Ela foi até de mim… Quando eu alcancei a minha sexta cauda… – Ele apertou os lábios, olhando-a com um ar vulpino de tão malicioso. – Não conte isso por aí. – Alertou-a. – Drawn era perdidamente apaixonado por ela. Perdidamente. Eu também fui… Mas ele… Ele respirava a Elara. E Elara… Queria uma vida diferente… Ela queria viver o mundo e isso era lindo nela. O mundo nunca lhe diria ‘não’. Descobrir quando poderia ter filhos a deixou mais livre ainda… Ela queria voar… E criou asas de Dragão. Nós vivemos momentos incríveis… E eu sabia que ela não era só minha… E eu nunca fui somente dela.

– Oh… – Nyra abaixou os olhos – A liberdade tem um preço alto também. Eu não imaginava… Que Drawn tinha algo tão forte com ela. – Terminou o cigarro e se inclinou para deixar no cinzeiro sobre a mesinha. – Bem… Deve ter sido dolorido a ele… Mas se ela sempre foi assim… É a condição não é? É como eu lido com meus amores. Eles sabem que é a minha condição… Mas eu prefiro quando eles não saem da minha vista… – “Embora eu sofra um pouco por não ter meus Dragões.” terminou em pensamento, às vezes era difícil – Eu tinha esse sonho de voar. Minhas Seitas nunca me aceitaram. Eu quis essa Ilha. Eu deveria saber de todos os problemas. Mas eu ainda estou feliz por tê-la. Mas eu sempre fico em dúvida, sobre onde começa meus desejos… – Olhou-o por um tempo – Onde termina os dela. Me conforta pensar que somos uma coisa só. Já que os desejos e ambições são tão parecidas com as minhas. E eu fui presenteada com a proximidade dos Dragões… A única coisa que eu não enxergo… É sobre a família… Minha família… Eu preciso deles perto de mim… Ninguém entende o quanto. Acham que eu devo me doar ou gostar dependendo da quantidade que eles oferecem… Não é assim que eu me sinto, Henry… Eu amo as pessoas e eu as quero perto, não importa o quanto fizeram por mim…Se chegaram agora ou depois…

Sorria tranquilo até aquele olhar chamar pelo seu interesse. Henry franziu o cenho e se curvou, deixando o cigarro sobre a mesa e relaxando no sofá, novamente largado, com as mãos pousadas do lado de dentro de suas coxas. Ela era tão perfeitamente linda que um simples olhar conseguia remexer com a pessoa mais fria sem esforço. Linda e intensa, até do jeito se agir. Um perigo caminhando por uma ilha toda dela…

– Sua família foi muito ludibriada pelo inimigo. Não são nem tão vilões ou mocinhos. Eles tem um inimigo para derrotar e… Até lá… É complicado… Uma confusão. – O Kitsune se batucou com os dedos. – Jullian quer botá-los para correr…? – Ele a olhou, deixando o rosto de lado no sofá e a observando. – O seu pensamento pode ser muito romântico, mas ele também é útil. Eu sinto que… – Henry mordeu o lábio. – … Vem bomba por aí. Goetia está muito calada.

Nyra o acompanhou se mover, relaxar, os dedos no próprio peito, e o belo rosto encostado no sofá. Prudência e frieza nunca seriam suas qualidades, os olhos eram de tempestade de fogo, mas não significava que passasse mais de uma curiosidade, ainda que calorosa. Ela sorriu discretamente, sem razão aparente, e voltou à conversa:
– Eu sei, estamos esperando… Blair é um tanto passional sobre isso, e já deixou claro que espera que venham… Ela conseguiu a proeza de quase matá-los junto de Rhistel e Acksul… – Franziu o nariz brevemente – No fundo, eu queria que viessem. Nada me daria mais prazer do que eliminar essa ameaça. Eu odeio a situação de medo que meus dragões possam ser submetidos. Eu me sacrificaria por eles e sei que eles fariam o mesmo… Mas a Goetia não está interessada em mim… – Apertou os lábios e fez um beicinho: – Jullian os quer fora. Acho que ele vai me odiar por defender minha família… Os Dragões também… Mas… Eu não consigo. De alguma forma eu estou ligada sentimentalmente… E quando me ligo a algo… – Suspirou – Eu estou confusa. Meu coração dói.

Odiar você. Você o dobra todinho antes que ele pense em te odiar. Dobra, gira e põe adestrado para sentar. Ele a observava com um selado sorriso em seus lábios sagazes. – Se vocês temem que Sebastian e a sua turminha do barulho façam alguma besteira, permita-me ajudá-la… – Cauteloso, ele esticou a mão pelo sofá até que os seus dedos alcançassem os dela, quentes como os seus. – Eu coloco o Sebastian no lugar dele num instante… Se há alguém aqui que é capaz de enfrentá-lo… Sou eu… Deixe-me resolver esse problema para você…

Sentiu os dedos quentes sobre os seus que também ferviam. Nyra ergueu seus olhos até Henry e o observou com atenção, Kitsune escorregadio. Conseguia imaginar como ele adentrou a vida de Elara. Não sabia dizer se era sua voz, ou seus sorrisos sagazes. Havia algo muito atraente sobre ele todo. – É tentadora sua proposta… O que você pode fazer, Henry? – Ela perguntou, desviando o olhar dele até a mão tocada. – Seria bom se não corrêssemos o risco de ninguém sair ferido. Enquanto pensamos em como… Bem… Trazer Klaus…

– Eu sou cheio de propostas tentadoras… – Ele disse, seguindo os olhos dela para as suas mãos e deslizando o seu dedo até a ponta do dela onde a longa unha afiada ameaçava a sua pele em sua carícia. O sorriso, desnudando um dente com uma joia. Dente do qual ele tocou com a língua. – Posso antecipar alguns passos dele. Mágika, meus truques… Entre outras coisas… – Ele fez uma pausa. – Mas preciso que me permita… Ficar aqui… Como um Kitsune. Eu estou aqui como um simples Mago novato… Eu preciso que fale com Drawn sobre isso… Não quero trair o velho… – Ele a beliscou de leve na mão.

– Eu tenho certeza que você é cheio delas… – Nyra abriu seu largo sorriso, acentuando suas bochechas. – Mago novato não… Aparentado com cara de problema. – Ela disse, erguendo sua mão para tocar o lado de seu rosto e devagar tocar a joia no dente dele com seu polegar, a unha afiada encostando em seu lábio desenhado. – Me diga uma coisa, Henry… – Afastou a mão devagar, após admirar a pedra e retornar aos olhos dele – Você acha que eu chamo a atenção de qualquer um que tenha se envolvido com Elara? Você sente algo dela em mim? Ou é apenas uma coincidência… ? – Encolheu as pernas, dobrando-as sobre o grande sofá branco.

Os lábios continuaram entreabertos, mas os olhos se fecharam com o toque praticamente erótico em sua boca. Henry suspirou discretamente, observando-a com um sorriso que se mordeu… – Você está querendo saber se… Eu tenho tanta vontade de foder com você… Como eu tinha com ela…? – Ele sussurrou, mirando os lábios cheios e tentadores. – A resposta é “sim”… – Ele subiu até os olhos de tempestades. – Nós fazíamos amor… Mas também fazíamos sexo. Dependia do humor… – Ele inspirou profundamente. – Vocês tem muito dela… São os mesmos olhos. É uma… Cópia. A mesma cor… O mesmo formato… Grandes…

O riso acabou rindo aos seus lábios. Riso de menina maliciosa, que se divertia com as palavras que ele usava para explicar seu desejo.

– Eu sei… Mas não tenho corpo de nenhuma modelo, e sou naturalmente bem ruiva. – Disse risonha – O que eu quero saber mesmo é se… Isso se estende a outras pessoas que ela amou? Como se tivesse uma marca sobrenatural em mim que atraí essas pessoas de volta…? Ou se é porque apenas sou perfeita assim mesmo. – Olhava-o curiosa – Você tem certeza que pode manter Sebastian e Nikai na linha…? Eu sei que você é forte, mas são os dois…

– Você nunca viu um Kitsune habilidoso lutando, neném… – Henry mordeu o lábio. Esses gracejos…  Henry a observava com um humor misto em calores que ele já não fazia questão de disfarçar mais. Ela distraída dos seus problemas e era o mais importante naquele instante. – Eu sei o que você quer saber… Só usei a oportunidade para que você soubesse das minhas intenções. – Ele sorriu de escanteio. – Bom, eu acho que é possível que ela tenha realizado um Efeito poderoso antes de… Sumir. Hm… – Ele se endireitou.

Apoiando a mão no sofá, ele se deslizou para perto dela, olhando-a em seus olhos com o seu corpo se encostou ao da Garou. Delicadamente, ele tomou para si a sua mão esquerda. – Ellie criou um símbolo para si mesma… Um Efeito capaz de amplificar as suas magias, entre outras coisas… Solte-se… Eu vou desenhá-lo.

Nyra riu, divertindo-se. – Você não precisa deixar claro nenhuma intenção… Eu vejo tudo através de você. – Disse, encarando-o quando ele se aproximou e encostou seu corpo ao dela, de lado e quase de frente para o raposo. A Garou o fitou de perto, mas não brincou com aquela curta distância que tinham adquirido. E mal o conhecia…
– Você vai me ensinar o desenho dela? – Soltou sua mão a dele, relaxando seu corpo como ele sugeriu. Sorriu maliciosa: – Henry, Henry… O que vai fazer…

De uma forma arteira, ele buscou pela mão dela de novo e a segurou. – Me dê! – Ralhou com ela, humorado. – Eu vou te ensinar, mas não posso fazer o símbolo… Eu quero saber se funciona com você… Você não quer saber…? – Ele a encarou novamente. – Relaxe, neném… Eu ‘tô muito afim, mas não sou louco de brincar com o Caçador-da-Lua… – Disse, malicioso. – A não ser que ele me queira também… Daí, são os quinhentos, né… – Ele se voltou para frente. – Concentre a sua força espiritual na sua mão. Eu vou desenhar, mas você precisará sentir o que está fazendo…

– Ok… – Ela disse e desviou os olhos curiosos dele para sua própria mão, segurada pelas deles. – Você é um raposo muito curioso, Henry. Mas vou me concentrar agora… – Afirmou e deixou com maestria sua energia espiritual fluir até a mão, sem demora, e de fonte poderosa e abundante. Nyra tinha um controle invejável daquela energia.

Eu tinha certeza que você voltaria. Henry também fechou os olhos, deixando-se ter da sensação abundante que era a energia única, ainda que diferente, similar às memórias que ele guardava de momentos inesquecíveis.

Ele passou a realizar o traçado pelo ar, guiando o braço que, apesar de se deixar levar docilmente, também parecia saber se mover sozinho por aquele símbolo. Houve a certeza e, com ela, uma nostalgia doce. Sentiu-se bem longe dali, observando a memória em que presenciava Elara ativando o seu símbolo de poder para algum Efeito ou Dom se potencializar. A espiral cortada ao meio rodopiava três vezes antes de se conectar ao centro. Uma linha reta se elevava e o símbolo se concluía com uma estrelinha e um longo à direita. Ativo.

Ativo. Vivo.

Henry poderia não estar presente no Umbral para presenciar a forma no ar, mas o seria diante deles, queimando em suas chamas cinzentas. Vivo. Pulsante. Ele deixou a mão de Nyra delicadamente, resfolegando como se lembrasse naquele instante de respirar.

Sussurros e chamados se tornaram presentes de Nyra que se hipnotizou com a imagem diante de sua mão. Ela ganhou forma e pulsou uma energia em ondas como se uma pedra fosse quicada na superfície calma. O primeiro impulso fez os vidros estremecerem, Nyra se levantou devagar, com a mão estendida e o símbolo vibrando; no segundo impulso, muito mais poderoso, o efeito ficou óbvio. Não apenas queimava sua energia espiritual em uma potencia que não fazia parte de si, como sentiu a trama se curvando à vontade de sua Mágika, dizendo “faça o que bem entender, coloque sua vida na linha”. E a sensação era que, se desejasse virar a Ilha de ponta cabeça e mergulhá-la no oceano, conseguiria. Conseguiria qualquer coisa. O brasão de três dragões entrelaço surgiu de dentro da estrela, formados por uma nuvem cinza e nebulosa, lentamente foi cercado por ramos espinhosos e de um verde musgo, conforme Nyra cedia sua energia para o símbolo que queimava. Os passos da Garou seguiram até o meio da sala, equilibrando a energia que a enfeitiçou, sem poder desviar seus olhos do desenho. Tanto poder deve haver um preço…  Da onde vem essa força?

– Henry…? – Ela o chamou, sem saber o que faria com aquela energia que queimava em sua mão, reivindicando vida.  A sua essência tentadora, ainda, foi o suficiente para não desviar seus olhos… Nyra sentiu que aquela força queria a dizer tanto… E lentamente o símbolo foi se desfazendo para contornar o corpo de Nyra em uma essência da cor da tempestade – Está moldando minha força espiritual…

Entorno do gazebo, ondas roxeadas e de eletricidade piscaram atrás do vidro, e em um relance do que estava na Umbra, Nyra percebeu os olhos furiosos de Nina os observando e cercando.

O que vocês estão fazendo?” Bellatrix perguntou em suas mentes diretamente, fazendo o vidro estremecer enquanto ela passeava ao redor, cercando-os com sua cauda e corpo.

“Tsuru… Cuidado…”, a voz grave de Canopus chegou aos seus ouvidos. Henry sentiu os olhos verdes igualmente o observando, rodando.

– Provém dela… Alimenta-se da árvore de Dagda… E de mim… – Henry respondeu suavemente, sentindo os seus cabelos bailando com a energia que passava os cercar. – Nós perdemos para a traição… Não para o poder

Com as mãos decoradas de garras afiadas, ele ergueu a mão esquerda à frente de si, fazendo três cortes no ar paralelos e cortando os três em seguida com a mesma agilidade. A cobra de três cabeças abriu as suas presas e uma explosão energética iluminou o gazebo de um alaranjado do pôr-do-Sol, mesclando-se com o roxo que o símbolo do Dragão de Três Cabeças.

– Meu símbolo não tem tanto poder quando dos de vocês, aliados de Dragões… Elara nunca conseguiu se lançar completamente nesse estudo por falta de tempo… Mas agora, você pode… Cada Dragão possui um símbolo… Mas este, o seu, ele acorda todos os demais… – Henry disse com tranquilidade.

As mãos do Kitsune se fecharam e, com elas, extinguiu-se os dois símbolos. Henry fungou e o peso repentino curvou os seus ombros para frente, ele levou as mãos ao rosto, esfregando-os. O choro viera uma crise repentina, mas ele se segurou de se deixar lavar por ele. Ergueu os olhos adiante quando sentiu Torvoethardurg surgindo na Tellurian em sua imponente forma hominídea.

– Tsuru. – Torvo disse, quase sem voz.

Nyra o escutou com atenção e continuou com seus olhos estáticos no ar. Quando escutou o pesar dele e as lágrimas evitadas de cair. A Theurge se aproximou de Henry, mas parou no caminho quando Torvo entrou; Nina atrás.

– Não faça isso… – Nina negou, olhando-os. – Apenas, não…

– Por que? – Nyra os fitou. – Se eu dominar isso… Talvez eu possa ajudá-los. Eu possa nos ajudar. Eu… Senti todos vocês… Por um minuto…  Como se eu houvesse entrado nas memórias… E… – Ofegava, a mente inundada por informações. – Estavam pertinho de mim.

– Você não precisa desse poder… Tudo tem um preço, Nyra. E você não precisa disso. – Disse calmamente a Garou e se virou para Henry menos amigável: – O que você pensa que está fazendo…?

– Devolvendo algo que é dela… Nina… Você sabe que cedo ou tarde vocês todos terão inimigos batendo à porta… Parem de se esconder… – Henry disse suavemente, observando Nina com um olhar emocional. – Nenhum de vocês conseguirá fugir para sempre de quem realmente são… Nem ela… – O Kitsune se voltou para Nyra.

– Eu… – Torvo se aproximou em um passo. – … Chang. – Ele fitou Nyra com um instante. – Ela é muito nova para se lançar nesse tipo de coisa. Eles não sabem quem ela é. Se descobrirem…

– Eu sei, eu sei. Eu não vou arriscar isso! – Henry ergueu os braços para o ar. – Nós vamos com calma, sim? Eu só queria ter certeza… Que coisa! Qualquer coisinha e todo mundo já acha que vou sair explodindo tudo… Estou ofendido.

– Você costuma explodir tudo. – Torvo disse, olhando. – Estou… Ainda absorvendo que você está na minha frente. Eu gostaria de entender o que está acontecendo e por que você esta aqui agora… E não esteve antes.

– Ele reaparece apenas para fazer o que não deveria estar fazendo. – Nina disse, nervosa. – Você não tinha esse direito!

– Não faz assim, Nina… – Henry pediu, olhando-a. – Eu ainda não fiz nada!

– Vocês estão falando de mim, na minha frente, em códigos. – Nyra reclamou com os Dragões e Henry. – E eu certamente não sou muito nova para mais nada nessa vida, Torvo… Vocês estão falando da Goetia, não é?

– Nós apenas queremos te proteger, Nyra. – Nina franziu a testa. – E você vai fazer vinte anos ainda.

– Bem, eu não quero ser protegida de informações. – Cruzou os braços. – Fisicamente eu tenho essa idade, mentalmente, não.

Vencido, Henry estendeu os braços, voltando-se para os Dragões.

– Estamos falando da Goetia. – Torvo respondeu, fitando o raposo de soslaio. – Nyra está treinando, Chang… No tempo certo. Com calma. Não… Assim.

– Mas é assim que se treina! – Henry protestou, posando as mãos na cintura. – Até parece que estão renegando de onde vieram…

– Não diga uma coisas dessas. Só estamos tendo paciência e você nunca tem nenhuma! – Torvo rosnou. – Esses Efeitos mexem internamente! São poderosos demais! Precisam de preparo. Você compreende, Nay? Não estamos escondendo nada. Estamos tendo calma… E este raposo tem muito conhecimento e zero calma.

– Eu tenho calma. – Henry franziu o cenho.

– Você mostrou o símbolo!

– É dela! – Henry exclamou.

– Eu estou bem! – Nyra disse a Torvo e Nina. – Não se preocupem. Eu estou muito bem. E eu preciso conhecer mais sobre isso também. Henry tem razão, é meu. E já faz muito tempo que tenho andado no escuro…

– Gaia… – Nina segurou a vontade de voar em cima do raposo ao cobrir os olhos com as mãos. – Eu não acredito… Henry… – Abaixou as mãos – É melhor você voltar para o vilarejo. O que você está fazendo na Ilha da Estrela, afinal?

– Jullian sabe que estou aqui… Ele viu. – Henry disse, olhando-a com o cenho franzido.

– Ele veio me consolar… – Nyra disse manhosa – Eu estava mal… E ele veio conversar comigo. E agora vocês estão… Sinceramente… Me assustando… – Olhava-os – Eu prometo que vou com calma, tudo bem? Não farei nada… Extravagante. Estou apenas aprendendo…

– Você nem o conhece, Nay.

– Mas eu confio. – Disse – Eu já vou retornar também.

– E vocês me conhecem muito bem para estarem cheios de dedos comigo. – Henry retrucou para Nina.

– Por que será…? – Torvo negou com a cabeça enquanto falava.

– Sim… Por quê…? – Henry perguntou, olhando de um para o outro. – Eu sou praticamente o pai de vocês…

Ele estalou um dedo e sumiu em uma imagem consumida por chamas rápidas. Torvo mirou o espaço em que ele estivera e se entreolhou com Nina antes se retornar a Nyra.

– A Goetia conhece esse símbolo muito bem. Ela o quer. Não o use sem saber realmente o que ele faz. É perigoso. – Torvo disse, olhando-a seriamente. O Dragão girou um olhar perdido ao redor e começou a caminhar pelo ambiente, tocando o olhar e sugando para si o que sentia de rastro da energia que eles haviam gerado… – Como não o reconhecemos? Eu já o vi no vilarejo. Não entendo.

Nyra o viu sumir e pensou nas coisas que queria dizer, mas relaxou quando lembrou que iria encontrá-lo mais tarde por aí. Nina apenas fitava o espaço vazio com mais perguntas desordenadas do que uma certeza. A morena acompanhou Torvo, e piscou os olhos devagar após alguns segundos.

– Eu também não sei como não lembrei… Eu não acredito que ele retorna em segredo e faz essa bagunça…

– Eu não vou… Usar por aí… Mesmo porque, ainda não sei usá-lo. – Nyra disse.

Bellatrix a observou em desanimo, e negou.

– Eu não sei mais o que dizer. – Demonstrou-se confusa. – Era mais fácil no Magia.

– Nina… Torvo…? – Nyra os chamou – Eu preciso saber das coisas… E vocês também… Sentem com Henry e conversem sobre isso… É a melhor maneira de se saber… Eu vejo que ele é importante… E também está ferido…

A Dragonesa fez uma careta relutante.

– Você, Torvo… Que é mais calmo… Pelo menos você… Converse com ele. Deve haver uma razão.

– Para ele nos deixar a deriva por tantos anos? Eu espero que sim. Precisamos de uma boa razão… Eu torço para que ele tenha, caso contrário Acksul não ficará nada satisfeito. Éramos criaturas perdidas em uma Terra hostil que não sabia lidar conosco… Ele foi o pai que deixou as suas crias… – O Dragão de Terra respondeu, cruzando os braços, parecendo confabular por um instante. – Henry não é má pessoa, Nyra… Mas não costuma ter noção do perigo. Tenha isso em mente quando estiver lidando com ele… – Ele disse antes de avançar para a Penumbra.

– Tome cuidado, Nyra. É só o que eu peço. – Nina disse ao ficarem sozinhas. – Por favor… Eu tenho certeza que seu corpo aguenta. Mas eu não tenho certeza sobre sua mente. Porque é muito pesado… Seja esperta. Proteja-se.

– Tudo bem, Nina. – Nyra andou até a Dragonesa e a abraçou – Eu vou continuar seguindo seus conselhos.

– Você merece coisas boas e verdadeiras… Não essa sombra. – Abraçou-a de volta apertado – Vamos nos encontrar amanhã… Tenha um tempo para mim.

– Tudo bem. Eu mando a mensagem quando tiver.

Elas se desvencilharam, mas antes, a Theurge a segurou no rosto e deixou um beijo em sua testa, fazendo Nina suspirar contida como se um leve peso houvesse deixado seus ombros. A Dragonesa se virou para sair, pois havia sentido a proximidade do Lendário. Nyra ainda sentia a Ilha inteira embaixo de seus dedos, e estranhava a tocável energia dentro de si. Parecia tão fácil tocá-la, quanto era perigosa usá-la; e essa facilidade era o maior problema, e foi a agonia que a atormentou naquele instante. Como se conter? Como se controlar?




A energia profundamente equilibrada e poderosa foi palpável o suficiente para mexer com o seu interior, como uma correspondência interna em seu órgãos e espírito. Ele nem precisava se perguntar de quem era. Sentia-a perfeitamente dentro de si, como um aroma doce e um afago carinhoso. Jullian se ergueu devagar, mas a agitação que sentiu vinda do Dragão ao seu lado o forçou a se sentar de novo.

– Rhistel? – Ele sussurrou, pestanejando.

Polaris estava de olhos fechados pelo tempo inteiro que durou a manifestação do símbolo mestre. O coração havia acelerado num batimento acelerado, subindo até a sua garganta. A fase corada estava plenamente relaxada quando despertou do seu transe e se viu perdendo qualquer rastro de paz quando notou Rhistel tremendo. Acksul correu até o Dragão de Gelo, segurando em suas mãos.

– Irmão… Rhistel! RHISTEL! Olhe para mim! – Acksul o chacoalhou pelos ombros ao se soerguer. – RHISTEL!

Ladirus observava janela afora. Os pequenos olhos arregalados. Connor estava ao seu lado.

– Oi… – O Dragão disse, manhoso, respirando com dificuldade. – Calma! Eu estou bem! Eu estou bem! – Disse-lhe, os olhos vivamente rubros perdendo aos poucos a cor para o castanho escuro. – Estou bem!

Blair sentiu-se relaxada conforme Acksul estava. A maga continuava no seu canto, ao sofá, lidando com aquela paz pelo segundo que durou. Quando percebeu o que estava havendo com Rhistel, Polaris já estava ao lado do irmão de Gelo. Ainda, se ergueu com pressa e se colocou ao lado do namorado, tocando-o na mão e o fitando preocupada.

– O que houve? – Murmurou para ele – Você está agitado, Rhis.

– ‘Tô… – Manhoso, ele a abraçou de lado, contornando a sua cintura, como se só estivesse esperando o momento que pudesse fazê-lo. O seu rosto se escondeu pelos cabelos loiros e ele murmurou baixinho. – Me desculpe… – Apertou-a, com os braços aquecidos pela energia que circulava ágil em suas veias. – Eu não queria te chatear no café da manhã… Eu sou um idiota, às vezes…

Joshua estava com sua mão à parede, em silêncio, não sentiu suas memórias o tocando com tanta profundidade… Mas o sentimentos… Envolveram seu peito em uma nostalgia indesejada. Passado. Ele apertou os olhos e voltou a se direcionar aos Dragões. A vontade de fazer algum alarde, quase não foi suprida a tempo:

– De onde? Elara… – Ele murmurou para si e entreolhou-se com Jullian, “já volto”, silabou, para seguir atrás de Nyra.

– Torvo está com ela… – Connor disse quando Drawn saiu e Jullian se ergueu.

– Mas eu não estou… – Jullian respondeu de pronto, seguindo para o Umbral.

– Isso pode te agitado a Ártemis… – Ladirus disse ao se afastar na janela, pronto para também mergulhar no Umbral, mas sentiu a mão de Connor segurar o seu braço com firmeza.

O olhos azuis encontraram os de irmão, mirando-os. O Dragão da Escuridão pareceu ponderar por um instante se deveria permiti-lo ir ou não. Ladirus não se intimidou e devolveu o olhar sério, esperando. Quando a mão do irmão afrouxou e se distanciou, Ladirus sorriu apertou os lábios…

– Chame-me qualquer coisa… – Connor disse.

– Tudo bem. – Ladirus assentiu antes de continuar o seu caminho para a Penumbra.

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