Inside Out

Categorias:Romance
Wyrm

Inside Out


Embora morassem na mesma casa, era como se os andares se tratassem de locais diferentes. A imensa mansão de Blair (e de Rhistel, Ladirus e Fayre?) era um grande labirinto de salas, quartos, varandas, cozinhas e banheiros. Cada morador acaba sendo a sua própria casa dentro dela e Blair adorava ter a casa cheia. Cassian acreditava que um dia todos os quartos estariam ocupados.

O andar era, sem dúvidas, o mais interessante. O bom gosto de Blair aliado ao talento de Henry Chang estavam transformando o local em uma obra de arte com cores harmônicas. Não que os demais não fossem lindos, mas havia um glamour hollywoodiano pelos arredores do último andar. Cassian somente se atrevia a subir porque o desespero havia batido muito fortemente em seu coração acelerado. Ele cumprimentou Torvo que descia para o primeiro andar a fim de ajudar a preparar a farta e saudável mesa de café da manhã. O Dragão de Terra o olhou com estranheza ao vê-lo subir, mas Cassian fugiu não perceber.

Quando chegou na sala ampla, Cassian se deteve por um instante.

Adormecidos no sofá, com semblantes tranquilos e bonitinhos, o Garou seguiu a linha onde começava em Audrey, passava por Ladirus e terminava em Ártemis. Audrey abraçava Ladirus pelo pescoço e o Dragão de Água acolhia Ártemis em seus braços. A televisão passava videoclipes num volume bem baixinho. No mínimo, ficaram acordados até tarde e dormiram de qualquer jeito aí mesmo. Cassian os olhou com certo humor. Parecem filhotes de cachorro amontoados. Ele se sentou no sofá da frente e suspirou, sentindo o cheiro de Leah seguir em direção a um dos quartos. Eu vou esperar. Ele cruzou os braços, decidido. Ele sabia que muita gente viria para esse café da manhã e imaginava que Connor estaria presente. Leah precisa me ouvir

Não havia levado nada mais que uma muda de roupas simples, e não estava incomodada ou intimidada com o fato da sofisticação excessiva dos moradores. Leah acordou cedo, e estranhou não ver Fayre que havia dito que dormiria no mesmo quarto. Tomou seu banho, vestiu a camisa bege, amarrada em si mesma na altura da cintura, exibindo a barriga e a calça jeans preta rasgada nos joelhos, e seguiu descalça para a sala. Jogava seus cabelos para trás, e pensava que deveria conferir o celular… Mas imaginou que teria tantas mensagens das Shaped que ignorou. “Meu deus que fome…” pensou, mas ainda faltava horas para o café. Os três capotados no sofá não chamou tanta atenção quanto a presença de Cassian. A Kithain arregalou seus olhos muito azuis e pensou em fugir, mas ficou parada o olhando, e então caminhou para a cozinha rapidamente como se fosse um simples encontro que merecia uma troca breve de bom dia ao acenar e partir.

Não havia levado nada mais que uma muda de roupas simples, e não estava incomodada ou intimidada com o fato da sofisticação excessiva dos moradores. Leah acordou cedo, e estranhou não ver Fayre que havia dito que dormiria no mesmo quarto. Tomou seu banho, vestiu a camisa bege, amarrada em si mesma na altura da cintura, exibindo a barriga e a calça jeans preta rasgada nos joelhos, e seguiu descalça para a sala. Jogava seus cabelos para trás, e pensava que deveria conferir o celular… Mas imaginou que teria tantas mensagens das Shaped que ignorou. “Meu Deus, que fome…” pensou, mas ainda faltava horas para o café. Os três capotados no sofá não chamou tanta atenção quanto a presença de Cassian. A Kithain arregalou seus olhos muito azuis e pensou em fugir, mas ficou parada o olhando, e então caminhou para a cozinha rapidamente como se fosse um simples encontro que merecia uma troca breve de bom dia ao acenar e partir.

Cassian se ergueu devagar. O pijama? Olhou-se, fitando a regata leve e branca com e o short cinza claro… Nada glamoroso. Ela está com medo de mim? O Garou franziu o cenho, lançando um olhar perdido para onde ela havia ido. O coração disparou e a coragem vacilou levemente…

A porta do quarto principal se abriu e Rhistel surgiu, vestido apenas com uma boxer azul escura, esfregando os olhos sonolentos. Ele se virou para o sofá, demorando-se a se localizar e acabou soltando uma gargalhada.

– Oh, Gaia… Ahm… Oi, Cassian… Bom dia… – Murmurou o Dragão.

– Oi, Rhis. – Cassian disse com a voz desfalecida.

– O pessoal já chegou…?

– Não… Está muito cedo ainda. – Está muito cedo ainda! Cassian saiu correndo para a cozinha.

Quando segurou no batente da porta, ele apertou os lábios. Os grandes olhos claros arregalados e o rosto corado. O que diria? O que faria Leah simplesmente ouvi-lo?

– Não fuja. – Disse a primeira coisa que lhe viera a mente.

Havia resolvido que passaria um café, e ainda estava tão surpresa com a presença dele, que não se recordou nem como se fazia aquilo. A voz dele a assustou e seus olhos retornaram ao dele.
– Eu não… Quer dizer… Eu estou. – Disse na sua voz levemente rouca – Desculpa… Não é contra você. Mas eu quase morri… Eu sei que a culpa não é sua. Mas… Eu ainda quase morri.

Cassian largou os braços ao lado do corpo e caminhou alguns passos, adentrando a cozinha… Quase morrer é algo que os Garou fazem sempre até morrerem mesmo. – Foi… Azar. – Começou, receando em como diria isso. – Isso não acontece sempre… Mas… É… Eu não vou dizer que não temos inimigos. Nós aqui… Temos alguns. – Suspirou, sentindo-se até perdido em como levar a conversa para um lado positivo. – Aquele homem fez mal a muita gente. Ele me treinava antes e eu deixei a situação rolar. Se eu entendesse melhor sobre você, eu poderia ter te protegido, mas… Eu não conheço o seu povo ainda.

Leah o escutou com seus lábios entreabertos, surpresa com a explicação e assentindo. – Tudo bem… Acho que entendo como funciona o mundo dos prodígios. Nossa luta não é tão direta… Não estamos acostumadas a tanta corrupção… Essa banalidade não ia me matar definitivamente… Mas mataria a parte feérica… Meus poderes… Minha memórias… Aquele homem era muito banal. – Explicou, encostando seu corpo no balcão e o olhando. – Você não poderia me proteger… Mas eu sei que tentou… – Sorriu sem jeito – E você… Quer nos conhecer?

Você não poderia me proteger. Poxa. Cassian levou a mão atrás do pescoço e massageou-se, apertando a própria pele. Ele se aproximou dela, encostando-se também no balcão da cozinha. – É. – Ele assentiu vagarosamente, concordando. – Eu queria… Falar em minha defesa, mas… O que eu posso dizer é que… Eu estou me sinto mal por… Isso. Eu ‘tô muito afim de você. – A voz grossa do lobo soou mais baixa ao passo que ele pousou os dedos sobre os dela. – Eu juro que a minha vida não é só perigos e caras malvados.

– Eu sei que não deve ser… Foi azar. Você não tem culpa. – Ela sorriu seladamente, desviou o olhar para os dedos que a tocaram quentes, bem quentes. Leah ergueu seus olhos até ele e pensou nas diferenças. Ainda estava iniciando naquela vida diferente, de estar entre metamorfos e até Dragões. Parecia um pouco perigoso demais… Fadas costumavam ter horror a eles. “Criaturas que nem pensam!” Era o que diziam. E o descontrole quando era Lua Cheia…!? Sentiu uma ansiedade estranha. Seria muito prudente se afastar. Será que ele sabia que eram criaturas frágeis? Até sentimentalmente! Mas Leah ainda se lembrava do beijo, e havia gostado. Ela tocou a ponta dos cabelos escuros, longos e cheios, desencostou do balcão e se aproximou do corpo dele para o beijar em um selinho, início de um beijo.

Ele se sentia tão encantado por ela que não conseguia ser otimista em relação à chance que poderia ter. Não era somente a beleza, não. Leah tinha algo interessante. Talvez fosse toda a naturalidade que transpassava, desapegada com máscaras! Cassian mordeu o lábio quando a viu se movendo. Ela vai embora. Ele prendeu a respiração. Não…? Os olhos pestanejaram rapidamente antes de se lembrar de fechá-los. Cassian sentiu os lábios cheios tocando os seus e deslizou a sua boca pela dela, buscando pelas mãos da fada para segurá-la, entrelaçando os seus dedos aos dela. Merda.. Você está muito derretido. O coração acelerava, imprudente, ao deleite do beijo vagaroso que ele buscou com ela. Não se culpou. Tocou-a em seu pescoço com os dedos em brasa e deixou-se ir.

Se conheciam muito pouco, mas podia sentir no beijo o desejo por ela e gostava. Beijo lento, experimentando do roçar dos lábios até o movimento da língua. Leah encostou suas mãos nos ombros dele polidamente, e o sentia esquentar. A mão quente em sua nuca fez seu corpo o acompanhar na temperatura rapidamente, ainda que estivesse longe de ser igual. Ela encostou seu corpo ao dele de leve e apoiou uma mão no balcão, o beijo se aprofundou menos comportado, mas ela não deu continuidade quando afastou seus lábios para respirar, avermelhados – Tudo bem… A gente… Talvez… Possa sair um dia que estiver livre… – Mordeu o canto do lábio, fitando os dele e retornando ao olhar azul.

A consciência tardou a retornar, assim como o foco. Ela se afastou, mas Cassian ainda estava com a atenção nos desejos e no prazer do beijo. Os olhos de lobo observavam os dela. Queria beijá-la mais… Mas percebeu a cautela. Talvez! Maldita palavra. O Garou concordou, pois não havia opção para ele além disso. Esperar. Esperar por uma chance. Nunca havia precisado fazer isso! – Eu estou livre agora. – Disse, mas se arrependeu. – Eu sei que… Você está preocupada com a sua amiga, mas ela parece bem… Muito bem na verdade.

Ela o fitou e acabou rindo como se ele não soubesse de algum detalhe. Negou e explicou: – Bem… Mesmo assim eu não posso. Sou a única fada aqui para ajudá-la quando ela acordar… Mas eu tenho certeza que você vai ter outro dia. Vou entrar de férias… E você arruma um espaço na sua agenda. – Piscou o olho e se virou para caminhar de volta para a sala – E me procura… Mas eu tenho que me comportar agora…

Leah era difícil ou… Estava só o enrolando mesmo? Cassian sorriu, apertando os lábios – não foi um sorriso feliz, mas foi o melhor que pôde fazer. Eu tenho muito espaço ultimamente… – Tudo bem! – Ele disse, concordando. – Tudo bem…




A inspiração profunda denunciou o seu despertar. Ladirus ameaçou se esticar, mas não concluiu o movimento e só moveu levemente os ombros. Ele piscou os olhos preguiçosamente, mas não os abriu por completo e retornou a fechá-los. Os braços de Audrey estavam ao redor da sua cintura e os seus envolviam Ártemis.

Nem se lembrava como tinham acabado naquela posição no sofá macio, mas o sono leve fora tão agradável que ele nem tinha certeza se queria acordar. Queria ficar simplesmente assim para sempre, sentindo-as perto de si e ouvindo os seus corações calmos. Cada inspiração, sentia o cheiro doce de ambas adentrando as suas narinas e somente este prazer causava uma totalidade confortável dentro do seu peito. Ártemis usava uma colônia floral e Audrey, de frutas. As suas peles macias o convenciam do porquê de ter adormecido tão rapidamente. Lembrou-se do carinho de Audrey em seus cabelos. Fatal! Não podia com cafunés. Ele suspirou mais uma vez, roçando o seu nariz nos cabelos escuros da fada. Temera tanto perdê-la que se pudesse ficaria o dia inteiro agarrado a ela.

Ártemis tinha um sono de pedra, Fayre de uma pena… Qualquer brisa e seus olhos se abriam para checar ao redor. Quando percebeu que Ladi estava acordado, a maga se ajeitou mais às costas dele e sorriu, abraçando-o mais forte. Mentiria se não confessasse que aquela história ainda a deixava nervosa e ansiosa… Mas estava feliz em vê-lo bem. Tão feliz que se sentia até envolvida em um amor verdadeiro, pois só conseguia querê-lo daquela maneira, leve, tranquilo… Audrey beijou-o na nuca e riu baixinho. Sentia em sua aura.

– Você acha que… Ela pode querer separar mesmo… Você e momentos com ela, você momentos comigo? – Sussurrava bem baixinho, no seu ouvido – Acho que não confia em mim…

Ele ronronou de prazer quando ela o cercou mais fortemente. Ladirus não abriu os olhos, mas um sorriso se desenhou em seus lábios preguiçosos. – Minha gatinha é arisca e desconfiada por natureza… Só se conquista com atenção e mimos… – Ele sussurrou com uma voz voz arrastada… – Gatos são assim… – Ele a beijou no braço, mordendo-a de leve. – Eu fico me lembrando às vezes de quando nos falamos mais a primeira vez. Rhistel estava gravando com a Aisha e ela veio me mostrar uma canção. Eu fiquei meio perdido, pois não me considerava nenhum crítico musical bom. Eu acho que ela me ganhou com ‘Havana’… – Ele comentou com humor. – Está muito cedo, Rey…?

Audrey ergueu o rosto para ver o relógio: – Sim… Um pouco. Mas acho que a Leah já acordou… E os empregados estão preparando a mesa… Eles viriam cedo. Aisha pediu várias coisas… – Abaixou o rosto e o beijou às costas. – Tudo bem… Eu posso ser paciente… – Ártemis se virou nos braços dele, ficando de frente, pareceu que acordaria, mas apenas entreabriu seus lábios com uma respiração mais profunda. Ela moveu suas pernas levemente, dobrou uma, depois a outra, e as deixou em seguida; encostou as mãos no peito dele e o empurrou como se espreguiçasse, mas se empurrou com força o suficiente para quase se jogar do sofá ao chão se Ladirus não a segurasse. Ártemis moveu discretamente o rosto em negação, como se sonhasse, e voltou a relaxar em seguida. Fayre observou tudo com certa curiosidade e estranheza. – Bem… Agora eu sei porque você vai sempre dormir no meio… Eu decidi. – Murmurou com um sorriso na voz – Ela não dorme parada. Não é melhor irmos para o quarto? Logo vai ter gente na sala…

– Você ainda não a viu me afofando as costas com as unhas… – Ladirus murmurou sonolento, apesar de reflexo de manter Ártemis segura. – Paciente. Ele duvidava, mas tudo bem. A esperança era a última que morria sempre. Delicadamente, ele trouxe a fada para o seu colo. – É melhor… – Murmurou sem abrir os olhos, mesmo ao se sentar. – Eu estou todo duro. Não será legal me verem assim… – O Dragão se ergueu devagar. – Aisha transforma tudo em um evento, né… Eu já imagino como está a mesa do térreo… – Ele começou a caminhar lentamente com a fada aninhada em seus braços.

Ela andou grudada com ele, a mão na sua cintura e a vontade de não se comportar enquanto o deixava beijos delicados às suas costas. Fayre apenas se afastou para abrir a porta do seu quarto e deixá-lo entrar. Afastou os travesseiros da cama e arrumou o lugar de Ártemis. Ela dormia como se nem houvesse sido movida, espalhou-se devagar e se ajeitou da sua forma, meio torta, pernas dobradas, braço sobre a barriga e o outro esticado. Audrey tocou a testa dela e, embora ainda estivesse um pouco quente, estava estável. Fayre afastou a mão e fitou Ladirus por alguns instantes, desceu os olhos até a excitação dele e retornou aos olhos dele com um sorriso de arte. A maga segurou o braço dele e mordeu-o de leve, pedindo atenção…

O cuidado de Audrey com Ártemis não passou despercebido pelo Dragão, embora carinhos da Maga levaram o seu sono embora rapidamente e o deixassem mais concentrado em nos movimentos de Audrey do que em qualquer outra coisa. Ladirus acompanhou o olhar dela e mordeu o lábio. Os olhos dele se fecharam quando sentiu os dentes em sua pele. Ele a tocou no rosto, acariciando-a delicadamente, mas a segurando no rosto com mais firmeza. Maravilhosa. Linda. Perfeita. Aquele ar atentado o excitava mais ainda. Ladirus a beijou, ardentemente e, mesmo que houvesse passado esses dias todos com ela ao seu lado, saudoso. Buscando pelo calor de um beijo lascivo e ardente enquanto caminhava a mão pela perna forte que ela possuía.

Sentia tanta falta que não parecia que houvesse ficado com ele pelo último mês… O sorriso malicioso dele era retribuído por ela e seu riso sem freio. Fayre beijou-o sentindo seu corpo arder e não se conteria apenas com isso. Queria-o inteiro e profundamente. Segurou sua mão e o convenceu a irem para a suíte. Beijos, toques, mãos dentro da roupa… Carinhos e suspiros abafados. As mãos se pegavam com força e os beijos eram para ficar sem ar. Não sabia olhá-lo sem desejar, qualquer som da sua voz era um estímulo ingrato. Prolongaram-se um pouco mais no chuveiro, embora a proposta fosse uma ducha rápida. Alguns minutos a mais, sua boca onde não deveria estar.

Fayre pegou as roupas no seu closet para os dois, e Ártemis ainda dormia como uma pedra. Voltou para o banheiro vestida em uma camisa larga e cumprida o suficiente para esconder o short curto. Ela se sentou na pia imensa e larga, e se maquiou enquanto ele se vestia e ela assistia pelo reflexo, ela havia voltado com os cabelos longos e loiros, raiz preta, um longo rabo de cavalo que deixava seu rosto bem visível como sempre. – Eu acho que deveríamos usar mais o chuveiro do que a banheira. É muito bom ter um homem tão presente na academia. – Ela o provocou, embora relaxada, ainda sensível. O celular da maga vibrou e ela leu a mensagem da mãe por cima, pegou o aparelho e o desbloqueou.

– Minha mãe quer que eu a visite… – Disse com estranheza e digitou perguntando se havia acontecido algo.

Ele ainda suspirava. O rosto corado dos calores que insistiam em continuarem acesos. Quando fechava os olhos, ainda ouvia os gemidos dela em seu ouvido e sentia as suas coxas em suas mãos e os seus rijos entre os seus dedos. O corpo quente feminino contra a parede e os dedos pressionando a sua pele até doer em quando ela alcançava o que queria consigo. Ladirus esticou o pescoço e mordeu o lábio. O seu olhar se encontrou com o dela em uma troca intensa pelo espelho e ele sorriu maliciosamente, entre uma respiração ainda acelerada. – O seu homem está aqui para te servir… – Ele disse, lascivo. – Você me deixa sensível quando faz a sua mágica com a boca, Rey… – Ele subiu o zíper da calça preta. – Gostei do cabelo…

“Aconteceu algo?” perguntou a mãe, e já via a inscrição de que ela digitava. Audrey ergueu o olhar para Ladirus e riu. Ela estava sentada sobre os pés na pia, bem pertinho do espelho, ergueu a mão e o chamou com o indicador pelo reflexo.

– Você está fazendo isso de novo… Não escutou o que eu disse. – Riu e tocou os próprio cabelo, enrolando os dedos na ponta – Eu achei diferente. Fazia um tempo que não deixava longo e nem loiro… Eu estou com cara de patricinha. Quase pareço uma boa moça. Ou não? – Brincou na sua voz de menina. – Fica atrás de mim… Me abraça… Deixa eu tirar uma foto…

“Nada… Apenas queria que viesse… Muito ocup-“ a mensagem desceu no visor quando ergueu a câmera para o espelho.

O Dragão de Água acabou rindo, desistindo de por a camiseta e jogando-a no chão. – Desculpe… É que eu estou com a cabeça rodando em torno de desejos agora… Como esse seu penteado de boa moça… – Ele caminhou até ela e sentou atrás da Maga, abraçando a sua cintura e descansando o rosto sobre o ombro feminino. – Por que a sua mãe pediria isso? Se ela quer te casar, é melhor adiantar que você está muito bem comprometida… Não precisa falar com quem. – Ele abriu um sorriso para a tela do celular dela e apertou mais os seus braços possessivamente.

Ela ergueu o rosto para a câmera e tirou a foto. Virou o rosto e o beijou em um longo selinho, voltando seus olhos para o celular.

– Minha mãe não é disso, você sabe. – Riu, tocando o braço dele que a agarrava, pedindo para não a soltar. – Eu acho que ela está se sentindo sozinha no trono. Ela já era paranoica, e eu sou a pessoa mais próxima dela… Talvez queira companhia. Meu irmão não é muito bom nisso. Ou talvez ele esteja arrumando algum caso por aí e ela quer que eu converse com ele. São as mesmas histórias. – Disse, e suspirou. – Talvez eu vá e volte no mesmo dia. Aliás, eu nem sou uma princesa interessante nos moldes… Não tenho tantos pretendentes. Essas tatuagens e os cabelos curtos. A música no meu sangue. Sou uma Aparentada rebelde demais. Blair é a princesa. Eu não.

Ele não tinha opniões pessoais formadas sobre a Rainha da Sociedade Garou – além de admirar a sua postura ousada e revolucionária. Alana era um mistério completo para o Dragão, apesar de se falar muito nela. Lembrava-se do seu semblante neutro e os seus sorrisos cinicos nas festas que aconteceram na ilha, mas parecia-lhe que nada do que havia visto era a mesma mulher que Audrey comentava. Não era difícil imaginar o peso que carregava em seus ombros, rodeada de machistas que não queriam ouvir as duas opinões. Ladirus beijou-a em um selinho demorado antes de comentar:

– Não tem uma aparência que se espera de princesa, mas é uma. Além de ser famosa… E, de brinde, linda. Tenho certeza que a sua mãe dribla muitos pedidos por você… – Ladirus esboçou um sorriso de escanteio. – Sei bem como a Sociedade Garou funciona. Um jogo de poder interminável. Às vezes, eu acho que ninguém além dos mais jovens está muito preocupado com o avanço da Wyrm… – Ele coçou o nariz ao pescoço dela antes de beijá-lo. – Se você quiser ir, eu quero ir com você… Eu não vou deixar o meu amor caminhar entre abutres…

Audrey abriu um enorme sorriso e riu, achando atraente a preocupação dele. – Eu vou ficar bem. Se você aparecer lá comigo, pessoas vão surtar. Minha mãe, mais precisamente. – Virou o rosto e o beijou em um selinho – Meu irmão me busca e depois me traz. Não vou ficar andando por lá. – Tocou-o no rosto e o acariciou – Eu passei minha vida inteira lá, não é nenhum lugar estranho para mim. Outra que ela vai querer passar o dia comigo lá… Não é nada demais. Mas… – Pensou um instante – Seria legal te mostrar meu antigo quarto e a vida que eu tinha. Acho que você não acreditaria na Audrey. – Brincou, fitando-o em seus olhos enquanto falava – Mas… Melhor não… Eu tenho medo que seja um lugar hostil para você… Eu acho que as relações ficaram estranhas entre o Membrana e aqui… Embora haja aparentemente um acordo… Eu quem ficaria preocupada.

Os olhos de Audrey sorriam quando ela sorria sem freios. Sorriam muito. Ladirus viajava no brilho deles entregue a sua paixão, principalmente quando ela começava a falar rapidamente, sem se perder no discurso ou gaguejar. O sorriso dele crescia sem que percebesse, apenas por admirá-la sendo ela mesma… – Você e a Nyra acham que se eu quebrar a unha, eu vou chorar. Eu fico surpreso. Eu sou um Dragão, Rey… Sou bem forte. Os Garou pensariam duas vezes antes de tentar me ferir ou algo parecido. – Ele disse, seguro de si. – Mas tudo bem. Eu entendi o que você quis dizer. Se está tudo bem… Certo. Eu temo apenas por nossos inimigos. Você deveria ir um dia que Blair puder ir junto… – Ele ergueu os olhos para a porta e sorriu. A música ‘W.D.Y.W.F.M’ começava a tocar bem alto. Blair e Rhistel os provocando, com certeza. O Dragão se voltou para Ártemis.

Audrey concordou: – Eu sei que você é bem forte… Forte o suficiente por mim, pela Ártemis, pela Nyra. – Sorriu e o beijou nos lábios – Eu quem não estou acompanhando. Vou falar com Blair sobre melhorar meus treinos… Algo mais puxado, de verdade.  Na verdade… Eu apenas não queria que você ficasse desconfortável lá. Mas consigo imaginar você engolindo qualquer um. – Sorriu com uma malícia divertida – Vou ver. Se eu falar que vou levar a Blair, eu já consigo imaginar a cara do Rhistel… ‘Não, Bee, não. Se ela for, eu vou’, quer ver?

Ártemis estava encolhida na beirada da cama, como se estivesse dormindo em um degrau apertado e não em uma kingsize.

– Ela vai cair… – Audrey observou. – Se é que ela pode. Gatos não caem.
Ártemis tinha os lençóis enrolados nas pernas, o robe frouxo na cintura e o tecido quase aberto, exibindo sensualmente suas roupas íntimas.

– Não vou para a escola hoje… – A felina reclamou e coçou o olho. – Leite e mel…
Audrey segurou um riso e desceu da pia atrás de Ladirus.

– Acho que vou falar com a Blair agora. – Fayre disse terminando de ajeitar o cabelo. – Já que estão acordados.

Ártemis se sentou a cama, confusa, sonolenta, quase impossível de saber se ela despertava, e aparentemente mal humorada.

Pior. Ladirus tinha certeza que ele faria pior. Rhistel conseguia a proeza de ser completamente desagradável quando queria… E teriam gravações. O Dragão de Gelo era muito bem em não fazer questão nenhuma de agradar ninguém. Talvez não devesse ter indicado a companhia de Blair para Audrey. Duvidava que isso aconteceria.

Mas sorriu, dispersando-se do assunto da Rússia e Blair enquanto caminhava em direção a Ártemis e a sua quase queda e o seu ar naturalmente sensual. Ladirus se sentou ao lado dela, observando o seu rosto despertando, talvez ainda se localizando na realidade longe dos sonhos. A mão forte do Dragão pousou sobre a coxa da fada e ele abriu mais o sorriso, feliz simplesmente por vê-la bem ali. Ladi se curvou, aproximando-se de Arty e beijando o seu pescoço carinhosamente antes de, provocando-a com uma voz mais sensual que o comum, começar a sussurrar o refrão música bem baixinho que alguém havia feito o favor de deixar bem alta na sala.

A sensação que tinha era que iria acordar com alguém a enchendo para ir a escola, ou para ir trabalhar em algum clipe, mas a surpresa de despertar foi mais saborosa do que esperou. A música de ontem repentinamente começou a tocar em seu ouvido, com a voz sensual de Ladi, e a mão aquecida em sua coxa exposta. Ártemis abriu os olhos e suspirou contida com o beijo em seu pescoço queimando na pele. Ela enxergou Ladirus no despertar lento, já sentada, e sorriu para o Dragão. – Ladi… – Aproximou seus lábios e o beijou em um selinho – Calma. – Ela se ergueu confusa, apoiando a mão no criado mudo e andou anestesiada até a suíte. Molhou o rosto e o esfregou, ajeitou o cabelo, mesmo quase sem enxergar pelo sono, e escovou os dentes de qualquer jeito. Audrey que observava da porta, tinha certeza que ela ainda estava meio sonâmbula, mas preocupada com a aparência – a princesa observava tudo tentando não rir. Ártemis voltou para a cama, engatinhando até um pedaço dela, arrumando parte do robe ao corpo exposto e o beijando de novo, e só então pareceu despertar mais… Piscando seus olhos, abrindo-os mais e suspirando ao afastar os lábios. – Canta para mim de novo? – Ela pediu baixinho – Acho que eu estava sonhando.
Audrey saiu em silêncio e fechou a porta, rindo quando a encostou.

Apesar de não entender muito bem a urgência da cerimônia, Ladirus já havia visto Ártemis fazer a mesma coisa em outro momento. Ele não se importava, mas ela parecia se importar extremamente com isso. Com o cenho franzido e um sorriso selado, ele a seguiu retornando… Engatinhando… Ele mordeu o lábio e o pedido dela estendeu um sorriso mordido… – Eu não sou nenhum cantor profissional… – Disse, mas suspirou, olhando-a tentado demais para sentir qualquer vergonha… – I can’t deny… writing a song… Hoping she’ll find she’s not alone… – Ele cantou em sussurros o melhor que pôde sem a voz afinada de um cantor. – Maybe you’re right… Maybe this is all that I can be… But what if it’s you… and it wasn’t me? – A mão dele mais uma vez alcançava a coxa da fada, mas ousava em adentrar seu robe, buscar sem censura por sua flor com dedos carinhosos e quentes enquanto sussurrava novamente o refrão…




A dança que Rhistel realizava com Blair, agarrado à cintura da Maga sem camisa, e trazendo-a para perto de si enquanto ouviam ‘Flawless’ e ele sussurrava para ela, havia feito Cassian descer com Leah. Rhistel mantinha os lábios próximos aos de Blair, mas disfarçou um pouco, afastando-se, quando notou Audrey.

Ele estava sem camisa, e ela em uma camisola justa e sensual, dançando no espaço da sala como se ninguém existisse. Mas logo que ela se aproximou, os dois se ajeitaram minimamente. Blair custou a desviar o olhar dele, e dispensar os sorrisos… Estava tão envolvida que pareceu um sacrifício horrível prestar atenção no mundo. Momento não muito bom.

– Meu casal preferido. – Audrey começou. Blair beijou Rhistel em um selinho e sentou com ele no sofá. A camisola de algodão não tinha transparência, mas estava agarrada às suas coxas e cintura, delineando as curvas femininas… Embora tivesse desenho de nuvenzinhas rosas. O casal tinha um apelo que Fayre achava esteticamente inspirador. Blair tinha um jeito e estilo de mocinha de cinema, pele sem tatuagens e os olhos sonhadores; Rhistel tinha as suas pelo peito e braço, e sorria bem menos que Blair. Quem via de fora, enxergava o clássico garoto mau e garota boa. Mas era apenas a aparência. – Desculpa, mas se vocês quisessem privacidade deveriam ter ficado no quarto. – Audrey terminou ao ver o olhar contrariado de Blair.

– Justo… – A maga sorriu e corou com alguma timidez. Fayre sabia que Blair não se sentia tímida, apenas coava com facilidade.

Como quem nada quer, Rhistel puxou duas almofadas para si. Uma, ele deixou sobre coxas. Embora estivesse acordado por amores e desejos, saciando vontades ardentes com Blair, a dança havia aguçado de novo as suas vontades de tê-la. Blair possuía um corpo ideal para o seu gosto. Os quadris largos, cintura fina e seios delicados. Amava-a admirá-la… E senti-la próxima, era sempre uma tortura cruel para os seus ânimos. Ele estava excitado. Ardentemente tentado. A outra almofada ele pousou nas coxas de Blair e se deitou a cabeça nela, carentemente, e tentando disfarçar a presença da outra almofada estratégica para o pudor. Os olhos escuros dele fitavam Audrey e, de repente, desconfiaram do que poderia estar por vir. Ele diminuiu o volume do som ambiente, esticando a mão e movendo à distância o controle de áudio já que a Maga parecia prestes a falar – pedir? – alguma coisa.

Detectando o humor de Rhistel, Audrey sentiu que deveria guardar para outra hora, mas também se lembrou que não haveria uma boa hora.

– Diga, Audrey. – Blair pousou a mão entre os cabelos de Rhistel, e a outra em seu braço. Estava igualmente excitada, mas não havia o que esconder em seu caso além da vontade de ficar sozinha com seu Dragão de novo…

– Minha mãe me mandou mensagem. – Audrey disse como quem não queria nada, enrolando o dedo na ponta do cabelo. – Quer muito que eu vá vê-la… Eu ia sozinha… Mas Ladi me deu a ideia de te levar… No caso de qualquer coisa… Não podemos ir quando estiver livre? Na semana… É um dia só… Só um! Algumas horas!

O Dragão mordeu a bochecha por dentro e esticou o pescoço, voltando-se para Blair brevemente antes de retornar o olhar a Audrey… – Ahm… – O Dragão fez um beicinho. – Aconteceu alguma coisa com ela ou é só saudade…? Como ela é a Rainha, sempre é bom perguntar, né… – Justificou-se. – Não seria melhor levar mais alguém com vocês?

Audrey esperou a terceira bomba nuclear, a cara fechada e a decisão pela namorada. Mas acabou sorrindo ao ver que ia ter diálogo sem deixar Blair em uma posição difícil.
– Está tudo bem. Acho que ela está sozinha. Eu imaginava que isso aconteceria. Uma tarde com ela deve ser o suficiente…

Blair entreolhou-se com Rhistel, mas não pareceu que comprava facilmente a história.

– Eu entendo… Mas… Eu não acredito que seja só isso, Audrey. – Blair encostou suas costas no sofá, continuando o carinho em Rhistel e a fitando – Muito analiticamente… Não é não.
– Bem… Se ela quiser algo… Eu não vou poder ajudar. Só vou dar minha companhia de filha, sabe? – Audrey disse. – Eu sei que vocês tem suas razões e políticas, mas eu não. Ela foi a mulher que me criou…

Blair permaneceu em silêncio, pensando em possibilidades.

– Ainda… Ela é uma mulher emaranhada em política… E você é uma Aparentada da Ilha, tecnicamente… Isso não torna uma situação problemática, Rhis? – Desviou o olhar a ele – Se você for sozinha, Fayre… E acontecer algo… Nossos recursos para te ajudar vão estar bem limitados… Também…

– Gaia. É só minha mãe. – Audrey reclamou. – Você morou lá também… Sabe que é tranquilo. Eu tenho medo de levar alguém daqui e parecer uma reunião de negócios, ou que eu precise de proteção. Você é um rosto mais aceitável e amigável…

Alana é problemática. O Dragão de Gelo torceu os lábios para o canto do rosto, olhando de Blair para Audrey enquanto falava. – Eu não acho uma boa ideia vocês irem sozinhas. – Ele reafirmou novamente. – Eu não sei se devemos confiar tanto na sua mãe… Dificilmente, ela está feliz com a filha associada à outra Seita. E pelas fofocas que caem aqui, ela está com um apoio diminuto na Rússia. – Ele comentou, manhoso. – Sem apoio… Alianças são necessárias, né… O Jullian não se aproxima muito de outras Seitas. Não foi fechada uma aliança formal aqui. Ela voltou de mãos abanando…

Blair escutou Rhistel e concordou. – Pelo menos para ela saber que não está sozinha, Audrey. Eu não sou nada para a Sociedade, só uma Aparentada de sangue puro e você também. Podem achar que estamos expostas.

Fayre os escutava não muito animada. A conversa pareceu a irritar de alguma forma.

– Ai, ai. – Suspirou. – Vocês esquecem que comigo é diferente. Se você não quer ir, não vai. Só seria bom ter uma companhia sem parecer que estou sendo escoltada. – Ergueu-se e caminhou nervosa para a cozinha – Minha mãe não é esse monstro que vocês pensam.

Blair coçou o olho um instante, acompanhando Fayre se afastar, sentindo algo ruim vir daquela história. – Ela vai fazer besteira. – Sussurrou.

Por ter morado no Coração de Thor durante muitos anos, Seita vizinha do Sol Poente, Rhistel conhecia Alana o bastante para duvidar da bondade que Audrey acreditava que ela tinha. Se até alguns Crias de Fenris se intimidavam com ela…

– Ahm… Nós vamos passar por Moscou e São Petersburgo em alguns meses… – Rhistel sussurrou, mas estendeu um sorriso matreiro sabendo que de nada adiantaria uma data tão distante. – Eu senti que não é um pedido de visita qualquer. Eu vou alertar Jullian, Bee… – Confessou, erguendo os olhos para o relógio da sala e se voltou depois para a porta do segundo maior quarto da Casa Azul.

Blair acompanhou o olhar de Rhistel e desviou para a cozinha.

– Acho melhor avisar. Mas depois do café. Vou ver se converso com ela ainda… – Disse e se curvou para roubar um selinho. A porta da entrada abriu e Veronica andou na direção do casal, mas parando há alguns metros.

– Aisha está perguntando cadê vocês? Ela já chegou e triplicou o tamanho da mesa… Arrastou os Versos, Julia, Hayden, as crianças. Um pessoal do vilarejo… Judith, Sophie, as Dançarinas…

Veronica falava sem o real ânimo que deveria, mas ela se expressava assim sobre muitas coisas.

– Mas… Ela quer saber da Ártemis.

– Alguém falou para a Aisha que Ártemis quase morreu… – Rhistel concluiu. – É certeza. Encontraremos uma festa improvisada no térreo…

Blair a olhava e pensava… “Pessoal do vilarejo.” Isso era uma novidade, mas uma que Blair não sabia se gostava. Mas ainda sorriu e concordou.

– Acho que ela vai se atrasar.

– Ok. – Veronica disse em dúvida, mas aceitou. Aisha iria querer saber o porque.

– Vamos, Rhis… Vamos nos trocar. – Blair o incentivou a sentar e seguirem para o quarto. – Vão todos estar de roupa de gala a essa altura. – Brincou.

Quando Audrey passou pela sala com sua garrafinha de água, não havia mais ninguém. Precisou de alguns minutos na cozinha para se acalmar. Não entendia como eles não podiam entender que havia uma relação saudável entre ela e sua mãe, muito acima de compromissos de Seita. Quando parou diante da porta de seu quarto, pensou antes de abrir a maçaneta. Tinha certeza que eles estariam no meio de algo ou terminado algo… Não sabia como Ártemis ainda a receberia, considerou esperar, mas não o fez, entrou e fechou a porta.

Nem mesmo os sons da porta se abrindo e fechando foram capazes de desconcentrá-lo. Ladirus acariciava as coxas de Ártemis com as mãos, percorrendo-as e apertando-as firmemente a cada investida de sua boca sedenta. Coberto por parte do robe dela, ele a sentia. Chupava-a com a saudade que havia ficado de ter o seu gosto e a ideia dolorosa que talvez nunca mais fosse tê-lo. Sua língua navegava adentro, sentindo o canal estreito e delirante cada penetração tentá-lo terrivelmente. O zíper da calça jeans de Ladi estava aberto e ele se roçava inconscientemente pelo colchão…

Ladirus era uma coisa. Audrey fechou a porta com cuidado, e se deixou levar pelos miados de Ártemis e a cena quente que encontrou. Ela mal havia acordado e eles já estavam mais longe que a maioria dos casais existentes na Ilha, disso tinha certeza. Se tinha dúvidas que a felina podia acordar mal, agora não tinha mais incertezas. Ela estava muito bem. O fato deles não terem tirados suas roupas indicava a pressa e Fayre achou aquilo sensual. Tão sensual quanto a perda de fôlego da fada, e a forma como atingiu seu ápice livremente na primeira hora acordada. Suas unhas agarraram a cama e a outra o abdome bronzeado. Quando os olhos negros se abriram, após administrar o êxtase que circulava intenso por seu corpo, ela desceu o olhar até Ladirus e depois percebeu Audrey. A maga se sentou na beirada da cama, e a morena também se sentou e ajeitou o robe por cima do corpo.

– Tudo bem, Arty.– Fayre disse, e a morena a olhou ainda com o rosto corado, e incerta. – Eu só quero cuidar de você também. – Começou, acompanhando as expressões do rosto da morena – E embora eu adoraria mergulhar com vocês…

O corpo de Ártemis se aquecia com a imagem dos três, em uma expectativa que ela considerava estranha, mas natural naquele estado.

– … É melhor nós descermos… Ouvi que Aisha está te esperando…

Ladirus mirou Audrey, já completamente suado novamente. Os lábios entreabertos e úmidos enquanto suspirava por eles, piscando os olhos vagarosamente enquanto observava-a com uma expectativa calada e quente. Embora compreendesse que já se delongavam demais, o que poderia ser mais importante? Ele já nem conseguia pensar direito. A experiência de ter Audrey os assistindo estava piorando tudo…

– Eu só… – Ártemis ofegou e fitou Ladirus, aproximou-se do Dragão e roubou um beijo quente de seus lábios. “Quer terminar…” A fada o pediu com o olhar, querendo-o sentir entre seus quadris, e Fayre se acomodou ao lado para olhar…

Os quadro andares de tetos altos da casa deixaram o térreo longe o bastante para a sua Fúria estar segura longe da percepção alheia e mesmo que não fosse, ele já não pensava mais com a prudência envolvida. Os olhar do Dragão alcançou o da fada, retribuindo o olhar pedinte dela. Audrey assistiria? Ele gemeu, descendo a calça e a veste íntima sem se afastar do beijo excitante, largando-a pelo chão com um chute final.

Curioso, ele fitou Audrey brevemente. As suas mãos abriam o robe de Ártemis como quem revelava um presente, desnudando o corpo moreno e de curvas que provocavam. Deveria ter ido para o centro da cama, mas havia urgência no beijo e em seus toques. Audrey está nos olhando… Ele ofegava, sentindo o coração batendo forte, esquentando até a ponta dos seus dedos que se agarravam aos seios pequenos da fada, convidando-a a se deitar. Audrey vai nos ver fazendo amor e eu estou enlouquecendo… Lembrou-se, sentindo-se sobre a fada e relembrando o processo excitante e torturante que envolvia amá-la, mesmo tão cheia de mel quanto estava. Ladirus a beijava ardentemente, mas continha-se da vontade de se mover o quanto gostaria. Devagar. Ele gemia, permitindo que ela se acostumasse consigo dentro de si, mergulhando-se nela muito aos poucos. Deixando-se engolir e saborear vagarosamente, pois até na dificuldade de se sentir por completo dentro dela havia um prazer masoquista…

Ártemis tinha a sensação que Ladirus era sempre demais para ela. Sua presença, seu corpo forte, sua voz firme, suas atitudes movidas por desejo. Sentia-se quente e de porcelana, mas nunca tinha o suficiente de Ladi. E ele adentrava… Invadia seu corpo quente e pulsava pedinte dentro de si. E como pulsava. Molhada. Gemia seus suspiros e o agarrava forte pelas costas. Os olhos de Audrey acompanharam as garras penetradas na pele branca, segurando-se como se precisasse muito daquilo. O peito forte roçando aos seus seios pequenos, cobrindo o corpo moreno e indo… vindo com seus quadris… Audrey beijou o braço tatuado de Ladirus, sem se conter, e deslizou sua mão por entre o corpo dos dois. Ártemis não conseguiu protestar quando sentiu os dedos sensíveis de Fayre sobre seu ponto mais sensível, massageando-a repentinamente enquanto Ladi se adequava na sua flor, no seu esforço delicado. A morena ergueu o rosto e procurou ar pelos lábios e sentiu o sangue na ponta de seus dedos. A sensação era que iria desfalecer entre seus profundos gemidos manhosos… Audrey sentia-se suar dentro da roupa que acabava de vestir.

Inocentemente, ele acreditava que havia a possibilidade de se preparar. Não havia. Estar envolvido com elas mexia tanto consigo que a sua mente se perdia e retornava, em uma instabilidade insana de calores. Ele já nem sabia onde estavam mais. Ela vai matar a gatinha. Audrey gostava muito de mulheres também. E as conhecia bem. Ladirus parou de se mover, encostado a testa no colchão e mordendo fortemente o lábio. Pediu-se calma, pediu-se controle. Onde? Audrey vai me matar também. Ele resfolegou, passando a língua pelas presas afiadas em sua boca. Garras em suas mãos. Garras de Ártemis em sua pele. Havia linhas quentes do seu próprio sangue descendo até a sua cintura. Ladirus nem havia sentido a dor.

Ao que recomeçou, percebeu o próprio suor misturando-se com os delas, escorregando os seus corpos nos seus movimentos mais ágeis. Ele começou a gemer. Um amor escandaloso e calado pelas paredes preparadas. Os olhos miraram os de Ártemis e ele voltou a beijá-la. Beijava-a ardentemente, embora não conseguisse se prolongar sem respirar. Precisava respirar. Já não pensava direito mesmo. Quando se sustentou com um braço e usou da sua plena coordenação motora para mergulhar a mão dentro do short de Audrey, não estava mais pensando em nada.

Dane-se o café. Audrey pensou, sem saber como amenizariam a situação depois. Mas naquele instante não importava nada. Somente os gemidos nas vozes dos dois a deixou excitada o suficiente para não manter mais a camisa no corpo. Livrou-se dela, mas não teve tempo de se preocupar com o short – queria que a fada a sentisse ali, e tivesse a chance de perceber que ela mesma não via a relação como uma competição. A Kithain sentiu os braços mais frágeis, o corpo reagindo intenso e querendo se esticar de tanto prazer que circulou pelas suas veias. Audrey a tocava onde não poderia ser mais precisa, e a Fúria de Ladirus brincava com seus instintos que avisavam, mas também pediam, e ele respondia ágil, necessitado, deixando-a sem ar completamente quando o beijo veio. O auge veio mais cedo do que de costume, deixando-a trêmula rápido demais e agitada de uma maneira intensa demais, soltando uma mão das costas dele e agarrando-se ao colchão. – Ladi… – Ela suplicou com seu corpo fervendo, enquanto o fluído diluía intenso por entre suas coxas grossas… Audrey passou a gemer mais alto do seu lado quando a carícia de Ladirus trazia a sensação quente ao seu corpo. A maga livrava-se do short quando afastou a mão melada de Ártemis e se deitou de lado, mordiscou a pele da Kithain e alcançou o seio feminino com sua boca, chupando-o devagar e afastando-se quando sentiu que precisava de ar. A Pooka suspirou profundamente, tão mergulhada naquele prazer que suas distinções haviam desaparecido em uma linha borrada dentre certo e errado… Fayre afastou os lábios do seio de Ártemis depois de mordisca-lo e ouvir seu gemido manhoso, e beijou Ladirus, roubando o restante de seu fôlego e pedindo-o para si.

– Gatinha… – Ladirus disse, apaixonado. Não havia tempo para que se recuperasse, lançado longe de uma paz que ele nem fazia questão de ter. O prazer de ter alcançado do ápice o deixou tão inebriado que mal acreditou quando se ajoelhou e passou a assisti-las. Assisti-las. Um pecado de tão lindas. A forma como Audrey avançava em Ártemis. Gaia. Ele pousou as costas das mãos na testa suada, buscando pelo ar que lhe fugia o tempo todo. Audrey não estava inclinada a passar vontades. O gosto em seus dedos fazia diversas propostas. Ele os lambeu antes de ter o beijo da Maga, agarrando-se a cintura feminina e rondando-a até ficar às suas costas. Precisava tê-la. Precisava tê-la também… Naquele instante. Deitou-se com ela, trazendo-a consigo, de modo a deixá-la de lado e de frente para Ártemis. Tocando-a em sua coxa, Ladirus a puxou para si, pousando-a sobre as suas coxas até se encontrar posição prazerosa com Audrey, roçando-se à ela até se sentir penetrando-a devagar. – Vocês estão me deixando insano de amor… – Ele sussurrou, agarrando os seios de Audrey com as mãos, apertando-os.

Nenhuma das duas eram estranhas a toques femininos. Ártemis conhecia a maciez do corpo, dos lábios, e não conseguiu pensar quando teve o beijo de Audrey. Beijos dos belos lábios da maga, ávido, impaciente, cheia de desejo. Mas ainda agiu tímida, sem toques avançados, além dos beijos quentes e a mão que deslizou pelo corpo semelhante ao seu… O joelho de Ártemis roçou na cintura de Fayre e elas trocaram toques íntimos, exploradores, beijos quentes entre elas e com Ladirus. Audrey até teve o prazer de sentir as unhas felinas em sua pele, e gemia profundamente. Ártemis beijou a mão de Ladirus que agarrava os seios da maga e ofegou assistindo suas garras relutantes, cuidadosas, absorveu sua Fúria, percebendo suas presas. Aquilo deveria ser perigoso…? Mas intenso para esquecer – queria ser embalada e cercada por aquele prazer intenso e muito insensato. Sua flor pedia, implorava, e Fayre atendia mergulhando e acariciando com mais delicadeza do que tinha Ladirus. Audrey era muito carinhosa com Ártemis, e a felina experimentava e afastava, arisca, mas sem negar qualquer fonte de prazer. Sangues circulavam quentes, o lençol branco manchado de vermelho e fluído, os suspiros e o suor, Fayre agarrou-se forte ao lençol quando chegou ao seu forte ápice, virando o rosto para beijar Ladirus e sentindo Ártemis experimentando seu pescoço. Minutos para se estabilizar… A maga se sentiu dolorida naquele segundo, de todas as vezes que havia o tido e angustia de se lembrar vagamente que tinham um compromisso.

– Ai… – Fayre roçou seu rosto no travesseiro e fechou seus olhos, acolhida pelo calor. Ártemis se sentou, observou o cenário e manhosa, passou por cima do corpo de Audrey para deitar sobre o corpo de Ladirus, seu peito contra o dele e o rosto deitado em seu tórax ofegante. – Gaia… Isso… – Audrey conteve algum comentário muito obsceno ao ver os olhos observadores de Ártemis, que parecia pensar o que achava do momento, embora nem piscasse.

– Foi bom… – Ártemis murmurou anestesiada, os cabelos negros molhados e o corpo inteiro úmido. Ainda sentia muito desejo pelo seu corpo… A pausa foi apenas por prudência, sentia que queria mais. Isso poderia ficar entre eles? – Eu nunca sei quando estou acordada… – Ergueu seu rosto para Ladirus e o tocou. – Eu te amo…

Costas coladas ao lençol, Ladirus mordeu o lábio e fechou os olhos. Não se sentia calmo. Não sentia como se pudesse se acalmar. Quando Ártemis deitou sobre si, ele apertou mais o lábio. Estava sensível, mas ainda rijo; pedindo por mais. Sentia o coração dela batendo com o seu, ainda mais acelerado e forte. Quente. Ladirus soltou o lábio mordido quando sorriu para ela, arqueando o pescoço para beijá-la num selinho demorado. – Eu te amo… Tanto… Eu estava morrendo de saudades… Doeu-me tanto… – Sussurrou e esticou o braço para trazer Audrey para perto de si, abraçando-a de lado. – Oh… Gaia… Do coração, sei que não morrerei… – Ele sussurrou, rindo brevemente ao fechar os olhos. – Eu estou me sentindo como… – Ele ofegou. – … Como se não precisasse de mais nada… Como… Ah, Gaia… Eu não queria descer… Eu queria ficar aqui… Só… Assim… Já estaria bom… – Ladirus riu, de novo. – Como eu vou conseguir conversar com alguém lá em baixo se eu sou o homem mais sortudo do mundo nesse momento. – Sei lá, nem sei o que fazer agora. Eu estou aqui, meio que viajando…

Ambas sorriram para as palavras confusas na voz sensual dele. Sentiam-se amadas, e o carinho era retribuído com um beijo que Ártemis deixou no peito dele, e outro que Audrey repousou no pescoço.

– A gente pode ficar, oras… – Fayre se ajeitou ao braço dele, assistindo o corpo dos dois tentar repousar e achar equilibro. O sorriso ficou em seus lábios desenhados… Estava até sonolenta entre tanta sensibilidade. – Arrumar uma desculpa e ficar. Exceto que… Aisha queria te ver, Arty.

A morena abriu os olhos e os fitou corada. O nome da Aparentada a fez relutante.

– Por que ela iria querer?

– Porque você sumiu… E porque… Pelo o que escutei Veronica falando… Ela soube que você ficou mal. – Audrey explicou, seus dedos acariciaram as costas de Ártemis gentilmente e desceram para arranhar a cintura de Ladirus. – Ninguém sabe de nós, se está preocupada.

– Eu não estou! – Disse e se ajeitou ao colo de Ladi, subindo um pouco e o beijando em um selinho carinhoso, que dizia também que o amava. – Mas ia ser problemático… As pessoas não sabem lidar com isso… Elas já me olham estranhas.

Unhas em sua cintura e um selinho que ele retribuiu carinhosamente. As mãos dele percorriam o corpo de Ártemis, sentindo-o e já tentado em tê-la de novo. Ladirus suspirou, entreabrindo os olhos quando a conversa peculiar começou, embora rapidamente se distraísse com a visão de ambas. Lindas e nuas.

– Desculpa, Arty. Eu não quero te estressar. – Disse, apoiando-se em um braço. Os cabelos longos e loiros se soltaram e cobriam parte de seus seios e desenhavam seus fios na cama. Audrey estava com o corpo queimado do Sol, mas não chegava a ficar tão escura quanto a pele da Fada. – Nem se preocupe com o que vão pensar. Eles sempre vão pensar algo. Mas… Nós não vamos contar a ninguém… Você pode continuar namorando o Ladi para os olhos gerais… E dormir no meu quarto. – Sorriu com a própria proposta – Ninguém fica sabendo. Não é, Ladi?

Perfeito. Tão perfeito que duvidava que aconteceria exatamente dessa forma leve. Ladirus não conseguia confiar na estabilidade de Audrey. Ele deitou o rosto para observá-la e roubou um selinho demorado os lábios arteiros. – Eu te amo… – Ele sussurrou para ela, coçando o seu nariz ao da Maga. – Eu amo vocês… Eu amo tanto que não sabe em mim… – Sussurrou. – Eu… Acho que ninguém pode saber… Até porque…

Meus irmãos. Ele abriu mais os olhos e franziu o cenho. O coração que acalmava se agitava de novo. Ladirus mordeu o lábio. – Meus irmãos. – Ele entreabriu os lábios. – Aisha chamou os meus irmãos. – Ele pestanejou. – Estão quase todos aqui. – Ladirus mordeu o lábio. Nem o susto o desanimava. Observou-se brevemente, arqueando o pescoço. Ereto e rijo. – E eu estou com um “problema“…

Ártemis concordou brevemente sobre o lado da sua família. Já bastava ter que lidar diariamente com a opinião intensa do mundo, e agora das pessoas que haviam a criado e com certeza teriam opiniões. Estava quase se sentindo tensa de novo, quando escutou o riso solto de Audrey.

– A gente dá um jeito. – Ela provocou e o roubou um beijo assistido por Ártemis. A fada sentiu o corpo esquentar novamente… Movida pela saudade que sentia dele.

A Kithain se ergueu sentada e puxou Ladirus para ficar junto dela. Beijou-o nos lábios e se moveu para trazê-lo para dentro de si rebolando seu corpo devagar. Audrey se posicionou às costas dele e arrepiou sua nuca deixando beijos, mãos desceram até seu prazer o auxiliando… Talvez descer não fosse uma opção mais tão breve, pois não era opção de nenhum dos três.

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