For You

Categorias:Romance
Wyrm

For You


Pelo jeito não seria um café de uma hora apenas, quando a mesa cresceu seu tamanho, se tratava mais de uma festa. Blair ajudava a montar os talheres em ordem certa com Rhistel, ajudando as empregadas com agilidade. Aisha posicionava os cestos com pães e também decorava a mesa das crianças. Havia pedido para Remi trazer a câmera. Era, repentinamente, uma festa matinal, que provavelmente terminaria em praia.

Nikki havia se adiantado e bebia algo duvidoso de uma caneca escura, embora parecesse café o que ela tinha em mãos. Observava o alto escalão apenas do vilarejo chegando primeiro… Mas apenas uma parte. Aisha acenou de onde estava, mas fez uma breve careta quando percebeu que haviam trazido a pupila de Nyra, Sera.

– Meu Deus. Não é aquela menina novinha que teve filho? – Perguntou com desdém, olhando-a brevemente e julgando. – Essas garotas não sabem aproveitar a vida. Desperdício.

– Ela deve ser uma das meninas mais lindas da ilha… – Alicia disse enquanto enchia o copo de suco. – Ser mãe e não ficar destruída é coisa de Garou mesmo.

Destiny concordou com veemência.

Ajeitando o pequeno Gabriel em seu colo, Elle fingiu não ouvir e sorriu amarelada para Remi e Terry. O Aparentado apenas negou discretamente com a cabeça.

E nós passamos tanto tempo juntos. Remi olhou para Aisha de soslaio. Agradecido pelo trato de paz e amizade estabelecido entre eles. Jullian seguiu o olhar de Remi, calado, mas fingiu nem notar absolutamente nada, entreolhando-se com Nyra brevemente. Veronica quase engasgou com o comentário preconceituoso de Aisha e a olhou de canto de olho em reprovação. Blair repetiu o gesto e voltou a encarar a aprendiz. Ela parecia nervosa e ao mesmo tempo ansiosa e animada. Sera estava na forma humana e roupas simples, camisa babylook cinza com o Charizard desenhado em vermelho e um jeans preto surrado, All Stars extramuros velho, caminhando ao lado de Judith e comentando algo, mas quando a ruiva viu Rhistel, congelou um segundo, disfarçou e voltou a andar. No mínimo, fã. Blair imaginou, abriu um sorriso risonho e roubou um selinho do Dragão de Gelo. Eles ajudaram a terminar de colocar o restante da mesa em poucos segundos, e Sera tomou coragem de se aproximar. Rhistel ainda sorria para Blair quando foi pego de surpresa pela Garou:

– Desculpa, Rhistel e Blair. – Ela abriu um belo sorriso de seus lábios avermelhados. Os cabelos medianos caiam bem no seu rosto perfeito e sardento. – Eu não quero nada, eu acho que já é deselegante dizer algo… É que eu nunca tive a chance de falar com você e o Ladi… Mas eu sou muito fã. – Ela dizia ansiosa – Parabéns pelo álbum … Ela me ajudou… Muito… A passar por situações difíceis… Eu sei que não é hora de falar da minha história, mas obrigada… Por ter feito essas canções. É… Só isso.

Sem entender muito bem o “não quero nada“ e “deselegante“, Rhistel parou de sorrir enquanto prestava a atenção na mocinha bela. A iluminação começou a tomar conta do seu semblante e o sorriso em seus lábios foi crescendo aos pouquinhos até tomar o seu rosto:

– Ahm. Nossa. Eu fico muito feliz por isso. De verdade. – Rhistel a olhava em seus olhos. – Foi justamente por isso que eu decidi compor. Eu acreditava que poderia ajudar pessoas a vencer os seus demônios internos. – Obrigado por me deixar saber disso.

Jullian acompanhou a conversa deles por um instante antes de se desviar. Flora estava em seu colo e os dedos pálidos do Garou penteavam os fios dourados e lisos. Ele tentara trazer Steven e Thomás, mas Steven não quis ir e Thomás ficou com ele. O Lendário estava com uma expressão pensativa, observando o ambiente.

Connor e Rosstrider estavam um do lado do outro, conversando. Tayrou, obviamente, não fora convidado para comparecer. Os olhos de oceano passaram por Torvo, Lavinia, Tyler e Cassian – que parecia muito distante. Os quatro estavam sentados diante de si e Vinny conversava animadamente com Flora sobre “My Little Pony”. Os olhos do Lendário retornaram até Rhistel, Blair e Sera.

– Ahm… Você não está sendo deselegante ou qualquer coisa… Do gênero. Eu comecei a escrever mesmo para ajudar uma pessoa muito especial para mim. Eu sou muito ansioso. – Ele falava rápido e acabou rindo com a confissão desnecessária. – É um grande prazer ouvir isso. Eu nem achei que eu ganharia tantos fãs. Ainda estou processando. – Rhistel sorriu para Blair.

– Eu não achei que teríamos fãs por aqui. É muito difícil resguardar privacidade já. – Aisha comentava com as meninas, e Blair escutava mas ignorava; esperando que Sera não desse atenção. Mas ela estava tão envolvida com a presença de Rhistel, em seu amor puro de fã, que parecia não prestar atenção ao redor. Blair sorria orgulhosa da situação, a mão dada ao Dragão como se estivesse contente com o sucesso do seu namorado.

– Bem, eu sou uma fã de verdade, e bem fã. – Sera dizia com um sorriso animado que vagava entre a timidez. – Eu nem acredito que estou falando com você. – Riu, parecendo emocionada – É que… Eu te conheço das notícias, e suas músicas conversam comigo… Eu me sinto próxima, embora eu sei que eu não seja, então eu não queria te perturbar. Vocês estão tomando café…

– Pode sentar por esse lado da mesa, Sera. Não tem problema. Você vai tomar café também. – Blair disse – Você é convidada.

– Sério? – Ela perguntou levando a mão ao peito, surpresa.

– Claro. – Nyra disse, aproximando-se do grupo e acomodando ao lado de Jullian. A Theurge indicou a cadeira livre entre ela e Rhistel. – Sente-se conosco.

– Ok! – Sera puxou seu lugar e sorriu agradecida. – Sabe, eu escutei Migraine uma semana inteira seguida…

– É verdade. – Nyra confirmou, lembrando que Sera sempre chegava na estufa com os fones no pescoço e a música estava sempre tocando. – Você tem uma grande fã, Rhistel. Por que não conta sua história a ele, Sera? É um tanto interessante…

A Fostern pareceu sem jeito por um minuto e negou com um riso. – Acho que ele não iria querer ouvir. Eu não quero incomodar…

– Você pode me perguntar se eu quero. Bom, eu quero. – Ele apoiou o braço livre no encosto da cadeira, girava negra em seu dedo anelar distraidamente. – Se eu não quisesse, eu te falava. – Rhistel disse, rindo, apesar da resposta direta e reta.

– Ele realmente falaria… – Jullian comentou, sem olhá-los.

– Falaria. – Rhistel concordou, rindo. – Ahm… Eu gosto muito dessa música. É arrogância falar que eu gosto das músicas canções? Porque eu as acho incríveis… – Ele mirou Blair, brevemente. – Elas me ajudam também. Saíram do meu coração…

Blair sorriu, servindo-se do suco e servindo a Rhistel também. Aisha olhou a Maga como se perguntasse ‘vai deixar ela alugar seu namorado?’, mas Blair não devolveu, confortável com o braço de Rhistel em sua cintura, ficava sempre orgulhosa e amava ver os sorrisos dele quando falava da sua música e Sera era em definitivo uma garota agradável.

Nyra passeou seu olhar pela mesa, e se deparou com os grupos agitados e conversando. Estava um pouco preocupada com Stevie, e se distrair foi um problema. Mas entre os olhares e outras, percebeu a ausência de Ladirus. Outro assunto para outra hora? A Garou acenou gentil para Leah, que deu a volta na mesa apressadamente para beijar Nyra no rosto em breve cumprimento e trocarem algumas palavras breves.

Nina chegou com Acksul, e se sentarem perto de Aisha. Quando Nina percebeu que Nikki estava perto, as duas se entreolharam e desviaram em algum desconforto, especialmente da Dragonesa de Eletricidade. Veronica se ergueu da mesa, estranhamente quase perdendo o equilíbrio quando o fez, e se afastou com a desculpa de que faria uma ligação.

Analítico, Neil acompanhou Veronica com olhar, mas desviou-se para Alexander e sua família lindíssima. Neil também estava preocupado, apesar que os Versos tinham informado da melhora de Anthony e que o pequeno voltaria para casa ainda na parte da manhã. O Arquimago não estava muito dado a sorrisos, principalmente ao ouvir as gargalhadas escandalosas de Acksul com Aisha e Nina. Ainda não lhe descia essa história e o seu para Drawn foi cheio de significados.

– Bom dia, Sr. Rhodes.

– Oh, olá, Sr. Chang! – Surpreendido, Neil se voltou para Henry. O rockstar talentoso e arquiteto profissional da Seita. Neil estendeu a mão, aceitando o cumprimento relaxado do “Mago”. Henry não usava camisa no peito e braços forrados por tatuagens cinzentas e tinha um cigarro na mão esquerda.

– Sr. Drawn… – Ele passou pelo outro Arquimago e seguiu, cumprimentando um a um da mesa, educadamente.

Animado, Rhistel ainda tagarelava sobre a própria música:

– … Então, o próximo álbum está praticamente pronto. Se tudo der certo, termino de mixar hoje. Eu arrisco dizer que ele será ainda melhor! AH! – Rhistel levantou da cadeira, agitado.

E correu para abraçar Henry Chang antes que ele se curvasse para cumprimentar Nyra. O Kitsune arregalou os olhos normalmente relaxados e ergueu os braços, sem retribuir ao gesto gelado do Dragão. Ele se voltou para Blair, pedindo uma explicação, e sem ousou em fitar Drawn, alarmado.

– Cara… Obrigado. – Rhistel pegou na mão dele, apertando-a. – Eu não posso te explicar o porquê, mas obrigado.

– Ah. – Henry o olhou. – De nada…?

– Eu nunca tinha prestado a atenção na sua banda e descobri que ela é excelente. Bem… Sexy. – Rhistel retornou ao seu lugar, rindo e sorrindo.

– Ah. – Henry assentiu vagarosamente, confuso. – Você gostou, é… – Ele se curvou para beijar Nyra no rosto. – Que bom. Valeu, então… É bom ouvir isso de alguém que simplesmente é um sucesso mundial… Do nada. – O Kitsune sorriu brevemente.

Blair apenas devolveu o olhar de Chang, sem dizer nada, mas sorrindo animada por ver o Kitsune e acenou brevemente.

Nyra recebeu o beijo do ‘Mago’ com um sorriso e o fitou passando:

– Quando o ídolo tem um ídolo. Bem, eu tenho muitos fãs mais famosos que eu… – A Theurge bebeu do suco de morango. – Mundialmente famoso não está ligado a qualidade. Embora, no caso de Rhistel, está ligado.

O sorriso e olhar do Dragão de Gelo foi derretido. Ele esticou os braços pela pesa até alcançar a mão da Theurge.

– Não faz assim. Sou sensível. – Murmurou. – AH! – Uma banda para você ouvir quando estiver com o crush, Sera. – Rhistel apontou para Henry e depois, voltou-se para Blair, mas não aguentou, e riu.

Jullian fitou Rhistel com o cenho franzido…

– Com o crush? – Sera desviou a atenção de volta para Henry. – Você tem ótimas músicas também. Mas eu escuto sozinha mesmo… – Disse pensativa e percebeu o sorriso malicioso de Nyra. – Não! Eu quero dizer… São boas para ouvir em qualquer lugar. De qualquer jeito.

– Tudo bem, Sera… Entendemos. – Nyra apontou para um lugar. – Sente ali, Henry.

Drawn não ligava para o romance de Aisha e Polaris, na verdade, acreditava que isso apenas mostrava que ele podia lidar perfeitamente com humanos quando queria; mas feriu-se com a presença de Henry, estreitando seus olhos momentaneamente e analisando.

– Eu terminei de ver todos os seus vídeos ontem. Eu, Jullian, Nate, Remi e Annie achamos de muito bom gosto… – A Theurge disse ao Kitsune. – Quem foi a equipe criativa?

– Eu e… Os meus amigos. – Henry cumprimentou Jullian com um aperto de mão. – Todos? Vocês estão me deixando intimidado… Ah. Anthony está melhor?

– Sim. – Jullian respondeu. – Nathan e Annik só o levaram para um retorno por precaução.

– Sei. Melhoras ao pequeno. – Henry se sentou ao cumprimentar Blair e tragou do cigarro que tinha em mãos. – Então, Nyra… É algo quase familiar, entende? Sai tudo dessa minha cabeça perturbada.

Aisha fitou o rapaz sem o reconhecer de lugar nenhum.

– Desculpa… Eu não o conheço. Você é de alguma banda alternativa?

– Sim, e lançou alg- – Mas Sera parou ao ver que Aisha apenas a olhou de canto de olho e voltou a atenção ao arquiteto.

– Você está no vilarejo, né.

– Eu fiz uma casa para mim perto dele, sim, mas… Mais tocando a areia, afastada do vilarejo. Gosto de sentir a maresia quando acordo. – O Kitsune respondeu, tragando novamente. – E, sim, eu tenho uma banda chamada Avenue. – Ele respondeu com simplicidade à Aisha. – Ah… Algumas músicas minhas eu fiz como respostas às suas, Nyra. Você me inspira muito… – Ele se voltou para Jullian. – Com todo o respeito.

Jullian apenas olhou para Henry sem esboçar uma reação. A atenção súbita de Polaris também se voltou para o rapaz tatuado. O Dragão da Matéria fixou o seu olhar semblante do rapaz, observando-o silencioso.

– Eu acho que consigo perceber em Flawless. – Nyra disse com um sorrisinho interessado. – Obrigada, Henry… Me deixa lisonjeada. É até engraçado… Porque você parece um pouco com as minhas músicas… Esse tanto de tatuagem. Remi ficou assim para o meu clipe.

Blair desviou o olhar de Remi para Henry, interessada na conversa.

– ‘Flawless’. Sim…Uma coincidência do destino, querida. Uma proximidade do destino, talvez. – Ele disse, esboçando um sorriso malicioso de escanteio aos lábios finos. O Kitsune pegou um papel mais firme que mantinha os pães voltados para cima e começou a dobrá-lo rapidamente, deixando o cigarro entre os lábios. – Possuo-as há muitos anos. Gostaria de ter mais pele para rabiscar, mas… – Ele soltou um risinho. – Enfim. – Ele terminou o origami de pássaro e entregou a Jullian. – Dê a Anthony. É para as dores. Lendas têm poder, afinal.

Olhando-o, Jullian aceitou o origami, observando-o em sua mão. – Obrigado. – O Philodox respondeu, neutro.

Flora observou o passarinho com a boca aberta, como se não enxergasse a possibilidade de um papel se dobrar e virar um origami.

– Eu QUERO também! – Ela gritou na sua voz infantil e aguda. – Como você fez?

– Como pede, Flora? – Nyra a olhou.

– Por favor!

– Anos de prática, Florinha. – O Kitsune respondeu e tragou do cigarro antes de pegar algumas folhas do pão e começar a dobrá-las.

– Tsuru. – Acksul disse.

Henry o olhou.

– A lenda… Né? – O Dragão de Matéria abriu um sorriso maldoso.

Henry assentiu sem olhá-lo. Rhistel dedilhou a cintura de Blair, sinalizando. Não tinha certeza se Acksul o reconhecia…

Aisha observava de canto de olho e bebia seu chá de ervas doces. Sera mantinha seu sorriso selado e observava de um lado para o outro como se cada pedaço de luz a admirasse, até o temido Acksul, guardião principal da Árvore de Dagda.

Tocava um rádio baixinho em uma estação pop, escolha de Aisha para se exibir quando tocasse algo dela. Mas assim que começou ‘No Lie’, última de Sophie, foi como invocar a Galliard na cena, seguida por Julia Thorheim. E assim que a Garou chegava, a única coisa que as pessoas ficavam eram amenas com sua presença – seja por amor ou por ódio. Arabella segurou a mão da morena no caminho, e a Garou tocou o ombro de Louis em cumprimento também, e lá da ponta da mesa, ela foi cumprimentando um por um, inclusive os Dragões, ou apenas recebia olhares de desaprovação. Que era o caso de Aisha, que embora havia considerado muito a Garou no passado, Sophie havia debandado para o lado da Estrela Cadente e ainda convencido Nicole a continuar produzindo suas roupas com exclusividade. E de uma forma que Aisha nem entendia, os Versos inteiros a veneravam de alguma forma… Nyra sempre abria um enorme sorriso quando via a colega de escola, assim como fazia a Julia.

– Don’t be shy, take control of me… – Sophie cantou o próprio refrão, movendo seus pés enquanto andava e se aproximava em uma dancinha divertida movendo os quadris com a batida e sensual. O irônico é que diferente de todos, ela usava lindas roupas de balada, como se houvesse passado a madrugada na rua: um casaco prateado e mini saia justa do mesmo material plastificado; embaixo da jaqueta, uma cacharréu curta preta e sua famosa coleira, que a garantia um visual mais rebelde do que a personalidade da dona aparentava. Acompanhada da minissaia, botas longas que alcançam até as coxas, pretas para combinar com a cacharréu. O cabelo estava preso em um coque alto, onde duas mechas da franjas contornavam o perfil do seu rosto. Unhas longas como as de Nyra, maquiagem mais carregada nos olhos, em um sofisticado contorno preto e os lábios em um nude rosado. Julia usava um belo jeans rasgado nos joelhos e moletom com desenhos pontilhados de uma onça no fundo preto. A bota que usava parecia algo que alguém como Sophie haveria a emprestado, pois tinha os dedos abertos e cano longo, sofisticada com pontilhados prateados e de zíper. Julia tinha o óculos de Sol no topo da cabeça e uma joia pendurada no pescoço; presente de Nero, que Nyra sabia. Sophie também usava diversos anéis de diamantes, que a própria Theurge havia a dado de presente.

– Por que você está tão animada? – Nyra perguntou, ao perceber que os pés da Valquíria não paravam.

– Conta. – Julia disse seca, abaixando o óculos de Sol.

– Porque na verdade, essas botas maravilhosas, são um Fetishe que faz a gente dançar assim. E foi o melhor negócio que eu fiz.

– Aí está, essa é minha irmã. – Julia se sentou perto de Acksul e sorriu brevemente para Jullian e Nyra, acenando timidamente para os demais com seu jeito reservado incurável.

Sophie continuou em pé, mesmo após mover sua energia para desligar o Fetishe.

– Estamos há três dias sem dormir, se acreditam. – Julia continuou. – Mas o melhor é a história que vem com essa bota, e eu queria muito ter registrado a cena porque estou morrendo de raiva.

– Foi divertido, vai… – A Galliard insistiu e ao perceber Henry, pareceu surpresa e acenou para o Mago com um enorme sorriso. Tocou Acksul no ombro para o cumprimentá-lo e Aisha demonstrou que não passou despercebido ao olhar para a mão, agarrando o braço do seu Dragão em seguida. Para a Aparentada ou eram amigas ou inimigas, e disso Sophie entendia, mas não ligou com o tempo.

– Oi, morena… – Henry piscou um dos para Sophie, observando-a por um tempo longo. – Morenas. – Ele girou o cigarro com a língua em seus lábios.

Talvez mais tempo do que deveria. Rhistel observou o olhar do raposo sem conseguir traduzi-lo. Ele reparava, lia e observava? O Dragão de Gelo transferiu o seu olhar para Sophie, mas não se demorou. Voltou-se para Blair e beijou o seu rosto, descendo por seu pescoço e descansando a cabeça no ombro da Maga, por fim.

– E qual seria a história da bota, afinal…? Sei que não sou o único que quero saber. – Connor perguntou.

– Eu também quero saber. Sophie tem as melhores histórias… – Acksul sorriu cruelmente para ela, franzindo o nariz. Infelizmente para Rhistel, ele também gostava da Garou.

Jullian mirou Julia por um momento e voltou os olhos para Sophie, apoiando o seu queixo sobre a cabeça loira de Flora. Rhistel odiava a forma como ele a olhava, às vezes. O Lendário costumava a não dar atenção a ninguém, mas o interesse em Sophie parecia sempre surgir. Mesmo como uma possível história idiota sobre uma bota.

– É um tanto vergonhosa. Eu parecia uma Cliath! – Sophie debruçou o corpo sobre a mesa para achar o que queria comer e sorriu para os pedidos que contasse. – Passa para mim o suco, Nay? Nathan e Annik ainda estão com Thony?

A Theurge serviu a Galliard e assentiu para a pergunta com um leve desânimo expressado.

Aisha apenas olhava a movimentação e encarava Acksul às vezes. Blair fitava Sophie aparentando interesse na história, mas seus sentidos movidos pela correspondência também prestavam atenção em Tsuru, Acksul e Drawn.

– Eu estava na Escócia com a Estrela Cadente essa semana. Tem uma balada onde as pessoas se vestem e fantasiam inteira, é muito famosa! – Ela desviava o assunto – Eles servem bebidas em tubos de ensaio! Bem, ela queria visitar, não gostou do desempenho do próprio álbum e estava meio assim. Conhecemos outros Garou por lá, e no dia seguinte visitamos a Seita e estava a maior polêmica sobre essas botas que acharam numa missão. Por que alguém faria um fetishe assim? Mas eu quis ficar…

– Exatamente. – Julia comentou e acabava de levar um cigarro para seus próprios lábios, confortável em fazer isso porque Henry havia feito. Não o via muitas vezes, então às vezes o olhava prestando atenção em suas inúmeras tatuagens.

– Aí hoje de madrugada, chamei a Julia para ir comigo em umas baladas aqui em Fox Town e se divertir, arrumar algum problema, essas coisas…

– Um conhecido nosso vamp- … – Julia fez uma pausa, olhou ao redor e não viu problema, dada as companhias – Vampiro tinha umas informações para trocar.

– Seu conhecido! – Sophie disse depois de beber o suco. Blair franziu o nariz brevemente, gostava dos vampiros.

– Que seja.

– Vocês viram um…? – Sera perguntou surpresa, baixinho. Aisha fez uma expressão de horror. Sophie assentiu brevemente para Sera, mesmo que não entendesse de imediato a surpresa da jovem Garou:

– Encurtando a longa história… Depois de dez clubes… Atrás de algumas informações a mais…

– Que ela entrava em todos e ativava essas botas.

– Eu acho que elas estavam ativando sozinhas quando ouviam música muito alta… – Sophie franziu a testa. – Mas… Nós encontramos o tal caminho para a tal mansão Sabbath. E eles estavam ouvindo música, alguém colocou muito alta quando estávamos na porta! – Sophie começou a rir antes de terminar a história, colocando a mão na frente da boca, pois havia acabado de engolir um bolinho doce. – Muito alta! Comemorando algo… Eu não sei! Eu sei que eu não queria desligar, porque passei a noite toda nesse vai e vem de gastar minha força espiritual… E nem tive tempo de tirar, eu acho que elas estão presas.– Dobrou o joelho e colocou o pé na própria cadeira, quando puxou o elástico do cano, ele voltou a grudou na sua coxa. Blair observava fazendo carinho na perna de Rhistel, não precisou de um segundo olhar para suspeitar que as botas haviam sido algum “Fetishe” armadilha, possivelmente feito por alguma mago e não Garou.

– Então ela me deixou em Crinos sozinha, e lutou dançando. – Julia a olhou de canto de olho.

– Eu inventei um novo estilo de luta. – Disse rindo. – Mas elas são muito confortáveis! Eu nem sinto! E são lindas.

Nyra começou a rir em imaginar a bagunça, e Sera também. A cara de Julia no mínimo foi impagável.

Noooossa, que engraçado…”, Rhistel disse na mente de Blair. “É nesse momento que a gente finge a risadinha social?”, o Dragão inspirou enquanto ouvia os risinhos pela mesa. Ele pegou um pão doce e começou a comer.

Blair riu baixinho, mas sobre o comentário em sua mente. “Todo mundo parece gostar dela… Ela deve ter algo de muito especial.”

– Exatamente essa zona. – Julia falava entediada – Eu dando conta sozinha, e ela lutando, tentando tirar as botas, matando e se segurando nas paredes e tendo um surto de risos.

– É verdade! Mais ou menos, eu lutei bem! – Sophie ria, soltando os cabelos escuros. – Mas não foi culpa minha… O Fetishe tinha uma intenção divertida, mas foi bem mal feito… Uma hora tocou Scary Love! – Ela disse a Henry – Eu gosto dessa música. Foi divertido. E End Game também – Disse a Aisha.

O Kitsune a olhou com o cenho franzido, meneando o cigarro nos lábios. – Your love is scaring me.

– Que horror… – A loira falou em relação ao fato de vampiros a escutaram.

Incomodada, Alicia se entreolhou com Leah e Destiny. Vampiros. Leah, que estava prestando atenção na conversa de Lavinia, apenas os fitou brevemente.

– Mais da metade fugiu… – Julia observou. – Mas pegamos quem deveríamos.

– ‘End Game’ combinou com a missão, então. – Remi concluiu com humor. – Ainda bem que esses sacos de sangue evitam Fox Town. Menos uma dor de cabeça.

Acksul abriu um sorriso selado para Nina e Rhistel e curvou-se sobre a mesa para sussurrar mais próximo do Dragão de Gelo, entreolhando-se com ele e Blair:

– O que aprendemos sobre vampiros?

Rhistel começou a rir. – “Vampiros têm um gosto péssimo”… – Ele fechou os olhos. – Não me faça dizer essas coisas na frente da Bee… – Ele cobriu os ouvidos de Blair com as mãos, rindo.

– O quêê? – Blair tocou as mãos dele e riu.

O Kitsune os olhou de soslaio enquanto entregava para Flora um pássaro Tsuru e uma raposa de origami. Ele está provocando o Drawn ou não está nem aí com nada? Jullian observou os origamis. Certamente, ele estava sentindo que as dobradoras não eram simplesmente inocentes. Havia força espiritual em cada uma delas. Rhistel fitou o braço do Kitsune ricamente tatuado diante de si:

– Um lobo importante para você? – Ele apontou para a tatuagem.

A face lupina era exótica o suficiente para Rhistel ter certeza que se tratava de um Garou. Uma estrela se desenhava em seu olho direito e havia uma mancha semelhante à Lua Crescente abaixo do olho esquerdo.

Loba. – Henry o corrigiu e fitou Nyra brevemente. – Ela era assim mesmo. – Henry tocou a tatuagem. – Prateada, mas com essas manchas em branco. Você só reparava quando o Sol ou a Lua iluminavam. – Ele desviou para a loirinha com Jullian. – Gostou? – O Kitsune sorriu quando viu o bebê no colo de Alexander interessado no origami, assim como o menino no colo de Elle e tratou de fazer mais alguns bichinhos.

– Eu quero levar um para o Stevie. – Flora pediu animada.

– Boa… – Blair sorriu para a pequena.

– Steven está bem? – O Kitsune perguntou como quem nada quer.

– Em choque, mas ficará bem. – Remi respondeu, garantindo. Estranha o súbito ar esquisito que o ambiente adotava.

– É uma bela tatuagem mesmo. – Nyra comentou – Parece até trabalho do professor, mas os traços são diferentes…

Nyra devolveu o olhar de Henry após observar bem os detalhes das tatuagens. A impressão de que era a própria Elara, lhe veio forte na mente… A razão da curiosidade dele consigo? Perguntou-se e sorriu de novo antes de desviar o olhar para sua bebida e a saborear, discretamente erguendo o olhar até o Kitsune… Curiosa. Ele também devolveu um olhar curioso de soslaio para ela e esboçou um sorriso de escanteio antes de retorná-los aos origamis. Quando sentiu o calor dos olhos de tempestades ainda em si, o raposo a encarou de novo, mas direto. O interesse cresceu…

– Obrigado. – Ele respondeu.

Mordendo o lábio, Jullian inspirou, observando a Casa Azul. O arquiteto sempre lhe soou uma pessoa discreta e reservada. Eficiente, talentoso e prestativo. A presença dele na mesa era uma raridade. E o teor da conversa, mais ainda.

Acksul reparou com interesse na tatuagem, mas não esboçou nada além de um sorriso selado:

– Por que estavam caçando sanguessugas tão longe? – O Dragão perguntou a Sophie.

A Garou também estava distraída com as muitas tatuagens de Henry e depois o clima que sentiu na mesa, fitou Julia para que a Garou respondesse.

– Troca de favores. – Julia respondeu apenas, sem dar margem para discutir as suas amizades estranhas.

Já havia me passado pela mente que o professor teve um caso com a Elara… Intenso. Agora, eu acho que o Chang também teve…”, o Dragão de Gelo comentou, reflexivo. “Acksul vai querer explicações. Nina também. Olha as caras deles…”.

– AH! Finalmente! – Rhistel exclamou, animado. – Sera, olha aí o Ladi aí! Arty!

Ao lado de Ártemis, Ladirus fazia uma entrada estratégica para o momento sem que ele mesmo soubesse. O Dragão de Água trazia a fada pela mão, com os dedos romanticamente entrelaçados aos dela. Rhistel esperava vê-lo sem camisa pelo calor que fazia, mas o irmão vestia uma longa regata preta, não cavada, até abaixo da cintura, calças jeans pretas e um tênis Converse. Ele abriu um sorriso tão malicioso que, com certeza, não tinha noção de que o fazia.

Ártemis chegou na melhor hora. Estava linda como costumava andar no último ano, o rosto feliz e tímido, e a mão bem agarrada a Ladi. A surpresa foi ver o Dragão de Água coberto – se era difícil vesti-lo para uma festa, quem dera um café beira piscina! Nyra repetiu o gesto de Rhistel, maliciosa, e disse a mente dele: “De nada! Já que deu tudo certo! Agora para de sorrir desse jeito ou todo mundo vai somar as histórias. Inclusive Connor e Ross. Mesmo que fique lindo sorrindo…”.

Por que alguém somaria histórias?”, Ladirus perguntou a Nyra com um sorriso na voz, “Somar essa história não é o mais improvável para alguém pensar?”. O Dragão seguiu até Nyra primeiramente, debruçando-se em um abraço caloroso ao envolver a Garou pelo pescoço. Somente então acenou para os demais. Até tentava se desfazer do sorriso, mas não conseguia. Ele sorria até demais e estava rindo por qualquer asneira. Ladirus se sentou perto de Rhistel e Blair onde havia uma cadeira vaga também para Ártemis, ao lado de Aisha.

Calado, Rhistel apenas encarou o irmão com uma expressão de desconfiança plena, divertindo-se – mas também se preocupando. E Audrey…?

– Ladi e Ártemis. – Sera disse com um enorme sorriso. Estava completamente perdida, mas anestesiada demais com a presença de todos. Ela era muito educada, mas a vontade era de saltar no Dragão de Água, seu baterista preferido. Quem acabou por pular, foi Aisha atrás de Ártemis, abraçando-a e tocando em seus cabelos negros e perfumados:
– Você está bem, amiga? – A loira perguntou.

– Estou! – Ártemis respondeu sem gostar da preocupação. Levantava perguntas e ela não queria. – Tudo bem, Ash. – Abraçou-a de volta – Eu estou viva. Vivinha.

– Me parece mesmo. Até corada. Que bom, Arty. – Nyra disse a Fada, que tentou esconder ficar vermelha.

Connor também se ergueu, assim como Rosstrider. O Dragão da Escuridão seguiu até ela e a abraçou mais polido e breve do que gostaria. Ele fitou Ladirus demoradamente, mas demonstrou nenhuma reação além da expressão reflexiva:

– Sempre nos deixando preocupados, Arty… – Connor disse, com mais humor do que aplicando uma bronca.

Rosstrider não se importou e agarrou fortemente a fada.

– Está bem mesmo? Mesmo? – Ross perguntou. – Posso parar de se sentir agoniado?

“Eu acho que Chang foi alguém polêmico. Mais do que o professor” Blair adicionou, já havia reparado que os sorrisos de Polaris não eram de felicidade.

“É, eu diria que sim…”, Rhistel concordou com Blair, “Mas não minto que ele parece uma pessoa interessante de conversar…”.

Blair não tirava os olhos da conversa, embora tivesse sua mente ativa. Drawn, mais para o lado das Dançarinas, havia se distraído cem por cento com palito que ele ficou girando entre os dedos. Os olhos fitando a mesa sem olhar. “Eu acho que isso vai terminar mal…” Blair disse a Rhistel, e notou que Nina havia ficado um pouco mais séria também, embora mantivesse um nível social.

“Bem… Nikki disse que a Audrey estava com vocês, ela foi uma que não desceu… Espero que ela não faça isso nos próximos minutos.” Nyra respondeu. “Mas deve ser algo da minha mente pervertida.” Provocou e beijou o braço forte quando abraçada, deixando parte da marca do seu batom.

“Audrey não está aqui…” Blair acabou pensando na ligação que tinha com Rhistel. “Eu sei que parece inofensivo, mas Audrey fica criativa quando está sozinha… Eu acho que fiquei um pouco paranoica com essa história da Rainha…”.

“Ahm… Eu não sei se é inofensivo. Eu só sinto que não é boa coisa… Eu não confio na mãe dela. E um animal acuado, se desespera…”, Rhistel respondeu.

Diferente da aceitação do abraço de Aisha, os dois foram bem recebidos por ela. Ártemis sorriu com o carinho de Connor e Ross. – Engraçado! Como se a culpa sequer fosse minha. Eu estou bem demais. Foi um susto idiota. Estou feliz que estejam aqui…

– Não parecia um susto. – Leah disse a fitando, assim como as outras Shaped.

– Eu ainda nem sei o que aconteceu. – Nish disse, olhando-os.

– Acho que ela pode falar disso outra hora. – Leah dispersou.

– Vocês nem se levantam para me abraçar, mas eu não vou me estressar. – Ártemis disse e sorriu.

– Minha Arcádia, né Ártemis. Você não perde uma.  – Leah se ergueu e Nish a seguiu para um abraço coletivo na latina.

– Ai, Ártemis! Você não acha que já deu? – Alicia sussurrou no ouvido da fada. – Você precisa levar uma vida mais tranquila! Leah também quase morreu, agora você…

– Você nem foi assinar o contrato ainda… Todas nós já assinamos. Só falta você! – Dessie disse, carinhosamente. – Demos um jeito de adiar, sabe?

– Falta eu? – Ártemis perguntou por reflexo, apreciado o abraço no começo, mas as dispersado depois ao ficar tensa. – Ah! Eu vou assim que estiver melhor. Meu corazón anda frágil. – Levou a mão ao peito, demonstrando fragilidade, e se sentou. Aisha apenas a olhou e sorriu ao final…

– É melhor a gente não falar de trabalho aqui. – A loira a salvou, e retornou ao seu local.

Leah estreitou os olhos brevemente, e retornou a sua cadeira.

Sophie observava a situação com sorrisos breves, comendo o que podia e o que a mesa oferecia. Certo momento, colocou o pé na cadeira de novo e tentou se livrar da bota, puxando o elástico e o vendo grudar na sua pele de novo. Não estava preocupada até sentir sua pele se irritar. Nyra ergueu-se do seu lugar e andou até o outro lado.

– Põe o pé no chão, Sophie. – Disse e a Galliard obedeceu. Nyra enganchou as mãos na boca da bota e a abaixou lentamente, usando sua força espiritual para livrar a Cria de Fenris do feitiço. Quando Nyra terminou de retirar o sapato, a Galliard suspirou em alivio:

– Nossa, ficou até vermelho! – Massageou a perna direita, mas Nyra a tocou para curar rapidamente. – Não sentia dor nenhuma.

– Deve ser alguma armadilha. Me dê a outra perna, So.

E Sophie prontamente puxou a outra para fora da mesa. Quando Jullian se virou para observar o processo das suas Garou, Rhistel pousou sua mão gelada sobre a do Lendário.

– E você? – O Dragão perguntou.

O Lendário franziu o cenho.

– A Nymph vai dormir agora…? Para sempre? – Rhistel puxou a mão dele para si.

– Não… – Jullian respondeu, olhando para o Dragão e Blair. – Eu estou trabalhando em algumas canções quando tenho tempo com Nathan. Eu estou com ideias bem diferentes do álbum anterior, então não sei como será a aceitação, mas… Enfim. – Ele sorriu, mas brevemente.

Blair estava preocupada com Audrey, mas tanto Ladirus quanto Ártemis aparentavam tranquilidade, e até felicidade. Ele era tão ruim em esconder que estava tão feliz, que podia-se dizer que estava bem pelo bem estar da Changeling. Todos estavam preocupados afinal. Mas não estava distraída o suficiente para notar que a birra de Rhistel ia longe… Bem longe. A loira o fitou de canto de olho um instante, depois de ver que ele desviou a atenção de Jullian da cena quase-sensual das duas Lobas, embora as duas agiam com naturalidade. Quando as pernas de Sophie desnudaram, ela suspirou agradecida e acompanhou a Blackwood se erguer e retornar ao seu lugar, deixando um sorriso para a Galliard.

“Você dá muita atenção sobre a Sophie… Os Versos gostam dela…” Blair disse finalmente na mente dele, embora não fosse algo reparado só naquele instante. Rhistel costumava ser difícil sobre as coisas, mas não guardava nada de ninguém, exceto quando se tratava da Cria.

– Nós vamos para a praia ainda? – Sophie perguntou. – Acho que vou me trocar e já venho correndo!

– Eu topo… Está calor demais. – Henry respondeu sem pestanejar.

– Eu queria que você cantasse comigo em um show meu. O de Londres, sabe… – Rhistel disse a Jullian.

– Oh… Claro… – Jullian respondeu com suavidade enquanto recolhia a mão para si mesmo. Ele estava claramente confuso com o assunto repentino.

Ladirus se voltou para Rhistel, sorrindo radiante depois de abraçar Ártemis pela cintura carinhosamente. Não havia ouvido nada da conversa, com certeza.

“Eu…? ‘Tô nem aí para Sophie…”, Rhistel respondeu impacientemente, “Os Versos gostam dela, assim como quase a Seita toda… Eu não vou gostar dela por isso”. O Dragão suspirou.

– Vamos sim. – Nyra disse, e deu a volta por Henry, sem evitar espiar a tatuagem. – Você vem também então? – Perguntou a ele e sorriu. – Que bom. Posso falar com você sobre o jardim vertical?

– O jardim? – O Kitsune apoiou um braço na mesa, descansando o rosto na mão. – Óbvio que sim. Estou à sua disposição, minha Rainha. – Ele esboçou um sorriso selado pelos lábios finos. – O que quiser de mim.

– Eu vou ter que ir… Voltar… – Sera falava baixo, como se ninguém fosse escutar. – Meu bebê…

– Não quer trazê-lo, Sera? – Jullian perguntou, voltando-se para Sera. – Aproveite que o Sol não está muito forte… Fará bem a ele.

Nyra ergueu o olhar para Ladirus e Ártemis, e suspirou animada pelas coisas estarem caminhando aparentemente.

Rhistel… Você tocou no nome dela diversas vezes…” Blair disse também impaciente e desanimando “E está desviando a atenção do Jullian nela. Qual o real problema…?”.

No mesmo instante, Rhistel se voltou para Blair, encarando-a em seus olhos claros. “É isso que você está pensando…?”, ele estreitou os olhos, “Mais fácil eu estar com ciúmes do Jullian…”.

– Vocês vão para a praia? – Ladirus perguntou ao casal ao seu lado.

– Não. – Rhistel respondeu, de pronto.

Blair devolveu o olhar a ele, e respirou buscando paciência, não gostando do rumo da conversa. “É mais fácil, mas é isso mesmo? Por que está tão evasivo, afinal?”. Ela se ergueu, achando melhor, pois começaria a ficar óbvio que seguiam uma conversa desagradável paralelamente.

– Eu já volto já, vou pegar algo. – Disse a Jullian com um sorriso social e seguiu de volta para a Casa Azul.

Nyra desviou o olhar de Ladirus para o casal Rhistel e Blair, e concluiu que seu desejo de tranquilidade estava riscado. Mas como se tratava dos dois, não conseguia ver nenhum alarde… Se é que havia um.

– Pegue seu filho, Sera. Vamos… É uma ordem… – Estendeu a mão para Jullian. – Ficar na beira da praia…

– Sim. – Jullian se ergueu com Flora em seu colo.

Embora a expressão do Dragão já fosse o suficiente, Jullian sentia com perfeição a irritação e ansiedade repentinas de Rhistel. Ele seguiu com Nyra, pois não acreditava que perguntar sobre o seu problema seria aconselhável naquele instante. Rhistel não era discreto.

“Blair… Para! Que coisa! Eu não estou evasivo. Eu não gosto dela. É só isso. Ela me irrita por existir. Até a voz me irrita. Ela me magoou, droga! Agora eu sou o vilão? Desculpe se expressei demais os meus sentimentos o bastante para você achar”, Rhistel rosnou para a Maga. “Eu fico irritado só de você pensar isso e mim!”.

– Ras… Não quer mesmo ir até a praia? – O Lendário retornou com Flora e Nyra.

– Já disse que não quero ir, saco! – Rhistel rosnou. – Não quero ir para merda nenhuma de praia!

O Lendário entreabriu os lábios e virou-se sem dizer nada.

O Dragão de Água estava entretido com Aisha e Acksul, observando o irmão tirando uma foto da popstar e mostrando a ela para que avaliasse, pedindo permissão para postar. Ele chegou até a mudar o filtro da foto, tentando convencê-la e, por fim, agarrou-a provocando-a com beijos estalados e provocativos em sua bochecha. Ladirus até se desviou da cena bonitinha ao ouvir a resposta ácida de Rhistel.

– Que Isso, Rhistel… – Ladi o censurou. – Jullian odeia esse tipo de atitude…

“Eu não estou pensando nada, Rhistel. Eu estou vendo você fazendo cena por causa dela e não gosto. Você acha que é difícil reparar que você se altera? Eu perguntei qual o real problema e você não respondeu. Que magoa é essa!” Ela respirou fundo e fechou os olhos um instante “Tudo bem, Rhistel. Eu não deveria estar pensando nada sobre isso, né? É melhor eu não descer, então, vou ficar por aqui”.

– Rhistel… – Nyra ergueu as sobrancelhas para aquela irritação súbita – Se não está tudo bem… Vai e conversa… Ou fica e se acalma. Não faça isso aqui. – Fitou Jullian brevemente, antes de ir – Jullian odeia isso. – Concordou com Ladirus. Achou melhor não perguntar, embora ficasse curiosa; estava tudo bem e depois não estava… “Casais…”.

“Nossa… Cena? Sério? Eu estou te fazendo passar vergonha? Está certo, Blair. Que se dane os meus sentimentos. Desculpe se eu não sou tão bom na atuação quanto você e quando eu não gosto de pessoa, eu demonstro”. O Dragão de Gelo cortou a ligação mental com ela, voltando-se para Nyra e a fitando sério:

– Huh-hum… Eu estou fazendo cena. – Ele disse a Nyra com um sorriso amarelo, ergueu-se e passou para a Penumbra.

O Lendário voltou os olhos para céu, pensando se toda a reunião de metamorfos nunca passaria em branco de acontecer algum atrito. Ele observou as três fadas adiante e questionou internamente como seria uma reunião do povo feérico. Eram melhores? Eram piores? Às vezes, era particularmente difícil lidar com Dragões. Ele ergueu o rosto por cima do ombro e fitou o rosto de Acksul e Aisha. Acksul não estava nada feliz desde que a conversa sobre a tatuagem de Henry acontecera. A tatuagem de Henry…

– Onde ficou o diário, minha estrela? – Jullian perguntou quando a Garou se aproximou de si. – Está em nossa casa?

Nyra inspirou um instante ao ver a cena de Rhistel e desviou-se para Jullian. Se Blair não fosse acalmar aquela manha, não sabia quem iria.

– Eu o escondi… – Respondeu baixinho depois de pensar – Pelo o que entendi… É um item visado demais. Por que? – Olhou-o, segurando a mão do Lendário para caminharem juntos, enquanto o outro braço dele sustentava Flora distraída com os tsurus.

Ele franziu o cenho com os olhos sensíveis ao Sol, mas também realizando uma reflexão enquanto a observava. Jullian ergueu a língua, lustrando os dentes da frente com ela antes de comentar. – Ultimamente eu tenho a impressão de acompanhar uma série em que eu estou perdendo diversos capítulos e acabo não compreendendo o contexto muitas vezes… – Jullian apertou os lábios. – E depois de ontem, eu não gostaria de me dar ao luxo de isso acontecer mais. – Os olhos de oceano observaram Remi se aproximando às costas de Nyra.

Também parecendo reflexivo, Remi pousou as mãos bronzeadas sobre os ombros de Nyra enquanto fitava a praia adiante. O Ahroun acabou esboçando um sorriso malicioso:

– Eu acabei nem contando como foi a reunião com o meu nonno… – Ele disse com um humor ácido na voz cheia de sotaque.

Nyra concordou com o pensamento de Jullian. Flora havia aberto o origami e tentava colocar de volta, quando percebeu que não conseguiria, encheu seus olhos de lágrimas.

– Pai… Faz de novo para mim? Eu quebrei! Não quer voltar!

– Eu? – Jullian observou o papel aberto e colocou-a no chão. – Não sei se consigo, Flora. Peça para o Henry antes que ele entre na água.

Flora prontamente saiu correndo com o papelzinho em mãos. Foi fácil identificá-lo com todas as tatuagens. A pequena não sabia fazer nada sem gritar, e correu até ele disparando seu nome. A Theurge acabou achando graça do sofrimento dela e desviou para Remi.

– O que houve? – Fitou Remi com interesse. – Pelo jeito… Nada bem…

O Ahroun esperou Flora se afastar para abrir a mão diante deles e usando a sua força espiritual para manifestar um holograma perfeito de Jaime Alighieri sentado em uma mesa e comentando: “Precisamos da Ponte de Lua, sabe… Ou não é uma aliança de fato. Os habitantes daqui ficaram muito tensos quando vocês enviaram o Dragão. Eu não tenho nada contra, mas… Eu sei que vocês tem muitos guerreiros e uma Ponte de Lua… Seria mais fácil de chegarem até nós caso precisemos…”. Remi fechou a mão.

– Hm. Isso foi bem interessante. Star Wars… – Jullian apontou para mão de Remi.

– Eu sabia que gostariam. – Remi sorriu, rindo depois.

– Mas… – O Lendário vestiu os óculos escuros vinho no rosto. – Faz sentido abrir uma Ponte de Lua para uma Seita que foi invadida?

– Vai ser difícil alguém passar pelo Acksul… – Remi ergueu as sobrancelhas.

– E o que ele ofereceu em troca? – Jullian pousou as mãos na borda da camiseta e tirou-a. – Nada?

– Acesso aos recursos tecnológicos já seria um bom começo. – Nyra disse e fitava Remi. Enquanto andavam, a roupa dela mudou ao ativar seu Fetishe de tatuagem para mudar de roupa para um biquíni de crochê, preto como seus cabelos escuros, e de rendas bem delicadas, com laços sustentado a parte debaixo na cintura, cobrindo apenas o que se precisava com suas transparências. – Em troco de nada, é um pouco difícil. Mesmo com a Rainha pressionando que façamos alianças… O que você disse?

– Eu não sei se eles teriam o que você espera, stella… A Flor de Lótus está no meio do Parque dos Pássaros. É só um pouco menos rural que a União Lupina. – Remi disse, encolhendo os ombros. – Eles vivem aos modos Fianna de ser. – O Ahroun arqueou as sobrancelhas. – Eu disse que estávamos aceitando novos Garou e Parentes por aqui. Eu acho que seria uma troca justa.

Jullian já sabia a resposta antes de Remi continuar e acabou rindo.

No. Ele não pode. Eles estão com medo de invasões e estão recrutando qualquer Garou que lhes sirva. Ele não gostou muito também da nossa restrição em não poder andar pela ilha toda. – Remi massageou o ombros de Nyra. – Eu enfatizei sobre as nossas celebridades, mas ele disse que tinha Elle, o Richard e a atriz Samantha por lá e isso nunca foi um problema. Enfim. Ele disse que marcará uma reunião em breve com você, Jullian.

– Bom. – Jullian arqueou as sobrancelhas. – Luna de Concreto está fechado. Já é um começo. – Comentou, indiferente. – Eu acho que não quero mais falar sobre negócios hoje. Temos uma reunião daqui a pouco e eu suspeito que estarei sem o meu Dragão.

– Tem razão… Falar dessas coisas agora não é um bom momento, eu odeio essa vida de trabalho em casa. – Ergueu o olhar brevemente. – Como se a minha Ilha e meus Dragões fossem qualquer coisa. É conveniente quando você acha que está fazendo um favor para nossa reputação manter uma boa relação… Como se eles fossem um problema… Embora todo mundo saiba que não são…

– Nyra olhou brevemente para trás conforme se aproximavam do mar – Acho que eu queria mesmo passar uma semana no estúdio… Pensando nas coisas que eu amo… – Ela sorriu, também vestindo seus óculos escuros e encolhendo-se brevemente com a massagem de Remi. – Sing soft grung just to soak up the noise… – Ela cantou o trecho do que andava se envolvendo. – Espero que eles estejam se resolvendo bem agora para descer para a praia. Mas eu acho que foi feio… Blair sair assim… Será que tem algo a ver com a Sophie? Eu já tinha o avisado sobre a implicância…

Admirando-a, Jullian sorriu para a canção. Ele também sentia falta de simplesmente se lançar em um palco cheio de tecnologia e realizar um dos seus shows marcantes. Ele suspirou, umedecendo os lábios com a língua na incurável mania. – Hm. – Ele semicerrou um dos olhos. – A mente de Ras Algethi é um embaralhado de coisas que eu tenho dificuldade de me encontrar em suas emoções. Eu acho que ele só está irritado. Nem consegui me chatear com a sua explosão. Deixe-o. Logo ele está aí, abraçando todo mundo e querendo carinho…

… – Carinhoso, Remi a abraçou pelas costas. A voz canora de Nyra até relaxava o seu espírito de tão profundamente bela. Ele a beijou no rosto diversas vezes, apertando-a com os seus braços.

Nyra caminhava devagar e assistia Henry dobrando o papel de Flora, e ela puxando algum assunto que o impedia de entrar na água. Nina passou do lado deles, caminhando para o mar, e se aproximando de Henry, mas seguindo reto para a água. Os olhos atentos nele. As Dançarinas do Crepúsculo começavam a se acomodar do outro lado, e Drawn estava com elas, descalço e parado em pé. Fumava e trocava palavra e outra com a bela Judith e Gislaine, mas parecia mais interessado em se manter dentro de si.

Ele nem esperava que aconteceria diferente. Só estava contando os dias. Fazia quase um ano que morava na casa construída e com os Dragões cada vez mais espaçosos na ilha, imaginava que cedo ou tarde alguém o notaria. Os olhos escuros seguiram Nina com atenção. Imaginava que a informação sobre a sua raça fosse um segredo para a maioria. Ele não se esqueceria da belíssima Dragonesa nem que se esforçasse. Muito menos, do seu gênio.

Mas havia alguém com um gênio pior.

Acksul se distanciou de Aisha assim que a Parente parou para conversar com Ártemis. Ele agachou ao lado do Kitsune, pegando um dos tsurus no chão.

– Flora. Você conhece a lenda da menina que fez mil desses passarinhos? – Acksul perguntou.

Os olhos de Henry se voltaram para Acksul, encarando-o.

– Dizem que se você fizer mil desses tsurus, você poderá realizar um desejo. – O Dragão contava, fitando a loirinha. – Uma garotinha como você queria se curar de uma doença grave e começou a fazer os passarinhos. Infelizmente, ela faleceu antes… Mas a sua história inspirou muitas pessoas a presentar com um passarinho tsuru as pessoas que precisam se curar de alguma dor ou doença. – Ele se sentou na areia. – Enquanto eu passava por terríveis dores, eu e os meus primeiros irmãos ganhamos vários desses de uma pessoa que parecia se importar conosco.

A pequena segurava o passarinho de dobradura na sua mão, falava sobre suas aves preferidas de uma aula que teve da escola. Mas parou para dar atenção a Acksul e a sua lenda. Os olhos muito claros o olhavam sem piscar.

– Miiiil?!

– Exatamente mil, Florinha. – Nina disse, olhando-os por cima do ombro. A água molhava a barra do seu vestido longo, e ela se virou para eles, andando na direção.

– Eu vou precisar de… Mais… Porque é para o Stevie e o Thony. Você pode fazer? – Perguntou para Henry. – É assim… Um montão. – Ela disse, sem saber fazer o cálculo ou o que realmente significava mil. – Mas essa história é muito triste… Ela morreu? – Fez cara de choro.

– Sim. Mas… Agora ela é uma estrela. – Nina inventou.

– Mas o que você e seus irmãos tinham? Por que estava dodói? Ah. Minha mãe sempre dá um beijinho que sara… – Ela levantou a saia e mostrou o joelho cortado – Só um beijo.

Inspirando profundamente, Henry encarou Flora e desviou-se de Nina para Acksul com uma expressão de seriedade.

– Nós… – Acksul distanciou a mente brevemente, refletindo por um instante. – … Estávamos nascendo. – Continuou. – E nascer, foi muito dolorido… E nós nem sabíamos o que estava acontecendo conosco. Dolorido e confuso. – Ele abriu um sorriso maldoso. – Nem um beijo resolveria, sabia? Mas… Os passarinhos eram mágicos. Ajudavam nas dores. – Ele girou o tsuru branco entre os dedos. – Essa pessoa disse que nunca nos deixaria sozinhos e ela mentiu. Ela nos tirou de nossas casas e… Largou-os por aí. Mentir é feio, não Flora?

Henry inflou o peito de ar, sentindo a sua face corar e o coração disparar. – Talvez o amigo não tenha tido escolha. – Disse, olhando-os. – E fez o que estava ao seu alcance. Talvez… Ele estivesse com problemas também.

– Ele prometeu. Ele devia ter dado um jeito. Ele deve imaginar o que passamos sozinhos e ainda estamos passando. – Acksul encarou Henry em seus olhos. – Sozinhos.

– Eu sei… – Os olhos de Henry nublavam de lágrimas vagarosamente.

Flora observava a conversa aflita. Estava nervosa com o conto, e o final infeliz. Ela sentiu uma certa dose de banalidade a cercar, causada pela tristeza de Acksul. Nina não conhecia bem de crianças, mas sabia da fragilidade daqueles seres que Elara amava. As fadas.

– Mas meu pai diz que está tudo bem se a gente tentar e não conseguir… Pelo menos tem que tentar. – Flora explicou a Acksul, aflita.

– Tudo bem, Flora. Não precisa ficar nervosa. É só uma história boba. E estamos todos bem hoje em dia. Melhor do que antes. – Nina disse , inspirando – Melhor você ir com a sua mãe.

A Changeling assentiu e fitou de Acksul a Henry.

– Não chora… – Ela sussurrou e deu seu Tsuru para Henry – Eu vou ajudar a fazer os mil. Você me ensina?

Se antes havia uma quantidade de mágica sua, Henry sentiu uma energia vir junto com o origami quando ela lhe entregou. Kitsune sorriu para o passarinho em sua mão. Provavelmente, muito mais belo e único no Sonhar. Nyra e uma filha fada. Uma Garou que trouxe fadas para uma Seita…

– Claro… – Henry responde a Flora, acariciando o tsuru. – Qual será o seu desejo, Flora? Depois de fazer os mil…

Franzindo o cenho para a pergunta, Acksul se voltou para a garotinha.

Ela abriu um sorriso com a pergunta, mas pareceu pensar com dificuldade.

– Eu posso responder depois que eu fizer? – Ela perguntou, mas pensou mais um pouco, e se antecipou: – Calma! Eu sei… Qualquer desejo que eu quiser?
Nina sentiu o Glamour se movendo na energia dos dedos de Flora quando tocou o Tsuru na mão de Henry. A menina disse com uma voz doce:

– Eu quero uma irmãzinha para brincar comigo.

– Oh… – Nina riu nervosa. – Que fofa você, Flo.

Flora sorriu mais e fitou Henry:

– Me ensina a fazer?! Arty e Ann dizem que eu aprendo rápido. Eu já sei fazer um monte de mágika sozinha. Até já lutei com um besouro dourado que estava perturbando o Thony!

– Eu tenho certeza que você aprende muito rápido… – Henry olhou brevemente para os dois Dragões. – Até porque, eu não posso conversar sobre coisas sérias aqui, é que tem um tio ai que ficará bravo comigo, sabe? Então… Se quiser conversar na rua, podemos ter mais liberdade… – Henry se voltou para Flora. – Vamos fazer passarinhos. – Ele estalou um dedo e puxou um papel azul do ar. – Como os seus olhos… – Entregou a ela. – Agora, vamos por partes…

– ‘Tá. – Acksul se levantou, entendendo a indireta sem se esforçar. Ele fitou o papel orgânico e apertou os lábios. Já havia o vídeo fazendo aquelas truques tantas vezes que a visão o deixou dolorosamente nostálgico. Suspirando profundamente, ele começou a caminhar pela areia em direção a Aisha.

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