Worth It

Categorias:Romance
Wyrm

Worth It


Em comum acordo com Blair, Rhistel pediu para que não se afastassem muito do hotel na primeira hora. Ladirus podia simplesmente precisar sair, expulso pela geniosa Ártemis. Como ele havia contado aos dois que finalmente contaria sobre Audrey, Arty teria todos os motivos para colocá-lo para correr, dependendo do ângulo que encarasse a situação do Dragão de Água. Apesar de não ser preconceituoso com nenhum tipo de relacionamento amoroso, já que vivenciara os mais diversos teores, ele não conseguia ver Ártemis tendo menos que um choque. Era o que ele sentiria primeiro. Choque. Depois, poderia considerar. Mas ninguém teria uma resposta de súbito para uma questão como esta, a não ser que ela estivesse acostumada com isso ou já moderadamente ciente. De mãos dadas, ele caminhava pelas suas coloridas e brilhantes da cidade acordada. Estava fresco e levemente frio e o Dragão vestia o ainda o seu boné na cabeça, uma camiseta branca de mangas cumpridas abaixo de uma camiseta preta, calças jeans escuras e botas.

– Relacionamentos são complicados… – Rhistel comentava com ela. – Eu quero te contar uma coisa… Não sei se gosta que eu comento das minhas experiências nessa área, mas essa é engraçada. – Ele abriu um sorriso para ela.

Para andar pelas ruas sem problemas, tinha o efeito da sua mágika ativado e assim teria certeza que não chamariam tanta atenção. As roupas discretas ajudavam a não receber olhares, Blair estava em um longo vestido negro, o tecido leve mas cobrindo todo seu corpo – mangas longas, gola alta, e saia longa. Usava uma bota fechada, e por cima uma jaqueta de couro. A brisa de Nevada era leve, mas cortava quando tocava a pele. Ela observava as luzes da cidade como uma novidade curiosa, toda aquela energia para atração humana… Era um local de único entretenimento e um pouco misterioso. Divagava depois de se encantar com a cidade, pensando no outro lado que ela teria. Mas então os problemas do local deixavam sua mente e o Dragão de Água era novamente lembrado… Rhistel estava preocupado sobre o irmão, e Blair não estranhava, pois também sentia-se do mesmo jeito.

– Eu não ligo que conte. – Ela riu e o olhou – Eu tenho certeza que deve ter muitas engraçadas… Conte!

– Sim… Eu tenho uma porção delas. – Rhistel concordou, abaixando a cabeça quando riu, sorridente. – Quando eu trabalhava na Electricity, eu acabei conhecendo algumas pessoas. Esse meu amigo chinês, o Huan, que eu converso por mensagem, ele conhecia o Richard Blackwood, da Neon Lights, sabe? E ele era bem popular. Ele tinha um caso com a Annik, ela também tralhava comigo… Ah. Enfim, eu acabei conhecendo o grupo todo aos poucos, porque o Huan era muito amigo dele já naquela época e eu o tinha feito trabalhar comigo, já que estávamos investigando algumas coisas… – Rhistel acabou rindo, franzindo o cenho. – Uma outra história. Eu metia o Huan em muita roubada! É… As garotas desse grupo me achavam bonito e ficavam de risinhos para mim, mas tinha uma delas que era realmente bonita. Samantha MorningKill. E ela era muito fofa e meiga e nós conversamos algumas vezes. – Explicava.

Olhava-o enquanto caminhavam pela rua inteiramente arborizada de palmeiras e luzes que piscavam de forma sincronizada. Mas Blair estava focada na história de Rhistel, abrindo breves sorrisos ao imaginá-lo nas situações mencionadas. – Você certamente chama muita atenção, mais do que nunca agora. – Riu – E vocês se apaixonaram? – Perguntou curiosa.

Rhistel mordeu o lábio inferior. – Eu não tive tempo de me apaixonar. – Confessou, franzindo o cenho com estranheza. – Ela… Bom, ela é linda e a achava atraente. Bom, era isso. Eu estava interessado, sabe? Mas não tivemos muito tempo para conversar. Ela me dava uns braços bem apertados, até demorados demais, mas não passava disso. – Rhistel observou uma limousine cor-de-rosa passando. – Então, eu dei uma sumida. Fiquei uns tempos só no Coração de Thor. Eu estava peso no Caern, de qualquer forma, mas eu andava meio depressivo. Fiquei mais de um ano trancado na minha caverna. Quando eu voltei, fui ver o Huan e o Rich. Eles me chamaram para uma festa na casa do Rich e… – Rhistel arregalou os olhos. – … Foi… Uma maluquice.

Escutou-o vendo a história seguir uma montanha russa de sentimentos internos dele. Blair assentiu sobre a necessidade de se trancar, e sorriu ao saber que ele havia conseguido voltar ao local da sua antiga rotina. – Maluquice? Espera… Ela é humana? Sabia quem você é? – Olhava-o curiosa – E o que houve? Ela ficou feliz? Deve ser… Se ela gostava de você de alguma forma.

– Ela é Garou. – Explicou, pensando. – Uma princesinha russa também. – Rhistel riu ao comentar. – Ela estava apaixonada… Algo meio platônico, acho… Sei lá. Quando eu ganhei na casa do Rich, estava todo mundo e vieram me abraçar e tal, as graças de sempre… Mas Sammy… Sammy não quis nem encostar em mim. Ela estava tão brava que começou a chorar, acusando-me de ter sumido, dizendo que eu não dava notícias… Nossa. Eu nem sabia o que dizer! Isso… Na frente de todo mundo. Como se fôssemos namorados ou algo assim!

– Hmmmm… – Ela fez uma expressão pensativa e riu em seguida – Então você tem uma queda por princesas russas. É isso. – Terminou de escutar e se encontrou com a história de ‘maluquice’ que ele narrou. – Nossa! Mas vocês não se comunicaram nada nesse ano? Devia ser platônico mesmo. Um tanto possível, vai.

Um tombo enorme. Ele sorriu, mas não quis comentar sobre os seus gostos naquele instante. – É, mas o relacionamento que ela criou para nós também era platônico, né? Não existia! – Rhistel se lembrava, rindo. – Todo mundo ficou olhando para a nossa cara e eu não sabia nem o que dizer. Eu me isolei, mas ela não era ninguém que eu achava que precisava avisar ou prestar satisfações por sumir! Eu comecei a falar que não queria discutir. Bom, ela me empurrou… Foi me empurrando até o quarto e me beijou. Eu não entendia mais nada, então eu fui embora. – Ele arregalou os olhos.

O sorriso da maga se tornou incerto. Era uma história estranha e até rir era estranho. – Empurrou? Beijou? – Olhou-o descrente – Essa é a história toda, Rhis? – Perguntou risonha – Isso foi estranho! Não pode ser. Imagina que situação, que vergonha. Todo mundo sabia que vocês não namoravam!? Nunca mais a viu? Esse nome me é familiar… Talvez se eu visse o rosto conseguisse relacionar. Deve ter sido assunto o mês inteiro.

Ele assentiu. – Sim! É a história toda… – Rhistel a olhou, apertando os lábios. – Nunca mais nos falamos, mas eu sei que ela ficou bem triste… Mas eu fiquei assustado! Como alguém tenta me prender assim, sem avisar? Sem acordo? Sem… Sem nada?! Nem as minhas experiências com poliamor foram tão loucas. – Ele riu. – Ela é uma ótima atriz de filmes alternativos. Loira, olhos puxados e pequenos, corpão. Samantha MorningKill… Irmã da Victoria MorningKill… É capaz que você conheça.

– Ah! Sei! Ela é linda mesmo… – Blair se recordou na hora – Eu já devo ter visto alguma coisa. Eu não vejo muitos filmes atuais, mas ela estava em uma première que eu fui, e me deu oi no corredor. – Olhou-o com um sorriso malicioso – Ainda atrizes. Para você que viveu esses muitos amores e poliamores… Deve ter enredo para qualquer filme, né? Se um dia quiser escrever e dirigir alguma coisa. – Provocou rindo-se e logo recordou-se de algo – Eu não tenho nenhuma experiência como você sabe, mas… Eu tenho uma história também para contar! Mas é um pouco mórbida no final. – Franziu o nariz um pouco incerta – Você quer ouvir? Gaia… Ainda bem que eu tive essa sorte no amor com você. – Beijou-o em um selinho breve – Tanta sorte que acham que até noivei o tempo todo.

Carinhosamente, ele a envolveu pela cintura quando beijado. Rhistel se curvou, roubando dos lábios rosados num selinho mais demorado… E um próximo, pedindo por uma breve profundidade, sentindo a língua macia dela com a sua por um instante de ardor… – Huh-hum… – Murmurou ao se afastar. – Pode me contar. – Sussurrou, olhando-a. – Só… Quero te dizer antes que… Eu também tenho sorte… Não é só você. Eu não me vejo com outra pessoa ao meu lado desde que te beijei naquela banheira. Então… Eu também tenho muita sorte. Eu não esperava que alguém como você, tão interessante… Poderia me querer.

Sentir o beijo e escutar as palavras doces a fizeram sorrir e continuar a caminhada abraçada, quase se esquecendo do que falaria. Beijou as costas de sua mão e tentou resgatar a história depois, com certa dificuldade de todos os fatos.

– Bem. Desculpa, é um pouco psicopata. – Riu antes de começar – Mas tinha esse mago poderoso, chamado Ewrick, que convenceu muita gente que era o noivo da Mensageira. Ele conseguiu um globo de invocação que alguns servos tinham, e passou a tentar me alcançar nos sonhos. Tentei ignorar por muito tempo, e era surreal porque ele enviava a localização dele sem medo nenhum, deixava presentes por aí em rituais de invocação, mesmo acreditando que eu era uma Entidade, não uma pessoa. Ele realmente queria se casar com uma Entidade… – Franziu o cenho – E ele ficava tentando descobrir o que eu podia gostar de ganhar, e deixava as ofertas mais estranhas pelos locais onde eu costumava surgir, tentando desvendar a Mensageira. A única coisa realmente legal que eu recebi do Ewrick ao longo dos anos, foi uma caixa com joias antigas, orientais, lindas e perdidas da história. E eu acabei pegando para mim… Esquecendo que ele entenderia isso como um sinal positivo para os rituais dele. – Mordeu o lábio insegura, mas risonha – Então, ele conseguiu criar um canal de comunicação mais forte, e me atormentava em todo sonho.

Ele já esperava por algo do gênero com os adjetivos que ela deu, mas tampouco Rhistel chegava a estranhar realmente assuntos que envolviam um sobrenatural escurecido. Imaginava que Blair possuía histórias peculiares para contar, mas alguém que vivenciou o coração da Segunda Guerra Mundial tinha um limiar do que considerava chocante bem alto. – Tipo um admirador segredo do mal. Ele devia ter um gosto bem diferenciado, Bee. Eu nunca te imaginaria assim, linda… Atraente, sexy… Pele firme e curvas que, nossa. – Comentou, olhando-a. – Eu sempre imaginava uma velha feia e caquética. Tenho certeza que ele também.

– Eu sei, eu imaginava, na verdade. Ninguém podia viver quando visse meu rosto, mas era sempre curioso as reações… – Negou rapidamente – E então eu precisei ir atrás dele, para terminar isso. Eu respondi a um ritual dele e me teleportei… Fiquei surpresa porque ele era bem normal, muito bonito na verdade, e estava até de social! – Riu ao se lembrar – Havia uma pequena cerimônia, mas com alguns detalhes mórbidos, que não vale a pena dizer, mas era um casamento mesmo. Eu precisava matá-lo… Mas eu tirei o capuz antes, e ele ficou completamente decepcionado, eu vi. Eu era humana e bem sem graça, eu acho. Talvez ele quisesse a velha… – Divagou e riu, mas voltava a leveza da seriedade ao narrar – Bem… Ele surtou, e enfim, mas foi um tanto cômico e estranho… Eu era nova… Eu tinha dezesseis, acho… Me rendeu alguns complexos. Porque justamente naquela mesma semana um diretor me disse que eu não era bonita o suficiente para fazer um papel… Mas foi uma fase só. Eu tive certeza que iria me transformar em algo muito feio, muito rápido, mas… Deu tudo certo.

Alguns detalhes mórbidos. Rhistel a fitava, ouvindo a história com as sobrancelhas arqueadas. Era criativo o suficiente para criar um cenário em sua mente nada convidativo. – Esta é a parte mais chocante da história. Não era bonita o bastante?! Que absurdo. – Ele a beijou no rosto, demorando-se em se afastar da pele quente. – O seu primeiro noivado não terminou bem, então… – Analisava. – Espero que o próximo seja diferente, ah… – Rhistel se desviou para a fonte do hotel. – Eu queria tirar uma foto com você ali… Ahm. – Ele pegou nas duas mãos dela, conduzindo-a enquanto caminhava de costas. – Eu acho que o Ladi contou e, pelo menos, deixou-a pensando ou… Não contou.

Blair riu ao comentário dele e concordou. – Bem… Eu nunca fui noiva, mas já houveram noivos. Mas eu nunca… Ainda. – Negou e seguiu até onde ele a guiava. – Eu estava pensando… – Fitou o hotel brevemente – Você acha que a Arty pode ficar chateada com todos nós? Porque sabíamos e nunca dissemos nada… Caso não dê certo essa conversa dos dois. Eu gosto dela… Mas ela pode acabar se afastando de vez, né? Eu me sentiria mal.

Rhistel massageou mãos dela, refletindo antes de responder. – Ahm. Eu não sei, Bee. – Concluiu, franzindo o cenho. – É que… Bom, é um risco se envolver com pessoas do mesmo grupo. Se não dá certo, fica aquele clima chato. Eu acho que ela ficaria um tempo na dela. Eu não acho que a Ártemis vai ficar perto da gente, com o Ladi que… Eu duvido que vá se afastar da Audrey, enfim… – Inspirou, piscando os olhos devagar. – Eu acho que… Ahm… É o que vai acontecer. É muito complexo um relacionamento assim. Se ela vai ficar chateada conosco, eu não sei. Não era da nossa conta. O que poderíamos ter feito? Fofocado? É delicado…

– Bem… Ela não vai mais dormir no sofá de casa igual ela fazia, mesmo. – Riu sem jeito – Com toda fortuna. Pelo menos essa história termina hoje… Espero que ele tenha contado logo… – Moveu o rosto em desaprovação – Bem… Eu não quero pensar nisso. Fayre é a minha melhor amiga, mas Arty é preferida pela Nyra e pela Aisha. Espero que acabe da melhor forma possível.

– Ártemis agora é ri-ca. – Rhistel disse, imitando Nyra, inclusive a voz manhosa. – Ahm… Você não vê a possibilidade de, de repente, eles três decidirem se apostar? Eu acho, sendo muito egoísta no que vou dizer, que seria mais pacífico se uma delas desistisse. Eu acho. Eu não vejo meios possíveis do Connor, Ross e Tay aceitar uma história como esta. Seria um caos.

Blair acabou rindo nervosa e completou – Já vai ser o caos se souberem que Ladi estava a namorando e ficando com a Audrey ao mesmo tempo, sem a Arty saber. Ela deve estar muito deprimida, e ela é bem barulhenta sobre o que sente. – Disse baixo e preocupada – Ladi e Audrey fizeram isso muito errado… Eu não consigo ver nada pacífico. E Connor é a família dela. Ross, Tay são. – Apertou os lábios – Todo mundo acaba tomando um lado… E a gente acabou tomando o lado do Ladi nisso tudo… Fingindo que não vimos. Por isso eu fico um pouco preocupada com a proporção.

Blair acabou rindo nervosa e completou – Já vai ser o caos se souberem que Ladi estava a namorando e ficando com a Audrey ao mesmo tempo, sem a Arty saber. Ela deve estar muito deprimida, e ela é bem barulhenta sobre o que sente. – Disse baixo e preocupada – Ladi e Audrey fizeram isso muito errado… Eu não consigo ver nada pacífico. E Connor é a família dela. Ross, Tay são. – Apertou os lábios – Todo mundo acaba tomando um lado… E a gente acabou tomando o lado do Ladi nisso tudo… Fingindo que não vimos. Por isso eu fico um pouco preocupada com a proporção.

– Ahm, não… – Rhistel ponderou por um instante, apertando os olhos antes de se sentar à beira da fonte. – Eles ficaram tão chateados com ela se envolvendo com o Ladi que acho que vão só agradecer que tudo acabou, mesmo dessa forma… Eles vão ficar nervosos, mas… Ahm… Não acho que rolaria sangue por isso… Arty triste porque o Ladirus não se segurava com a Audrey. Por eles, Arty estaria em casa, dentro de uma caixinha e segura. Ladi não está certo. Ele envolveu muito, muito intensamente as duas. É confuso para elas! Você ama muito um cara que ama duas… E é todo presente. É chatíssimo, mas… Eu não julgo ninguém, Bee. Eu já fiz coisas muito piores. – Ele riu, erguendo o rosto para observar as águas ondulantes. – Eu não faria fofocas do Ladi… Também não faria da Arty, se a visse… – Olhou-a. – Você está sempre tão preocupada com todo mundo, neném. – Ele a beijou delicadamente. – Eu só estou torcendo para que ninguém corra riscos de vida!

Blair o olhou torto depois do beijo, de canto de olho e menos confortável com o comentário dele.

– Eu não acho nada disso ok. – Disse firme – Duvido que a Nyra ficaria com alguém fora do relacionamento e quisesse incluir do nada. Não funciona, assim, não é? Pelas costas… Isso não é nada “chato”. Isso é bem ruim. Ele enganou a Arty. E a Fayre também.

Após a leve surpresa pela reação dela, Rhistel pousou as mãos sobre os joelhos, voltando-se para frente. Não vou ganhar a foto. Ele ergueu os olhos para o céu. Ladi e as suas confusões está envolvendo até quem não tem nada a ver, tipo… Eu! Piscando os olhos devagar, ele a olhou soslaio, quieto. Rhistel passou a língua pelos lábios e os apertou em seguida, retornando o olhar para o céu:

– Ahm, bem. Eu não sei como funcionam os Versos… Eu não tenho esse tipo de conversa com o Jullian. Ele é muito fechado para falar sobre a vida pessoal. – Rhistel deu os ombros. – Eu só posso aconselhar o Ladi. Não posso agir por ele. – Ele se curvou sobre os joelhos. – Se eu fosse dizer o que eu penso realmente dessa situação, para ele, eu o aconselharia que ele terminasse com as duas, ficasse um tempo na dele e abrisse espaço para uma história menos caótica no futuro.

– Eu concordo… – Ela assentiu e o tocou na perna – Desculpa. Eu mesma disse que não queria falar disso. Eles precisam se resolver, porque qualquer conselho deve ser inútil se você gosta de alguém… Muito. Nós dois não estaríamos juntos se tivesse os escutado… – Sorriu e o beijou no rosto. – E eu só queria que não os escutasse.

Ele voltou os olhos para o chão, fitando as próprias botas escuras. – Depende de quem você está ouvindo o conselho… – Ele fez um muxoxo. – Nós não somos um triângulo… Não tivemos mentiras entre nós… É bem diferente. A sua questão era confiança. A deles não é. É um rolo que está agoniando até você. Quer dizer, envolvendo muita gente… Meus irmãos… – Ele suspirou, desagradado, apoiando o rosto na mão. – Eu vou falar com ele.

Blair ajeitou o cabelo atrás da orelha. – Bem… Os conselhos eram da Nyra… – Apoiou o queixo na mão e o cotovelo na coxa – Eu acho que não adianta, Rhis… Você nem sabe o que está acontecendo bem agora… Ladi consegue sossego se as duas desistirem. E isso não vai acontecer… Ele também não vai deixá-las… Está mais firme do que nunca com a Fayre. – Ergueu os olhos para o hotel. – Talvez… Se a Aisha soubesse… Ela aconselharia a Arty a seguir em frente… Não sei. Mas algo vai acontecer agora. Pelo menos.

– Ahm… É. Eu não tinha tentado falar, mas eu vou tentar. Se não der em nada, paciência… Mas ele vai ouvir de mim sim. – Rhistel franziu o nariz, desagradado, fazendo uma careta preguiçosa. – Ele está precisando…

Blair inspirou – Você devia ter brigado antes então… Faria mais sentido. De qualquer modo, você tem razão sobre quererem a Arty numa caixinha… Tem que pensar em tudo isso. – Os olhos continuaram no hotel. – Você quer conhecer outro lugar da cidade? – Perguntou, sem ter certeza se ele teria ânimo para continuar a visita.

Ele suspirou, lançando-lhe um olhar tão gelado quanto a sua pele. É, eu sou a babá do meu irmão! Rhistel pegou o celular, desbloqueando a tela. – Não… – Disse, manhosamente desagradado. – Vou perguntar para ele que horas ele tem que sair amanhã… – Ele começou digitou a mensagem. Seca e com um ponto final sugestivo no texto.




Não imaginou que poderia dormir. Também não se recordava quando havia acontecido. Dado momento, relaxara; cedera à preciosa experiência de tê-la em seus braços, aninhada como uma gatinha, e adormeceu. Ladirus ajeitou a cabeça, roçando o nariz nos cabelos negros, macios e perfumados. Não teve vontade de abrir os olhos, mas percebia que ainda não havia Sol. O seu coração batia em um ritmo tranquilo, mas intenso. A cada batida ele sentia se inundar se calor somente por tê-la tão perto, sentindo a rigidez matutina se esquentar ainda mais com o desejo despertado. Não queria pensar nisso naquele momento, tampouco não conseguia se impedir. O seu gosto, os seus beijos… A experiência com Ártemis havia sido calorosamente intensa, o bastante para os momentos ainda passarem por suas memórias recentes nitidamente. Os gemidos, os comentários felinos e a forma como sentiu a troca de amores acontecendo. Tanto amor. Até a dificuldade em se ver dentro do seu corpo quente fora uma tortura prazerosa. Ele a abraçou mais forte, mas o culpado não era o desejo. Ainda sentia tantas saudades que a vontade de perpetuar o momento até que pudesse matá-las todas. Ladirus inspirou os cabelos escuros novamente, guardando no coração o perfume juntamente ao momento todo. Minha pequena

Tinha um sono pesado, e isso era uma da lista de reclamações que as meninas costumavam ter sobre Ártemis. Mas ao lado de Ladirus, a consciência de que ele estava perto, e que logo não o teria mais do seu lado, tornou seu descanso leve e inconstante… Não queria dormir demais. Entre os sonhos sem linearidade, e representações da sua vida real, mergulhou fundo em imagens distantes e retornou para o calor da terra, onde ainda estava aos braços de Ladi. Ela abriu seus olhos sonolentos, e ternamente era segurada pelos braços fortes. Os corpos no mesmo estado aquecido, como se esquecessem de ligar o ar condicionado em um dia de verão. Havia uma resposta que precisava dar, mas não conseguiu se lembrar da pergunta, porque ele estava diante de si e não atrás de uma tela de um tablet. – Por que você me ama…? – A pergunta pareceu vir de uma mente que ainda não havia despertado, pela voz arrastada – Ninguém gosta realmente de mim… Sempre é um esforço…  – Como se houvesse terminado de acordar, ela piscou seus olhos devagar e esfregou os olhos, bocejando e espreguiçando brevemente como uma felina. Duas horas de sono? Voltou a fitar o belo rosto de Ladi. – Toda vez que eu olho para você… Me vem uma banda na minha mente. E eu só consigo tocar essas músicas na minha cabeça.

O “bom dia” não seguiu o protocolo comum. Afrouxou-se do abraço para permiti-la se mover, acompanhando o corpo flexível se estendendo e despertando. Ladirus foi pego de surpresa pela pergunta inesperada. A olhar de cenho franzido, desconfiando como sempre que lhe levantavam uma questão que ele considerava a resposta óbvia. Os olhos anoitecidos o encararam e um sorriso de escanteio se abriu até tomar os seus lábios, gêmeo do ar de estranheza dos olhos puxados. – Eu tenho certeza que dizem e demonstram não gostar apenas para te verem brava. – A língua dele encostou no céu de sua boca e descolou vagarosamente. – Eu te amo porque você me permitiu te ver de várias formas… E eu me apaixonei pelo que você quis mostrar conscientemente… E o que você é e… É simplesmente seu, querendo ou não… – Os dedos dele a tocaram no queixo. – Cada pedacinho que descubro seu… Seja bom ou ruim, eu me sinto te amando mais, gatinha…

Seus braços se cruzaram ao topo da cabeça e os olhos piscaram lentos, mas atentos à resposta. O sorriso cresceu ao final da sua fala, e ela concordou movendo o rosto. Suspirou como se fosse preenchida por alguma calma e continuou a fitá-lo. A janela às costas dele, aberta e com um céu limpo e escuro desenhado por estrelas. E quando retornava aos olhos castanhos … Só conseguia pensar que não tinha capacidade de ficar com a raiva que queria estar. Menos ainda tristeza. Ártemis encarou o rosto dono das fotos que ocupavam quase toda a memória do seu celular, dos seus desejos, e dos seus sonhos… Gostava como os olhos pequenos e puxados tinham aquela curva para cima nas extremidades, e sorriam junto dos lábios malicosos. Às vezes ele repuxava um meio sorriso apenas para o lado esquerdo e uma marca de covinha se afundava grande naquela bochecha. Também amava os alargadores e o piercing, como ele parecia rebelde mesmo sendo o oporto com ela: carinhoso e cuidadoso. Ele nunca se atrasava nas ligações à distância, e passava horas a escutando mesmo que fossem problemas supérfluos. O azul e o vermelho eram suas cores favoritas no cabelo dele… A Fada o observava com a seriedade que não percebia, olhar escuro e lânguido, desejo ainda corria e a pele morena se arrepiava vez e outra ao lembrar do recente momento. Isso era vida real? Las Vegas… Ladi ao meu lado… Meu primeiro momento foi com a pessoa que eu amo de verdade.

– Eu… – A voz começou baixa, a cabeça muito acelerada, assim como o coração apertado e o corpo quente nos braços dele. – Eu sei que você me ama. Eu sei que eu te amo. Mas… Eu não consigo responder isso agora. Posso ter alguns dias para pensar? – Fitava-o – Um tempo… Talvez eu precise disso.

Ladirus se endireitou, apoiando o rosto na mão enquanto a sua livre passava a enrolar uma longa mecha dos cabelos de propaganda de shampoo que ela possuía. Amava os seus cabelos longos e a forma que fazia-os bailar pelo ar, jogando-os e sempre tendo-os perfeitamente incríveis. Ele mordeu o lábio, buscando pelo olhar cigano. – Sim. – Ele respondeu, descendo o olhar pelos lábios cheios; viciantemente beijáveis… – Eu ainda quero que a prioridade seja a felicidade… E não só parte dela. Eu acho que temos que manter isso em mente… – O Dragão de Água mordeu o lábio. – Eu acho que você precisa ter certeza… E precisa… – Ele molhou os lábios. – Conhecer… A Audrey… Melhor. E… Ver se… – Ele franziu o cenho, corando. – … Gosta. – Ele girou os olhos até o teto. – Só você e ela. – Ladirus voltou a olhá-la em seus olhos.

Ela o olhou ansiosa, mas também desconfortável com a ideia que avançou rápido na sua mente. O corpo dela se encolheu como se levasse um leve choque, e se sentiu insegura.

– Não… Eu só quero você, Ladi… Eu não quero beijar outra pessoa. Nem ir para qualquer lugar… – Negou e ofegou, arisca – Nem sair… Você não pode… – Apertou o lábio e o fitava – Ficar comigo? E com ela… Separado?

Este era o último caminho que pensava em tomar, pois lhe soava particularmente esquisito… Mais estranho do que vivenciar um triângulo amoroso. Ele franziu o cenho e calou a porção de perguntas que quiseram vir em sua boca, apertando os lábios enquanto a olhava. – Sim… – Ele respondeu, fitando os dedos que enrolavam a mecha escura dos cabelos macios. – Como você se melhor, gatinha… – Disse-lhe. – Eu só não quero ficar sem você…

Ela concordou mais calma e se ajeitando, virando de costas a Ladi, mas continuando entre seu abraço de conchinha. – Não é um sim ainda… Eu preciso pensar. – Murmurou, o coração parecia apertado em ansiedade. Sua energia fluía um pouco instável e fechava seus olhos para estabilizar o pensamento. – Eu imagino que todos saibam…? Na Ilha… – Respirou fundo e resgatou um travesseiro para abraçar. – Todo mundo?

– Não. – Talvez estivéssemos em guerra, se sim. Ladirus imaginou, brevemente, o semblante de Connor, Rosstrider e Tayrou. E não gostou. – Apenas Blair, Nyra e Rhistel. Talvez os Versos… Não acho que exista segredos entre eles. Eu precisava saber de Nyra o que havia acontecido, então… Eu tive que conversar com ela. Eu me lembrava vagamente de algumas coisas, mas nunca a deixei falar muito sobre esse lado da vida dela. – Explicava, aproximando o nariz dos cabelos escuros e inspirando. – Te preocupa…?

Respirou fundo, no processo de se acalmar o tempo inteiro. Continuou com os olhos fechados e franziu o cenho brevemente.

– Não… Mas acho que é importante saber o que está na cabeça deles quando estiverem me olhando. – Arranhou a capa do travesseiro em seus braços, sentindo o corpo arrepiar com a respiração dele em sua nuca – Tenho certeza que eles não guardam entre eles…

Ele afastou os cabelos do ombro dela, beijando-o. – Hm. – Murmurou, envolvendo-a pela cintura. – Gatinha… – Ladirus encostou os lábios na pele morena enquanto falava. – Você acha que um deles vai julgar qualquer coisa que acabarmos fazendo…? E mesmo que sim, somos nós que estamos vivendo. Eu creio que seja importante o que pensamos também. – Beijou-a. – Você não acha…?

Ártemis entreabriu os lábios e suspirou com todos os carinhos. Mas o assunto ainda dava voltas confusas na sua mente. A Kithain se deitou com as costas no colchão e o o olhou.

– Eu não ligo. – Justificou-se, parecia ter certeza do que falava, mas o olhar entregava a confusão – Eu não ligo para o que ninguém fala… Só que… Eles vão pensar coisas diferentes de mim… E é melhor eu saber… No caso de… Tentarem dizer algo que me machuque. Ou que me faça parecer algo diferente. Eu… Não sei… – Negou depois de beijá-lo – Mas não ligo.

A dúvida dela, claramente incerta, tornou os olhos puxados dele igualmente confusos. Ladi piscou vagarosamente os olhos ao sentir o beijo dela e voltou a deitar a cabeça no travesseiro, aproximando o seu rosto do de Ártemis e a observando com perguntas mudas por um instante. A mão dele pousou sobre a abdome dela e ele passou a mirar os próprios dedos a acariciando, seriamente pensativo.

Ela pousou a mão sobre a dele que a acariciava e o observou no silêncio cheio de dúvidas. Ártemis se sentia da mesma forma, e não sabia se algo daria certo mais. Em relação a nada. Abria um pequeno vazio no seu peito, e ela preenchia com outras certezas. De que ele estava do seu lado e o amava, era a certeza mais forte. Ártemis se virou na direção dele e o abraçou pelo pescoço, colando seu corpo e incitando um beijo profundo… Cercando-o com suas chamas que cresceram rápido. – Eu te amo… – Seja o que acontecer.

– Eu te amo muito… – Não sentia dúvidas e inseguranças quando sentia o seu beijo. Sentia que nada poderia dar errado. Ladirus sentia ondas de ardor descendo em direção ao seu abdome a medida que a sua língua se enroscava com a nela em uma dança mais provocativa. As mãos fortes a trouxeram sobre si, abraçando-a. Os olhos a encararam brevemente. Ártemis era tão linda em sua beleza latina que o excitava apenas de vê-la transitando em suas expressões de desejo. Era um deleite beijá-la e observá-la, assim como ouvi-la. Ele não sabia se seguia os conselhos de Rhistel adequadamente, mas enxergava não meios de se segurar naquelas circunstâncias. Amava-a e queria-a o tempo inteiro e sentia as suas vontades em harmonia perfeita com as dela. Entre beijos e suspiros, ele buscava por Ártemis novamente, roçando-se rijo e pedindo por seu amor. Ladirus deitou a cabeça no travesseiro e olhou-a, movendo o quadril apenas para provocá-la. Lábio mordido e o peito forte se movendo com a sua respiração intensa… – Eu te quero… – Ofegou, ardente.

Facilmente provocada, pelo corpo, seu olhar, e especialmente seu sorriso. Ergueu suas mãos até os lábios deles e os cobriu. – Não morde seu lábio. Eu não consigo pensar em nada quando você faz isso, Ladi. – Brigou rindo e o mordiscou. Seu rosto corado entregava a timidez e seu desejo. Queria-o também.
As primeiras vezes ainda eram um pouco estrangeiras, exigia um pouco de calma, até se acostumar completamente. Uma vez que estava mais confiante do próprio corpo e prazer, foi se soltando para outros toques, massagens, experimentando o corpo dele e o tocando conforme sua curiosidade. Havia descoberto que gostava até demais de o arranhar de leve pelas costas, na lombar até os glúteos. Enroscava-o com suas pernas e braços, recebia-o em seu corpo pequeno com todo calor latino que a pertencia. Fez da imensa cama seu espaço, que a ajuda a quebrar alguns traços de insegurança e timidez passo por passo… Pois Ladi mesmo não fazia dramas ou cerimônias quando percebia onde seu prazer estava. E a tudo que acariciava, era uma onda de prazer nova e intensa.

Arriscou estar por cima dele na última vez, e precisou morder a boca quando atingiu seu ápice… Ártemis tinha a sensação que seus gemidos femininos não eram tão silenciosos no quarto de hotel. Mas como ia controlar seu próprio corpo quando o sentia se inundar e explodir por dentro? A troca intensa de fluídos e os braços que a agarravam contra o corpo forte. Pegou o costume de abafar entre os próprios lábios para não dar assunto.

Ainda… Era devota ao corpo dele como ele era pelo seu. Cheio de carinhos e massagens. Beijos e apertos. Tudo reforçava seu amor por ele e isso devia ser tão perigoso quanto era bom… Mas não conseguia não desejar.

Quando estavam na imensa banheira do hotel, perto das últimas horas da madrugada, a felina trocava risos em brincadeiras com espumas. Moldando montanhas e criando acessórios com o exagero que haviam distribuído na água sem querer. Tinha dito que não queria mais, mas o provocava com selinhos e se afastava. Mordidas, e se afastava. Risos e olhares… Não permitia se sentir tão boba se não fosse por ele.

– Você fica sexy quando está no palco e mostra seu corpo. Eu gostei daquela vez que pintou os olhos… – Passou as mãos com água pelas pálpebras dele delicadamente imitando o traço da pintura, sempre com aquela mania de tocar. – Não tem nada de novo na minha apresentação. Eu disse que queria que você ficasse… E eu queria… Mas eu vou trabalhar o dia inteiro e você só vai assistir.. Você pode voltar para casa se quiser. Aisha vai chegar amanhã, e até o final da semana eu acho que estou na Ilha… Acho que morre de tédio por aqui… Mas se quiser ver o show com a Blair e o Rhistel, ia ser legal.

O sorriso de escanteio aos lábios maliciosos se mantinha enquanto ele a observava brincando consigo e tocando-o. Como um animal selvagem que não revelava as suas intenções, ele a seguia com o olhar, acompanhando as suas expressões arteiras e dissimuladas. Gaia, era completamente apaixonado por aquele jeito felino. Talvez fosse sua essência de estrela. Um cachorro sendo feito de bobo por uma gatinha…

– Não! Não fale essas coisas… – Ladirus lamuriou, fechando os olhos quando ela começou a encher de espuma o seu rosto. – Eu vou ficar pensando! Você acha mesmo que eu fico sexy? – Ele franziu o nariz. – Eu ando malhando demais para me sentir mais calmo… Mas me sinto meio idiota falando dessas coisas. Todo mundo que vai muito na academia parece meio idiota. E eu estou lá, todo o dia… Eu falo com a Blair, já que ela malha comigo.– Ele jogou água no rosto. – Enfim… Você acha que eu ficaria entediado te assistindo dançar…? Você deveria se ver qualquer dia desses. Eu vou ficar. Você disse que precisa de mim… E eu ficarei feliz em te dar algum conforto… – Sorriu. – GAIA! Rhistel… – Ele se exaltou, corado, buscando pela mente do Dragão de Gelo. – Ah… Ele me cortou. Eu fiquei de avisá-los.

Arty o olhava com um sorriso carinhoso.

– Claro que eu acho sexy. Todo mundo acha. Para ser sincera eu achava academia uma vaidade desnecessária se você não fosse gordo. – Disse e se enxaguou também no colo, tirando a espuma da pele morena. – Mas agora que eu conheço melhor seu corpo… Ele deve ter certas definições que só academia. Igual a isso… – Ela o tocou no abdome, descendo até as entradas, mas parando ali os dedos que o desenhavam. – Seu corpo é muito, muito bonito… – Mordeu a língua entre o sorriso, e ficou mais pensativa depois: – Imagino que o da Blair também seja porque malha. E ela é inteligente. Não tem pessoas burras na nossa Ilha. Acho que eu malharia… Eu deveria… – Sua expressão se tornou entediada – Alicia e Nish talvez não pegassem mais no meu pé. Mas acho que a dança já me ajuda…

Quando a mão de Ártemis desceu, ele não permitiu que retornasse. Ladirus se aproximou, ouvindo-a enquanto descia a mão dela para onde pedia por carinhos. O sorriso surgiu quando ela mordeu a língua – um sorriso de maldades. Ele suspirou. – Mais um motivo para não parar de malhar… – Ele sussurrou. – Você pode malhar comigo. Eu adoraria. Posso te ensinar muitas coisas… Adoraria ver você fazendo certos exercícios…

Ela iria continuar divagando, mas escutou alguém bater na porta.

– Ártemis! – Era a voz de Nish – É cinco e meia. Levanta? Os figurinistas e maquiadores vão chegar nos quartos em meia hora.

– Ok! – Ártemis gritou de volta. – Oh… – Fechou os olhos desanimada.

“Oh” foi a única coisa que ele a deixou dizer antes de beijá-la, apertando a mão dela juntamente com o seu sexo. Ele suspirou profundamente, afastando-se para olhá-la. – Eu quero tanto te atrasar, gatinha… – Ele sussurrou, maldosamente. – Deixar as suas amigas mais bravas ainda porque estou te dando muito amor…

Seu mundo de responsabilidades até se desfez diante de seus olhos. O beijo roubado, o toque apertado, a voz sensual… Ártemis suspirou excitada até demais. Tudo bem. Não conseguiu pensar duas vezes. Mais amor. Elas bravas. Tudo perfeito. Retomou seu beijo úmido e continuou o toque firme, acariciando-o e se entregando para mais um momento de amor intenso. Meia hora até conseguir sair da banheira com ele, enrolada em seu roupão e ainda trocando beijos. Ártemis teve que o empurrar para sumir no Umbral para que quando as figurinistas e maquiadores entrassem em peso não fosse um assunto de tabloide. Mas do jeito que Nish e Alicia entraram no quarto em seguida, elas simplesmente sabiam… Ártemis não disse nada e elas não tiveram tempo de perguntar: a Pooka estava atrasada e precisaram correr com os preparativos para um dia agitado.




Quase estar no céu era receber a massagem de Rhistel. Blair suspirava, mas de alívio quando o sentia encontrar toda sua tensão e a livrar com seus dedos mágikos. O perfume de violeta quase a levava longe demais para sonhar que estava realmente dormindo. Com todos os meses de convivência, relaxar havia sido algo aprendido com ele, apreciado, e a mudado muito. Ainda não fazia um ano inteiro desde que se afastou da antiga vida, e se sentia tão diferente que talvez não se reconhecesse caso se deparasse com o passado.
A pergunta a fez abrir os olhos verdes com relutância. Blair estava com os cabelos loiros presos em um coque e o rosto livre de maquiagens.

– Ah… Você pode sentir na massagem? Eu tive… – Sussurrou, erguendo o olhar até ele, por cima do ombro – Eu não quis comentar, a viagem está tão boa… Mas eu estou preocupada. Não foi um pesadelo… Foi o Meris…

Ele negou com a cabeça, erguendo os olhos até ela enquanto desfazia do nó com delicadeza. – Intuição… Mas talvez alguma energia… – Ele encheu a mão novamente com o óleo, espalhando pelas costas de marfim que ela possuía. – Bee… Não queria melhor… Conversar? Parece-me que você apenas está adiando um inevitável… – Rhistel se curvou brevemente, beijando-a em seus cabelos. – É muita coincidência isso ter começado junto com os incidentes nas ruas… – Retornava à massagem. – Essa doença… Os rituais…

A maga fechou os olhos com o beijo e assentiu.

– Eu sei… Foi diferente dessa vez, também. Estava mais perto… Desesperado. – Abriu os olhos fitando a janela do andar alto do luxuoso prédio de hotel – Ele nunca deixou de tentar, mas está mais forte. Bem… Eu apenas tenho medo das intenções, você sabe… – Coçou o olho, sentindo-se cansada de pensar – Um combate… Mas eu sei que pode ser um conhecimento que eu não deveria dispensar. E eu tenho me preparado para esse encontro. É… Só que… Enfim… Você sabe.

Os olhos escuros do Dragão se distanciaram para a parede, pensativo. – Eu gostaria de me lembrar o que “Meris” significa para mim, mas só me vem uma sensação distante… Mas significa alguma coisa. – Rhistel dizia com a voz calma. – Eu sei que vocês tiveram momentos estranhos, Bee… Mas antes de você pisar aqui, a primeira atitude do Meris foi expor as pessoas que eu e os meus irmãos deveríamos ter cuidado. Eu acho… – Suspirou. – … Que talvez ele esteja querendo avisar de algo.

Rhistel se virou para trás ao ver o irmão transpassando a Película. Ladirus os olhou em dúvida se presenciava um momento mais pessoal do que poderia lidar, mas ao vê-los, aproximou-se e se sentou na cama, tirando a jaqueta assim que o fez. Rhistel o fitou entediado e Ladirus correspondeu com um sorriso descaradamente feliz.

– Eu também queria uma dessas. – Disse-lhes. – Parece bom. Bom dia.

– Você não merece… – Rhistel rosnou. – Sem “bom dia” para você.

Sem muita pressa, mas sem se demorar, Blair pegou a toalha ao lado e cobriu o seio ao se sentar na cama. Estava apenas de calcinha, e enrolou a toalha por cima no corpo, pois ainda tinha o pudor da amizade. A loira fitou de Rhistel a Ladirus e ficou um pouco preocupada com toda a felicidade do Dragão de Água.
– Normalmente você nos procura quando está com problemas urgentes… Mas você parece até feliz… – Ergueu-se para pegar uma garrafinha de água do minibar e beber para ajudar a desconcentrar a excitação que a massagem de Rhistel a causava. – Deu… Tudo certo? – Perguntou com receio.

Ele estava feliz. Rhistel conseguia sentir sem se esforçar. O Dragão de Gelo sentou-se sobre as pernas ao passo que Blair saiu de baixo de si e pousou as mãos sobre as curvas, curvado. Ladirus os observava de um para o outro com um sorriso que não saía dos seus lábios.

– Eu não diria tudo. – Ele começou. – Na verdade, eu não sei. O tempo dirá, mas… Eu tenho certeza que a amo. – Ele apertou um sorriso risonho. – Eu contei… – Adiantou-lhes. – Contei-lhe tudo na verdade. Eu nem pretendia contar tudo, mas eu achei que lhe devia isso. Ela ficou brava… Depois conversamos. Eu expliquei… – Suspirou. – … E… – Ele encolheu os ombros e soltou-os. – Amei-a muito. Foi muito bom. Gaia, eu fico emocionado de me lembrar. – Ele disse, cobrindo o sorriso. – Foi muito além do que eu imaginei…

Rhistel apertou os lábios corados e se entreolhou com Blair:

– Por isso não respondeu as minhas mensagens… – Concluiu.

– Eu estava muito ocupado. – Ladirus suspirou. – Bem, tem outro lado não muito feliz… – Mordiscou o lábio. – Ela está provando figurinos e fará um show hoje. Pediu se eu poderia ficar… Eu não sei se vocês podem, mas… Ela está um clima ruim com duas meninas. Eu senti que faria bem a ela ter pessoas queridas perto. Estão implicando com ela e talvez impliquem mais hoje…

Blair voltou-se para cama e se sentou ao lado de Rhistel, ajeitando-se. Gostava de vê-lo feliz porque era o seu amigo. Então acabou sorrindo timidamente, contagiada, mesmo que soubesse que tudo significasse problemas.

– Por que vão implicar hoje ainda mais? – Perguntou curiosa – Eu só não entendi… Se você e Arty vai continuar juntos… No triângulo… Ou isso não foi resolvido? Vocês fizeram amor então deve ter terminado muito bem.

– Vamos continuar como estamos… – Ladirus assentiu vagarosamente, apertando os lábios. – Minha gata é muito arisca… Mas eu vou falar com Rey e… Enfim… – Ele passou a mão pelo pescoço. Os cabelos em tom de vermelho ainda estavam úmidos. – Mas foi perfeito… Perfeito demais… Fizemos um escândalo, eu acho. Minha gatinha mia demais. Nossa. Muito intensa. Alicia e Nish estavam com umas caras que eu… Bom. Esse hotel não tem paredes isolantes. – Ele bateu na parede. – E elas estavam ao nosso lado. Nós não pensamos… Bem, não nos importamos… Brincamos, conversamos e eu estou todo arranhado.

Rhistel até preferiu se sentar, descansando a cabeça no ombro de Blair depois de beijá-la na região. Ladirus sempre muito detalhista em seus relatos…

– Ladi… Eu espero que ao menos saiba o quanto essas garotas se doam por você… – Rhistel disse, olhando-o pensativo. – É muitacoisa.

– Como assim?

– Que você não me apareça com uma terceira!

– Não! NÃO! Não… Nem brinque com isso. – Ladirus o olhou, ofendido.

– Você não acha que vai piorar a inveja das meninas se a gente for? – Rhistel disse, olhando para Blair. – Olha esse monumento de Hollywood do meu lado. – Ele sorriu, malicioso. – Essas meninas não tem namorado… Você chega e faz um escândalo. Daí, aparece do lado dela… Arty e os seus amigos famosos…

“É uma gata mesmo…” Blair percebeu alguns arranhões nos braços dele e se viu curiosa sobre uma personalidade realmente baseada em um felino. “Deve ser daqueles carentes”. E não estava disposta a deixar Ladirus ir… Seus olhos se arregalaram brevemente. Melhor que nunca existisse mais ninguém. Três já estava sendo demais. A maga sorriu e riu com o comentário de Rhistel e seu sorriso malicioso nos lábios vermelhos.

– De qualquer modo a Aisha está vindo… Perto da Aisha nesse mundo do pop a gente não é muita coisa. Elas vão ficar com inveja de qualquer jeito. – Concluiu – Mas que coisa estranha… Vocês disseram que ela chorou quando fez a vídeo chamada ontem… Será que estão sendo tão maldosos assim… ? É um pouco injusto porque foi Ártemis que as colocou nesse grupo praticamente.

– Sim, mas os egos andam balançados e pelo que ela me disse, Leah está se sentindo perdida, Destiny conformada e Alicia e Nish se impondo muito. Ártemis as colocou no grupo, mas é o pai da Nish que financia… – Ladirus disse a Blair, coçando os cabelos úmidos. – Ela estava muito estressada… Tensa. Eu preciso ficar. Vocês não podem…? – Ladirus pegou o celular para digitar uma mensagem para Audrey enquanto os ouvia. “Bom dia, Rey… Saudades do seu beijo e do seu sorriso. Assim que eu estiver sozinho, eu te ligo. Eu te amo!!!”.

Inspirando, Rhistel abraçou Blair, beijando-a no rosto demoradamente. – Eu acho que será um sacrifício terrível ficar em Las Vegas… – Ele sorriu, risonho. – Preciso pensar… Muito. Tudo aqui é tão feio!

Ladirus os olhou, descrente.

Acabou rindo com o comentário de Rhistel e concordou após encolher seu corpo ao beijo carinhoso e caloroso dele:

– É uma cidade horrível. Você vai ficar nos devendo, e precisava ter em mente também que tem o melhor irmão e melhor amiga do mundo, Ladi. – Empurrou a perna do Dragão de Água ao esticar seu pé.

“Estou esperando sua ligação… Fayre enviou um minuto depois.

“Tudo bem., ele respondeu abrindo um sorriso para a mensagem. O Dragão de Água inspirou, franzindo o cenho e estreitando os olhos. Dois tontos. Ele abriu um sorriso largo e sorriso depois, negando com a cabeça:

– Eu sei. Eu os amo. – Ladirus disse, observando o casal com carinho.

– É, esse amor é prova que o meu namoro é muito firme! – Rhistel disse, gargalhando. – Assim, é muito firme mesmo!




Destiny observou Alicia passando e parecendo muito relutante em olhar para alguém uma que não fosse Nish. As duas estavam cochichando desde que chegaram os trajes, enquanto se vestiam. E não eram risinhos. Pareciam até preocupadas.

No fundo, Dessie imaginava sobre o que. Era terrível estar pensando em uma vida que não fosse a sua, mas estava muito difícil se concentrar. A Boggan ainda era virgem e a ideia do sexo era uma caixinha que ela tinha curiosidade de abrir, mas não havia encontrado a pessoa certa, em sua opinião. Enquanto vestia o short curto, desfiado e preto, fitava relembrando o que ouvira do quarto ao lado junto a Leah. Corou, endireitando-se. Nem conseguia se incomodar com a regata preta de decote cavado e trançado. Estava aérea e não se aguentava mais. Decidida, caminhou até Ártemis e a tocou sobre o ombro. Assim que o fez, a sala pareceu se preencher de silêncio…

– Arty. – Sussurrou, levemente eufórica. – Tudo bem com você…? – Ela pousou a mão no ombro da Pooka, afastando-se mais de Alicia e Nish.

No camarim, após darem algumas entrevistas rápidas para revistas, vestiam-se para performance ao céu aberto daqui algumas horas. A equipe tinha enchido o espaço com refeições, pois não haviam tido tempo sequer do café. Ártemis deixou que falassem e que a olhassem, quanto mais percebia que elas queriam saber, mais se sentia melhor com os rumores. Leah parecia a única tranquila sobre isso: Ártemis e o namorado haviam se deitado juntos noite passada, não era da sua conta, mas seria legal os detalhes se ela quisesse compartilhar.

A Pooka gata se encarava na frente do espelho e testava alguns passos da coreografia, subindo e abaixando. Confiante de si mesma e com um sorriso que Nish só conseguia enxergar como problemático.
– Você está linda, Dessie. – Ártemis abriu um enorme sorriso, subindo um pouco o próprio short para mostrar mais sua coxa. – Eu estou ótima. E eu sei que vocês querem saber como foi minha noite. – Disse mais alto ao restante do grupo no camarim – Eu não vou ter problemas em contar. Tive minha primeira vez! Pois é! Com o Ladi.

– Ah… Estou…? – A voz de Dessie quase morreu no final, processando a atitude desinibida da Pooka em fazer, literalmente um anúncio.

Afinal, apesar de adorarem se passar por maduras e vividas, Dessie tinha certeza que nem Alicia ou Nish já tinham tido tal experiência em suas vidas. Adoravam dar a entender que sim e provocar Ártemis com a sua virgindade declarada. Alicia se voltou para Ártemis com as mãos à cintura e sorriu seladamente.

– Eu ouvi. – Ela inspirou. Parecia reunir qualquer comentário maldoso.

Estava fingindo? Foi ruim? Pareciam o tipo de comentário que só soaria como afronta.

– Esse hotel não é muito privativo… – Destiny disse a Ártemis, ajeitando os cabelos levemente ondulados.

Leah acabou se aproximando com um enorme sorriso curioso e Nish fingia nem ligar, mas a olhava pelo reflexo do espelho.

– Desculpem se incomodei a noite de vocês. Eu nem dormi, sabe. Estava descobrindo o que era fazer amor de verdade. – Disse ajeitando os belos cabelos negros e longos. – Foi extremamente especial.

– Que legal, Arty. – Leah sorriu com sinceridade. – Como foi?

Nish olhou para o teto e negou, fingindo não querer saber.

– Bem… Ele estava morrendo de saudades e veio me visitar de surpresa… Vocês viram. – Dizia com um enorme sorriso e calma – Daí começamos a nos beijar e ficou quente… E aí eu disse que estava pronta para avançar e aconteceu. – O sorriso cresceu feliz no final. – Claro que eu fiquei nervosa e cheia de dúvidas… Mas meu puppy foi tão gentil. – Suspirou apaixonada – Bem… Vocês sabem como é primeira vez. Eu não preciso contar.

Destiny pousou as mãos sobre o colo. – Eu não sei de nada. Ainda não sei o que é isso! – Declarou. – Eu sou virgem. – Ela deu os ombros. – Também quero alguém especial para mim… Para que possa ficar assim, bem boba depois. – A Boggan abriu um sorriso enorme para Ártemis. – Então, sim, eu quero detalhes. Eu logo vi que estava para acontecer alguma coisa quando ele chegou todo perfumado.

Uma pontada de ser de fora do assunto deixou Alicia com uma sensação ruim no coração. Ela que sempre fora muito amiga de Ártemis…. Cruzando os braços, meio relutante, a Satyr se aproximou com um ar superior, mas curioso…

– É imperdoável se você não fez um bom uso daquele homem. – Declarou. – Pelo menos, tocou em tudo?

Leah ficou próxima e se sentou em um puff para a olhar. Ártemis se enchia com a curiosidade delas e ficava mais confortável a dizer.

– Bem, eu toquei em tudo obviamente. Vocês viram o corpo do meu namorado. É muito perfeito… – Sentou-se na mesa de maquiagem, de costas para o espelho.

– Ele tem um corpo surreal. – Leah assentiu rapidamente, e Ártemis a olhou como se não tivesse dado o direito de comentar sobre o corpo dele – só a Gata podia.

– Enfim! – Sorria – Tiramos as roupas, ele me beijava inteira e me tocava… Eu achava que ia ser uma experiência ruim, mas ele me deixou tão excitada que nem senti dor direito… Só que foi difícil no começo.

– Porque você era virgem. – Leah concordou. – Mas já é algo muito grande não doer…

– Sim. – Ártemis dizia com sorrisos genuínos e bobos – E ele não é nada pequeno em lugar nenhum. – Declarou com seriedade. – Eu olhava e dava até receio. Eu sou tão pequena.

– Que tamanho? – Leah perguntou curiosa.

– Assim… – Ártemis tentou medir com a distância entre as mãos. – Acho que isso…

Leah abriu bem seus olhos claros e Nish, sem perceber, estava perto para escutar, também surpresa.

Alicia cobriu a boca para gargalhar com a espontaneidade da Kithain! Depois fechou os olhos, tímida.

Destiny observava o ambiente com um olhar parado e distante. – Bem… Não parecia pequeno… Pelas roupas que ele usa nos shows. Até comentei com a Leah dia desses que a Blair deve ser uma mulher muito feliz também… – Comentou, piscando os olhos devagar. – Que dupla.

– Destiny não aguentou a notícia! – Alicia ria. – Eu ficaria intimidada! Você disse que ganhou um vídeo… Cadê?! – A Satyr brincou, cutucando a Kithain, fazendo-lhe cócegas. – Cadê esse vídeo?!

– Alicia! Que horror! – Destiny a olhou, corada. – Você quer mesmo ver?!

– Você também quer ver! – Alicia protestou.

Destiny expressou tristeza. – Ah. – Suspirou. – Deus me perdoe, eu quero sim. – Cobriu os olhos. – Mas não faça essa divulgação assim do seu namorado, Arty! Não faça, viu! – Começou a rir, tímida. – Ah… Mas e o fato dele ser um… Bom, um Dragão?

Ártemis riu das cócegas e se afastou ao se erguer da penteadeira, negou:

– Já querem demais! Já falei muito mais que deveria também. O puppy é meeeeu.

Leah ria igualmente e se entreolhava com as meninas.

– Ah! Ele tem Fúria, um pouco… Igual os Garou. – Explicou – E ele fica com garras, às vezes, mas não me machuca. Ele foi gentil do começo ao fim. Eu que acabei o arranhando muito.

– Que felina selvageeem. – Leah provocou risonha e Nish acabou rindo também.

– E acho que ele tem muita energia também. – Ártemis falava entre risos – Ficou excitado a noite toda. Até durante o cochilo.

– É que você é muito gostosa também, né, gata.

– Como o coitado dormiria com toda essa bunda toda pra olhar! Duvido que ele dormiu! – Alicia ria.

Ártemis virou o rosto e percebeu que foi Nish que havia dito a última frase. A Pooka sorriu animada pelo carinho delas e caiu no riso com as outras.

– Esse sangue latino fez todo o trabalho! – Alicia ria. – Tenho certeza que ele nunca mais vai te ver rebolando da mesma forma… Acabou a inocência!

– Ai, gente! Eu também queria um namorado… – Destiny admitiu, timidamente. – Preciso visitar essa sua ilha, Arty. Eu preciso conhecer um boy magia também. Você dançou para ele?

– Duvido. Esqueceu… – Alicia gargalhou. – Só se lembrou da parte que não gosta de cantar: Come harder just because… I don’t like it, like it too soft. I like it a little rough… Not too much, but maybe just enough! – A Satyr cantou, mesmo entre os risos. – Não vem dizer que fizeram só amorzinho que eu não vou acreditar!

– Nossa, meninas, eu estou ficando com vergonha. Nunca falei dessas coisas assim… Aff. – Destiny cobriu o rosto de novo com as mãos, calando-se, mas ainda rindo.

Perdeu toda a cor quando a porta se abriu e Blair, Ladirus e Rhistel adentraram. O Dragão de Água estava com a mesma veste do dia anterior, mas não trajava a jaqueta de couro. Fazia calor o suficiente para pedir por algo mais leve. Ele abriu um sorriso levemente incerto perante ao clima descontraído e risonho delas e caminhou em direção à Ártemis primeiramente, roubando dos lábios risonhos um selinho demorado antes de cumprimentar cada uma das meninas com beijos no rosto.

As vozes e os risos pararam quando a porta se abriu, mas a essência descontraída ficou no ar quando entraram. Ártemis abraçou Ladirus e o beijou carinhosa. Conforme o Dragão de Água passava e beijava cada uma em cumprimento, Blair notou que bastava ele dar as costas e os olhares das outras integrantes era sem censura. A Pooka Gata chegou a dar uma cotovelada em Nish que desviou o rosto para Rhistel e Blair e acenou com simpatia polida. Blair costumava ser educada o suficiente para cumprimentar cada um, mas os feromônios estavam tão presentes na cena que segurou a mão de Rhistel e acenou de longe. Mas precisou ir até elas de qualquer modo para cumprimentar Ártemis e também as beijou uma a uma. Infelizmente, Blair sentiu uma leve impessoalidade de Ártemis na hora de ser abraçada… A Kithain comportou-se sem jeito com Rhistel e Blair, tentando não parecer sem graça. O Dragão de Gelo sentiu o forte limite velado imposto e realizou cumprimentos breves. Conhecia aquele olhar de longe. Um olhar tão perigoso quanto excitante. Blair conhecia ser tão docinha quanto um demônio de neon, se quisesse. Sexy, mas perigoso.

– Que legal que vieram… – A Pooka sustentou o sorriso. – Rhis e Blair…

– Unidos, sempre. – Rhistel abraçou Ártemis com mais intimidade.

– Não esperávamos! – Nish tentou não checar tanto Rhistel, mas foi inevitável quando ninguém olhava. – Nossa! Blair Valerius!

Rhistel fez como quem nem notou os olhares peculiares que ele e, principalmente, os seu irmão estavam recebendo das garotas. Nem precisava pensar muito para deduzir sobre o que falavam. Até quis elogiá-las. Ártemis, Leah e Nish estavam muito lindas! Bem, elas eram muito lindas. Alicia estava com o cabelo um pouco esquisito e Destiny, apesar de uma pessoa incrível, estava sempre esquisita para o Dragão de Gelo. Decidiu não se atrever a elogios.

– Que surpresa boa! Meu deus, até a Blair! – Leah tentou não se empolgar demais no abraço apertado nos três – Assistimos o show ontem pela televisão. Foi tão legal! – Leah disse empolgada. – E vi a apresentação que você fez com a Fayre também, Ladi. Que lindo ficou.

– Ah! Você viu? Foi um dia bem cansativo, mas eu descobri que adoro ver o público vibrando. – Ladirus sorriu para Leah, radiante. As mãos fortes pousaram na cintura de Ártemis e ele a envolveu carinhosamente.

Para variar, Ladirus não notava a inspeção que sofria. Nem o assunto delicado levantado. Nesse momento Blair viu Ártemis abaixando o olhar brevemente, e as mãos que se entrelaçaram brevemente diante do corpo. Essa história iria longe…

– Nós vamos ver a apresentação do bastidor. – Blair explicou. – Parabéns pelo sucesso meninas.

– É, parabéns! Estão indo muito bem! – Rhistel disse.

– Teremos que arrasar hoje, então! – Alicia disse, aproximando-se de Blair e Rhistel arrancando o boné da cabeça do Dragão de Gelo. – Ah, você devia deixar o seu cabelo assim…

Alicia… Você quer morrer. – Não! Eu sinto falta do meu cabelo. – Rhistel esticou o braço para pegar o boné, mas Alicia se afastou, vestindo-o. – Ahm… Melhor irmos, Bee… Logo elas serão chamadas e tudo o mais. – Ele se voltou para Blair, beijando-a em um selinho breve.

Ártemis abraçou Ladi quando agarrada pela cintura e permaneceu com um novo sorriso.

Blair acompanhou a interação desinibida de Alicia com seriedade, e, claramente, não a deixaria ficar com o boné mesmo após o selinho apaziguador de Rhistel. A loira andou calmamente até Alicia quando a morena parou de andar, e pegou o boné de volta com um sorriso educado, embora o olhar congelado fosse firme. Blair andou de volta a Rhistel e devolveu o acessório em sua cabeça, e então o beijando em um selinho de novo.

– Melhor irmos. Boa sorte, meninas. – A maga acenou simpaticamente.

Minha garota perigosa. Rhistel esboçou um sorriso tímido para as meninas, ainda surpreso com a imponência, embora não deveria. Para alguém que intimidava Dançarinos da Espiral Negra, o que seria uma fada com asinhas que queriam voar demais?

Leah sentiu vergonha por Alicia e negou discretamente. Nish também a olhou: como assim? Ártemis acompanhou a ex melhor amiga sem compreender, e também agarrou seu namorado mais forte, afastando-se apenas um pouco para ver a mensagem que recebeu com o toque de Aisha…

– Aisha está vindo mesmo! – Ártemis comemorou muito animada – Vai dar tempo de ver a performance. Vou dizer que vocês estão aqui e vão ver também.

Nish piscou os olhos lentamente e se virou para voltar a se arrumar. Leah abriu seu sorriso perdido. Ladirus sentiu a tensão no ar e arqueou as sobrancelhas. Alicia parecia simplesmente não se importar com a censura. Raramente via Blair se impondo, pois nunca precisava. Os dois eram um casal tão grudado que parecia forçar querer se intrometer. Alicia sequer tem intimidade com eles

– Tudo bem… – Ladirus a tocou no rosto, buscando por seus lábios. – Eu vou lá com eles para não atrapalhar as meninas, gatinha. – Sussurrou, mordendo-a no lábio inferior. – Estou ansioso para te ver… – Beijou-a em breve profundidade carente antes de se afastar.

A visão de palco assistiriam do telão no backstage e Rhistel até agradeceu à privacidade longe do público, embora a produção não parasse de passar por ali. Ele abraçou Blair pela cintura, afastando fios do cabelo loiro claro dos seus lábios de coração. Os olhos verdes e sérios fizeram-no morder o sorriso, intimidado:

– Eu te amo, sabia? – Ele sussurrou, observando-a. – Ela só quis aparecer. Todo mundo sabe que eu amo você… Todo mundo.

– Todo mundo mesmo. – Ladirus concordou ao se aproximar do casal.

Blair nem percebeu que havia continuado séria. Quando escutou a palavra carinhosa, o sorriso voltou a iluminar seu rosto por um breve instante.

– Eu sei… Apenas não achei nenhuma graça. Não quero que mexam no meu namorado. – Sorriu com discreta malícia e maldade no olhar. – Só… Não. – Beijou-o em um selinho e observou o telão.

– Se ela tivesse reparado no seu olhar, ela não teria nem olhado para o meu boné. – Rhistel afirmou. – Esse olhar de mulher que me deixou até de pernas moles.

Aisha entrou no ambiente com Veronica, perto do momento em que Ártemis entrava no palco. As duas tiraram o óculos de Sol do rosto e Aisha deu um grito animado.

– Ah! Meus favoritos! – Disse a Aparentada. Ela largou a bolsa em um banco e abraçou Ladirus primeiro, depois Rhistel e Blair. Veronica seguiu os cumprimentos. – Eu não tinha ideia que estariam aqui até a Arty falar. Está tudo bem, não é? Ela está segura, quero dizer.

– Ash… Bom de te ver. Ela está sim. – Ladirus afirmou no mesmo instante, tranquilizando-a. – Um pouco… Eu acho que ela está passando por pressão e o clima entre as garotas não está tão bom… Eu não sei se ela está gostando do rumo da girlband… Vocês duas devem saber mais ou menos o que é isso… – Ele se voltou para Veronica. – Sabem… Estresse…

– Quando chegamos, elas pareciam bem… Mas, ahm… Eu acho que esta instabilidade é normal… – Rhistel abraçou Blair às costas, observando de Aisha a Veronica. – Não sei, o que vocês acham? Eu achei esse último single meio… – Rhistel não terminou e ergueu os olhos para o palco ainda vazio no telão.

– Eu acho que estão passando por estresses e a ansiedade faz pensar menos. Alicia fez gracinha com o Rhistel. – Ladirus disse, indignado.

– Nossa. – Veronica riu da última informação – Corajosa.

– Deus… Essas meninas são fim de carreira. – Aisha revirou os olhos e negou.

Blair dispôs um discreto sorriso e pousou as mãos carinhosamente sobre o braço de Rhistel.

– Bem… Arty sabia o que iria acontecer… Eu a avisei. Essa sexualização é normal. – Aisha lamentou, parando ao lado de Ladirus. – Mas eu tenho um plano. Vocês vão ficar até a noite?

– Acho que sim? – Blair fitou Rhistel.

– Ahm… – Rhistel se voltou para Blair, abrindo um sorriso sem jeito. – Acho que sim? Eu te que pergunto, Bee… – Ele a apertou no abraço, rindo e roçando o nariz ao dela levemente. – Você me falou que tem um dia todo de filmagens amanhã. Eu e o Ladi só temos a apresentação e mais uma entrevista ridícula mais a noite…

– Eu consegui uma festa VIP com alguns nomes importantes da música atual. – Nikki explicou e riu, entreolhando-se com a amiga – Aisha está empolgada sobre a carreira da agenciada dela.

– Aisha é um anjo. – Ladirus abraçou a Aparentada, sorrindo para ela ao se afastar. – Você não sabe, mas eu mando bênçãos para você todos os dias. Sei que faz muito pela Arty…

– Awn. Obrigada! – Aisha o agarrou pelo braço e ficou perto dele. – Eu vou levar a Ártemis para essa festa. – Aisha explicava – Eu tenho um amigo interessado na carreira solo dela e tem algumas músicas para a voz dela. E dois rapazes cantores muiito famosos que se interessaram em promover alguma canção com a Arty. Direito a clipe e tudo. Preciso apenas ver se ela vai entrar de férias mesmo… E apresentar ela por essa festa. Essa fase é temporária, felizmente.

– Eu não acho que Arty ligue de ser sexy… O problema são as letras. Arty é sexy… Ela só não quer ser vulgar. – Ladirus dizia, coçando a cabeça. – Eu espero que dê certo isso. Eu vou de qualquer jeito. E vocês?

Blair sorria com os carinhos e pensava. – Eu não tenho certeza se consigo. Talvez eu só saiba na hora… Mas se você quiser ir. – Disse a Rhistel – Às vezes a Annik ou a Nyra o acompanham. Elas adoram essas festas.

Rhistel apenas esboçou uma careta, negando discretamente.

– Ah… – Aisha respirou fundo – Queria que fosse. Mas tudo bem se não der. Aqui rola quase toda semana. Estou apenas aproveitando que a Arty está aqui e tenho alguns conhecidos.

– Não é tudo isso também. Se fala muito de negócios e muita armadilha. – Nikki inspirou e negou ao se lembrar das suas primeiras festas – Vale pela bebida.

– Mas eu sei lidar com essa gente. – Aisha disse e pegou o celular para enviar mensagem repentinamente. Pela quantidade de mensagens que Blair sabia que Polaris recebia por dia, provavelmente era a ele que ela digitava.

– Talvez… Acksul poderia vir? – Rhistel arriscou, pensando no irmão e na conveniência.

– Esquece. Jullian não vai deixá-lo sair da ilha depois de dias e dias filmando episódios de série… – Ladirus disse mesmo instante. – Acksul vai ficar de castigo por uns dias.

– Ross…? – Rhistel arriscou.

– Ross… Ah. Eu não sei, não… – Ladirus acariciou o braço de Aisha ao seu. – Eu acho que Rosstrider nem viria.

– Ele é o cúmulo da simpatia… E pelo menos ele já conhece a Aisha e a Nikki. Não ficaria perdido. – Rhistel disse, sem entender. – E adora uma festa. Bem, tem o Connor.

Ladirus apenas fitou Rhistel de soslaio. Vai ficar o Tayrou também?!

– Vão entrar. – Nikki apontou para o telão quando as cinco entravam desfilando no palco.

– Ártemis está linda. – Ladirus fitou a tela, empolgado.

O som do lápis correndo pelo papel era mais alto que o som da música pop que começou a tocar, abafando completamente ‘Worth It’. A ponta correria com agressividade, dando forma ao manto negro e as mãos retorcidas e ossudas com uma pele flácida pendente. Charlotte, Kali Eld, como Blair a conhecia, estava curvada sobre uma mesa de desenho. Os cabelos lisos e negros escorriam pela madeira enquanto ela desenhava desesperadamente, tentando não perder os detalhes do pensamento vivo. A Maga estava vestida de calcinha e sutiã pretos e rendados, à vontade em sua casa Umbral. O suor corria por sua face pálida e os seus olhos muito grandes de destacados em seu semblante mal piscavam.

Blair tentou se animar com a performance, e não entendeu porque o som estava tão distante na sua mente. A Maga entreabriu os lábios quando o som de lápis ficou mais forte em sua mente, abafando todos os outros… Coçou sua cabeça entre os fios loiros, e não sentiu mais estar próxima de nada, embora enxergasse a todos. Olhou por cima do próprio ombro e o de Rhistel que a abraçava. Percebeu a mesa e a menina que escrevia debruçada sobre ela. Afastou-se com passos devagar do Dragão de Gelo, e seguiu em direção a mesa… Parou ao lado de Charlotte, e pousou seu olhar nela intrigada e depois no desenho. Blair estendeu a mão no espaço e tocou os dedos ossudos do desenho. Os olhos verdes e claros retornaram a Charlotte.

– Kali…?

– Porr-!

Kali se levantou de qualquer jeito, espantando-se como um gato saltando para trás. A cadeira atrás de si caiu, mas sem som. Ela observou por cima do ombro e não enxergou o móvel caído. Sua respiração começou a se transtornar juntamente com o coração que atendia ao impulso do estresse.

– Blair. – Ela sussurrou, abrindo as próprias mãos trêmulas. – Eu estou dormindo? – Sussurrou, voltando-se a ela lentamente, os lábios entreabertos e os grandes olhos atentos. – Curvou-se para tocar a mesa, mas não sentiu. – Não… – Ela pestanejou. – Você me trouxe aqui…?! – Ela observou ao redor. Havia cores, mas tudo se embaçava sem que ela pudesse ver. – Eles os trouxeram… O Agoureiro. Eles o trouxeram…

Acompanhou os olhos de Charlotte, sentindo a pressão do próprio corpo baixar. A tontura chegou leve à sua mente, e não conseguiu fechá-la antes que tivesse ciência que a conversa com Kali trazia Meris de si. Os olhos da Maga brilharam em um forte dourado por alguns segundos, pó amarelo flutuando pelas águas verdes de suas íris anunciavam a chegada, e continuaram sob Charlie com interesse.

– Ainda não. – Negou lentamente, sem retirar os olhos dela. A voz da maga soava mais baixa e com uma maciez fria – Ainda não. Entendo… Agora, entendo. – Ofegou com os lábios entreabertos, que discretamente expressaram um sorriso. – Estão tentando. – Desviou o olhar para o desenho perfeito sobre a mesa e negou lentamente: – Por isso o sangue coletado. Os Rituais reiniciados. A energia de Elara buscada.  Você pode sentir?

Ela acompanhava cada mudança que ocorria no semblante de Blair, temendo a realidade que não queria acreditar. Ela já havia visto os olhos amarelos em sonhos que pareciam muito vivos naquele momento, todos eles carregados de um despertar doloroso. Meris e Kallisto não se davam bem e sequer se toleravam, mas estavam sendo obrigados em prol da própria existência a ceder as antigas diferenças. Como Charlie sabia disso? A informação chegava em sua mente como um pensamento jogado à força dentro do seu consciente. Ela sentia um turbilhão vir de dentro e de fora, como se dentro de fora já fossem a mesma coisa. Diferenças já não importavam mais.

“Eles precisavam matar um Dragão… Um dos seus queridos Dragões…”, Charlie sentiu mãos quentes pousando em seus ombros. Olhou-se no ombro esquerdo e viu os ombros dedos pálidos e as unhas verdes e longas como garras. Kallisto era bela, mas odiava ser vista. Estava bem ali, atrás de si…?

– Sei… Que estão fazendo um… Tentando. – Charlotte murmurou, chorosa. Sentia medo e tormento. Estava enjoada e gostaria de simplesmente desmaiar. Ela pestanejou. – Sei… – Ela fitou os olhos amarelos, sentindo o corpo se arrepiar. – Por favor… Me tire… – “Nos tire aqui”, sua mente gemia. Ela sentia a paisagem mudar. – Eu não quero ver…

“Por que não tentaram matar Ras Algethi?”, Kallisto perguntava. Sua voz etérea e refrescante como uma brisa entre os galhos de uma mata fechada.
As expressões de Blair vagavam entre o interesse e a diversão mórbida da situação. A pele dos seus braços estava arrepiada, e o nariz se franziu rapidamente, sentindo uma agonia prazerosa com a presença de Kallisto.

– Eles não fariam isso. Não são tão estúpidos… Ainda. – Ignorava o pedido de ajuda de Charlotte com fácil frieza. – Mas a estupidez e o desespero os deixa confiantes. Talvez tentem agora. – O riso de Blair foi cínico e breve, a seriedade retornava a seu olhar profundo – O que você está vendo…? Mostre-me, Kali… Me entretenha.

“Doença”, Kallisto sussurrou.

Charlie fechou os olhos com força quando sentiu a pressão dos dedos em seus ombros. A brisa cortou seu corpo quando se sentiu se movendo e ela gemeu, abrindo os olhos quando o ar estagnou, seco e fétido. Os seus pés nus e as botas de Blair tocavam um chão de concentro sem acabamento. Os gemidos não eram mais os seus. Charlie ergueu levemente o olhar, enxergando as pernas fortes e nuas de Kallisto. Ela se afastava e Charlie não quis se mover, mas enxergava o que ela enxergava.

As pessoas estavam amontoadas em um canto da casa quadrada e sem janelas. Em geral, adolescentes ou jovem adultos. Rostos cobertos de verrugas, peles descamando ou deformadas por por tumores ou feridas. Uma garota nua da cintura pra baixo gemia com as mãos segurando um órgão similar a um pênis que parecia se alongar e crescer.

Uma criatura hominídea se alimentava no fundo, curvada sobre um cadáver – ou prestes a ser. A criatura cinzenta e escamosa mastigava a barriga aberta que enchia o ambiente com um forte odor de fezes. A mão da vítima ainda sofria espasmos.

“Estão cheio deles… Os currais…”, Kallisto disse, “Os restos se tornam material dos rituais. Não sei quem é a nova Mensageira, mas desconfio que ela esteja bem perto… Tão perto quanto Blair estava… Charlie tem investigado. Polaris foi convincente”.

Os olhos arregalados de Kali que os passos de Meris com atenção acabaram se desviando para as pessoas ao canto da sala, enxergando o sofrimento em seus semblantes onde uma transa simplesmente os carregara até o fim da linha…

O manto negro se arrastava pelo chão úmido e putrefato enquanto os olhos de Meris passeavam pelo ambiente conformados com a destruição local, confirmando a tentativa de trazer Agoureiro de volta à existência.  A Entidade se alimentava do sofrimento mórbido de seus pacientes, e foi identificável que não se tratava apenas de Wyrm, mas do Avatar impronunciável.

– Não é nenhuma “nova” Mensageira. – Desviou o olhar da podridão para Kallisto e o que conseguia enxergar dela na névoa escura que o ambiente se limitava. – Mas alguém que sempre esteve perto… – Informou cheia de convicção. – Porém… Não importa quem. O buraco vai ser sempre preenchido como uma nova engrenagem. Mas como interromper…  – Franziu o cenho – Como… Assassiná-lo de vez…

“É uma questão sem resposta”, Kallisto respondeu. Os seus braços fortes e definidos se cruzaram. “Estudos… Talvez. Eu não sei como alguém me sequer eliminaria. Será uma única resposta”. Houve uma pausa. “Não são poucos que estão infectados e o mundo humano está segurando a informação. Famílias estão sendo caladas como? Quantas pessoas dentro da mídia ou um grupo que está tentando resolver sem causar alarde?”. Ela se aproximou de Meris. Os seus olhos verdes surgiram entre a névoa: firmes e imponentes.

Parou diante de Kallisto, Meris encarou-a até Kali e expressou algum humor. Sua curiosidade retornou a imagem mais revelada de Kallisto, e seu corpo não se afastou conforme a aproximação da imagem humana e uniforme que ela possuía.

– O mundo humano não me interessa. – Respondeu na voz calma – Há pessoas para investigar isso e trazer respostas. Apenas preciso da pergunta certa, e a resposta pode ser encontrada com facilidade contra Agoureiro.

Blair caminhou até um corpo caído, cheio de protuberâncias na pele e se abaixou ao lado como se pudesse tocar o rosto do jovem. Segurou-o firme entre as mãos pálidas e fitou de um lado ao outro. Soltou-o rapidamente e começou a caminhar perto de outros espíritos, virando-os com o pé e aproximando-se ao procurar imagens para estudo.

– Continue investigando para Polaris. – Encarou Kallisto – Eu os auxiliarei.

Descrente, ela o olhou de soslaio, meneando a cabeça em desaprovação. “Vivemos nele. É melhor que ele comece a te interessar sim, Meris…”. Kallisto disse, ríspida. “Não cometa o mesmo erro do Agoureiro e pense que és invencível. Goetia nunca foi tola ou quieta. Eles nunca param. Conversaremos em breve, se a sua garota permitir que você apareça…”.

Observando Meris, Kali se abraçou. Sentiu a presença forte de Kallisto subitamente às suas costas, apertando os seus ombros antes do ambiente inteiro se dissolver.

O sorriso foi de sarcasmo para Kallisto e o rosto negou lentamente. – Você já deveria saber mais sobre mim a essa altura.

Lentamente a distância foi sendo criada e Blair se viu assistindo a apresentação. O cheiro de doença estava tão forte na sua memória que foi estranho relacionar o local com o odor. A Maga fechou suas expressões e cobriu a boca e o nariz… Sua respiração passou a acelerar e fitou Rhistel.

– Eu preciso voltar… Para a Ilha… – Passou a ofegar e sentir o coração palpitar. – Agora…

Preocupado, o Dragão a envolveu num abraço protetor enquanto observava os seus olhos. – Bee… O que foi? – Sussurrou, perdendo-se da apresentação sensual do telão para os olhos verdes. – Você ‘tá gelada… – Ele suspirou, inibindo o próprio frio do corpo. – Aconteceu alguma coisa…? – Os dedos mornos a acariciaram no rosto. – Nós vamos, já, já…

“Blair?”, era a voz de Polaris. “Como isso aconteceu…?”.

“Eu não sei… Mas Meris quer falar comigo agora. Eu vou entrar em transe. Eu não sei como” Blair fitava Rhistel sem parecer enxergá-lo.

– Aconteceu. Eu preciso ir a Ilha agora. Não consigo mais adiar. – Dizia agitada. – Vou teleportar de volta.

– Se vocês precisam ir, eu vou ficar de qualquer modo. – Nikki os olhava após notar a alteração de humor de Blair.

Sem entender o que estava acontecendo, Ladirus se voltou para o casal buscando por uma explicação de Rhistel.

– Eu vou voltar com ela. – Rhistel disse ao irmão. – Cuidem-se. – E fitou de Aisha a Veronica brevemente. – Não se separem, tudo bem?

– Tudo bem. – Ladirus concordou, olhando-o ainda sem compreender a urgência.




Performance agitada da parte de Ártemis, saindo do script mais do que nunca e assustando as suas companheiras de palco. Tá ligada na tomada! Leah fitou Dessie com os olhos arregalados no comentário interno. Nish entreolhava-se com Alicia  sempre que podia, mas sem comprometer a discrição. Cantava fora do playback, solos de voz, jogando os famosos cabelos latinos de um lado ao outro e dançando em um entusiasmo que não se via nas outras meninas. A rua no centro de Las Vegas estava lotada, com mais pessoas do que o previsto, e a segurança reforçada de última hora.

Quando deixaram o palco, Ártemis foi a última a sair, mandando beijos e pegando presentes que as fãs lançavam – auxiliada pela equipe de segurança a deixar o local.

– Eeeeee! – Ártemis se agarrou no braço de Dessie e Alicia, saltitando de volta para o backstage depois da equipe técnica ajudarem a desativar os microfones. – Que show! Quanta gente no meio da rua!

– Você tem que parar de mudar a música… – Nish reclamou, mas não continuou porque já era exaustivo.

– Nossa, eu acho que torci meu tornozelo. – Leah sentia-se estranha ao pisar no chão. – Só mais duas apresentações, ainda bem…

– Não vejo a hora de ver minha família. – Nish disse cansada.

– Eu também tenho saudades do meu pai. – Leah concordou. – Ficar em casa, esticar os pés. Andar de pijama o dia inteiro. Oh, olha… Sua família parece que está aí, Arty.

Entre os três, Connor era o mais alto e aquele que também dificilmente seria visto num local como aquele se não fosse por um grande incentivo. Um milagre que estivesse tão perto da mídia. O rapaz musculoso de quase um e noventa sorria de escanteio quando a viu, com uma provocação velada. Ele e Rosstrider tinham chegado cedo o suficiente para assistem a metade do show.

O sorriso de Ross se estendeu mais livre para Ártemis, brindo-se todo no gesto carinhoso. Ladirus até achou agradável ver o show com eles, ouvindo os cômicos comentários de Ross e presenciando os terríveis olhares de Connor. O Dragão de Água não se moveu, dando espaço para que ela os cumprimentasse primeiro.

– Para quem não dançava nada…! – Ross se aproximou primeiro, envolvendo-a num abraço apertando e erguendo-a no ar.

– Foi de tanto ver ‘Shake It Off’. – Ladirus brincou. – Treinou muito com o vídeo. – Ele se voltou para Aisha.

– O que tem nesse vídeo, Srta. Arnezeder? – Connor perguntou, voltando-se para ela igualmente.

– Eu ‘tô suada! – Ártemis avisou Ross antes de agarrá-lo, pendurado-se e tirando brevemente os pés do chão. – O que vocês estão fazendo AQUI! – Ela gritou e encheu o rosto do Dragão de beijos carinhosos. Quando se afastou, agarrou Connor com as mesma intensidade. Compensando toda a falta de contato dos telefonemas distantes.

Era mais fácil demonstrar firmeza quando bem longe dela. Connor sentiu o seu coração disparando. O órgão geralmente tranquilo já não tinha tanta paz desde que ela abraçou o mundo para viver o seu sonho. Ladirus não deixou de notar o carinho todo dos abraços e beijos, sentindo-se levemente pensativo enquanto os observava.

Além de ter o namorado ideal, Ártemis também caia na felicidade de familiares lindos e próximos. Dragões que podiam voar para onde ela estivesse. Nish sofria com o pai meio presente, e Leah não podia pedir que seu pai estivesse presente no mundo sobrenatural. Ela tinha irmãos pequenos que ele criava com sua mãe além do mais. A parte mais insuportável da visita era apenas Aisha. Mas as meninas cumprimentaram todos. Destiny era órfã e tudo o que possuía na vida era a Mixórdia. Alicia não parecia que sentia saudades de casa, apesar de ter uma família muito próxima e carinhosa.

– Shake It Off é pura comédia! – Aisha negou e riu. – Ai meu Deus. Você estava incrível, Arty!

– Da onde nasceu tanta energia? – Nikki riu, ainda impressionada.

– Ártemis é sempre assim. – Leah disse com um riso. – Difícil desligar da tomada! Mas anima a gente todo dia antes de sair do hotel. Me ajuda muito…

– Sai, minha vez de abraçar. – Aisha entrou na frente de Ladi e agarrou Ártemis quando ela finalmente soltou Connor.

Ross fitou Aisha, mas se voltou para as demais meninas, cumprimentando-as uma por uma com beijos no rosto enquanto Connor preferiu apenas acenar.

– Vocês estão com caras de que quem a suas camas… – Rosstrider brincou, risonho. – É cansativo, imagino… Ficar pra lá e pra cá. Vocês estão tão diferentes de quando tudo começou. – Confessou, cobrindo os lábios com mão. – Assim, muito.

– Espero que mais bonitas! – Destiny sorriu, simpática. – Porque eu já não aguentava mais ser feia.

– Não, Destiny. Você nunca foi feia! – Ross riu, franzindo o cenho.

– Sabe o que é isso? – Alicia apoiou a mão no ombro do Dragão. – Dinheiro. Dinheiro atrai beleza.

– Antes usávamos roupas de garotas de doze anos. – Nish respondeu rindo – Acho que condiz melhor com a nossa idade agora.

Ladirus se aproximou de Leah, esboçando um sorriso selado para a Pooka. – E você? Eu nem te perguntei como está se sentindo sabendo que cada cidadão americano sabe o seu nome agora.

– Eu ainda não me acostumei. – Leah confessou a Ladi, parando ao lado do Dragão – Parece que tudo é uma férias e logo acaba. Ainda nem pude curtir meu dinheiro. Sossego. Viver de quarto em quarto de hotel ainda não é o ideal… Mas logo vai melhorar. – Ela sorriu otimista – E para vocês? – Mas seu olhar lentamente se desviou a Ártemis e Aisha:

– Você é incrível, Arty. Por isso os fãs te adoram. Olha… Vai ter essa festa a noite. Em uma cobertura, cheio de pessoas da música. – Aisha explicava, tocando os cabelos negros da Changeling – Eu vou te levar, te apresentar alguns amigos. Mas eu vou te dar mais detalhes depois. Ladi, Nikki vão… Vocês dois estão convidados também. – Aisha fitou Ross e Connor convidando-os, animada.

– É sério!? Eu… – Ártemis se demonstrou surpresa.

– Sim! Caleb, Mac Murder, Andre Darrow. – Aisha enumerava os nomes tocando os dedos. – Mas respira. É melhor irmos fazer compras primeiro. Já aluguei a loja Shine Stone para comprarmos roupas.

Ártemis deu saltos de comemoração.

– Eu agradeço, Aisha, mas ficarei na retaguarda só por garantia. – Connor disse com um sorriso selado. – Eu não sei me portar em festas. Seria um desastre.

Nikki percebeu a decepção crescente das outras integrantes que não foram convidadas… Aisha nem fazia questão de olhá-las muito.

– E vocês também meninas. – Nikki disse às quatro, e evitou o olhar de Aisha a todo custo. – Eu consegui para todas.

A emoção de Destiny foi tão abundante que ela não conseguiu se conter dentro de si e somente não abraçou Veronica porque estava suada, mas apertou as suas mãos sem conseguir dizer nada. O desprezo da Aisha e a salvação de Nikki tinham sido emoção o bastante para poucos segundos de conversa. A morena a respondeu apenas com um sorriso humilde e afastou as mãos delicadamente, acenando com uma delas e murmurando ‘que é isso’. Aisha fitou a Garou, mas nada disse além de uma olhada torta. Ártemis retornou para o lado de Connor e ficou abraçada ao Dragão carinhosamente.

Aisha sempre as desprezava. Alicia imaginava que deveria ter a vontade de ser mais sensual do que ela se permitia ser. Inveja. Tinha certeza. Tão magrinha! Orgulhosa só porque ganhou um pouco de coxa. Ela se voltou para Rosstrider que apenas observava o ambiente sem querer se meter na guerra indireta. Os olhos escuros do Dragão foram até Nikki e ele piscou um dos olhos. “Defensora dos pobres oprimidos? Você?”, provocou-a em uma mensagem mental.

“Eu?” Veronica se divertiu com a mensagem “Talvez! Mas você está comigo nessa, senhor você-sempre-foi-linda” Ela piscou um dos olhos de volta discretamente, humorada.

“Oh… Você me pegou”, Rosstrider respondeu com um riso.

– Ah… – Ladirus se voltou para Leah quando notou que a fogueira da desavença havia sido apagada. – Está muito divertido. Bem mais do que eu esperava. – Ele mordeu o sorriso. – Eu me divirto bastante com tudo. Nós vamos gravar futuramente ‘House of Gold’, a canção que o Ras escreveu para a Blair… Bem… – Ladi captava um leve desânimo naqueles belos olhos claros… – Eu acho que vocês dois deveriam fazer algo juntos, sabe… Eu acho que a sua voz combina com a dele e… Seria legal. Um cover ou algo assim…

– Eu?! – Leah quase deu um sobressalto – Sério? Comigo? Não… Eu não sei! Quer dizer. – Ela ficou nervosa apenas com a ideia. – Você acha…?

– É! – Ladirus respondeu, estranhando a surpresa dela, arregalando brevemente os olhos. – Eu… Acho. – E o tom de voz passou a ser um sussurro. – Rey também já me falou que quer fazer algo contigo… E eu pensei se você não faria conosco também. Eu e o Rhistel amamos a sua voz. Bem… Se puder, você é muito mais famosa agora e… Enfim. Pense com carinho. – Ele piscou um dos olhos para ela. – Por favor.

– Eu não sei vocês, mas preciso de um banho. – Alicia anunciou. – E da minha maquiadora. Essa festa só deve ter gente chique, não?

– Mais do que chique. Importante. – Aisha a corrigiu e as lembrou: – Mas as compras eu apenas reservei para mim e para a Arty. Tomamos um banho e vamos, ‘tá?

Alicia esticou um sorriso selado em seus lábios e voltou-se para Destiny, girando os olhos em descaso. Destiny apenas sorriu sem jeito. O que importava era que estariam presentes!

Ártemis concordou, estava tão feliz que irritava ou contagiava. Os olhos da Changeling pararam em Ladi por uns minutos, risonha, antes de seguirem para o hotel. Ladirus a encarou de volta enquanto caminhava, desenhando um sorriso e mordendo-o.




O hall de espera já era um monumento à parte, com os seus quadros iluminados por luzes indiretas e os canteiros de flores perfumadas, além da fonte que proporcionava um som relaxante ao ambiente. Connor caminhava, curioso com todo o luxo e arte. Imaginou que seria um lugar que Nyra apreciaria visitar, imaginando-a no caminhando pelos brilhosos pisos dourados. Ele tirou o celular para fazer uma foto e enviar a ela: “Sua cara”, escreveu. Era maldade pensar que não chegara nunca a imaginar Ártemis num lugar como aquele?

– Tem certeza que não quer ir à festa, Naos? – Ladirus perguntou, observando-o.

Sabia que também eram observados. O trio não passava despercebido por ninguém que passava diante deles. Esposas ou maridos. Quem quer que fosse. Os olhos se pregaram por eles e demoraram-se a se contentar. Ladirus tinha a impressão de, o tempo todo, achar que a pessoa o conhecia de algum lugar que a fama não fosse culpa.

– Eu tenho. – Connor respondeu, aproximando-se e sentando-se ao lado do Dragão de Água. – Está muito difícil bloquear todos esses seus pensamentos pervertidos. Eles me deixam desconfortável pra caralho.

Os olhos de Rosstrider saíram da revista que tinha em suas mãos e se voltaram para Connor e, depois, Ladi.

Ladirus corou…

– Desculpe. Eu estou tentando evitar.

– Blair está bem? – Connor franziu o cenho. – Polaris não explicou o que houve.

– Eu não sei. Perguntei a Ras… Ele não me respondeu ainda também. – Ladirus respondeu, timidamente.

– Nós não deveríamos falar sobre isso? – Rosstrider perguntou, olhando-os. – Arty?

– Não. – Connor respondeu sem pestanejar.

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