Blue

Categorias:Romance
Wyrm

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A Casa Azul, mais familiar aos dois, fora escolhida para a reunião necessária. Rhistel não queria conversar, mas sabia que não havia escapatória. Nyra havia curado os seus ferimentos, mas ainda se sentia sensível quando pressionava onde fora cortado. Uma sensação de sofrimento acompanhava o toque. Era provável que já houvesse passado por uma situação similar escondida em uma memória que não se recordava? Ele não sabia dizer. Sentia-se tão desperto quanto houvesse acabado de acordar de um sono revigorante. O seu coração batia cheio de energia, ao mesmo tempo em que se sentia calmo. Ele ergueu os olhos até Blair antes de sair da banheira, enxugando-se.

Seu corpo não havia nenhum ferimento para contar a história. Tantos anos pensando em como os derrotaria, e hoje havia quase sido aquela noite. Como era surreal…  O que sentimentos poderiam fazer. Toda a tortura não havia sido nada além de um show para Rhistel; pois na sua pele não importava. Blair conseguia apagar aqueles danos com facilidade da mente, talvez até mais do que o próprio corpo. O que ainda não sabia da sua pálpebra era Rhistel sendo cortado, em uma espécie de jogo sádico para causar terror. Toda vez que pensava naquilo, tinha uma vontade incontrolável de chorar, e fazia isso em todo silêncio que poderia. Quando saiu do boxe, secou-se por cima e colocou um vestido rosa claro, de alças finas, corte reto, saia curta, e continuou com os cabelos molhados. Blair se sentou a um banco e os penteou enquanto fitava Rhistel terminar seu banho… Ela deixou o pente de lado e o observava. Queria dizer algo, mas não parecia nada o suficiente. Eu sinto muito? Me desculpa? Vamos nos proteger melhor? Essa foi por pouco?…Eu não deveria estar na sua vida?   Sentia-se egoísta por nem desenvolver o último pensamento. Seus olhos o seguiram como se pedisse uma reação que não fosse o seu silêncio… Tinha certeza que ele tinha tantas perguntas, e ainda tão introspectivo.

– Rhistel…? – Ela se ergueu e se aproximou. – Eu sou forte, eu me acostumei… Eu posso aguentar tudo aquilo… Mas… Eu não posso lidar com seus ferimentos. Eu não consigo… – Sussurrou com sua voz trêmula – Você poderia… Você devia ter ido embora… Em todas as oportunidades. Não faça isso comigo…

O olhar dele se ergueu até os dela, mas se dividia entre a boca rosada que falava. Rhistel franziu o cenho, estranhando a conversa como se sentisse um gosto ruim na boca. Desviou-se brevemente e inspirou antes de se aproximar mais, tocando a testa à dela e os olhos que se fecharam devagar ao inspirar novamente:

– Huh-hum. Nós já tivemos essa conversa, Bee… – Ele sussurrou. – Você é teimosa… Eu também sou. Não adianta me falar essas coisas. Você sabe que não vou recuar. Eu prefiro morrer a deixar você para trás e fugir… Eu sou um Dragão. Eu vou lugar ao seu lado, com você… Eu não sou fraco… Nem você. – Ele a tocou ao queixo, erguendo-o suavemente. Os seus murmúrios passavam a roçar os lábios aos dela. – Pare de querer lutar sozinha. Você tem a mim. Nós estamos vivos para viver mais um dia, Bee. Certo…? – Rhistel a acariciou aos lábios com os seus, permitindo a respiração escapar antes de continuar a murmurar. – Nós estamos em casa…

Já haviam tido e a situação apenas ficava mais grave a cada aviso. Mas ainda conseguiu sentir paz quando recebeu seu carinho, os lábios roçando ao seu e o corpo dele próximo. Estavam mesmo vivos.

– Você merece tão mais que isso… – Sussurrou com desânimo, sem se afastar; sabia que não havia sentido discutir aquilo. Ele já havia provado que não fugiria e ela, ainda não conseguia se sentir menos responsável por cada corte. Blair sentiu a respiração fresca em sua pele e beijou delicadamente o lábio inferior dele, retribuindo o carinho leve, mas quente como sua pele correspondia. – Eu te amo tanto… Eu quero te proteger… Eu quero que continue me amando… É tudo o que eu quero e sempre vou querer… Não importa onde eu esteja. – Sussurrou e apoiou seu lábio no ombro dele, beijando-o delicadamente – Estamos…   E eu não posso estar mais feliz.

Os carinhos mais sutis não chegaram sem calor, mas os beijos macios de Blair eram feitos de amor e fogo, fazendo-o desejar sempre um pouco mais deles. Rhistel sentiu cada carícia sem se mover, experimentando a passividade de tê-la o provocando. Apenas ao convite feito, correspondeu com ardência. A toalha escorreu da sua cintura e foi para o chão quando a abraçou-a agarrando-se ao vestido e exigindo um beijo intenso dos lábios de Blair. Se eu continuar, não irei parar por horas. Rhistel distanciou as sensibilidades excitadas e afastou-se com delicados selinhos cortados entre suspiros.

– Eu te amo, Bee… – Ele disse, olhando-a com um sorriso selado. – Mas eu não quero a sua proteção. Não esse tipo. Eu quero estar ao seu lado para o ser e vier… – Declarou, vestindo-se com um short de dormir apenas e sentou-se na cama com um sorriso maior e acanhado. – Só me dá uns minutinhos…




Apoiando no vidro da varanda e observando o céu noturno, Ladirus ouvia Jullian e Polaris conversando às suas costas e as vozes mais distantes dos demais. O Dragão de Água havia se banhado para tirar o sal do corpo e vestia uma bermuda confortável preta somente, mantendo os braços cruzados sobre o peito nu. Prestava a atenção e ao mesmo tempo estava distante. Aguardava, assim como os demais, a presença do seu amado irmão e da sua querida amiga.

– Ladi. – Ele ouviu a voz de Connor, mas nem o escutou se aproximando.

A mão do irmão da Escuridão pousou em seu ombro e o cariciou. Ladirus se virou para ele e recebeu o seu carinhoso abraço demorado. Foi então que notou o quanto estava agoniado e deixou-se levar pelo gesto, afundando o rosto no peito do Dragão e soluçando.

Nyra estava ao sofá, enviando mensagens para os que precisavam saber que estava tudo bem. Ainda que houvessem vencido, era um sentimento de abertura e fragilidade irrecuperável. Simplesmente assim? Sugados? A Theurge comia uma maçã quando a fome foi sentida mais forte e também aguardava Rhistel e Blair saírem do corredor. Nina estava ao seu lado, com a mesma expressão pensativa e distante. Escutava o ambiente, mas os olhos permaneciam fixos na mesinha da sala de estar.

– Que sensação estranha… – Reclamou ao suspirar e inclinar seu corpo para frente, com os braços sobre as pernas.

– Eu sei… – Nyra fitou Ladirus e desviou o olhar para Fayre que vinha do seu próprio cômodo. De banho tomado, vestes trocadas e os braços apoiados sobre a cabeça, expressando sua agonia.

A maga andou de um lado ao outro descalça, de shorts jeans curto e justo e uma camisa larga de banda. Os cabelos negros, desfiados na altura do ombro. Ela deu duas voltas pela sala, fitou Ladi muito brevemente algumas vezes, como por reflexo, e pareceu se incomodar consigo mesma, desistiu e se distanciou para a varanda em silêncio.

– Acksul… Você pode nos adiantar sobre algo? – Nyra perguntou depois de acompanhar Fayre em sua caminhada de desespero. Nina fitou o irmão mais velho, não sabendo se queria ter a informação do que houve.

– Eu quero saber como vamos evitar disso de acontecer novamente. – A Dragonesa se manifestou.

Mordendo o lábio inferior, Acksul as olhou e sentiu as demais atenções em si. Ele piscou os olhos vagarosamente. Tudo o que não havia em seu belo semblante era preocupação. Havia se acostumava a visão e ao pensamento mais fácil e fluído e tardou a respondê-las:

– Evitar a distração quando estivermos sozinhos. Se estivessem com os sentidos ligados, não teriam sido pegos. Um Efeito desse porte não é indetectável. Nós relaxamos. Essa é verdade. Precisamos retornar ao ponto de alerta e evitarmos estar sozinhos por aí.

Jullian assentiu. A prudência havia sido posta de lado. Ninguém vigiava. A saída havia sido uma festa despreocupada. O Lendário se tocou ao queixo, massageando-se:

– Podemos desenvolver alguns amuletos também. – Ele se voltou para Nyra. – Algo que possa detectar como um Dom os Efeitos do ambiente. Todos em acessórios diferentes.

– Jullian. – Desvencilhando-se de Connor, Ladirus se aproximou do Lendário, olhando-o. – Eu tenho certeza que foi por acaso a forma que aconteceu. Eu tive essa intuição. Foi uma coincidência. – Os olhos escuros seguiam até a varanda, mas não completaram o caminho e-

O Dragão de Água se interrompeu quando o casal saiu do quarto. Sem pestanejar, caminhou até eles e abraçou-os ao mesmo tempo fortemente.

Ao ser abraçada, Blair também agarrou o Dragão de Água forte por um tempo. Beijou-o no rosto e permaneceu alguns segundos assim com ele e Rhistel. Nyra se aproximou com mais urgência como Ladi e abraçou Blair apertado, enquanto Nina se aproximou para também abraçar Rhistel e o acariciar no rosto manhoso.

– Por que você sempre me assusta assim? – Nina se afastou para Nyra o abraçar, com todo o carinho que tinha, beijando-o no rosto algumas vezes.Cheio de dengo – uma merecida denguice – Rhistel se agarrou a Nyra e fechou os olhos a cada beijo, insinuando que queria mais. Ele somente se soltou quando Jullian se aproximou. Rhistel notou o cansaço no semblante do Lendário e o abraçou fortemente, embora já esperasse não receber o mesmo teor de carinho. Para a sua surpresa, ele recebeu.

– Aliviado por vê-los de volta. – Jullian disse.

Rhistel sorriu e virou-se para abraçar Nathan. Ele acabou recebendo um tapa ardido em sua bunda. O Dragão riu e o Galliard piscou um dos olhos.

Antes de chegar em Acksul, Blair parou para agarrar Fayre que correu agitada na direção dela. Fayre quis pular durante o abraço, como amigas que não se reviam por anos. Ao se afastarem, elas se olharam risonhas por alguns segundos, e Blair pode seguir para o Dragão da Matéria. Quando Blair o agarrou apertado, ela riu com animação:

– Eu pude te sentir. – Sussurrou. – Eu senti no elo.

O sorriso do Dragão foi cheio largo, animado e cheio de maldade. Polaris a agarrou forte, cheirando-a em seus cabelos loiros. – Então você já conseguir sentir o quão feliz eu estou em não estar tão quebrado assim… – Ele sussurrou e a encarou em seus olhos ao distanciar-se, tocando-lhe o rosto. – Blair. Eu estou tão orgulhoso! Vocês foram incríveis! Foi por pouco, infelizmente.

O Galliard se aproximou de Blair e agarrou-a pelas costas fortemente.

– Foi um momento rápido… Mas o melhor quadro que eu poderia ter na memória … – Blair disse a Acksul com um sorriso sincero, ao menos era algo para se agarrar. Aquela história podia ter fim e um final feliz…

A maga riu ao ser agarrada e virou o rosto para beijar Nathan na bochecha, em seguida seu corpo, para abraçá-lo carinhosamente.

– Deu tudo certo. E é o maior alívio na terra ver vocês…

– Eu ainda não acredito que aconteceu. – Fayre disse – Eles pareciam tão intocáveis…

– Eram. Se tivéssemos um pouco mais de recursos naquele momento… – Blair disse ao soltar Nathan do abraço longo.

– É melhor mesmo não bobearmos mais. – Ladirus disse a Blair, observando-a preocupado. – Eu tive sensações estranhas enquanto enxergava as imagens. Esse fascínio… – Ele ergueu o olhar para Rhistel e passou por Fayre, mas não se manteve por muito tempo. Sentiu o olhar endurecido de Tayrou sobre si e começou a se afastar para a varanda. – Eles pareciam fanáticos.

Os olhos claros de Connor seguiram Ladirus silenciosos…

– Nem me fale. – Rhistel franziu o nariz, desconfortável. – Eu me senti assediado. Eles me olhavam como se eu fosse uma coisa que queriam muito, mas… – Negou. – Eu não quero mais falar sobre isso. Eu tenho certeza que baterão mais forte em nós quando puderem. Eu só quero dormir e pensar no meu videoclipe. Só isso.

– Eu também preciso dormir. – Jullian declarou e cobriu o rosto com as suas mãos. – É melhor descansarmos. Podemos planejar os amuletos manhã…

Quando o olhar estava nela, podia sentir toda vez, e mesmo que não pretendesse, devolvia como se tivessem algum assunto pendente. Mesmo que já parecesse resolvido igualmente. Fayre fitou Ladirus seguir pela varanda, e brevemente notou Tayrou e Connor; e imaginou que teria que pedir explicações para Blair posteriormente. Mas naquele instante se conteve, com expressa dificuldade, e não foi atrás como faria exatamente há um dia atrás.

– Sim… Eu estou muito cansada. – Nyra concordou bocejando em seguida. – Se é que é possível abaixar tanto a adrenalina. – A Theurge havia reparado em Ladi e Fayre, mas preferiu evitar inteiramente a consciência sobre a cena. – Ártemis está em casa já, não é?

Blair havia se aproximado de Acksul somente para abraçá-lo de novo, feliz pelo o que haviam conquistado. Um derrota e outras vitórias. Tinha certeza que a única coisa que a assombraria por um tempo era a visão de Rhistel ferido, por mais que não se demonstrasse mais grave do que ela havia sofrido fisicamente. Mas sorriu para o Dragão de Gelo quando o percebeu até calmo…

– É melhor. Podemos desenvolver esse assunto com a mente mais tranquila… – Blair disse, beijou Acksul no rosto e se aproximou de Rhistel e Nina, abraçando de lado o seu namorado quando Nina a deu espaço. – E amanhã é o dia do clipe.

– Que orgulho… – A Dragonesa bagunçou o cabelo de Rhistel e se afastou para ir atrás de Ladirus na varanda.

motivo de ter ido até a praia se agravou com a dinâmica que todos pareciam ter notado, afinal, não havia discrição alguma. Rhistel sorriu para Nina e se voltou para Fayre com um sorriso sem graça. Ele não estava entendendo mais nada.

Até Jullian, com todo o seu cansaço, havia notado a dinâmica entre o Dragão de Água e a princesa. O Lendário arqueou as sobrancelhas e curvou seu rosto, observando Nyra com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso selado que muito dizia em seu silêncio. Connor e Tayrou se aproximaram para se despedirem da Theurge, abraçando-a. Os dois cumprimentaram Jullian com fortes apertos de mão e acenaram para o restante. Tayrou manteve o olhar na princesa por um longo momento antes de se voltar para o Umbral.

Nem a brisa frescante, vinda do mar, o deixou mais relaxado. Ladirus cruzou os braços e inspirou. Sentiu menos desconfortável com a partida de Tayrou, mas estava odiando que a distância dele fosse motivo para calma. Os olhos miúdos se erguerem por cima do ombro quando notou a presença de Nina.
Nyra recebeu o olhar de Jullian e pareceu interpretar muitas coisas dele. A Theurge inspirou lamentando e seguiu para a varanda, mas não sem antes fitar Fayre de cima a abaixo.

A Maga se sentiu estranha com tantos olhares e procurou o de Blair e Rhistel, que eram mais próximos no fim. Mas achou melhor seguir para o próprio quarto depois de não conseguir evitar outro olhar à varanda.

Nina parou um segundo ao ver Nyra se aproximando e a aguardou para seguirem juntas até o Dragão da Água.

– Ladi… – Nyra parou ao seu lado esquerdo e Nina ao direito.

– Ladirus. – Nina também o olhava em analise.

– Você nos diz agora o que aconteceu? – Nyra começou, olhando-o em seus belos olhos puxados. – Porque você revirou tudo de cabeça para baixo e até agora não entendi. Eu estou preocupada com você…

– Quebrador de corações. – Nina brincou, apoiando a mão no ombro dele e deitando o rosto sobre ela. – Você parece magoado demais.

Ele encorou a cabeça de Nina e olhou de uma para a outra, sem saber exatamente por onde começar a contar, pois se sentia enrolado antes mesmo do começo.

– Eu só fiz o que você me aconselhou. – Ladirus disse à Nyra, olhando-a de soslaio. – Eu fui conversar com a Fayre… – Ele fez uma pausa. – Só que piorou tudo. – Declarou, piscando os olhos que se perderam para o céu. – Nós começamos a conversar e acho que nos aproximamos nessa conversa. Conversamos sobre nós e… Eu senti que sou apaixonado por ela… Também. – Disse-lhes. – Ela disse que sente algo por mim e tudo ficou confuso na minha cabeça, porque eu achava que não. Ela me beijou e eu me afastei, mas a realidade é que eu queria ver beijado.

O sorriso de Nina não pretendia ser maldoso, mas se transformou em um riso de diversão antes que pudesse evitar.

– Que péssimo! E que azar… Ela me parece uma pessoa extremamente complexa para um adeus tão frio, Ladi. – Nina disse e Nyra os olhou ainda sem saber o que dizer.

– Ladirus essa história é muito mal contada, sabia? – Nyra brigou, embora não falasse nervosa – Como você vai ficar descobrindo que está apaixonado quando abandona alguém? Você se afastou da Arty e descobriu que estava apaixonado. Você se afastou da Fayre e descobriu a mesma coisa. – Olhava-o fixamente – Me explica isso… Você não está conseguindo definir desejo e paixão e amor.

– É possível… – Nina estava agarrada ao braço dele – Você tem que aprender, é perigoso se não. Explica para a gente o que você sente por cada uma delas, e talvez possamos ajudar.

O Dragão as olhava mais confuso do que antes, pestanejando. Acabou sorrindo com malícia sem perceber. – Não é isso. Eu não… Bom. – Inspirou profundamente. – Eu… Achava que só desejava a Fayre, porque ela é maravilhosa… E gostasse da Ártemis… Além de desejar. – Declarou. – Mas então… Eu acho que quando Fayre confessou que estava sentindo algo por mim, eu… Eu me senti agoniado. Ela tocava em mim e eu fiquei com medo. Meu coração doía. Eu queria ficar perto dela, conversar… Eu tive certeza que se deitássemos na cama que seria diferente das outras vezes… Mas eu também me sinto assim com a Arty. Eu gosto de ficar perto, beijar… – Ele franziu o cenho. – Eu saí do quarto da Fayre e parece que eu não terminei nada… E comecei outra coisa. Eu acho que ela também está se sentindo assim… Então eu achei melhor ir para o mar, porque isso não está sendo saudável para mim e eu não sou discreto…

Nina e Nyra assistiram aquele sorriso e as expressões, e parecia até muito claro o porque elas estavam persistentes diante da confusão dele.

– Você é lindo demais, Ladirus. Seu problema. – Nina brincou. – Que dramática a história!

– É, eu tenho pensado sobre isso. Tenho certeza que é um problema. – Ladirus concordou com Nina.

– Eu nem vou começar a pensar ‘E SE’, porque isso vai longe. Mas você não pode ficar nessa agonia, Ladi… – Nyra o olhava preocupada – Você escolheu a Arty, não pode magoá-la agora. Esquece a princesa.

Esquecer a princesa. Ladirus mordiscou o lábio, prendendo-o entre os dentes enquanto pensava:

– A princesa não me esquece… E aquelas olhadas dela são uma tortura. Por isso eu fui para o fundo do oceano. Ela fica me chamando e eu quero ir… – Ladirus disse, perplexo consigo mesmo.

– Vão te matar e você só vai poder aceitar. – Nina franziu o nariz – Não que não haja muito drama deles! Meus deus, como se não pudesse riscar o coração dela. Não liga para eles. Ártemis é grande e sabia que você estava dividido. Não sabia? Ela viu você e a Fayre juntos.

Nyra concordou parcialmente, maneando a cabeça e mantendo o olhar no céu.

– Ladirus foi firme em dizer que ficaria com a Arty. – A Theurge pensava – Eu lembro que as duas dançaram juntas na festa de boas vindas aos russos. Elas são amigas? Você podia dividir-se com as duas.

Nyra sorriu como se tivesse tido uma grande ideia, e Nina riu mais alto do que deveria, cobrindo a boca em seguida.

– É verdade! – Nyra insistiu com seriedade. – Ladi tem o mesmo coração que o meu eu acho… É a única explicação. Ele quer cuidar e amar as duas… Eu sei o sentimento. É impossível escolher.

– Não sei se ainda são amigas. Está meio estranho, né? – Ladirus disse, observando Nyra com certa surpresa… – Nay. Eu também tenho pensado que isso é culpa sua também. Eu sempre fui muito tranquilo. Eu nunca havia me imaginado gostado de duas pessoas ao mesmo tempo. – Ele negou. – Ártemis nunca vai querer isso, mesmo sendo bissexual.

– Eu também acho que pode ser culpa minha…

Nyra tocou o próprio colo pensando, mas logo se transtornando com a próxima informação.

– O que!? – Quase engasgou sozinha – Ela te contou que sente interesse por mulheres?

Nina também arregalou os olhos surpresa:

– Que interessante… – Franziu o cenho brevemente – Ela já beijou outra menina? Ou é só uma declaração?

Ladirus negou, olhando de uma para a outra. – Eu conheci a ex-namorad-… Ex alguma coisa da Ártemis. O nome dela é Sunna e ela é perfeita. – Disse-lhes, lembrando-se. – Muito linda. Ela disse que é uma Sidhe como a Flora. – Ele se voltou para Nyra. – Ofereceu ajuda também. Ela foi muito legal comigo depois que o gelo se quebrou. Eu conheci muita gente no dia que saí com a Arty. Foi muito legal. – Disse-lhes com carinho.

Os olhos de Nyra até piscaram devagar. Ártemis tinha um ex caso com uma Sidhe, as belas fadas dos contos. Tayrou e Connor sabiam disso? Perguntou-se porque achava que ela não havia nem dado o primeiro beijo.

– Meio caminho andado. – Nyra concluiu. – Se ela se sente atraída por meninas! Fayre é maravilhosa. Como ela não iria querer?

Nina ainda pensava na informação. Parecia que ficava menos difícil conforme as informações vinham.
– Mas ele corre o risco de deixar Ártemis magoada. – Nina alertou. – Olha! Primeiro… Você precisa se desenvolver com a Ártemis. E ver como a distância com a Fayre funciona. Às vezes você segue em frente com a Arty e a Fayre com outra pessoa… Pode ser o calor do momento de perder alguém. A gente sempre fica emocional. Espera uma ou duas semanas…

Nyra pensou e até concordava, mas não conseguia querer imaginar o Nathan seguindo em frente ao se descobrir apaixonada pelos dois. Na verdade, destruía toda a possibilidade dele poder querer outra pessoa sempre que possível. Seus olhos se ergueram até Ladirus para saber se ele seria igualmente possessivo.

– Hm. – Ele murmurou, fitando Nina.

Não havia considerado essa possibilidade óbvia. Ele disse que ficaria com Ártemis, então Fayre estaria livre para outra pessoa. O Dragão de Água sentiu o desconforto de um coração dolorido, mas também se lembrou as lágrimas e da revolta da Maga. Ele inspirou, meneando a cabeça:

– Eu… – Ele inspirou profundamente. – Parece o certo. Fayre deve saber o que é melhor para ela… – Concluiu, franzindo o cenho.

– Isso. – Nina o tocou no peito e pressionou brevemente a região do coração humano – Com calma. Ou vai armar outra confusão. Depois você avalia. De qualquer forma, você já tem a Arty. Ela te faz bem. E fique tranquilo que você não está fazendo nada de tão errado… Como parece que você acha que está… É normal essa confusão quando estamos nos descobrindo…

Nyra assentiu, ter alguém em mãos já era algo especial. Talvez fosse melhor não inflar nada no Dragão. Mas se ele fosse realmente um pouco parecido com ela… Essa história ainda ia se enrolar muito.

Os olhos do Dragão foram para o chão e ele inspirou. – Nyra… Nina… Eu não pretendia fazer nada. Eu não sei se dei a impressão que faria alguma coisa, mas eu não vou. Eu preciso de um tempo para a minha cabeça. Eu vou voltar para o mar e… – Ele passou a mão pelo pescoço. – … pensar. – Ele pousou a mão sobre a de Nina. – Eu não queria ter brigado com ninguém e para onde eu olho, eu sinto que tem algo errado. – Ele sorriu, entristecido. – Não se preocupem comigo.

As duas o olharam por um tempo, Nyra acabou concordando primeiro:

– Está bem. Mas amanhã à tarde você vem tomar café comigo. Não quero que fique tempo demais lá embaixo.

Nina o beijou no rosto ao segurar seu pescoço e se afastou.

– Bem, você tem feito as coisas do nada. Por isso estamos preocupadas. – A Dragonesa explicou – Mas descansa… É só o calor do momento.

– Ah… Eu estou precisando passar um tempo sozinho, eu acho. Eu volto quando me sentir mais calmo. Eu prometo. – Ladirus disse, olhando-as. – O oceano me deixa calmo. É só alguns dias. Eu terei que voltar de qualquer forma para gravar o videoclipe, então… – Ele suspirou, nada animado. – É isso.

– Dias?! – Nyra o olhou surpresa – Claro que não. Você não fez nada de errado para ficar dias sumido, Ladi. E nem precisa de tanto tempo assim. Você tem os compromissos da sua banda. Você tem a Arty, ela está ensaiando para se apresentar. Você não pode ir embora dias. – Franziu a testa – Acredite, quando ocupar sua mente, você melhora. – Reclamou na sua voz manhosa – Pode ir se acostumando, porque é isso que um coração faz, tá? A gente briga, se decepciona, quer matar todo mundo, e tem que se mover mesmo assim.  Você me viu todos esses dias… Eu vou abrir esse mar e te buscar se passar de um dia… E você sabe que eu faço isso.
Nina se afastou devagar com a bronca, achando graça no jeito da Theurge.
– Tem peças piores que seu coração vai te pregar, acredite. Acalme-se e volte. – Nina disse e voltou para a sala com passos desapressados.

O Dragão de Água franziu o cenho, fitando Nyra o lábio mordido e uma expressão pouco crente do que estava ouvindo. Ladirus se voltou para Nina e meneou a cabeça negativamente:

– Eu sei que é um choque eu poder exercer a minha liberdade, mas é o que eu preciso fazer. Três dias. Eu volto para fazer o videoclipe. Ninguém vai morrer por isso e eu estarei próximo. – Ele disse, olhando de uma para a outra. – Eu vou avisar a Arty. – Ele apertou os lábios. – Obrigado pelos conselhos…

– Dois dias. – Nyra disse como se estivesse negociando. – Se passar disso eu te busco. – Abraçou-o forte antes de se afastar, beijando-o no rosto. Nina repetiu o gesto carinhoso e voltou para dentro.

Ele olhou para Nyra com um sorriso de escanteio antes de se afastar para do Umbral até a beira do mar. Ele retornou à Tellurian e pegou o celular, começando uma mensagem de áudio:

“Eu sei que você deve estar brava comigo porque eu não fui na Click e eu sinto muito por não ter ido. Eu…”, ele fez uma pausa, inspirando profundamente, “ … Passei por muitas coisas esses dias. Brigar com os meus irmãos foi um grande golpe no meu coração. Eu os amo e odeio essa situação. Não é culpa de ninguém. As coisas só… São assim. Aconteceram assim…”. Ladi fez mais uma pausa antes de continuar, “Hmmm. Eu conversei com a Fayre sobre tudo o que aconteceu comigo e com você e ela ficou bem triste. Isso me deixou bem triste também. Eu fico pensando sobre todas as confusões e dores que eu tenho causado. Eu estou triste, então… Eu vou passar um tempo sozinho. Não será um tempo longo. Eu tenho um videoclipe para gravar em três dias ou algo assim, então… Esse será o meu intervalo. Não fique chateada comigo, Arty. Eu estou precisando muito espairecer e vou aproveitar esse tempo para organizar os Espíritos que me servem”.

A mensagem foi visualizada rapidamente, e a marcação ‘Digitando … ‘ aparecia e sumia muitas vezes, sem nada ser enviado. Dois minutos depois voltou o áudio de Ártemis.

“Nós estamos bem, não estamos…? Eu já ouvi sobre ‘tempo’ e significa  terminar com alguém depois de sumir um tempo…” A voz era quase assustada. “Com quem eu vou ensaiar? Não quero outra pessoa… Posso ser chamada a qualquer momento para o meu teste e se você não estiver por aqui?”.

Ele ouviu a mensagem duas vezes antes de saber como responder e o quê. Por um lado, sentia-se querido por tanta questão que faziam da sua presença. Por outro…

“Não estamos dando um tempo. Eu só queria pensar um pouco, mas… Eu não vou te deixar sozinha nessa. Amanhã à tarde você pode vir para o castelo? Eu…”, suspirou, “… não vou ficar três dias… E ei. Estamos bem. Estamos muito bem! Hm, eu fiquei com saudade agora, ouvindo a sua voz… Saudade do seu beijo… E da sua língua na minha…”. Sentiu esquentando com as próprias palavras e a sua voz fluiu entre suspiros. “Eu estou sozinho nessa praia… Eu queria você aqui… Está quente e não aguentaríamos muito tempo de roupas… Eu estou sem camisa…”.

Houve uma demora na resposta e ela foi digitada, não falada. “Omg”. Depois o áudio “Eu não posso sair, Ladi” sussurrou brava, mas suspirando, a voz um pouco abafada como se estivesse coberta. “Me disseram que está perigoso… Eu estou em casa…”, “Eu estou com muita saudades..” A voz suspirava e fazia pausas “Não fique longe, por favor…”.

“Está mesmo… :(“. Ele respondeu digitando e pensou, enviando um áudio: “Eu queria te buscar, mas eu acho que me matariam por sair à noite. Hmmm. Eu quero muito te ver. Queria a sua mão me acariciando, Arty… Eu fiquei muito excitado com essa conversa… Quero as suas mordidas… As suas unhas de gata em mim…”, ele enviou, observando ao redor, certificando que estava sozinho: “Eu quero te enviar um vídeo…”.

Por que ele fala essas coisas? Ártemis segurou o ar meio minuto inteiro quase, e mandou seu áudio quando sua voz estava menos ofegante: “Eu quero ver”. E fechou seus olhos, sentindo seu corpo esquentar junto dos lençóis. Havia os escutado chegar, Connor e Tayrou, mas tinha a sorte de ser apenas seu quarto particular e pode apagar sua consciência do lado de fora.

Ela está excitada. Ladirus suspirou, caminhando até um dos postes. Ele se certificou novamente de que não ouvia ninguém e se sentou na areia, usando-a como apoio para o próprio celular. Ele se deitou de frente para o aparelho e sem parar para pensar no que fazia, ligou a câmera e começou a gravar.

– Bem… – Ele suspirou. – Eu nunca fiz isso, mas me deu uma vontade enorme… – Ele olhou para o céu, mordendo o lábio. – Eu estou pensando em você… Lembrando-me do seu corpo todo. Ele é… Muito quente. Você não imagina o que faz comigo quando está de saia ou short. Eu amo saias e shorts… – Ele ofegou. – Bem… Isso é bem pessoal…

Ele se ergueu, afastando-se do aparelho mas certificando-se estar diante da câmera. Ladirus se deitou de modo a apareceu de perfil.

– Eu… Gosto muito de ser tocado. Eu vou imaginar a sua mão… – Ele deitou as costas na areia e puxou o short para baixo com um gemido, mordendo o lábio novamente. – Eu não vou olhar para a câmera ou ficarei tímido…

Ele ergueu uma perna, dobrando-a. Ladirus desceu a mão pelo abdome até alcançar o sexo rijo que a atraia, agarrando-se e acariciando-se. Os lábios se entreabriram e ele passou a se tocar, movendo a pele cada vez mais rapidamente assim como a sua respiração desesperava, tornando-se gemidos. À luz do poste, ele suava e corava. A sensação de estar sendo gravado o excitava. Eu devia estar fazendo isso? A mão se movia desesperada. Arty… Arty… Imaginava-se, beijando-a e sendo tocado. Não conseguiu imaginar Arty nua, mas já era o bastante. Arty... Fayre… Fayre… Arty… Fayre... Os olhos se fecharam fortemente. De repente,  Fayre chegava em sua imaginação e beijava Ártemis ardentemente. Ladirus gemeu quando começou a imaginar as mãos das duas no lugar das suas. Arty… Fayre... Ele mordeu o lábio e gemeu, cobrindo o desejo de espirrar. Ladirus piscou os olhos devagar, aguardando-se acalmar para caminhar até o celular e parar a gravação. Novamente, preferiu não pensar. E enviou o vídeo.

De repente ele havia sumido. Ártemis observava a tela com uma ansiedade que nem era possível explicar a falta de ar. E alguns minutos depois, somente um vídeo. A Changeling fechou bem suas pernas, roçando uma coxa a outra, tudo antes começar a ver o vídeo. Nem parecia que seu coração aguentaria, pois além do suspense, sua imaginação estava muito fértil. Play.  A voz… A roupa abaixando… O corpo escultural… O que ele estava fazendo? Ela se doeu inteira de angustia e prazer. Tamanho que a umidade entre suas pernas foi novidade. O vídeo terminou e ela ainda avaliava atordoada… Sua mão desceu curiosa para tocar a flor regada, e senti-la tão quente quanto poderia. Pedindo… Ártemis apertou play de novo e mergulhou o indicador  ao se deitar de lado. Mas não foi tão confortável quanto gostaria. Recuou e massageou-se mais devagar, procurando, subindo… Os olhos se fecharam por um instante ao encontrar o que seu corpo parecia pedir atenção. Precisou de alguns segundos para se descobrir e se fazer perguntas… Ele queria uma resposta? Apertou os olhos mais forte e abriu-os para o celular. Ártemis travou o botão para gravar o áudio e o fez debaixo das suas cobertas e voltou a se explorar. Respiração, respiração, a imagem dele na sua mente…

Sentia-se tão estreita quando se penetrou da primeira vez, era normal? Não parecia coerente ao que ele havia mostrado. Mas não pensou tanto nisso quando descobriu que ficava mais quente naquele centro sensível que havia encontrado o prazer, sem precisar se penetrar. Tocou-se, massageou-se, por minutos e minutos… Suspiros que tentou conter, corpo que tentou controlar, apertava-se cada vez mais entre as coxas… Parou um instante. Que tortura! Levou aquela essência líquida da sua flor até os próprios lábios, curiosa, e fechou os olhos devagar, chupando os dedos e experimentando. Nem sabia dizer o que sentia, mas seu corpo continuava pedindo, demandando, exigindo… Tornou a tocar-se, entrelaçando o lençol por suas pernas e atingindo o que sabia que era novo ao seu corpo. Novo. Prazer. Explosões internas. Fraqueza. Mordeu o travesseiro, tendo certeza havia acabado de abafar um gemido menos comportado. Virou o corpo para o outro lado… Gemidos abafados, bem menos comportados do que o áudio havia capturado até ali… Ártemis guardou aqueles minutos para si, transpirando nos lençóis e imaginando-o entre eles. O vídeo. Assistiu-o de novo, um pouco mais calma do que a primeira vez, mas novamente desejosa… Por que ele não estava ali? Enviou o seu áudio com os suspiros e gemidos, e digitou “Boa noite..”.

O celular estava jogado próximo ao ouvido enquanto o áudio rolava e a massagem exigente corria mais uma vez. Uma gata miando no meu ouvido. Ladirus se sentiu alcançando o ápice mais uma vez e nem por isso se viu mais calmo. Já sem o short, ele limpou novamente os dedos na veste. Ofegando. “Minha gatinha…”, ele enviou para Ártemis, piscando os olhos vagarosamente. “Rhistel, você está acordado…? Eu acabei de fazer um coisa…”, enviou para o irmão.




Quando o celular vibrou com a mensagem, Rhistel não lhe deu atenção. Os olhos do Dragão seguiam brevemente para o criado-mudo sem curiosidade e se voltaram novamente para Blair. Ajoelhado diante do belo corpo da Maga, deitada confortavelmente no colchão, ele mordeu o sorriso enquanto afastava lentamente os joelhos róseos até que ela abrisse bem as pernas. O Dragão se deitou com os braços cruzados sobre o colchão, observando-a diretamente a sua flor que o chamava em mel e aromas… – Hmmm… – Murmurou, esboçando uma expressão de análise. – Ahm… Numa escala de zero a dez, o quanto você está tímida agora…? – Ele a tocou nas coxas, apertando-a.

Blair também havia olhado o celular, mas não conseguiu sequer calcular quem poderia ser. Seus olhos voltaram a Rhistel para acompanhar seus passos, e ela ceder sem resistência a abertura de suas pernas. Mas logo seu abdome se contraiu quando percebeu a maldade… Blair fechou seus olhos e tentou relaxar.
– Dez… Eu acho… – Suspirou e desceu o olhar brevemente para ele, e então desviou. –  Onze… – E mesmo que fosse uma tortura, excitava-se mais com o simples gesto de apertar sua coxa, dos olhos sobre si, e a antecipação. – É tão prazeroso me fazer corar? – Fechou seus olhos e se concentrou nos sons – Você gosta… Do que está vendo…?

O sorriso dele se estendeu malicioso e largo quando a olhou. – Onze?! Tudo isso…? – Rhistel arregalou os olhos e mordeu o sorriso. Ele suspirava, profundamente, embora tentasse se controlar para se deter à maldade prazerosa. – Você está muito corada e você fica linda assim, vermelhinha. Eu te beijaria bem agora, mas estou ocupado. – Ele retornou o olhar às sensibilidades… – Gosto… Muito… Do que eu estou vendo. – Ele suspirou… – Você é toda rosinha, Bee… Você já se olhou no espelho assim? – As mãos dele desceram até a virilha dela. – Já teve curiosidade? Se eu tivesse na sua pele, me excitaria toda a vez que me olhasse no espelho. Você tem um corpo lindo, provocante e delicado ao mesmo tempo… Sabia?

A maldade dele até a divertia, a voz manhosa e a análise séria, enquanto ele abria espaço aos arrepios e ansiedade no corpo dela. Ela arranhou o próprio abdome e tentava controlar a respiração.

– Eu me olhei… Depois que eu aprendi a me tocar… – Confessou, ajeitando-se à cama quando a mão tocou sua virilha. Tanto suspense a revirava por dentro… – Mas acho que não soube… Me apreciar… – Mordeu o lábio – Eu não tenho certeza sobre ser delicado… Provocante…  – Subiu as mãos pela barriga, encontrando dificuldade na segurança, no controle do desejo, na ansiedade – Eu só sei o que você me conta… – Apertou os olhos e brincou, a respiração ofegava: – Talvez eu fique muito confiante, Rhis. – Mordeu o lábio – Você gosta do rosa… – Disse humorada o quanto conseguiu – Por isso a aliança nessa cor…!

Rhistel acabou rindo, olhando-a. Não havia limites para a fofura natural dela! Não havia… – Bee! – Protestou, mas assentiu… – Sim. De um jeito romântico, eu passei a prestar muita atenção em cor-de-rosa… Ahm… – Ele umedeceu os lábios. – Eu adoro os seus seios rosados. Eu sempre fico hipnotizado com eles e acho que já te falei isso umas cem vezes… E olhá-los aqui, é… Bem… – Ele apertou os lábios. – Enfim… Sabia que existam casais que usam halls para dar uma graça a mais no sexo oral? – Rhistel sorriu risonho e a apertou novamente em suas coxas. – Bee! Relaxa para mim… – Mordeu o lábio. – Solte essas pernas, sua gostosaTesão da minha vida.– Ele pronunciou com desejo… – Eu já te vi toda, não adianta sentir vergonha… – Riu, maldoso. – Eu estou te vendo derretendo de desejo aqui… Estou vendo tudo. – Ele se curvou e a lambeu sem aviso.

Falando sobre seus seios… – Eu amo rosa… Mas nunca mais vai significar a mesma coisa… De um jeito romântico… E ao mesmo tempo nem tanto… – O sangue subia por seu corpo e seu rosto estava quente, corado, seus pulsos em chamas e a nuca transpirava. Ela quente, ele gelado. O choque que conhecia e apreciava, tudo reagia prazeroso quando agarrada, e a sua voz não ajudava. – Não é possível ficar tão nervosa… Eu acho… Eu sei que eu estou muito excitada… E derretendo… Você sempre me deixa assim, como se nem fosse gelado. Você vai… Me deixar te ver inteiro depois? – Sorriu e não esperou o toque gelado de sua língua. Blair engoliu o ar e subiu a mão para o travesseiro, agarrando a seda diante da sensação inesperada. Gelado. Gemeu quando sua pulsação do coração acelerou – Rhistel… – Ela soltou suas pernas aos poucos, relaxando-as como se não fosse voluntário. – Ok… – Suspirou e fitou o teto – Eu sei porque halls é uma boa ideia agora…

Ele fechou os olhos, saboreando o gosto e o desejo, mas não se aguentou e riu de novo com a observação dela. Tímida. Rhistel passou a língua pelos lábios. – Ahm… – Olhou-a. – Claro que pode… – O sorriso se desenhou selado, de escanteio. – Eu gosto de ser observado. Eu sou cara de pau… E você uma fofa tímida… Ahm… – Rhistel suspirou, tentado. – Eu vou te chupar, Bee… – Sussurrou. – Bem, se… Você sentir mais sensibilidade em uma região que eu não estou, ahm… Identificado… Pode puxar meus cabelos e me guiar, eu deixo… `Tá? Sem vergonha! Eu… Já estou pirando… Eu quero pirar mais ainda…

– Tudo bem… – Ela respondeu com um breve riso, mas logo se tornou séria.

Rhistel se curvou, encostando os lábios e deslizando-se por ela, sentindo as pétalas pulsantes em sua boca. Ele a beijou em cada parte, percorrendo e sentindo reações. Suas mãos o auxiliavam, afastando e explorando-a antes de ousar praticar com a sua língua, penetrando-a e tirando-a, chupando-a e repetindo o ritual. As mãos fritas se agarraram as coxas de Blair, apertando-a com garras afiadas que cresciam.

Blair o assistiu se curvar e encostar seus lábios gelados, e então desviou o olhar, pousando seu rosto corado no travesseiro e ofegando. Ela deixou ser descoberta, permitindo-o ir sozinho na brincadeira quente-e-frio até que desconfiasse de onde era mais sensível.  Não demorou tanto… Um gemido mais forte, uma pontada em seu corpo… Blair agarrou-se aos lençóis, entrelaçando seus dedos e controlando as reações do corpo que timidamente se curvava, que intensamente respondia-o. Mel escorria quente… Contracenando aos lábios frios, beijos, dentes, penetração. As garras na sua coxa. Baixo… Ela pensou e se lembrou em seguida de alcançar os cabelos escuros, sem receio de segurá-los firmes, indicando que voltasse para onde havia saído; mas sem capacidade de dizer uma palavra conforme o colo ofegava mais forte. Seu corpo inteiro estremeceu quando o tinha no local que chamava por atenção: Cima… Enroscou os dedos no corte militar, e gemia mais forte… – Rhis… – Tentou chamar seu nome, mas o ar fugiu. Sentiu seu corpo frágil, o formigamento, as chamas que ele desenhava com suas garras na pele branca. – Rhistel. – Fechava seus olhos mais forte, os lábios se entreabriam e o gosto do ápice tocou seus lábios docemente, fortemente, os gemidos e o prazer intenso que fez suas costas se arquearem levemente.

Minha nossa. Ele se sentia trêmulo enquanto bebia dos mel que escorria por sua boca. Sentia-se quente. Ao ter os cabelos segurados, teve certeza que poderia perder o controle se bobeasse. Minha nossa... Os gemidos dela eram mais graves do que se ela o tivesse tocando diretamente. Rhistel sentiu as suaves contrações em sua boca enquanto bebia necessitado. Os seus lábios escorreram pela coxa de Blair, lambendo-a e mordendo-a… – Eu… Acho que eu quase fui… Também… Que… Doido…. – Sussurrou, resfolegando e abrindo os olhos para encará-la com os seus, quase completamente tomados pelo cereja… – Descobri que gosto que você segura o meu cabelo… Mais do que eu imaginava… – Suspirava, coçando o nariz à pele pálida. – Ahm…

Manteve seus olhos fechados, pois sua mente rodava na sensação. Ela ofegava e engolia a saliva quente, tocando o próprio pescoço brevemente… Seu corpo pulsava, o ventre contraia. Era difícil se manter inteira quando Rhistel estava disposto a fazê-la perder o controle. Será que ele sabia? Que cada suspiro era como uma pequena morte de prazer, onde o escuro dos seus olhos era uma viagem pelos sentidos com o gosto mais vivo que conhecia. Ela abriu seus olhos relutante, observando a luz acesa, e então os olhos do Dragão que beijava sua coxa. Ela sabia quando ele estava perto do seu ápice, entendeu isso quando pensou no olhar cereja. Ápice emotivo. Ela se inclinou apoiando-se sobre os braços devagar e sorriu discretamente, ajeitou-se sentada e o tocou nos ombros para roubar um beijo de seus lábios melados… – Isso foi a melhor coisa… – Sussurrou – Eu nunca senti tanto desejo… – Mordeu-o na boca – Deixa eu te sentir quase lá… Dentro de mim? – Pediu, ajoelhando-se e se aproximando, dando espaço para que ele se ajeitasse sentado e ela de frente ao colo dele. Blair o fitou em seus olhos, roçou seus lábios e subiu suas mãos pelo pescoço de Rhistel, seguindo os dedos para o cabelo escuro e acariciando os fios negros antes de segurá-los firme pela nuca, Blair o observou acompanhando a respiração dele, encarando seus olhos e procurando um tom mais intenso do vermelho quando o fez. Poderia ficar mais vermelho se o provocasse? – Me abraça forte…

– Bee… – Ele gemeu, fechando os olhos fortemente com o toque em seus fios; nuca sensível. Os lábios entreabertos desnudavam as afiadas presas em sua boca. – E-eu acho… Talvez… – Começou e não terminou. Deveríamos parar… – Blair… – Ele abriu os olhos, encarando-a de cima, com o pescoço inclinado e os seus orbes cereja. Calor. Rhistel a envolveu fortemente, admirando-a levemente perdido. – Bee… – Murmurou, manhoso, fechando os olhos apertados enquanto ofegava. – Eu ‘tô quase… Eu ‘tô quase gozando… – Gemeu ao declarar. – S-se você quer sentir um pouco, você… Não poderá… Sabe… Se mexer muito… – Sussurrou. – Eu ‘tô muito fácil… – Ele sorriu brevemente.

Ele estava tão sensível que era óbvio, pela cor dos olhos e pulsação da sua pele. Mas… Havia um prazer intenso em vê-lo rendido, murmurando manhoso, como um animal que evitava ferir o seu dono mesmo em brincadeira. Blair gemia contida e o escutava roçando seus lábios ao lábio dele… – Tudo bem… Eu vou devagarzinho… E não me movo muito… – Sussurrou, obedecendo o que havia dito, trazendo-o para dentro de si tão lenta quanto conseguiu. Devagar, acolheu-o em sua flor estreita e tão quente como ele próprio, embora a temperatura dele se elevasse aos poucos a cada instante e em maior grau. Sem meios termos. Calor que subia em constraste com o gelo.

Os olhos vivos para serem encarados, rubros, profundos, dizendo-lhe o quanto seu corpo fervia por dentro, como um termômetro. Blair não se moveu, suspirando excitada, segurando seu pescoço delicadamente com uma mão e a outra o cabelo curto, fazendo-o olhá-la enquanto os verdes claros piscavam devagar, desejosos dele inteiro.

Deixou-o dentro de si pelo tempo corrido, em tortura, sentindo-o pulsar sua vontade quente de se libertar, recebido pela maga e seus gemidos constantes, enquanto a oferecia um lado dele que ela apenas conhecia em superfície, como foi em Veneza.

Beijou a respiração dos lábios vermelhos em selinhos delicados e moveu-se com um cuidado de tortura. Gemidos mais profundos, e beijos que os abafavam. Queria conhecê-lo por inteiro…

As expressões dele se transformavam com as sensações. Rhistel franziu o cenho levemente, sensível. Os lábios não se fecharam mais, respirando profundamente e gemendo. Os braços a cercavam intensamente cada vez que se sentia mais dentro dela. A penetração já o obrigava a se conter. Sentir vir a vontade do ápice, segurou-se em agonia. Rhistel seguia os seus olhos verdes, atento… – Você parece que ainda é virgem de tanto que me aperta, Bee… – Deixou o comentário sair, mordendo o lábio e rendido aos toques em seus cabelos. Sentia-se tão confinado que o movimento lento já foi um grande exercício de controle da sua parte. Ela estava sensível. Havia acabado de encontrar o ápice. – Não está doendo…? Eu não vou ficar com dó se estiver, você está me torturando… Ahm, eu estou muito viciado em fazer amor com você… Penso o tempo todo nisso… – Rhistel sentia pulsando por ela a cada gemido que ouvia, pedindo mais do controle que lhe escapava aos poucos. Ele forçou a cabeça, sentindo os fios sendo puxados, para sentir os lábios dela com os seus. – Você está brincando com fogo, Blair… – Ofegava. – Eu quero ficar a vida inteira assim, com você… Sentindo-me entrando e saindo… E você me banhando todo… – Mordeu-a de leve, tomando cuidado com as presas. – Ah… Bee… – Murmurou, manhoso. – Me deixa gozar… – Olhava. – Os olhos ceveja ganhavam a tonalidade do sangue. – Me deixa…?!– Gemia, mordendo o lábio. – Você não vai deixar…? Queria me ver implorando, Bee? Eu estou implorando…

O recente ápice a deixou tranquila nos primeiros minutos e relaxada ao corpo do Dragão. Mas os suspiros, as palavras, a forma como se retinha e se submetia trabalharam para que a calma não fizesse mais parte dela rapidamente.

– Eu gosto de brincar com o fogo também… – Sussurrou, puxando seu cabelo para se afastar de seu lábio de novo, e procurando seu ouvido para sussurrar e suspirar: – Eu quero sentir você a cada chance que tivermos… – A mão que o tocava no pescoço desceu para seu ombro, arranhando-o pelo seu braço devagar, sentindo o suave atrito de seus dedos e as unhas na pele morena. Deslizou por seu corpo até tocar seu peito e sentir a vibração forte de seu coração – Dentro de mim… Fora de mim… Me chupando. – Sua voz sorriu – Em todos os lugares que tivermos a chance… – Já havia o escutado pedir, mas moveu-se devagar, somente para sentir a pele quente pulsando, as veias do fluxo roçando, o desejo latente implorando devagar, e o corpo dela se contraindo inteiro e o apertando mais… Sentiu-se muito próxima de outro auge. – Eu gosto quando você implora… – Confessou, soltando seu cabelo e apertando sua nuca. Enxergou os olhos na cor que não achou que houvesse enxergado ainda. Rubro. “Perigoso…?” – Rhis… Eu quero te sentir inteiro…  – Permitiu gemendo, movendo-se novamente – Eu deixo…

Soava a Rhistel que já estavam envolvidos a mais tempo, pois a sua amada Blair se comportava muito além da garota inexperiente que conheceu – aquela que era muito mais tímida com o seu corpo. Os seios se roçavam ao seu peito, causando-lhe tenros arrepios de desejo. O seu coração potente batia tão forte que parecia disposto a deixá-lo surdo. Rhistel mordeu o lábio, fechando os olhos enquanto a ouvia provocá-lo com as palavras quentes e a imaginação, fazendo-o ir longe e perto ao mesmo tempo.

Liberto, Rhistel buscou por seu beijo em um toque descompassado; desajeitado pelos suspiros. Ela se movia e sua mente se distanciava do corpo, atendendo ao impulso do deleite. Ofegava, gemendo, ciente de que não duraria em se segurar do ápice principalmente ao senti-la se contrair mais. Quando se sentiu expelir o prazer, começou a gemer e abraçou-a, penetrando parte das garras geladas que decoravam os seus dedos nas costas delicadas de Blair. O coração pareceu que poderia parar de tanto que pulsava juntamente com o seu sexo, causando um leve espasmo no seu corpo. Os olhos se fecharam fortes enquanto se sentia livre de suas sementes. A sensação intensamente libertadora o relaxou – situação que não costumava lhe acontecer. Frequentemente, sentia-se rijo mesmo depois do orgasmo, mas o relaxamento do corpo fora completo. Rhistel permaneceu de olhos fechados, sorvendo da sensação de prazer e alívio… – Eu te amo tanto, Bee… – Sussurrou, ofegante.

Fechou seus olhos para sorver da intensidade, retribuiu o beijo e escolheu sentir a dor de ter as garras penetradas em suas costas. A imagem do sangue na sua pele até correu por sua mente assim como essência Mágika circulou involuntária, despertando-a mais prazer. Blair havia mordido a boca dele curiosa, roubando um pouco do sangue para si e imaginando se poderia beber um pouco da sua energia para sentir o próprio coração bater mais forte… Como o dele batia. E a essência pareceu açúcar na sua corrente, quintessência … Era até viciante demais os vestígios remanescentes no seu corpo. Será que ele sabia de todas aquelas coisas?

– Eu te amo… – Ela desceu do corpo dele, deitando-se e convidando a ficar do seu lado. Blair o encarava cheia de admiração e como se houvesse descoberto coisas novas… Muitas coisas novas… Com seus grandes olhos verdes que mal piscavam e os lábios entreabertos pela respiração ofegante. O sorriso foi surgindo aos poucos, conforme mais o olhava. – Você está relaxado… – Ela riu contida e o mordeu na bochecha – Achei que nunca ia conseguir te deixar assim… – Roçou seu nariz a pele dele e afastou para olhá-lo nos olhos que ganhavam sua tonalidade natural – Eu queria perguntar uma coisa… E fazer algumas observações… É uma boa hora para isso?

Ele recolheu o lábio inferior para dentro da boca, chupando o próprio sangue enquanto se deitava, de lado, olhando-a com uma expressão até sonolenta. Rhistel recolheu um travesseiro para os dois, deitando a cabeça e sorrindo quando ela riu e mordeu. Os olhos escuros do Dragão foram para baixo e ele se olhou. – É, acho que você me pegou dessa vez, Blair… – Ele murmurou, franzindo o cenho. – Ei, rapaz… Que houve com você? Herói abatido, é? – O Dragão riu com a própria bobeira. – Morreu? – Arqueou as sobrancelhas. – Ahm… São boas? Eu estou sensível, dolorido e emocionalmente frágil… – Ele de aproximou para roubar um selinho demorado dos lábios rosados. – Eu também quero fazer um comentário…

Ela ria dos comentários dele, o rosto corando, mas especialmente satisfeita em vê-lo tão calmo. Embora tivesse uma leve impressão de que não duraria por muito tempo aquele sossego.

– Eu vou fazer a minha pergunta, você faz seu comentário. – Ela disse, tocando-o no pescoço – Você sabia que você fica bem quente quando está perto do orgasmo? Quente… Muito. E… – Lambeu os próprios lábios – Que… Algo muda nos seus olhos? Fica assim de um tom diferente, um reflexo… Eu acabei de vê-los enquanto você estava morrendo de desejo.

A expressão do semblante de Rhistel denunciou a sua resposta antes que ele falasse, surpreso. – Oi? Quente? Não… Eu me sinto com calor, mas… – Ele franziu o cenho e sentiu-se corar. – Oh… Eu estou me sentindo mais pelado do que estou agora. – Rhistel escondeu o rosto no travesseiro. – Já não me basta ter perdido o meu herói. – Ele gargalhou. – Você disse que queria me observar e assim nem graça dá! – Protestou, manhoso, falando abafado. – O que acontece com os meus olhos…? Ai, Gaia. Isso não é estranho…?

O riso dela o acompanhou. Blair cobriu a boca para rir mais à vontade da reação dele, e mordeu o indicador em seguida… Pensando antes de continuar: – Você não sabia…? Sério? – Estreitou o olhar cheio de suspeitas – Não é estranho… Não é a primeira vez que eu vejo também. Eu acho que acontece quando suas emoções estão intensas… Afloradas… Seu sangue corre rápido e seus olhos te denunciam… Ficam avermelhados. Como cereja. E seu corpo recebe muito calor… Vai ficando… Quente… Quente… Quente… – Suspirou e roubou um selinho – Igual de um lobo…Você nunca sentiu? – Fitava-o – Mas só quando você está muito excitado. Muito mesmo… Como se você se deixasse ir e sentir tudo o que pode… E você estava muito excitado agora, então eles estavam em destaque…

Ele apertou os lábios vermelhos, olhando-a perplexo. – Cereja. Meu Deus. – Ele suspirou, fechando os olhos para receber o selinho dela. Sentiu-se excitado e o herói não mais abatido. – Ahm… É que eu não… Sei lá. Eu nunca parei para pensar por que eu sinto calor… Mas as vezes eu fico com calor por causa de outras coisas, então… É bom eu saber que eu fico diferente… Excitado não sexualmente… – Ele a olhou com atenção. – Eu estava muito excitado agora… – Confessou, pensando. Quente. Olhos de cor cereja. – Fiquei doido de te chupar, Bee. – Ele a olhou, tentado. – Gosto doce… – Rhistel franziu o cenho, pensando. – Acho que se eu tivesse sendo tocado, eu teria surtado. – Constatou. – Eu tenho certeza… Ahm. Você é muito gostosa. Muito boa. Desculpa, preciso dizer. – Ele cobriu os lábios com a mão. – Você é muito deliciosa.

Seu sorriso crescia de novo e ela riu com muita timidez. – Como assim deliciosa? – Perguntou entre seu riso livre, infantil – Que bom que você gostou… ! Eu nunca senti tanto prazer… Tanto… Mas acho que digo isso a cada coisa nova que você me apresenta… – O carinho subiu pelo seu rosto manhoso, e ela o tocou na orelha, massageando-a com o indicador e polegar por um momento – Essa história de halls… Acho que vou precisar comprar para mim… Não tenho essa natureza incrível de ser gelada ou muito quente. Você gostaria que eu te experimentasse também? Meu corpo se arrepiou inteiro… Parece até tortura… – Suspirou e se ajeitou no colchão, deitando-se de lado e de frente para ele – Mas talvez eu possa aprender algo … Com a minha magia… Espalhar sensações pelo seu corpo. – Arranhou-o de leve na nuca – Já ouvi falar de Mágika para experiências… – Provocou com um riso – Só vai ficar melhor conforme o tempo, não é?

Ele até se ajeitou no colchão, também se deitando de frente para ela. Os olhos do Dragão de denunciavam que ele estava pensando em diversas coisas ao mesmo tempo. Rhistel mordeu o lábio e abriu um sorriso malicioso. – Eu irei amar… Mas acho que não é uma boa ideia… Agora. – Rhistel murmurou, tentado, mas consciente. – Eu fiquei um pouco dolorido agora e… Eu gosto dessas coisas mais… Intensas e… Eu sei que você é muito boa em tudo o que você faz. Me dê de presente depois de gravarmos…? – Ele mordeu o lábio. – Faça-me uma surpresa… Com os seus truques. – Ele a beijou, aprofundando-se no gesto. – Eu tenho certeza que vai ficar muito melhor, Bee… Eu e você nos entendemos muito bem… Ahm. Você viu que me enviaram várias mensagens?

Blair sorriu e concordou lentamente – Acho que fiquei sensível demais… Também… E dolorida… – Confessou em um sussurro – Até o movimento das minhas pernas me excita quando me deixa assim… – Virou o rosto para o criado mudo e estendeu a mão para pegar o celular do Dragão. – Deve ser importante a essa hora… – Entregou o dele a ele e se ajeitou mais perto, curiosa para saber de quem era. – Está tudo bem?

– Ahm… – Rhistel a olhou, piscando os olhos devagar. – É que você também incha um pouco quando se excita. Você já deve ter reparado. Excitação demais é perfeito, mas depois é isso, Bee… Fica meio… Assim, dolorido. Mas sabe… Você é estreita… Não é comum ser tão pequenininha assim. – Ele a mirou com as sobrancelhas arqueadas e um olhar curioso. – Eu vou pensar em algo para amenizar essas dores. – Ele pegou o celular e estranhou, deitando-se de costas no colchão e mais perto dela. – É o Ladi. Está falando que “fez uma coisa”. Ele estava com um papo que iria se isolar no oceano e agora fez uma coisa? Vou perguntar o quê. – Rhistel digitou e enviou.

Ela o escutou com atenção e assentiu. – Achei que era por ser primeiras vezes… Quando fica dolorido. Mas não é a primeira vez faz algumas vezes, eu suponho…– Confessou, olhando-o cheia de perguntas – É ruim…? – Perguntou com certa preocupação e curiosidade – Ah… – Deitou-se também de costas e fitou a tela – Eu preciso confessar uma coisa… – Virou o rosto para olhá-lo. – Ladi… ? Sempre nos pega de surpresa quando entra em ação.

– Não! Nem um pouco ruim! Eu acho maravilhoso… Só precisamos saber como lidar com essas sensibilidades e dores para que não acabe machucando… – Ele a beijou vagarosamente em um selinho e sorriu. – Você é perfeita assim, como você é, Bee… – Admirou-a, mas se assustou a mensagem que chegou. Rhistel franziu o cenho, lendo-a. – Nossa. – Ele pestanejou. – Ladi enviou um vídeo “pessoal” para a Arty… – “O que tem no vídeo?”, Rhistel digitou, deixando a tela para Blair ler também. Ladi rapidamente respondeu: “Eu me filmei me masturbando. Eu não sei se fui longe demais. Você pode ver o vídeo?”.

Ela sorriu para o comentário e retribuiu o selinho. Tranquilizava-a o espaço que ele a dava sobre nada ser realmente um problema. Seus olhos ficaram sobre ele um instante e depois seguiram para a tela. O susto fez a maga tossir como se engasgasse com o ar. Seu rosto ficou corado pelo pensamento mais veloz que sua própria censura, e ela fechou os olhos, constrangida.

– Ele não deveria estar no fundo do mar…? – Voltou a reler a mensagem – Eu não quero ver isso, Rhis. Eu malho com ele três vezes por semana e somos muito amigos… Não quero isso na minha mente. – Falou rápido, fechando os olhos e negando brevemente: – Eu não consigo imaginar Ártemis pedindo um vídeo desses, nem ele resolvendo gravar e enviar do nada… Ladi avança bem rápido… Nos relacionamentos… Eu achava que a questão era a Fayre…

– Mas você não vai ver! – Rhistel reclamou, manhosamente. – Eu ainda nem me mostrei para você… – Ele franziu o cenho, ainda processando a informação. Ladirus era tão saidinho assim…? Rhistel piscou os olhos devagar. – Eu acho que tenho uma impressão errada e boba do meu querido irmão. “Vê meu vídeo aqui se masturbando”?! – Rhistel gargalhou. – Só faltou falar “na amizade”. – Brincou enquanto escrevia: “Não precisa! Se você confia que a Arty não vai espalhar o vídeo, tudo bem. Logo, você está ficando famoso, mano. Só cuidado”. O Dragão de Gelo enviou, divertindo-se. – Pelo jeito, sim… Mas… Eu acho que ele ainda vai se enrolar, sem querer ser pessimista, mas ali entre ele e a Fayre a coisa é forte e quente.

Blair encarava o celular surpresa ainda, mas evitando qualquer sombra em sua mente.

– Minha agência me orienta fortemente a não fazer isso… Ladi precisa tomar muito cuidado. – Respondeu impressionada com seu amigo – Eu também acho… – Fitou Rhistel – E a Fayre gosta demais dele. Ela não está ok… Só espero que tudo corra menos confuso… Caso ainda haja uma reviravolta. – Franziu o cenho levemente incomodada – Eu não queria que ele ferisse a Fayre mais…

Rhistel a olhava, pensando. Ladi respondeu: “Eu acho que ela não mandaria para ninguém… Eu senti vontade de mandar e curtimos um momento…” e o Dragão de Gelo o tranquilizou: “Então tudo bem, safadão… ;)”. – Eu tenho medo de aconselhá-lo e complicar mais a história. Eu também espero que isso não cause maiores danos, mas não acho morrerá na praia… – Ele largou o celular pelo colchão e a abraçou, escorando a cabeça à dela. – A não ser que ela se enrole com alguém… Daí, talvez se conforme… Pelo que vi na Click, ela está bem disposta…

Blair concordou e o tocou nas costas fazendo um leve carinho – Eu nunca convivi com ela diretamente assim. Eu não sei como será… Também não sou a melhor conselheira… Mas o apartamento dela vivia com pessoas estranhas… Ela se drogava muito, e bebia. – Lembrava-se da bagunça – Eu gosto muito dela, porque foi a primeira pessoa que eu consegui me aproximar um pouco mais. Ela passou por muita coisa e ainda conseguia me olhar como se eu fosse alguma coisa boa, uma humana… Mesmo ela mudando drasticamente o estilo de vida. – Contou com calma – Eu espero que se enrolar com alguém não seja ir para cama só. – Pensou, mas sorriu por fim e o fitou – Ela vai se apresentar final de semana. Eu vou fazer uma participação escondida no piano… Você vem? O show dela é muito divertido. – Riu: – Às vezes ela falava, “Blair você tem que vestir essas roupas e se apresentar comigo lá na frente”, me fazia rir sempre porque é absolutamente algo que eu não faria, e ela sabe.

O piano. Lembrou-se do piano na sala e se sentiu orgulhoso de si mesmo por não transpassar a agonia interna que lhe veio ao reviver a imagem em sua cabeça e o sentimento de desespero que o dominava. Rhistel assentiu, energético e animado para o convite. – Eu adoraria te ver com uma daquelas roupas afrontosas dela. – No fundo, achava que Fayre era a escolha mais adequada para o Dragão de Água, mas ele não podia falar por Ladirus muito menos sentir por ele. Arty também era legal e linda demais. Era muito difícil resolver a situação que ele havia se enrolado.

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