Painted On My Heart, Scrawled Upon My Soul

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Wyrm

Painted On My Heart, Scrawled Upon My Soul


Solstício de Verão. Como sempre, ele não estava participando da festa em que parte boa parte da ilha se envolvia e se perdia. E não estava chateado por isso. O Caern inteiro parecia vibrar, excitado, espalhando sementes de chamas e almejando as próximas gerações. Ele só se esquece de que aqui somos todos uns pecadores. Rhistel caminhava pelo tapete macio do quarto de Blair com uma expressão de humor em seus lábios. O seu reflexo diante de espelho o encarava de volta. Ele se tocou sobre as tatuagens e lembrou-se das palavras da Maga. Preso, envolvido. Era como se pudesse sentir as intenções por detrás de cada desenho.

Haviam muitas coisas para dizer pelo longo dia, mas nenhum espaço para conversa. Teve inveja dos casais que puderam simplesmente ficarem juntos, deixando-se ir pela afeição daqueles que amavam sem sofrer censuras… Que na verdade, eram poucos casais. Blair foi caminhando porque suspeitou que ele iria demorar conseguir sair, a surpresa de vê-lo no seu quarto foi apenas mais doce do que já imaginava.

Lábios vermelhos com sabor de licor, sensação fresca como a brisa que os acolheu a noite inteira. Risos no escuro, brincadeiras censuradas, passos pelo tapete, beijos no chão, troca de posições. Aprendeu sobre a sensibilidade que ele tinha com os sussurros e os beijos atrás da orelha. Colo, cama, mãos que se agarravam, desenhavam, roupas que ficavam pela tortura. O jogo agradava – ir longe sem ir demais. Aprendeu sobre como era muito sensível a carícia sobre seu seio, mesmo que por cima da roupa. Aqueles mistérios sempre mantidos. Exceto quando se tratava do próprio prazer. Pedia como um segredo seu toque, e ele a alimentava de prazer com sua massagem abaixo da saia curta, e ela devolvia com menos timidez e mais experiência que da primeira, segunda, ou terceira vez… Noite adentro e dormia a segunda noite profundamente, como se nunca tivesse tido problemas na sua vida de insônia ou ansiedade.

Rosto sobre seu peito tatuado e perna sobre os quadris, tão próxima quanto poderia, dificultando-o sair do seu lado mesmo se precisasse. Apenas havia mudado o vestido da festa pelas pedras que o decoravam, trocando por uma camisola amarela clara, rendada com branco, que apenas não havia sido motivo para um recomeço pela decisão e cansaço de um dia que começou com o single de Rhistel nas rádios, e uma longa conversa sobre o videoclipe que a levou ao sono pesado e despreocupado…

Blair não se importava com o gelado do corpo do irmão? Aparentemente, não. Pelo semblante deles, não pareciam se importarem com nada além deles mesmos. Semblantes tranquilos, abraçados. Fayre não apreciava dormir abraçada e Ladirus não tinha parâmetros suficientes para saber o que era normal e o que não era em um romance. Para ser sincero, eu não sei de mais nada. Não tinha conseguido dormir, mesmo cansado. Fazer sexo gastava uma energia intensa e até ele, um Dragão, tinha os seus limites depois de ver o Sol nascendo devagarzinho e ainda estar suprindo os cálidos desejos de Fayre. Eles pouco se conversaram, mas ele tinha certeza que havia saciado a vontade sem fim. Vontade silenciosa, sem boa noite, mas com beijos ardentes…

Gaia, o que sentia por ela? Já não sabia demais. Não houve um minuto que não estivesse pensando em Ártemis, embora estivesse com ela. O sorriso da morena estava dentro do seu coração, visitando-o junto do seu abraço carinhoso. Ladirus se sentou à beirada da cama, olhando para o teto. Ainda vestia o short do dia anterior, mas havia tomado um banho demorado antes de…

… Invadir o quarto de Blair.

Preguiçosamente, Rhistel entreabriu os olhos, piscando-os vagarosamente. Os seus sentidos estavam ligados sem que ele entendesse o porquê. Desperto com completo, o Dragão beijou a testa de Blair e inspirou, tão relaxado que tardou a identificar o foco dos seus sentidos. Ele inspirou novamente e franziu o cenho, erguendo os olhos sem acreditar no que via:

– Ladi! – Rhistel sussurrou com urgência e irritação. – Ladi, que merda é essa?!

– Eu preciso conversar… – Ladirus o olhou por cima do ombro. – … Com vocês dois. Vocês vão sair, certo? Estão pelados?

– Não! – Rhistel franziu o cenho. – Mas poderíamos estar!

– É que eu precisava conversar antes de vocês saírem. Você disse que iria sair cedo…

A agitação de Rhistel acabou acordando a Maga. Blair ergueu os olhos verdes até ele, mas antes de sorrir notou que algo estava errado assim que encontrou um semblante agitado no Dragão de Gelo. Seus olhos desceram até Ladi e ela engoliu o fôlego no susto.

– Deus. Que susto. – Ela ofegou, sentou-se devagar, ajeitando a saia da camisola por debaixo do fino lençol e voltou a olhar de um para o outro, sem entender. Acordar em tensão a deixou agitada e séria por um minuto: – Aconteceu alguma coisa?

– Sim. – Ladirus respondeu no mesmo instante, olhando-os e virando o tronco. – Eu preciso conversar porque é bem sério

Rhistel também se sentou, mas estava preguiçoso e mal humorado e não sentia nenhuma conversa séria por vir. Escorou-se em Blair, deixando a cabeça em seu ombro, inspirando com manha. Ladirus o olhou, mas não pareceu se intimidar com a expressão desagradável do irmão.

– Eu acho que eu estou fazendo merda. – Ladirus disse e cruzou os braços.

– Que “merda”? Porque você está fazendo bem agora aqui! – Rhistel lamuriou. – Não pode invadir quarto de casal assim, Ladi! Que saco…

– Eu chequei vocês antes…

Blair se ajeitou, encostando-se na belíssima cabeceira do quarto azul. Precisou de um minuto para se localizar… Ajeitou a alça da camisola e se livrou do mau humor para conversar com o Dragão necessitado.

– De qualquer modo, Ladi… Da próxima vez você manda uma mensagem de texto… Espera lá fora… Mas não entra. A não ser que estejamos todos correndo risco de vida… Não é confortável acordar com alguém que não dormiu com você e não é seu par… Entende? – Explicou, coçando o olho e bocejando. Virou o rosto para beijar o perfil de Rhistel e inspirou antes de continuar mais leve e mais atenta:

– O que houve? Você está bem?

Manhoso, Rhistel envolveu Blair num abraço pela cintura, contrariado de ter que conversar, mas observando o irmão com atenção. Ladirus parecia preocupado, afinal… E não viria sem um bom motivo, acreditava.

– Eu estou confuso, sabe. – Ele se voltou para Blair. – Eu achei que estava fazendo tudo certo, mas… Primeiro, eu gostaria de fazer umas perguntas. Vocês já transaram?

A pergunta direta fez Rhistel abrir mais os olhos. – Ahm… Não. – Murmurou.

– Vocês dormem juntos e não tem vontade…? – Ladirus perguntou, perplexo. – Você não fica duro à noite?

Inspirando, Rhistel se endireitou, levemente constrangido pela conversa súbita na frente de Blair:

– Eu acho que é melhor a gente conversar só nós dois…

– É que eu quero perguntar para Blair também. – Ladirus os olhou, pedinte.
A timidez também marcou a pele do rosto dela. Blair apertou os lábios corados e fitou Rhistel brevemente. Ficou tão constrangida que acabou rindo.

– Desculpa, Ladi… Eu acho que não vou poder te providenciar muitas informações… Se o assunto for sexo. – Olhou-o risonha, mas muito sem jeito – Mas eu tenho certeza que você pode perguntar à Fayre… Ela é bem aberta sobre esses assuntos. E eu imagino que vocês dois já estejam… Nesse estágio.

A dúvida apenas se intensificou no semblante de Ladirus. Rhistel e olhou e se voltou para Blair com um sorriso risonho.

– Mas vocês não sentem vontade?! – Ladirus perguntou, sem entender.

– Bastante. – Rhistel respondeu, também rindo. – Mas… Decidimos que poderíamos ter calma e aprender mais um sobre o outro aos poucos… E dar esse passo num momento especial. – O Dragão de Gelo inspirou. – Eu fico excitado à noite, sim… É normal… Nós só não temos pressa…

O Dragão de Água esboçou um sorriso de escanteio. – Entendi. – Ele pensou por um instante. – Parece fofo… E torturante.

– Ahm… – Rhistel riu novamente. – Faz parte…

– Eu não posso perguntar para Fayre. A minha dúvida a envolve. Eu acho que não seria educado. – Ladirus explicou, olhando-os. – Nós já transamos um monte de vezes. Ela me ensinou a fazer… Muitas coisas. Eu acho que ela gosta do que eu faço. Disse-me ontem que eu chupo muito bem e que sei meter rápido e isso era bom.

– ‘Tá… – Rhistel franziu o cenho.

“Nesse estágio” era bem mais longe do que imaginava. Sexo na sua mente era bem mais simples e menos criativo. Por enquanto. As imagens vieram muito rápido em sua mente ingênua e seus lábios se entreabriram. Precisou afastar aquela ideia rápido sobre seus amigos, e mais ainda sobre uma certa expectativa de não entender nada sobre o assunto e descobrir que aquilo eram qualidade… Deveria saber daquelas coisas? Sexo ganhou uma proporção mais complicada. Sua mente deu um nó e ela pediu:

– Ok… Não precisa trazer esses detalhes, Ladi. Acho que é um pouco pessoal demais. – Pediu baixinho – Hm… Tem certeza que eu posso te ajudar?

– Eu tenho. – Ladirus disse sem pestanejar. – Bom, tudo o que eu faço com ela é gostoso. Ela é bem criativa e tudo o mais. Linda… E sabe usar o corpo todo. – Prosseguia. – Mas as vezes parece… Que só isso importa. Tudo bem. Eu não estava ligando até Ártemis me dar o presente dela.

As sobrancelhas de Rhistel se arquearam.

– Enquanto eu estava transando com a Fayre, eu fiquei pensando na Ártemis. Eu pensei demais nela. E eu estou meio agoniado… Eu senti muita vontade de beijá-la no Solstício… Eu acho que… – Suspirou. – … Eu gosto é dela.

– Acha? – Rhistel o observava, preocupado.

– É, eu… Tenho quase certeza. – Ladirus olhou para o teto. – E eu não sei o que fazer.

A história passou de sexo para sentimentos e isso surpreendeu a Maga. Blair entreolhou-se com Rhistel e sentiu que poderia ajudar menos ainda pelo tema complexo. Deitando-se com uma e pensando em outra… Uma revelação que pareceu bem intensa para Blair.

– É uma duvida… Delicada. – Dizia um pouco surpresa – Da parte de Fayre… O que eu posso dizer é que… Ela tem… – Pensou em quais palavras usar – Uma certa dificuldade sentimental até onde a conheço, em demonstrar sentimentos também. – Falava baixo – Você está dividido ou queria estar com Ártemis?

– Eu queria estar com a Arty… – Ladirus respondeu, olhando-os. – Eu queria muito estar com a Arty… Talvez ela nem saiba que eu sinto alguma coisa… Eu não sei se estou dividido mais. Eu acho que não. Eu esperava que a Audrey… Que a gente, não sei, começasse a se conhecer mais. Eu adoro fazer sexo, mas eu acho que… Só tem isso.

– Mas são só uns dias…

– Mas não é estranho?

– Isso não é necessariamente estranho. – Rhistel pontuou.

– Mas… É como a Blair disse. Tem um muro na frente dela.

Rhistel apertou os lábios, retribuindo olhar de Blair e coçando o rosto com uma barba ainda muito curta, por fazer:

– Ladirus. O que não é legal é você ficar pra lá e pra cá. Se você acha que gosta da Ártemis, melhor ter certeza.

– Mas se eu ir falar com a Arty, eu acho que vou acabar ficando com ela também. – Ladirus disse. – Eu não sei se eu me seguro. Eu estou pensando muito nela. Não parei. Parece que estou doido até. Eu fiquei imaginando tantas coisas… Eu vou falar com ela. Eu só queria desabafar mesmo.

Ou ele estava muito apaixonado, ou algo não havia ido bem com Audrey. Foi o que Blair conseguiu juntar na sua mente, e não poderia falar por nenhuma das duas.

– Rhistel tem razão… – Blair se preocupou com aquela decisão – Fayre pode gostar muito de você agora, e não sabe se expressar. É uma coisa que se vai construindo… – “Ártemis deve estar bem ferida agora.” Pensou, lembrando-se de ter ficado ao lado dela grande parte da festa; mas não quis criar nenhum sentimento de desespero nele. – Pode acabar machucando as duas. Até você mesmo. – Olhava-o, a curiosidade logo expressada: – Por que você quis ficar com a Fayre… Se está pensando tanto na Arty quanto diz, Ladi?

Os olhos escuros do irmão prestavam a atenção de Blair. Ladirus sempre foi assim, desde jovem. Muito humilde com aprendizados e mesmo que ele houvesse vivido muito mais do que Blair, Rhistel notava que ele ainda não entendia muitas coisas. Os dedos do Dragão tocaram os fios loiros do cabelo da Maga, afastando-os do seu rosto. Sempre tão carinhosa e cuidadosa. Admirava-a, apesar de também estar preocupado com aquela enrosco que o seu irmão estava se metendo…

– Porque eu não achava que Ártemis poderia gostar de mim de outra forma, apesar de nos falarmos bastante… Não tinha nada demais. Eu só tive certeza ontem… Porque senti o coração dela… Foi diferente. – Ladirus inspirou. – E Fayre… Ela é muito atraente. Não tem como não notá-la. Ela é linda. Por onde ela passa, todos olham. Eu não conseguia olhar para ela quando a vi da primeira vez… E ela é engraçada e simpática… Mas eu acho que ela ficou mais calada quando começamos a ir pra cama…

– Ártemis também é linda

– Ela é…

– Quando eu me aproximei da Bee, foi porque eu gostei do que vi. Pensei: “Caramba, que loiraça…”. Nem pensei em outras coisas. Depois, fui pensando…

– Eu sei… Mas é que eu acabo prestando a atenção em outras coisas quando estou com a Arty… Não importa muito se ela é linda…

Blair estava preocupada, mas acabou sorrindo e rindo sobre o comentário de Rhistel. Ela o olhou risonha e negou, duvidando da palavra dele com divertimento. Seu olhar voltou a Ladirus, e estava convencida de que ele estava apaixonado, embora fosse delicado…

– Então você não quer mais nada com a Audrey…? – Perguntou – Eu acho que você deveria conversar com Fayre, nesse caso. Não vai ser legal se você desejar se envolver com a Arty sem falar com a Fayre. – Fitou Rhistel, para saber o que ele achava, não sabia se seu conselho era correspondente a realidade. – Ou encerrar isso que tiveram…

O sorriso de Rhistel se estendeu largo pelo seus lábios avermelhados conforme Blair falava.

– Bem… – O Dragão de Gelo parecia se segurar para não rir. – Ladi, sozinho você não fica…

– Calma… – Ladirus pareceu considerar com cautela o que Blair lhe dizia, pensando… – Fayre é ótima para mim… Não é como se eu quisesse terminar, mas… Eu queria ter certeza do que acontece com a Arty primeiro e então eu vejo o que faço. Fayre significa algo forte para mim. Não sou indiferente a ela. Só não posso ficar com as duas né.

– Eu acho que não, embora eu já tenha visto a Audrey secando a Arty. – Rhistel acabou rindo. – Melhor não considerar isso.

– Melhor. – Ladirus concordou. – Eu acho que vou bater no quarto dela…

“Não quero terminar”, “Quero a Arty”; Blair estreitou os olhos para o Dragão de Água, mas riu depois.

– Olha bem o que vai fazer mesmo. – Encostou seu corpo ao de Rhistel, ainda fitando Ladi – Você já sabe o que acontece com a Arty. Difícil é saber o que acontece dentro de você Ladi… – Brincou e ergueu os olhos claros para o relógio – Ela ainda deve estar dormindo… Acho que todo mundo no castelo está.

O Dragão de Água concordou. Talvez devesse arriscar e adentrar o quarto dela, depois de verificar se estaria tudo bem em fazer isso. Não havia resolvido nada dentro de si mesmo, mas pelo menos tinha certeza que precisava resolver as duas dúvidas antes de decidir alguma coisa…

– Eu vou lá… E vejo. – Disse, pensando. – Vocês vão tomar café?

Rhistel abriu um sorriso largo. – Vamos… Mas não aqui. Vamos nos aprontar e sair… – O Dragão de Gelo se voltou para Blair. – Nós vamos passear hoje… Bem longe daqui. Bem longe.

Blair encarou Rhistel e abriu um enorme sorriso. Beijou-o nos lábios e se ergueu caminhando em pé pela cama até o chão. Despediu-se de Ladirus com um beijo em seu rosto e se trancou na suíte. Como não ficar ansiosa? Demorou um pouco até conseguir ficar pronta como achou que deveria, vaidosa e com seus detalhes.

Do armário um vestido vinho, envelope, curto e com mangas discretamente cavadas. Do laço da cintura para baixo, era levemente rodado, e estava bem acima dos joelhos. Como não sabia onde por onde caminhariam, vestiu uma bonitinha preta de verniz com um salto médio. Repousado no longo decote em V, apenas uma pequena joia azul Tiffany.

Os olhos destacados por um delineador e rímel preto, e os lábios desenhados entre o tom rosa e nude. Se usava blush, misturava-se a cor pálida e corada da sua pele muito bem… Ela ajeitou os finos fios loiros de um lado ao outro, até desistir e deixar natural. Queria ter tido tempo de fazer mais perguntas… Mas não deveria ser difícil, mesmo com aquelas especificações… Nem se fazer errado. Ao menos Rhistel nunca a fez sentir que pudesse ser ruim.

Quando saiu para a varanda, sabendo que ele a esperava, beijou-o em selinhos e deu um passo para trás para se exibir e girar o corpo e depois admira-lo.

– Enquanto todos dormem, nós fugimos. – Riu – Me diz agora, para onde?

A camiseta era preta e justa até as mangas, delineando os seus braços. Ele estava com uma calça jeans escura e justa, acinturado por um cinto de couro preto fosco e usava uma chuteira preta de sola aos pés. Todavia, quem brilhava era ela em sua opinião. Admirou cada detalhe que ela o presenteou com a sua beleza. Estava tão deslumbrante que imaginou que seria bastante difícil que não a reconhecem por aí. Ele retribuiu o selinho, custando a deixar de olhá-la sem se derreter inteiro…

– Ahm… Eu pretendia te levar voando… Mas eu não sei se isso vai estragar toda essa produção. Hm. Você poderia isolar o ar? Eu realmente quero te fazer uma surpresa. – Ele tirou uma fita vermelha do bolso da calça. – E faz parte da viagem você voar comigo… – Ele cobriu os olhos dela com a faixa e a beijou por fim. – Eu sou meio detalhista planejando essas coisas, sabe…

– Eu posso me proteger do vento sim. – Ela o segurou nos braços enquanto era vendada, esperou-o vedar bem seus olhos e respirou ansiosa. – Ai… ! Rhistel… ! – Riu empolgada – Eu gosto de detalhes… Dos seus detalhes. E prometo que não vou me localizar por magia também. – Retribuiu o beijo ao toca-lo no rosto e se orientar – Me leve…

– Levo… – Ele sussurrou. As suas mãos a conduziram para o Umbral e ele se afastou para tomar certa distância até que pudesse assumir a sua forma original sem feri-la.

O Dragão de Gelo estendeu as asas e inspirou o ar Umbral, abriu a mandíbula e estralou-a. O coração rubro pulsava em seu peito e no silêncio da manhã, era perfeitamente audível.

Eu vou me deitar e você escala a minha asa… – Ele disse com a sua voz alterada e gutural, distante da habitual doçura. Esticando a asa, ele a tocou no joelho. – Tentarei ficar menos frio.

Blair sentiu a mudança em sua pele, o frio tomando conta do ambiente e as vibrações de um coração muito maior. Aguardou suas instruções e subiu por suas asas devagar, tateando-o até o dorso, onde se acomodou e então se protegeu com um escudo de força.

– Estou pronta. – Disse, tocando-o em suas escamas e sentindo-o gelado e não congelante como sua natureza era. – E totalmente no escuro…

As asas se abriram e ele se impulsionou para cima, tão suave e silencioso quanto um felino, apesar do seu trabalho. Rhistel ganhou altitude rapidamente, como se a distância cedesse à sua vontade. Tão logo, estava a furar nuvens e lançando-se no etéreo e seguindo por um caminho que ele já conhecia de cor.

Apesar de tudo, eu não seria outra criatura… Mesmo se eu pudesse. – Confessou, fazendo uma suave curva antes se voltar para baixo, descendo.

O calor os recepcionou como um lençol aquecido em medida certa, cálido e gostoso. O cheiro de mar era outro, mas viera ao encontro deles conforme ele descia. Cheiro de rio, flores, pessoas. Aromas de pão saindo do forno e doces. Risos e pessoas falando alto demais. Italiano.

Itália. Blair sorriu para si, tentando reconhecer em qual lugar estavam; mas não sabia tanto sobre o idioma para decifrar sotaques. Ela pode se deixar orientar melhor pelos seus sentidos quando de súbito ele mudou de forma e prontamente a pegou no colo.

O Umbral estava cheio de peixes deslizando pelo ar, voando e mergulhando em águas efêmeras. Blair podia enxergar suas formas somente pela sua sensibilidade com o mundo atrás da película. Sentia essências menores, e algumas até poderosas trabalhando em harmonia no ambiente. A sensação de calma e leveza a envolveu e a arrepiou o suficiente para lhe causar um riso e se encolher mais ao corpo do Dragão.

Os sons se distanciavam aos poucos quando ele adentrou um local, subiu três lances de escadas e abriu uma porta. Rhistel seguiu através do que deveria ser uma sala. Havia cheiro de flores, perfumes diferentes e limpeza.

– Violetas. – Blair identificou o perfume, pois era um dos poucos que conhecia e amava, e elas eram a grande maioria. Apenas quando o Sol os tocou de novo, que ele a pousou gentilmente no chão. – Estamos na Itália…  – Sentiu seus pés tocando o solo, mas não tão firme, madeira antiga. –  Você me trouxe para Veneza? – Riu e tocou a própria facha sobre os olhos, abaixando-as devagar, de frente para a janela. Blair observou o canal com todo seu deslumbre, e se aproximou da sacada devagar. – Que lindo… Rhistel… – Olhou-o impressionada e estonteada pela beleza dos detalhes, das cores, os perfumes. – Como achou esse lugar…? – Fitou ao redor.

Deu-lhe espaço para admirar, escorando-se ao patente da sacada. Rhistel observava os olhos verdes refletindo belezas clássicas e varandas coloridas e floridas. O canal azul e manso com barcos preguiçosos ou ancorados.

­– Eu trabalhei por aqui. – Ele disse com um sorriso nos lábios e na voz. – Eu sempre quis me hospedar nesse hotel, mas nunca tive um bom motivo, então… Eu só admirava. – Rhistel observou ao redor. – Vamos tomar café? Aqui não é nada comum ter paparazzi, então eu acho que podemos despreocupar com isso e caminhar até a Praça São Domingos… Eu acho que você vai gostar do trajeto…

– Por isso é especial… – Blair sorriu e concordou de imediato – Vamos. – Andou até ao lado dele na varanda e observou o canal por um instante. – Eu já estive na cidade… Trabalhando. Eu já estive em muitos lugares do mundo. Mas eu nunca realmente visitei um lugar… Então você vai ser meu guia, pois eu também não sei nada de italiano. – Olhou-o risonha –  Por que Itália? O hotel é lindo… É como você imaginava por dentro? – Mordeu o lábio e andou sem pressa pelo grande quarto, lenta em direção à porta – Eu não tinha ideia, mas… Quase achei que era Alemanha.

– Alemanha? Não… – Rhistel disse com um leve desgosto transitando por seu semblante. – Alemanha é linda… Mas eu não guardei boas lembranças dela. Eu vivenciei a Segunda Guerra Mundial profundamente. Eu me lembro de muitas coisas que preferiria me esquecer. Foi uma época dolorosa. Eu nunca trabalhei na Alemanha. Na Polônia, sim, mas foram tempos mais sanguinários do que agradáveis… – Contava, entrelaçando os dedos aos dela ao pegar em sua mão. O cartão do hotel estava ao lado da porta, pendurado. Ele o pegou e abriu-o. – Quando a guerra terminou, eu comecei as minhas viagens, mas a Alemanha, nunca.
Segurou sua mão e acariciou seus dedos, escutando-o com atenção enquanto descia as escadas. – Eu imagino… Eu escutei muitas histórias… Sinto muito. – Fez uma breve careta – Bem… Por incrível que pareça, eu gosto da Rússia. Eu tenho lembranças boas sobre a neve. Todas as atividades nela. Eu amava patinar, disso eu tenho certeza. Eu tinha um vestido dourado… De inverno… Eu queria usá-lo o dia inteiro, em todas as ocasiões.  – Resgatou com certa dificuldade em sua mente, como se fosse algo muito vivo, mas símbolos soltos. – Pelo menos eu sei que você não tem medo do frio. – Brincou – Se formos visitar São Petersburgo um dia. Um dia…

Ouvindo-a, Rhistel apenas se desviou para cumprimentar o senhor atrás do balcão que mal o respondeu, provavelmente tentando buscar em sua mente de onde havia visto Blair, fitando a moça com curiosidade.

As imagens se criavam fáceis em sua mente, imaginando a menininha russa na neve. Ainda havia poucas pessoas nas ruas forradas por paralelepípedos. Rhistel sorria para ela e, assim que ela terminou, ele passou a cantar baixinho: – Dancing bears… Painted wings…Things I almost remember… And a song… Someone sings… Once upon a December… – A voz afinada e suave ganhava notas mais longas, apesar dele sorrir e querer rir. – Someone holds me safe and warm… Horses prance through a silver storm… Figures dancing gracefully… Across my memory

– Rhistel… – Ela sussurrou e riu, mas não conseguiria interromper a bela voz de Rhistel nem se quisesse. Escutou-o risonha e se embalou com a canção, movendo seu corpo de um lado ao outro enquanto caminhavam devagar. Soltou a mão de Rhistel para se abraçar e girar o corpo como a personagem fazia no filme, saudosa, e parou diante dele rindo. – Quase isso! – Riu e se agarrou a ele para andar com a cabeça apoiada em seu ombro – E eu gostava. Toda a educação de princesa, e o balé russo. E as cores. As Noites Brancas que eu assistia nas áreas do palácio… Nem parece um trecho da minha vida. É como se eu tivesse sonhado. – Fez uma pausa – Eu tenho umas fitas gravadas… De alguns aniversários, e apresentações escolares. Mas eu nunca tive coragem de me ver. Eu gosto da fantasia da minha mente. Porque depois que eu cresci, estragaram todo o país. Esses Presas … – Negou brevemente, e afastou o rosto para olhá-lo – Me diz uma época que você sente saudades…

Conseguia imaginá-la empolgada com qualquer coisa, desde as mais simples até as exclusivas, como um balé russo. Gaia… Que infância. Ele riu quando bailou a sua própria dança e abraçou-a quando se aproximou. – Saudades? Acho que… Só das minhas aventuras com a minha irmã… Mas eram todas libertinas. Viajamos o mundo e provamos dele. A surpresa das novas experiências era sempre gostosa de provar. Nós vivíamos vidas diferentes… Eu já tive muitos nomes. Nunca usava o meu próprio… – Ele suspirou. – Não me lembro de muitas coisas da minha infância, mas sei que foi Elara quem me ensinou a cantar. Eu lembro de uma canção… Assim… – Ele cantarolou enquanto atravessavam uma ponte. – Mas só. Sei que era dela. Também me lembro do abraço e dos seus sorrisos. Gosto de me lembrar dessas coisas.

– Libertinas… É! – Ela riu achando graça, mas usou um tom de voz mais delicado para falar de Bellatrix – Você está muito feliz que ela voltou, né… Ela parece amar muito você e Polaris… – Lembrou-se da animação dele ao rever a irmã mais velha. – Únicos da mesma espécie… O mundo devia ser um lugar promissor. Viajar como uma estrela, e ter liberdade. – Fechou seus olhos por um breve instante, tentando capturar alguma imagem que traduzisse. – Eu sei que nada é perfeito… Mas que inveja…

– Você não precisa ter inveja, Bee… Eu e você ainda vamos viajar muito. – Ele a abraçou mais forte, beijando-lhe os cabelos e cheirando-os. – Para lugares que não incomodem tanto as nossas vistas com os flashes, pelo menos. – Ele observou o adiante tranquilo, sem muitas pessoas naquela manhã quentinha.




Retornou para o quarto onde estava hospedada com Alicia desde que se arrumaram para a festa. Estava muito brava e se sentindo abandonada pela amiga, única amiga, que havia trazido para companhia! Traidora! Sentou-se na imensa cama de solteiro, que tinha uma proporção de casal, e se sentiu mais longe e distante de tudo. Aquele desanimo e desilusão incurável. Deitou sua cabeça de lado no travesseiro e chorou suas mágoas sozinha, sentindo falta de casa e vontade de voltar. Mas então seus olhos se encontraram com o violão querido, e ela encontrou uma vontade para se sentar e pegá-lo para arriscar alguma coisa que havia treinado.

–  Half of my heart is in Havana, ooh na na…. He took me back to East Atlanta, oh na na na. Oh, but my heart is in Havana. My heart is in Havana ayy… Havana, ooh na na… – E gostou da sonoridade que saiu na terceira tentativa, embora não entendesse nada de teoria musical e só tivesse imaginado o refrão. Treinou aquela melodia por umas duas horas, e outros trechos da canção que acabou reescrevendo. Quando o sono surgiu e sua mente embaralhou, tomou seu banho, vestiu uma camisola e se deitou – mas antes, colocou o violão no estojo e o deitou coberto na cama de Alicia. Seguiu para a sua própria, imensa e longe do chão e se deitou. Quem disse que conseguiu dormir? Vários sentimentos a carregaram pelos minutos, e algumas conclusões dramáticas. Devia chamar alguém para sair comigo. E se recusar, eu coloco a culpa na bebida. Viajou pelos contatos do seu celular, mas tinha poucas pessoas famosas e que valiam a pena exibir. Então procurou no Instagram. Tyler Grant… “Wow. Você é bem famoso mesmo… Sorry” e mandou um emoji pensando. Uma das contas mais seguidas. Vagou entre outras possibilidades. Cassian era outro. Lembrou-se dele com um sorriso, mas nem tinha o que dizer se quisesse realmente começar um assunto. E nem queria na verdade. O sorriso de Ladirus ainda estava na sua mente, assim como a imagem tortuosa da Fayre o levando de novo, igual das últimas duas vezes. Fechou seus olhos e agradeceu por não haver muitas fotos dele por aí para ficar triste o suficiente e passar a vergonha de enviar uma mensagem de texto. Também se sentiu sortuda por pegar no sono antes de se lembrar que existia os áudios dele para escutar. Fechou seus olhos e dormiu seu sono sempre pesado e sem incômodo em relação a nada, nem mesmo os próprios pesadelos.

O correto seria esperar do lado de fora e apenas continuar batendo sem chamar muita atenção do corredor inteiro. Onde Alicia está? Tinha certeza que a fada estava no mesmo quarto e estranhou não sentir a presença da morena. Ladirus se sentou escorrendo pela porta do quarto da fada até, pensando. Deveria dar meia volta, talvez? Não. Provavelmente, não seria bem recebido. Lembrou-se de Tayrou reclamando que ela o havia acertado com o presente que dera para Alicia. Alicia estava com Tayrou? Questionava, mas isso realmente não importava naquele momento, apenas como distração para si mesmo. Tayrou era um dos poucos que ficara até o final, assim como Connor. Nem chegou a Rosstrider quando saiu com Fayre, mas imaginava possibilidades.

Apertando os lábios, Ladirus levou uma mão aos cabelos, enrolando mechas do cabelo azul acinzentado e ondulado. Suspirou e ergueu-se. Bateu mais uma vez. Nada. Fadas possuíam sono pesado, então? “Arty…”, ele sussurrou na mente dela, “Arty… Eu quero falar com você… Eu estou aqui, batendo na sua porta… Eu vou entrar”. Essas frescuras de privacidade ele ainda não entendia. Quando possuía um rio, não costumavam pedir permissão antes de pular nele. Ladirus pousou a mão na maçaneta, girando-a. Aberta? O Dragão adentrou o quarto, franzindo o cenho e observando as costas morenas da fada. Ela não dormia fofamente e isso o fez sorrir seladamente com humor. “Arty… Eu estou te vendo…”.

Se aquilo não era um sonho bem exótico quando surgiu do nada na sua mente. Beijando-o naquela casa do Castelo, onde ficaram brincando com os assentos suspensos. E embora estivessem de roupas, o mar fosse apenas uma paisagem, estavam molhados da água salgada… “Eu estou te vendo”, a voz sonhada perfeitamente até trouxe um desconforto, mas também arrepiou sua pele e brincou com seu desejo. – Me vendo? – Murmurou para si. Infelizmente a imagem sumiu lentamente e a deixou com o a parede quarto. Uma bela parede clássica, mas nada muito interessante ali. Ártemis juntou as pernas abertas, coçou os olhos e fitou o cômodo buscando o relógio por cima dos ombros, e quase tornou-se branca ao ver o próprio Ladirus a observando. Ela ofegou e não fez movimento brusco, abaixou a saia da camisola curta para a altura das coxas e se virou para a parede de novo. Pegou o lençol e jogou sobre o corpo inteiro, cobrindo até sua cabeça, e ficou com o coração disparado e os olhos bem abertos. Estava ficando insana e era alguma assombração quimérica… Logo iria embora…

– Sim… – Ladirus respondeu com estranheza depois de vê-la completamente coberta, o Dragão de Água mordeu o lábio, pensando. – Tudo bem. Eu também babo pra caramba à noite. – Ele se aproximou da cama, sentando-se na beirada. A sua saga de pegar pessoas em seus quartos desprevenidas se provava não muito eficaz. – Por isso, eu prefiro dormir na minha forma original… Ninguém se importa de ver um Dragão babando.

Ela sentiu o movimento leve do peso dele no colchão e se sentiu mais agitada, muito pertinho. Ártemis tocou o próprio rosto, limpando marcas e riu um pouco sem jeito. – Ninguém quer mexer com um Dragão… Reparar na baba de um é a última coisa que alguém inteligente faria. Um minuto… Ladi… – Ela se sentou, e mesmo inteira coberta, encontrou o chão e caminhou às cegas até a suíte; entrou, puxou o lençol todo para dentro e trancou a porta. Ártemis saiu debaixo do casulo e ergueu a veste para checar se pelo menos estava com uma boa lingerie quando foi pega. Abençoada Nyra e suas compras. Suspirou e se olhou no espelho para melhorar seu aspecto.

Quando retornou, estava com os longos cabelos negros e ondulados preso em um coque improvisado e a camisola menos amassada. Enrolou o lençol nas mãos e colocou sobre a cama do violão, onde se sentou de frente para Ladi. A Changeling cruzou os braços e ficou o olhando com sua expressão entre sua braveza e confusão.

Ladirus a seguiu com o olhar, franzindo o cenho enquanto coçava o peito nu de leve, tentando compreender porque ela estava tão coberta assim. Fazia calor. Na ilha, era sempre calor. Devia estar terrivelmente quente no casulo improvisado. Quando ela retornou, ele ergueu as sobrancelhas. A expressão dela o levou a observar ao redor, tentando adivinhar sobre o que poderia voar na sua cabeça. Ladirus apertou os lábios e se aproximou um pouco. – Oi. – Ele abriu um sorriso tímido e depois o mordeu, pensando. – Hm. Você deve estar achando bem estranho eu aqui, a essa hora… – Começou, olhando-a. – Né? – Ele pegou a barra do lençol, mexendo nela. – Eu… – Ele riu, acanhado, lançando os olhos para o teto. – Gaia, isso é difícil.

Por que ele tinha que falar com aquela voz? Por que ele tinha que morder o lábio daquele jeito? Ártemis desviou o olhar para a janela, e assim ficava só com a voz – espiando-o somente quando ele fitou o teto, mas desviando quando era olhada.

– Sim… – Afastou uma mecha da testa – Estou me perguntando isso e … diversas outras coisas.

Ele concordou, torcendo entre os dedos a barra do lençol. – Hm… É. Eu também. – Ladirus inspirou de novo. – Eu… – Fez uma pausa, erguendo os olhos para ela. – … Fiquei pensando em você a noite toda… – Reparava nas mãos morenas, no braço, seguindo pelo pescoço e os longos cabelos dando voltas assim como a sua cabeça fazia. – Eu fiquei pensando no seu abraço… E no seu sorriso… – Mordiscou o lábio e se aproximou mais um pouco. – Eu já pensava antes, mas… Eu não tinha esperança de você… Sentir a mesma coisa. E ontem eu… Tive. – A sua voz se tornou um sussurro. – Eu acho que senti o seu coração… E o meu e… Tudo me pareceu… A mesma coisa.

A surpresa foi real, pois não imaginava-o confessando aqueles sentimentos, nem daquela forma, e nem tão sincero. A morena o olhou perto de si e sentiu a saliva queimando sua garganta ao descer por ela. Sua temperatura subiu e seu rosto esquentou, assim como o ar que saiu de seus lábios. O coração de Ártemis batia audível em sua mente e as mãos se agarraram a própria coxa, nervosa. Tentou não passear seus olhos pelo rosto dele, mas foi apenas parcialmente bem sucedida… Os olhos, a boca que ele insistia em morder… Observou-o até o pescoço e parou ali. – Por que você foi embora? Você nem me olhava mais… Você só demonstra que gosta da princesa, não de mim. – Olhou-o nos olhos agitada – ¡Rompió mi corazón! Nem faz sentido o que está falando.

O calor dela o atraia, pois também se sentia com calor. Aquele calor. O seu corpo correspondia em desejo ao sentir cheiros e sensações. Ladirus suspirou ao ouvir o som alto do coração dela, bem similar ao seu. Os dedos deslizaram pelo colchão até o corpo dela encostando em sua coxa. – Porque eu não estava pensando em decidir… E não pareceu certo que eu ficasse entre as duas. Eu me deixei ser escolhido… – Ladirus se curvou, encostando o queixo áspero nos ombros moreno, cheirando-a antes de sussurrar: – Tudo era… Ainda é… Muito novo para mim. Eu não sou indiferente à princesa, mas… É diferente. Eu senti ontem. Eu sei que estou correndo o risco de você me dizer que é tarde para mim já e eu devia ter pensado melhor antes, mas… Eu não pensei. Ainda sou confuso. E meu o coração está agoniado. Eu não iria me perdoar se eu não tentasse…

Fechou seus olhos quando sentiu que não haveria volta para aquela aproximação. Costumava sentir raiva e explodir tudo ao redor, mas as forças escaparam das pontas de seus dedos e ela apenas suspirou lidando com a reação quente do próprio corpo. Não deveria ser tão fácil… Dizer que estava confuso e pronto. Estava muito machucada. E queria muito poder ter alguma reação raivosa, mas só conseguiu pensar em como seria o beijo dele antes de qualquer discussão ácida. Ela virou seu rosto lentamente, roçando levemente sua coxa a dele ao se ajeitar mais perto, e procurou encostar seus lábios ao do Dragão de Água… Vai que eu nem gosto do beijo dele… Mas do jeito que seu corpo reagia, só sabia que gostaria.

Cada vez mais Ladirus aprendia que garotas não gostavam muito de falar nesses momentos – e talvez ele falasse demais. Os olhos escuros acompanhavam o rosto se voltando de frente para si e os olhos quase se fecharam quando lábios encostaram aos seus.

Cada vez mais Ladirus aprendia que garotas não gostavam muito de falar nesses momentos – e talvez ele falasse demais. Os olhos escuros acompanhavam o rosto se voltando de frente para si e os olhos quase se fecharam quando lábios encostaram aos seus.

Gaia. Ladirus franziu, pressionando as sobrancelhas. Desejo que dói. Ele sentiu sua Fúria calada reagir enquanto somente respirava. Seu coração, órgão incômodo a socá-lo entre a emoção e ardor. Ele roçou devagar os lábios aos dela. Uma linha que desconhecia surgia muito próxima e um autocontrole exigido que não imaginou que precisaria ter. Ladirus ofegou. Eu quero te sentir. Seus lábios envolvem o inferior dela e ele os deslizou pelos seus, sugando-os levemente. Eu aguento me conter? O quanto… O seu braço se apoiou às costas dela e ele se viu ainda mais perto. Estava suando? Curvou-se, buscando encostar os seus lábios aos dela, mas cedendo aos suspiros antes de continuar avançando para um beijo…

Era muito difícil sentir algo assim, e excitação parecia a primeira vez que recebia tanta atenção sua. Mas suas vontades sobre ele estavam tão quentes que foi impossível ignorar. Os lábios dele rondavam o seu e ela suspirou ao ter o inferior envolvido. Parecia que tudo se desenvolvia em câmera lenta, sentiu o braço em suas costas e o desejo de sentir o corpo dele contra o seu; mas se segurou forte no lençol para não ceder o desejo de se deitar, embora a ideia não fosse ruim quando realmente sentiu-se aprofundar, seu rosto deitando para tomar seus lábios por completo e sua língua encontrando a dele em uma carícia quente, intensa e vagarosa. Ela deslizou as duas pernas dobradas para cima do colchão, e deixou uma apoiada sobre a coxa dele. Sua mão delicadamente o tocou na nuca e desceu até o ombro forte… Experimentando muito timidamente a sensação de tocar um corpo masculino com intenções mais transparentes como simplesmente absorver calor… Os dedos deslizaram até o seu peito e sentiu seu coração bater forte. Quando afastou os lábios avermelhados, suspirava profundamente e o encarava com certeza timidez misturada ao desejo que ela tentava censurar. – Por que você está aqui mesmo…? – Ela sussurrou tentando controlar a própria respiração ofegante, e os olhos que escapavam dos dele para observar a boca de Ladi e tentar se desviar da vontade de continuar o beijando… Apesar dos gosto doce demais que havia ficado em seus lábios.

Gaia… Como Ras consegue simplesmente se segurar?! Desafio pensar que o momento poderia simplesmente se deter a beijos… E toques. Não era como se sentisse que ela não o queria. A perna em sua coxa foi um convite para a sua mão pousar, deslizando os dedos pela pele macia. Toque que avançava a medida que o beijo fazia o seu sangue correr quente, inundando-o de vontade. Ladirus abriu mais a perna até que a dela deslizasse entre as suas, encostando em seus sensível e rijo pedido de prazer. – Hm? – Ele a olhou, ofegante. – Hmm… Eu só… Tinha planos de abrir o meu coração para você… – Os dedos adentraram o short feminino, mas não avançaram muito, apertaram-na. – Eu… No momento… Eu só sei que… – Ladi se aproximou, beijando-a em seu ombro e lambendo-o depois. – … Eu quero você… Muito. – Deslizando a mão do short, ele a cercou num convite para se deitar. – Eu quero fazer com você o que você quiser fazer comigo…

Ela estava tão seduzida por tudo o que ele era e fazia que precisava se esforçar para escutar. Seu corpo reagia cada vez mais excitado e ele a estimulava cheio de toques breves, beijos, cheirando sua pele e lambendo. E ela suspirava, gemia contida, e atordoada, seu corpo suava e tinha certeza que o ar condicionado estava desregulado. Paixão e desejo era tão terrível assim? Nem percebeu que estava deitada e tinha o belo corpo do Dragão sobre o seu. Cheio de linhas criadas pela força dos exercícios, inclusive aquelas que não enxergava mas estavam bem entre seus quadris femininos. – Eu quero… – Ela ofegou, encarando seus olhos puxados depois fitar o braço tatuado apoiado no colchão – Te beijar… – Abraçou-o pelas costas e delicadamente trouxe o corpo dele para sentir sobre o seu de leve, contra seu peito, contra seus quadris, e agarrar com mais firmeza a pele branca das suas costas quando pediu novamente seu beijo.

Tudo bem. Era um teste. Sentir-se sobre o corpo feminino de curvas tentadoras era um teste muito maior com as camadas de roupa finas os separando precariamente, permitindo-o sentir mais do que deveria. O seu beijo perdeu qualquer censura que poderia ter, saboreando dos lábios cheios com sua boca e língua, sentindo-os entre suspiros que se misturavam com os dela. Olhos se fechavam apertados. É culpa dos meus sentimentos esse desejo? Ele a mordeu ao lábio, chupando-o com um ardor doloroso. Ou a natureza dela exercia uma aura diferente, o bastante para ser afrodisíaca? Os seios dela estavam contra o seu peito e ele quase conseguia senti-los perfeitamente. Eu não devia estar com tanta vontade, devia? Sua mão subia, deslizando pela coxa grossa que o pressionava, apertando-a. Ladirus ajeitou o quadril, roçando-se os dela e gemendo entre o beijo quando se viu tão sensível. – O seu beijo é… Muito cruel comigo… – Ele sussurrou, mas não encontrou nada para dizer, retomou o beijo e roçou-se mais uma vez. As garras de suas mãos roçavam sensualmente pele morena.

Sua voz é muito cruel comigo. Ártemis o olhou brevemente antes de voltar a fechar seus olhos somente para senti-lo melhor… Suspiros, calor, gemidos. Alguma coisa devia estar errada no seu cérebro ou no seu coração. Apreciava como era envolvida, pressionada, tocada… Como aqueles olhos a enxergavam… Como o desejo fluía úmido pela atmosfera. Mordiscou seu rosto, subia suas mãos e o agarrava mais forte, ajeitando seu corpo abaixo dele a todo momento somente para sentir encostando-se de formas diferentes, e a ideia das suas curvas femininas se encaixarem perfeitamente a ele lhe soava até mágica. Quando seus sentimentos se tornaram um desespero do longo beijo que não avançava, ela o fitou quase sem ar e lentamente buscou apoiou nós próprios braços para se sentar inclinada para trás.
– Você… – Tentava falar entre a dificuldade de respirar, quase assustada pela forma como se sentia, tentou censurar-se. – Só quer curtir, não é? Brincar comigo. Você vai voltar para ela.

Curtir? Ele franziu o cenho, tentando se encontrar no linguajar que não costumava fazer parte da sua vida antes. Ladirus deu espaço para ela respirar – e para ele respirar. O olhar se tornou confuso e até ofendido. Ladirus ele virou para o lado, deixando-de com as costas no colchão. Seu peito forte movendo-se com a respiração inquieta… – Eu não posso voltar para ela se gosto de você… Se você quiser ficar comigo, eu vou ser sincero e contar os meus sentimentos. – Ele sussurrou com um tom de quem fiz o óbvio. – Eu gosto de você. Quero estar com você… Mesmo… – O Dragão de Água olhou para o teto e fechou os olhos, suspirando profundamente. – Que… Enfim… – Ele a olhou, apertando os lábios e se aproximou, encostando o nariz nas mãos dela. – Você não quer ficar comigo…? – Mordeu-a. – Você gosta de mim, não gosta? Sente algo por mim…

O sonhar poderia pregar uma peça tão cruel com a sua mente? Assistiu-o falar e então morder sua mão, uma atitude equivalente ao beliscão que ela queria se dar, mas tão sensual quanto só ele poderia. Não gostava de imaginar que havia sofrido muito a noite toda, mas se ele estava ali pela manhã… Poderia reclamar? Ela aproximou seu corpo e deitou sua rosto na mão dele, assentiu o fitando. – Quero! – Afirmou em um sussurro bravo – Mas também quero te bater. Minha cabeça está confusa bem agora, Ladi. É difícil escutar você dizendo isso agora, quando agia de outra maneira.  E… – Ártemis voltou a se sentar ao lado de dele, mas de frente para o Dragão – Estou preocupada comigo porque eu fiquei aqui sofrendo por você!  – Pegou o travesseiro e o acertou no peito, e depois se tocou no centro do próprio – Sentindo dor no meu corazón, tá?

Suspirava, acalmando-se, embora quisesse beijá-la de novo. A intenção foi primeiro se proteger, mas acabou se deixando ser acertado. Ladirus escolheu a mão para si, sentindo onde o rosto dela havia tocado. O Dragão de Água se sentou, observando-a. De repente, os problemas que resolve entre Cliaths pareciam tão mais simples que relacionamentos amorosos que ele se viu despreparado para a discussão. – Eu fiquei agoniado a noite toda… – Confessou. – Desculpe, Arty… Isso… É tudo novo para mim, mas eu sei que eu gosto de você de verdade… – Ele a tocou no rosto, acariciando-a. – Eu não vim até aqui porque você é linda… Ou porque gosto de jeito que você caminha, igual uma gata… Eu gosto de estar com você. Eu te acho divertida e engraçada. – Ele franziu o cenho e riu timidamente, desviando-se. – Hm. Nós podemos sair… Escondido… E conversar mais. Rhistel me deu uma grana e… Bom. Sem que os meus três irmãos saibam, claro.

Ela o escutou até o final e sorriu tímida para a última proposta. Como podia ouvir aquela voz o dia inteiro! Acompanhando seu timbre calmo, firme, e grave. Até se sentia nervosa por estar ao lado dele, deitado em sua cama. – Está bem… Vamos sair… Escondidos. – Ártemis sorriu mais animada e apoiou seus braços no colchão entorno dele, beijou-o nos lábios em um selinho demorado, mas se afastou, pois não conseguiria se afastar se continuasse. Nunca havia sentido seu corpo tão quente, e tamanha necessidade de carinho… Apoiou de leve suas mãos no peito dele, arranhando de leve sua pele clara com suas unhas felinas, e se ajeitou sentada bem ao lado do corpo. – Você tem algo em mente? – Fitou-o nos olhos –  Tem um festival na cidade da minha mixórdia que acontece todo verão. É o dia e a noite inteira. Eles produzem várias coisas artísticas, e sempre tem apresentações de tudo. É bem popular… Eu gosto muito… O que você acha?

Tinha certeza que ela não estava pensando em tantos ardores quanto ele estava com aquelas unhas em sua pele. Ladirus mordeu o lábio, observando-a com muito pouco a esconder. Respirou e sentou-se de novo, tentando arrumar um pouco de controle em um corpo tão sensível e cheio de vontades. – Eu adoraria! – Ele respondeu com uma empolgação genuína. – Eu sou curioso para conhecer mais de vocês, mas… Eu posso? – A mão dele pousou sobre a ela e ele entrelaçou os seus dedos. – Não é como se eu pudesse esconder o que eu sou. Eu tenho quase certeza que o seu povo me percebe sem esforçar muito. Isso não seria um problema?

Ela sorriu mais animada ainda, estonteada com a beleza do Dragão, e feliz pela empolgação dele sobre o local que ela gostava de frequentar. – É um festival que vai muitos humanos também, é da cidade. Mas… tem muitos Changelings rondando. Eles vem de muitos lugares e especialmente ficam nas barracas trabalhando. Você vai conhecer alguns muitos. Bem… – Pensou um instante e fitou brevemente a mão que se entrelaçou a dele – Eles vão ficar felizes com a sua presença. Acho que um pouco assustados no começo, normalmente os Dragões não são representações amigáveis,  mas quando são… Se tornam muito especiais ao meu povo. É capaz que seja convidado para a mixórdia depois, e lá eu te apresento algumas coisas.  – Ela sorria animada – Quando você pode ir?

Cada sorriso dela soava como um gesto que ele não conhecia ainda, iluminado e sincero, tão doce quanto emotivo. Embora ele fosse mais tranquilo que a fada, sem dúvida alguma, ele apreciava acompanhar a agitação. Os olhos escuros seguiam os seus gestos e como aparecia ser especial para ela. O Dragão de Água se privou do impulso de imaginar. Ele queria ver. – Entendi. – Ele apertou os lábios e mordeu o inferior. – Eu so preciso trocar de roupa…

Ela também precisava, obviamente e o seu olhar vagou sem intenção pelo corpo moreno, viajando por suas formas e curvas. E voltou-se a ela com intenções. Ladirus se aproximou e buscou por seu beijo, trazendo-a para perto de si ao abraçá-la. Eu poderia me viciar nisso. Viu-se aproximando-se mais e a mão que estava sobre a dela tocando-a a sua coxa e subindo… Até se afastar de súbito, voltando-se para a porta. Alicia os olhava com os seus grandes olhos arregalados; chocados. Ela prendeu a respiração e pareceu se decidir se voltava de onde viera ou entrava. Por fim, entrou, mas não saiu de perto de porta. Ladirus a encarava de volta, franzindo o cenho…




Rhistel queria experimentar tudo o que o cardápio salgado tinha para oferecer e a forma como comia, cheio de gosto e desejo, entretinha até mesmo a garçonete idosa muito simpática que os atendia. O Dragão de Gelo se empolgava descrevendo as suas experiências em cafés, contando sobre sabores e sensações com uma saudosa vontade, como se pudesse trazer os sabores à língua de novo:

– Bee… Você se incomoda com isso? – Ele apontou para a mesa cheia de gostosuras. – Eu prometo que não conto para o meu irmão fitness… Mas não quero fazer você passar vergonha. – Ele sorriu mais timidamente, curvando-de para roubar um selinho de chocolate dos lábios dela. – Eu adoro comer. E sempre estou com fome…

Blair comia em uma velocidade muito menor e quantidade, mas também provava de tudo sem receio ou caretas para as novidades.

– Eu não me importo. – Ela disse, confortável a cadeira estofada da cantina. Parecia que estavam em um rodízio, mas o cardápio apenas tinham muitas opções tentadoras e caseiras. Era um local simples, mas extremamente caro e requintado nos detalhes das flores, do piso antigo, das janelas e varanda. – É bom porque eu posso provar um pouco de tudo. – Ela comia um bolo de chocolate cremoso, melado em uma calda meia amarga que nunca havia provado. – É por causa do corpo… E a energia, não é? Você viajou uma grande distância para cá… Deve estar com fome mesmo. – Sorriu com o selinho, riu e tocou o lábio dele com seu polegar para pegar uma mancha do chocolate e levou até a própria boca. – Como funciona sua mente quando você está na forma original? – Olhou-o curiosa. Estava sentada sobre uma perna e quase de frente para ele. – Eu sei que a dos lobos é mais instintiva, alguns pensamentos ganham outras formas… Há algumas diferenças… Não imagino como é para você.

Apaixonava-se ainda mais por aquela simplicidade… Atraente. Blair era tão livre em seus modos que a indiferença com o pensamento alheio deixava Rhistel sem conseguir se desviar dos seus gestos. O sorriso dele se estendeu por seus lábios, interessado no dedo em seu lábio, doce e desnudando uma sensualidade toda dela. Rhistel lambeu os lábios, encontrando a sua concentração enquanto escolhia a sua próxima vítima sobre a mesa. Ele pegou um pedaço de bolo de frutas e mordeu-o, mastigando antes de respondê-la. – Perguntas interessantes. – Rhistel, refletindo. – Ahm… Sim. Eu preciso de algo que tenha a ver com o meu tamanho… – Ele se aproximou dela e passou a sussurrar. – É meio estranho falar disso… Mas eu preciso comer animais grandes. De amanhã, à vezes, Ladirus mergulha nos mares e caça umas lulas para nós. É uma delícia. – Confessou, apoiando o rosto na mão. – A minha mente… – Ele fez um beicinho. – … Fica um pouco mais acelerada. É como se fosse mais fácil pensar. Eu fico mais emotivo também… E cheiros e sons tem mais impacto em mim. O instinto aguça, mas eu acho que eu não fico tão transtornado quando um Garou em Crinos, sabe? Eu não perco a minha capacidade de reflexão, mesmo com as emoções.

Seus olhos ficaram nele, entre atenção e certa admiração que virava quase rotina na maneira que o encarava. Ele sempre usava um tom de voz mais manhoso ao falar de si, e ela reparava. Também sabia do costume marítimo, já havia espiado à distância por pura curiosidade, e era uma das coisas mais impressionantes que já havia ficado em sua mente – e não era uma pessoa nova ao mundo, já tinha presenciado muitas coisas.

– Sei… – Fitava-o – Eu posso imaginar. É que… – Sorriu com a ideia – Eu não imaginava que acabaria namorando um… É bastante adrenalina pensar melhor sobre isso.  Eu me esqueço que estou lidando com o famoso Ras Algethi. – Riu timidamente. Blair segurava o garfo de bolo em mão, cortou um pedaço, mas desistiu de comê-lo,  parecendo perceber algo naquele instante – Por que será que mesmo eu não sendo uma metamorfo, eu estou conectada…?  Parece que me foi negado esse direito.

– Ahm… Eu não sei, Bee. Nem Polaris soube nos explicar. Eu acho que não tem uma explicação clara ainda… – Rhistel deitou a cabeça no ombro dela, olhando-a enquanto murmurava, manhoso e relaxado. – Mas você deve imaginar que o próprio Polaris é um pouco diferente… Então, eu acredito num equilíbrio sábio… Eu, ele e Bellatrix somos um pouco diferentes… – Os dedos gelados pousaram sobre os dela. – Ahm…

Devagar, ele se endireitou. Os olhos escuros a mirando com um humor arteiro. – Mas… Você… Não namora um Dragão ainda. – Ele estreitou os olhos. – Você está me pedindo em namoro, Blair Valerius? É…? Está me pedindo…? – Ele sorriu. – Não, não, não… Você está! – Rhistel se levantou, afastando a cadeira, erguendo-a. – Espera, espera, espera… – Ele se ajoelhou ao lado da Maga.

Algo sábio ou algo muito quebrado. Mas não deixou pensamentos racionais tomarem sua mente. Focou-se no toque em sua mão e o olhou. A surpresa vagou por seu olhar verde entre o susto, desconcerto e curiosidade. – Eu… É que… – Ela disse ficando com o rosto vermelho nas maçãs do rosto, seguindo-o com seu olhar ele se erguer, ajeitar-se e se ajoelhar. – Rhistel! – Passou a rir de tanta timidez, segurando a barra do vestido ansiosa e abaixando seu rosto corado por um instante – Você é um Dragão bem atrevido, sabia…! Não pode fazer isso comigo do nada! – Olhou muito brevemente ao redor só para perceber o quanto chamavam atenção. Mas retornou aos olhos dele, despreocupada, mas tímida, e brincou, mordendo o lábio rosado: – Meu coração de princesa é humano e frágil.

Ele ria com ela, sem se aguentar. Se fosse mais maldoso, viveria por vê-la corada. A pele pálida, rosada, quando aquecia, se cobria de vermelho. Os seus olhos verdes ganhavam mais cor e o riso era um disfarce bobo para a timidez. – Oh, Bee… É que eu preciso chegar antes do príncipe… Mudar o conto de fadas. – Ele buscou pela mão dela, acariciando-a. – Eu sou atrevido. – Confessou, inspirando. – Eu estou sempre desejando o mais difícil… E… Eu acabei desejando a princesa. A princesa mais bela que já vi… Mais divertida, especial, doce e carinhosa… – Olhou-a, sentindo-se subitamente nervoso e ansioso. Ele mordeu um sorriso mais tímido. – Ahm… – Riu, brevemente. – Blair… – Ele apertou os lábios. – Quer namorar comigo?

Sentiu-o levemente nervoso e aquilo a fez perceber que não era só uma brincadeira. Blair pressionou o lábios, mas não conseguia evitar os sorrisos por mais que tentasse. A ideia ainda era tão surreal na sua mente, que constantemente questionava a realidade do que seus olhos presenciavam.
Ela o tocou no rosto, concordou entusiasmada e emocionada entre seus risos e sorrisos, e se inclinou para tomar um selinho dos lábios de Rhistel e o acariciar no pescoço. A cena chamou atenção o suficiente para uma família italiana na mesa ao lado comemorar em voz e palmas. Blair fechou seus olhos rindo e encostou sua testa a dele, tinha certeza que eles pensavam que Rhistel estava propondo, mas se divertiu, sussurrando em russo pois sabia que ele entendia o idioma: – Estou feliz de ser sua, moy drakon

Imaginou que ela pudesse sentir o tremor em seus lábios nervosos. Sentiu-se corar em sua face gelada, principalmente ao ouvir as palmas. Rhistel riu, erguendo-se e puxando a cadeira novamente para se sentar. Ele olhou brevemente em direção à plateia improvisada e riu de novo, franzindo o cenho de timidez. – Ahm… – Ele se voltou para a Maga, encostando a testa à dela. – Isso não estava nos meus planos, mas tudo bem… É… – Rhistel tocou novamente a mão direita dela. – Eu tinha pensando em algo menos comum… Mas… Bom, não é comum… E eles não são iguais. – Ele abriu a mão esquerda onde uma caixinha aveludada da Tiffany se abriu.

As alianças de compromisso realmente não eram iguais em cor, mas sim em formato. A feminina, melhor, em ouro cor-de-rosa, e a masculina, em ouro negro.

– Ahm… E como notei que você gosta…

Seus olhos demonstraram a surpresa de quem sequer suspeitou. Blair encarou a caixinha quase como se não a visse de verdade. Ao notar as cores das caríssimas joias, sorriu e as fitou com um carinho, pois eram realmente personalizadas e feitas para os dois.

– Rosa… E negra… – Sussurrou com o coração acelerado. – Eu não esperava. – Riu cobrindo a boca brevemente – Eu… São lindas… Demais… Eu amei! Eu… – Ergueu-se e se sentou na perna dele para abraçá-lo e enchê-lo de beijos rápidos em seu ombro, pescoço enquanto o agarrava, e ao se afastar tocar seu rosto para roubar de seus lábios outros mais lentos. – Eu nem sei o que dizer, Rhis. – Fitava seus olhos escuros, e desviando para as joias de novo, pegando a escura e a admirando antes de oferecer ao anelar dele para trocarem.

Bravo! – A família batia mais palmas, e a garçonete havia decidido que traria duas taças de champanhe para os dois “noivos”.

Ah, país apaixonado! Mas não mais que o seu coração ardente de sentimentos. Claramente inseguro sobre o detalhe, Rhistel a observava com atenção acanhada, retribuindo os seus beijos entre risos. Os olhos acompanhavam a aliança deslizando por seu dedo e ele repetiu o gesto delicado no dela. Tão envolvido entre ardores e amores que buscou um beijo profundo dos lábios de Blair quando terminou de vestir a aliança. As suas mãos a tocaram no rosto, censurando o beijo já que eram tão observados, mas não se contendo em sentir a boca que estava desejando e o toque de sua língua. Os suspiros fluíam dos lábios avermelhados e o desejo cintilava em seus olhos ao olhá-la. – Você tem certeza que gostou? Ahm… Eu fiquei com medo de achar, sei lá, antiquado… – Ele voltou a sorrir. – Eles acham que estamos noivos…

Admirou o anel em seu dedo e aproximou as mãos para compará-los. Blair sorriu e suspirou, sentindo ainda os lábios gelados na sua boca. – Claro que eu amei, Rhistel. É uma peça linda, e veio de você, um presente seu… Eu não acho antiquado… E acho que a plateia também não acharia. É só… Só que… – Fez uma pausa em suspense – Eu posso dizer que você é meu namorado de verdade agora. Provavelmente eu vou te exibir… Você e meu anel. Eu posso? Acho que você me autorizou agora. – Terminou em risos – Assim que os russos forem embora, eu suponho… – Ofegou – Ai… – Riu nervosa e ansiosa, fechando os olhos brevemente. – Eu estou tão feliz. Isso é bem mais do que eu esperava.

Ele pareceu pensar, embora não estivesse pensando. Olhava-a com o cenho franzido e um sorriso de escanteio em seus lábios mais vermelhos. – Ahm… Sim. Com certeza, primeiro… Os russos precisam embora, embora eu fique morrendo de ciúmes com aquelas olhadas cobiçosas. Ah, sério. Se eu pudesse matar com o olhar, Gaia… – Ele riu, acanhado de confessar, falando com uma manha terrível. – Eu quis te agarrar tantas vezes no Solstício. Não eram olhares educados. Eu fiquei meio bravo com isso. Eu sei, você estava linda… Mas… Argh! Fiquei com vontade de pedir mais educação também! Ah… Eu quero tirar uma foto contigo… Não precisamos postar, claro… Mas eu queria guardar comigo… – Rhistel a olhou, mordendo o lábio. – Eu sei, eu fico exaltado com essas coisas…

Haviam muitas coisas para se ver e fazer em Veneza, e especialmente comprar. Acabaram passeando pelas praças, e Blair não se ajudou em evitar de consumir alguns artesanatos locais e entrar numa loja de velharias onde encontrou um porta retratos banhado a ouro que pertenceu a uma antiga rainha. Comprou e disse que colocaria a foto deles para manter em seu quarto. As pessoas eram muito generosas com o casal apaixonado, chegou a ganhar flores, amostras de chocolates caseiros, e em pouco tempo de caminhada haviam provado muitas coisas diferentes. Blair não conseguiu fugir de uma senhora que tinha certeza que a conhecia de algum filme que sua neta era muito fã. Até em uma cidade como aquela, haviam muitos cartazes que denunciaram o rosto famoso; não negou uma foto, mas decidiram continuar pelos cantos menos populares do lugar. Andando por vielas, comentando do tempo, das flores, da música. E quando se deu conta, as surpresas a guiaram para uma bela e sofisticada gondola. Blair parecia particularmente animada demais com a ideia de visitar a cidade daquele ponto, e acomodou-se muito empolgada. Fez algumas perguntas para o guia de curiosidade, e então se aninhou ao Dragão no sofá vermelho e confortável. O passeio quase pedia silencio para se acompanhar toda a beleza da arquitetura de Veneza. Escutava Rhistel, que conhecia muitos caminhos da cidade, e também ao remador, que contava outras curiosidades mais particulares.

– Era uma das coisas que eu dizia que gostaria de ser quando era pequena. Marcela me levou a alguns testes, eu fiz algumas aparições, mas não era nada sério. Ela entretenimento para ela e para mim. – Explicava sua trajetória como atriz – Eu fiquei alguns anos sem atuar quando tudo aconteceu… Eu tinha que treinar, e esquecer minha vida antiga, e ao mesmo tempo eu estava descobrindo como tentar não esquecer que eu era uma pessoa. Quando eu fiz treze anos, decide voltar a atuar… Mas não foi nada fácil no começo. – Contava com a cabeça apoiada entre sue ombro e peito, enquanto sua mão mexia no botão da camisa dele. Seus olhos retornaram a ele com sorrisos breves. Embora a sua historia se entrelaçava com situações obscuras da sua vida, ela não demonstrava pesar – Foi difícil por causa da minha idade, eu precisava de responsáveis para ficar comigo no estúdio, assinar meus papéis e autorizações, e eu não tinha… Tive que fazer algumas pessoas fingirem que eram meus tutores… Até eu fazer dezoito pelo menos. Depois ficou mais fácil. Jay e Rose são meus agentes pessoais atualmente. Os diretores acham que sou uma pessoa pouco acessível na maioria das vezes, e que precisam falar com meus agentes antes de mim… Os dois sabem que eu sou diferente, então cobrem tudo para mim nos estúdios… Se eu chego atrasada, se eu não quero viajar no avião da companhia… Quando eu precisava teleportar para outro lugar. Essas coisas… Jay trabalha para mim até hoje, a Rose não mais…

Será que ela poderia imaginar que em todos esses anos eu também nunca tive isso também? A sensação plena de estar em paz, sentindo falta de absolutamente nada e distante de ansiedades. Os olhos escuros, tão raramente calmos, vislumbravam a paisagem colorida e flora enquanto sentia a gondola deslizando pelas águas como se pedisse licença a elas e fosse atendida com educação. Os seus dedos a acariciavam nos cabelos loiros. O seu coração batia devagarzinho e ele sabia que somente não conseguia dormir porque cada história que ela lhe contava era sempre intrigante demais. Rose não mais, preferiu não comentar a respeito. – Ahm… Você sempre fala do seu trabalho com uma paixão, Bee… Eu consigo sentir, sabe. Parece que foi o seu refúgio por muito tempo, não é? – Ele inspirou, coçando carinhosamente a cabeça à dela. – Você gosta dos eventos? Eu acabei vendo algumas fotos suas e… Nossa. Você está sempre destacada de tudo e todos…

Ela concordou com um breve sorriso. – Eu amo. Se não fosse meu trabalho… Talvez eu fosse exatamente o que suspeitavam o que eu fosse. Uma bruxa inumana. – Riu brevemente com aquela fantasia que costumavam ter sobre a Mensageira –  É como viver meus sonhos de criança e ter contato com a realidade. Todos aqueles vestidos e joias, parecem uma brincadeira. Os estilistas me mandam convites, imploram para que eu vista suas marcas, e muitos pagam caro para que eu realmente vista. Mas eu já tenho algumas que me patrocinam e são muitos atenciosas em relação a mim, e o que eu gosto, e meu tipo de beleza. Eu pareço a melhor pessoa do mundo. – Sorriu risonha – Em breve vou começar a promover o filme que eu fiz. É um showbizz intenso. Entrevistas, coletivas, programas de televisão em todos os horários… Eu gosto… Embora eu também saiba que isso não é nada como uma vida real. – Riu – Meus parâmetros são todos duvidosos. Até sobre paz e tranquilidade. Eu ainda estou me acostumando a isso… – Franziu a testa – Poder descansar, comer com companhias, ter uma casa e receber pessoas que não tem medo de mim, pensar em objetos e decoração que eu goste – Confessou, fechando os olhos para os carinhos por um instante, pois logo se focava na paisagem – Dormir… Até dormir não era uma atividade simples. Duas vezes por semana no máximo. E tem sido cada vez mais fácil agora… Sinto até meu coração respirar. Bater mais tranquilo. – Olhou-mordendo o lábio – Eu sei que você é compreensivo com minhas ideias fora do lugar. E… Sei também que irá em alguns eventos comigo, né? Eu estou pensando em como te convencer a ir em todos. Eu confesso que não são todos divertidos, e eu tenho a impressão que você não gosta muito de tantos flashes. Mas… Você me faria um destaque ainda maior e a mulher mais feliz da noite.  – Ela se afastou para colocar as mãos na própria cintura e erguer o queixo como se estivesse parando para uma foto – Posar no tapete vermelho com a mão na minha cintura. – Acabou desfazendo a pose, rindo.

Ele se considerava falante, mas até se aquietava quando ela começava com as histórias que expressavam uma vontade incontrolável de ser ouvida; colocar para fora histórias e detalhes que poucos ou quiçá ninguém tinha ouvido. Entre os relatos aparentemente corriqueiros, ele sentia seriedades e profundidades, mas não as cutucava. Permitia que Blair se deixasse levar pelo fluxo que precisava expelir, mesmo que fossem doses homeopáticas. – As minhas ideias não são muito de dentro da caixa, Bee… – Ele ajeitou o pescoço, observando-a com um sorriso divertido, congelado antes de rir admirando a encenação dela. – Ah. – Rhistel abaixou a cabeça. – Eu acho invasivo essa coisa de fotos. Eu gosto de fotos que escolhi tirar… Ou que foram tiradas por pessoas queridas. Eu não gosto de ser uma exposição, sabe. Mas… É óbvio que eu te acompanharei sempre que eu puder, Bee. Eu tenho curiosidade para saber como são essas coisas… – Ele se curvou, beijando-a docemente em seus lábios. – Eu também estou conformado que exposição vai fazer parte da minha vida, mas é bem esquisito ver pessoas escondendo o celular para tirar uma foto nossa. – Ele meneou a cabeça, negando, mas dispersou-se, dirigindo-se ao barqueiro. – Ah, por favor… Senhor? Pode fazer a curva aqui? Nosso hotel é aquele prédio com as flores azuis!




O protocolo se seguia com Jullian fugitivo do Sol, sentindo os aromas doces dos cremes de Nyra e Annik que a brisa trazia enquanto as beldades nuas tomavam Sol no convés. O Lendário estava sentado à sombra, vestido com um short praiano preto e óculos de Sol muito escuros com curiosas armações cores-de-rosas quadradas. O MacBook pessoal estava sobre as suas coxas e as algumas das canções finalizadas dos The Puppies tocavam em loop para as duas lobas enquanto ele fazia algumas anotações.

– Jules. Eu tenho certeza que Dracula Teeth é sobre a Nay. – Annik se voltou para a Theurge, erguendo brevemente os óculos escuros dourados que usava. – Lucky stars rattle the jaw

– Ah. – Jullian riu. – Com certeza é. – Ele mirou o celular jogado ao lado que não parava de vibrar e pegou-o.

– Ela é sexy. – Annik aprovou, pensando. – Esse álbum parece… Sexy.

Nyra estava calma desde que acordou. A noite havia sido intensa e boa o suficiente para descarregar as energias que vinham acumulando. Amor com seus amores. Até suspirava de alívio vez e outra. O Solstício tinha sido per-fei-to.

O corpo recebia todo Sol e transformava em um perfeito bronzeado, como Mágika, e realmente era. Completamente nua, cabelos negros e óculos escuros aviador de Nathan.
– Nossos homens só fazem música sexy, Annie. Eu não vejo a hora de ver os clipes. – Disse orgulhosa, se sentou e observou Jullian. – Por que seu celular está tocando tanto, meu Lobo? Eu não acredito que estão te perturbando a essa hora… – Prendeu os longos cabelos em um rabo de cavalo e se ergueu para pegar mais óleo bronzeador e se sentar na cadeira de Annik, passando gentilmente sobre o abdome dela ao perceber que havia pouco.

O movimento das mãos gentil fez Annik relaxar mais no mesmo instante, embora o olhar da Ragabash observasse a Theurge com interesse. – É verdade, Jules. O seu celular está te perturbando com o quê?

O Lendário ergueu o olhar para elas e suspirou, incerto se queria perturbar a imagem tentadora, mas… – Rhistel está em Veneza com Blair. – Deduziu rapidamente.

– Veneza! Que saudade! Foi tão divertida a nossa viagem para lá!

– Ele está com o meu cartão de crédito. – O Philodox franziu o cenho.

Annik levantou o pescoço com os olhos muito arregalados.

– Ai, Rhistel… Veneza! – Nyra escutou aquela informação e parou a massagem um minuto. Mas continuou passando mais óleo e subindo a massagem para o colo de Annik.
– Eu não deveria estar perguntando, mas eu vou. Com o que ele está gastando tanto? – Fitou Jullian. – Por que logo Veneza…? Eu sei que… Isso é extremamente romântico. Mas é uma cidade bem exagerada.

– Ele trabalhou em Veneza, disse-me. – Jullian respondeu, levemente atônico.

A Ragabash mordeu o lábio, pensando. Até sentiu vontade de ter a tela do celular, mas a massagem ainda estava sendo muito mais interessante.

– Não parece muito ético olhar. – Jullian disse, embora verificasse o cartão.

– Ah, agora diz! Eu também estou curiosa! – Annik protestou.

– Bem. Hm, Hotel, restaurantes… Três. Hm, quatro. Cinco. – Jullian franziu o cenho. – Uma porção de lojas… Eles estão fazendo algumas compras… Perfumaria, passeios… Farmácia… – O Lendário arqueou uma sobrancelha.

Nyra parou a massagem pois se viu impelida a checar com os próprios olhos ao escutar o último nome. – Farmácia?! – Sentou-se ao lado de Jullian. – O que eles foram fazer numa farmácia!? – Nyra abriu a boca. – Gaia. Quanto tempo eles estão juntos? Porque não pode ser por dor ou doença… Ou… – Nyra cobriu a boca, parecendo apenas piorar possibilidades. – Quem vai para Veneza e entra em uma farmácia… Tem como saber o que eles compraram? Hm… Quanto ele já gastou com ela?
– Alguns milhares… – Ele não quis contar. Eram muitos milhares. – … Se contarmos as alianças… – Jullian começou a rir ao ver toda aquela exaltação de curiosidade. – Farmácias vendem muitas coisas, minha pequena estrela…

– Nossa! – Annik seguiu Nyra, engatinhando. – Ela pode ter tido o azar do ciclo… Mas alianças?!

– Às vezes, Rhistel é um pouco menos inconsequente que nós e foi apenas comprar preservativos. – Jullian fitou a Ragabash.

Annik bateu palmas, rindo. A piada era ótima.

– É verdade. – O Lendário insistiu.

Nyra também riu. – Você acha? Eu nem sei se Dragões podem gerar filhos. Acho que Rhistel já teria uns no mundo a essa altura… Mas se eles realmente puderem… – A Theurge olhou a fatura pensativa

– Rhistel já teria uns? O Dragão geladinho é safadinho, é? – Annik perguntou com malícia.

O Lendário apenas fitou Annik com um sorriso selado e o cenho franzido e deixou Nyra analisar a fatura.

– Pensa bem! Aliança e farmácia não me cheira bem! Por que ele está propondo ela noivado, hein? Como você não me disse nada de que ele ia comprar aliança, Jullian? Gaia… – Segurou o ar assustada. – Acho que vou perguntar para o Acksul se é possível.

– Noivado! – Annik cobriu os lábios com as mãos.

– Garotas, vocês estão exagerando. – Jullian ria. – São de namoro. Alianças de compromisso. Eu não sei se eles podem ou não terem filhos, pequena estrela. Eu imagino que seja possível…

– Rhistel é muito fofinho com ela. Onde ele comprou? – A Ragabash perguntou, curiosa.

– Tiffany…

– PORRA, ELE AMA ESSA GAROTA!

A Theurge até tirou o óculos escuro para fitar o nome Tiffany na fatura. O valor fez seus olhos se abrirem mais ainda.

– Gaia… Jullian! Como você deixou ele fazer isso?! Ninguém dá uma aliança dessa com quinze dias de namoro… Ou sei lá… É MUITA coisa! – Suspirou preocupada – Olha isso. Quase dois mil dólares o quarto de hotel. Setecentos de restaurantes. Isso tá muito sério! Duzentos e cinquenta de gôndola. – Cruzou os braços – Ela está vestindo um carro importado no dedo. – Nyra pegou o celular digitou o nome de Blair e Veneza. Não demorou sair uma única foto no Instagram de uma fã da Maga com uma senhora. Rhistel não estava, mas Nyra deu zoom na mão da maga, que abraçava a senhora pelo ombro e procurou o anel. – Olha! Dá para ver! Anelar direito. Parece… Rosa… – Mostrou para Annik – Será que tem pedra? Se tiver isso é muito sério. Não é só de namoro. Ai, Rhistel…

Os olhos azuis fitavam Nyra com uma expressão curiosa e culposa. Ele já sentia que não era a decisão mais sábia ajudar o Dragão com o seu cartão de crédito, mas também não se arrependia. Estava preocupado, mas não se arrependia.

– Oh… É… Cor-de-rosa. Parece que não tem pedra. Eu acho que recebi um e-mail com esse anuncio. Ouro rosa. Dá um Google. Eu adorei. Blair está tão feliz. Eu também estaria… – Annik observava a tela com os olhos cheios de desejo. – Tão lindo e delicado! Diferente…

– Annie… – Jullian a olhou, pedindo clemência. – Ele pegou emprestado, minha estrela. Disse-me que devolvera cada centavo. – Jullian umedeceu os lábios, pensando. – Eu nem sei se posso confiar ou não, mas por enquanto… É melhor eu voltar a produzir música.

– Eles já foram vistos, Nay? – Annik perguntou, curiosa. – Juntinhos…

– Ainda não saiu nada… – Nyra Investigava. – Acho que eles estão pelo menos tomando cuidado. Aí se esses russos veem isso! – Apertou os grossos lábios – É capaz que a dele seja preta ou prateada… – Fitou Jullian – É muita dívida para quem lançou um único single, meu lobo. Ele não pode querer bancar um namoro com uma atriz assim. Eu sei que a Blair só usa Tiffany, mas, para quê aliança de namoro? – Ergueu-se e suspirou – Ele está perdidamente apaixonado… Mesmo. Você vai ver, ele vai chegar nos trinta mil até o final desse dia e eu não estou contando a aliança…

Annik tentava não rir. Normalmente, era Jullian dando broncas. Não o contrário. O Philodox fitava Nyra com uma expressão que quem tentava encontrar palavras para se defender ou tranquilizá-la – e não estava encontrando!

– Eu concordo, minha Rainha… Eu confiei demais. – Jullian observava o celular nas mãos dela, temeroso que mais alguma compra fosse anunciada. Ele ergueu o braço, buscando pela mão livre dela e puxando-a para si. – Rhistel não parecia que iria esbanjar tanto. Ele não tem a aparência de alguém que esbanja. Julguei mal. Eu espero que você esteja errada, minha estrela…

– Ele está querendo impressionar a Blair… – Annik disse. – Certeza. Ele ja passou no supermercado para comprar alguma bebida?

O Lendário inspirou.




Após passar o cartão na porta para abri-la, Rhistel adentrou e ajeitou as delicadas compras sobre um tapete vermelho, observando as diversas sacolas: itens de decoração, presentes e roupas. Distante do combinado envolvendo o cartão de crédito de Jullian Blackwood. Bem distante. Mas como deixar Blair pagar alguma coisa? Desfez dos pensamentos de preocupação com uma facilidade enorme. Darei um jeito. Cada sorriso que presenciada nos lábios animados da namorada era um presente para ele. Namorada… – Eu moraria aqui… – Declarou, voltando-se para ela. Os dedos moviam a aliança negra em seu anelar, ainda se acostumando com a presença da joia em seu dedo e descobrindo um entretenimento para a sua ansiedade.

Ele estava ansioso. Gostaria de não estar, mas se sentia com o coração acelerado desde que pisaram os pés no hotel. Ele se aproximou, examinando a mão decorada com a aliança cor-de-rosa e relembrando brevemente o processo que havia sido ser convencido a levar uma peça tão cara. Rhistel entrelaçou os dedos aos dela e inspirou, curvando-se e aproximando os lábios dos dela, sem beijá-los, mas roçando-se suavemente.

Euro era uma moeda cara e Veneza uma cidade mais ainda. Todas as sacolas e presentes vinham de uma vontade dela de decoração e posse de coisas novas e únicas do país; vontade de recordações preciosas e ele atendia cada uma como se fossem particulares e especiais. Todas dignas de atenção. Blair abaixou-se ao lado das compras para retirar o sapato dos pés cansados da longa e prazerosa caminhada pela cidade e pisou no macio tapete vermelho ao se erguer. Estava nervosa. Mas ainda conseguiu prestar atenção nos últimos detalhes do quarto, as cores de um cômodo antigo, as flores e a varanda para o belo canal; antes de se entregar ao toque e olhos de Rhistel. – Nós podemos voltar sempre que quisermos. – Sorriu brevemente e fechou seus olhos ao sentir os lábios gelados e tomou para si selinhos vagarosos. Por mais que estivesse ansiosa, o espaço para o nervosismo sempre diminuía quando estava com ele. Uma de suas mãos o tocava no ombro e a outra entrelaçava seus dedos com ele, sentindo o nobre metal da aliança entre seus dedos – Você é perfeito para mim, Rhis… – Blair disse com um suspiro baixo e buscou um beijo mais profundo, roçou seus lábios, entreabriu-os para sentir sua respiração fresca e encontrar suas línguas na massagem que a fazia facilmente se esquecer de tudo.

Entre macias sinergias, o beijo o levava até as suas memórias onde raízes encontravam a história sem tentar compreender o que não se explicava. Se temia pela aceitação de muitos, sentia-se livre com ela. A sua alma era envolvida através do beijo ardente e a massagem trocavam, com línguas que deslizavam em intensa vontade de toque e faziam o seu corpo e Fúria reagirem até rápido demais. Sentia-se convidado por ela ao se aproximar mais. A privacidade o deixava ainda mais ansioso. Rhistel ofegou, buscando pelo ar que fugia de si, abrindo os olhos para as piscinas verdes e uniformes que eram os orbes de Blair e mirando-os com claros desejos. Os seus dedos percorreram o rosto que estava desenhando em seu coração desde a primeira vez que o vislumbrou com mais atenção. Os lábios gelados a tocaram no rosto, refazendo o caminho até os lábios corados. O beijo avançou e mordeu. Sua mão desceu pelas costas femininas, pousando-a à cintura e trazendo-a mais para si. A censura que costumava impor se dissolvia. Queria ser sentido e visto. Queria-se senti-la… Os seus beijos desceram pelo queixo de Blair, contornaram a linha do seu rosto enquanto pedia por ar… – Bee… – Sussurrou ao ouvido dela. – Você… Quer me perguntar alguma coisa…? – Ele sorriu, envolvendo o lóbulo quente com os seus lábios frios. – Estou te sentindo, hmm… Ansiosa? – Ele ofegou. – Não… Pense… Que porque eu não sou virgem que eu… Não estou nervoso… Eu estou… Porque… – Rhistel voltou a olhá-la, buscando pelos olhos e lábios dela, roçando-se a eles com os seus. – Eu te amo, Blair…

Ela estava muito nervosa, mesmo levada por todos os beijos e toques; o gosto de sentir-se excitada e tê-lo semelhante, ainda estava nervosa, porque também sabia que o amava. Blair escutou a frase doce e beijou-o em outros selinhos delicados, cuidadosa para não reagir mais rápido do que esperava. Ela sorriu ao pensar melhor no que havia sido dito e o olhou. Como o amava também!

– Eu também te amo… Eu não tenho dúvidas sobre nós, Rhis… – Beijou-o e ofegou com o rosto corado, seus olhos vagavam por todo seu rosto com pressa de entende-lo inteiro, antecipar cada reação. – Eu… É que… Você mexe tanto comigo. Não consigo parar de pensar na gente e nos nossos momentos. Eu sinto desejo o dia inteiro… E eu me toco pensando em você… E passava o tempo inventando desculpas na minha cabeça para te ver sozinho… Ficar só com você. – Disse, sentindo agonia do desejo e o coração disparado, traçando toda uma linha cuidadosa em como dizer a verdade – Eu estava até tranquila… Mas então… Eu lembro da conversa hoje de manhã com Ladi e aqueles detalhes que ele deu me fez perceber que é algo complexo, cheio de sins e nãos, sabe fazer e não sabe… Enfim… – Abraçou-o um pouco mais apertado com os braços repousados nos ombros dele – E… Eu estou pensando que se eu não for boa… E for ruim para você…? Eu queria te pedir para me dizer… Se você não gostar… E ter paciência para eu aprender e te fazer feliz em todos os sentidos. – Olhava-o cheia de expectativa de se fazer entendida, pois nem sabia se seu receio tinha alguma validade.

Enquanto ouvia o relato quente que ela despia, sem rodeios e indiretas, Rhistel sentia a sua imaginação se aflorar, imaginando cenas em sua mente afogueada com as revelações. “Sinto desejo o tempo todo”. Oh, Bee… Que crueldade me contar isso! Os olhos diziam, sofrendo de calores do presente e da imaginação. Ele retribuiu o abraço dela, começando a caminhar com ela pelo quarto com passos lentos, sentindo cheiros e o calor do corpo tão próximo ao seu. Rhistel já não conseguia moderar a sua respiração ou qualquer sensação que estivesse instigando os angustiantes ardores. A sua voz fluía entrecortada com suspiros e sussurros. – Ahm… – Ele a beijou num selinho vagaroso. – É complexo… Mas… É o nosso complexo. Nós vamos nos compreender e você e eu perceberemos o que é mais interessante para nós. Como você prefere… Eu não te disse que gostava quando você me massageava antes na base antes de me tocar com mais rapidez…? – Comentou com timidez. – É a mesma coisa… – Ele riu, acanhado. – Ahm… Quer uma massagem na banheira…? Relembrar os velhos tempos… – Brincou, mordendo-a em seu lábio. – Uma massagem diferente…

Os olhos verdes demonstravam a atenção que dedicava às palavras dele, e sua fala pareceu abrir sua mente para algo menos complicado. Já faziam isso então? Descobriam-se toda vez. Se isso necessitava apenas de expressar-se, sabia fazer isso bem com ele… Não tinha problemas em desenvolver sua intimidade ao lado de Rhistel, especialmente desde o primeiro toque, o primeiro ápice. Ela pareceu sorrir mais aliviada, ainda que a ansiedade do momento existisse, seus ombros parecem até perder a tensão lentamente…

– Eu aceito… Ir para a banheira… – Riu, após ser mordida no lábio – E todas as suas massagens… – Suspirou, erguendo o rosto somente para sentir a respiração de Rhistel em seu pescoço. – Eu sei que você disse me prefere sem… E comecei errado, mas achei que gostaria…  – A Maga alcançou uma das mãos dele às suas costas e a guiou até a frente, onde estava o nó do laço para puxar a fita devagar, abrindo o vestido como um quimono em toda sua frente. Por trás do tecido solto, ela um conjunto de lingerie cuidadosamente escolhida, azul marinha, transparente e com delicadas rendas desenhadas que lembravam lótus se abrindo, decoradas com pedrinhas muito pequenas que se confundiam com o núcleo das flores ou estrelas num céu escuro. Terminou de tirar o vestido vinho, permitindo que ele se encontrasse no chão e buscou o olhar de Rhistel com seus lábios entreabertos e a respiração levemente agitada, pois ela tentava conter o próprio peito ofegante. Suas mãos se ergueram para tocar seus braços, agarrando-se gentilmente às tatuagens e subir para seus ombros e pescoço, onde o segurou para roubar seus beijos, com mais avidez e desejo que qualquer outro anterior.

Ele não esperava pelo presente que ela desembrulhava e a avidez em seu olhar fora mais transparente do que podia ter sido qualquer comentário que ele pudesse ter feito. A boca secou pela sede das curvas do corpo definido que ela possuía. Abdome, coxas… Glúteos cheios. Quase voltou atrás com a sua proposta da massagem, pois até arquejou, perdido na visão instante. Transtornado o suficiente para se largar livre ao beijo molhado, quente e ousado, chupando os lábios que o procuravam e precisando de um grande esforço para se trazer à luz. Rhistel se distanciou do beijo, observando-a e colocando-a contra o batente da suíte. Os dedos gelados percorrendo o rosto delicado. – Bee… Eu gosto muito… Disso. Talvez eu tenha… Me expressado mal, eu… Ahm. Você está… Tão linda… – Ele suspirava, fitando-a. As suas mãos foram às costas dela, abrindo aos poucos a veste íntima. – A propósito… Eu sou louco por lingeries sensuais, cinta-liga… Meia longa… – Sussurrava enquanto a despia devagar. – Ahm… Eu sou… – Louco pelos seus seios. Olhou-os de perto, tentado o suficiente para deixar os lábios se roçarem neles enquanto se achava para terminar de despi-la.

Mesmo que um pouco tímida, deixou seu corpo ser admirado por ele na lingerie. A pele branca entrava em belo contraste com a azul escura das peças, e desnudavam a cor rosa de seus botões quando retirada – claras como as maçãs de seu rosto coradas de excitação e como o anel de ouro que não deixaria seu dedo. Blair o tocou em seu rosto e cabelos escuros, observando-o roçar em sua pele enquanto auxiliava-o a retirar sua parte debaixo. A nudez diante dele não a assustava, mesmo que nunca houvesse ficado completamente e com ele tão perto, ela confiava seu corpo de que qualquer toque apenas a causaria prazer como efeito. O ar condicionado estava desligado, então o frescor da sua pele e dedos que se agarravam a qualquer parte eram quase um alívio para o calor da sua pele… E deixavam uma marca de expectativa, pois queria ser tocada, e cada segundo, excitava-se com a própria mente antecipada e reações de um corpo muito sensível, o suficiente para que seus suspiros fluíssem com sua respiração a cada vez que seu lábio roçava em sua pele, fazendo-a descobrir essa nova sensação do gelo em seus seios sensíveis. Bem mais sensíveis do que esperava.

Os olhos dele se foram se elevando aos poucos, vislumbrando a visão privilegiada. Os lábios entreabertos suspirando. Uma descrença breve até lhe abatera brevemente. É sério que isso tudo é meu?. Viajava por seus detalhes únicos. Inúmeras pintinhas na pele pálida, as cores claras, cor-de-rosa… Rhistel se ergueu devagar, mirou os seus olhos e mordeu o lábio, demorando-se.

Blair quis despi-lo, mas recordou-se da imagem dele vestido na água e se conteve ao agarra-lo pela camisa. – Eu tenho essa lembrança… Do tecido desenhando seu corpo… Que ficou incansavelmente na minha cabeça… Eu posso te despir na água? – Sussurrou o pedido e fitou a suíte adentro.

– Huh-hum… – Ele murmurou, interessado no pedido. – Que fetiche sexy, Bee. – Confessou, com leve humor no sorriso tímido. Quando se recordava de toda a composição do primeiro momento deles, somente conseguia pensar em chamas. Os olhos dele seguiram os dela e ele suspirou.

Um belo quarto de banho com uma banheira imensa. Havia uma estante com toalhas e roupões, assim como duas taças e vinho. Muitas flores em cada vaso e velas com aroma. A torneira se abriu à vontade dela e a água começou a encher o piso da banheira. Blair buscou os lábios dele em um gemido. As luzes se apagaram sozinhas e as velas se ascenderam uma a uma.

Sons e cheiros. Pontos fracos em um Dragão. Até se perdeu da mágika manifestada por ela. O gemido fez o seu beijo feroz, ágil e doloroso de desejos. Gemeu igualmente quando a pressionou contra a parede, agarrando as suas mãos e pondo-a contra a azulejo. Rhistel resfolegou, afastando-se devagar, observando-a enquanto recuava os seus passos lentos. Com as mãos, sentiu a banheira às suas costas e foi adentrando após largar pelo caminho o tênis e as meias. Olhos nervosos e ansiosos. O coração pouco lhe trazia alguma trégua.

A forma como era agarrada por seus braços, abraçada e prensada apenas não superava a visão que ele a concedeu. Rhistel obedeceu o desejo dela, e ela sequer piscava, acompanhando toda a trajetória e como o corpo dele mergulhava na água natural da banheira. Blair o assistiu com certa paciência, e se aproximou devagar com passos leves pelo piso frio. Sorriu para o Dragão e adentrou o espaço, embora fosse grande, escolheu se sentar sobre a perna de Rhsitel. Os olhos claros passearam pelo corpo dele junto da mão, redesenhando do seu abdome até o peito. – É um fetiche querer te ver assim? E não tirar da minha mente?  – Sorriu risonha e se ajeitou sobre o corpo dele, de frente para o Dragão. – Eu acho que é… Deve ser… – Respondeu ao descer seus olhos, refazendo o caminho até o jeans, onde tirou o cinto devagar e o puxou da água lentamente. Blair assistia tudo o que podia dele sem aquela pressa inicial,  se ajeitando mais perto ao corpo do Dragão de Gelo a cada segundo. A água estava morna, mas ficava mais amena quanto mais perto estava do corpo frio… E quente de novo quando passou a beijá-lo. Beijo de água, molhado como seu desejo; explorando sua boca com aquele ardor de tortura, apoiando e repousando seu corpo ao dele e sentindo-o pulsar em prazer entre suas coxas nuas. – É muita tortura se eu pedir sua massagem enquanto tiro sua roupa devagar? – Pediu em um sussurro tímido, mas cheio de desejo, agarrando-o pela camisa molhada.

O autocontrole, onde estava? Ele fechou os olhos apertados quando as mãos passaram a manejar o cinto e até viu que a ideia do jeans havia sido uma terrível tortura enquanto sentia a sua calça roçando em toda aquela sensibilidade endurecida. Rhistel piscou os olhos devagar. Não tinha certeza se Blair tinha ciência de tudo o que causava dele, mas aquela posição diante de si já era muito maldosa e beijá-lo, sentada em suas coxas, deveria ser ilegal. Ele não conseguia sustentar o beijo por muito tempo. Respirava e a olhava tão firmemente. Queria mover o quadril e roçar-se, mas não o fez. A sua língua sentia a dela numa insinuação erótica, lambendo-a com intensidade e rapidez antes de se afastar e sorrir com malícia. – Você só pode estar testando os meus limites, Bee… – Ele ofegou, mordendo o lábio ao senti-la agarrando a sua camiseta. A ideia forte de que estava com a poderosa Mensageira diante de si o excitou! Rhistel se censurou mentalmente, embora o seu corpo não mentisse. Não deveria sexualizar essas coisas! Profano… Talvez?

Inspirou e guardou a reflexão para depois. Rhistel esticou as mãos e encheu-as de óleo de banho que aquecia, causando uma dúbia sensação com as suas mãos geladas. Ele ergueu as mãos, tocando-a sobre os ombros. Os dedos adotavam um toque firme, embora não se deixasse distante as suas unhas. Movimentos que arranhavam levemente sem se demorar, deslizavam pelo pescoço fino, erguendo os dedos até o maxilar, mas descendo. Ele colheu mais do óleo, espalhando-o pelo colo dela antes de descer mais. Os olhos fixos nos belos seios quando começou a massageá-los, brincando com polegares que circulavam…

Sem censuras, Blair beijava-o e deixava seus dedos tocaram o corpo dele, puxando o tecido para si e roçando seu corpo levemente sobre ele. Blair entregava seu próprio corpo no processo, permitindo ser tocada sem receios, agarrando-se a livre sensação erótica que as mãos dele ofereciam com ardor… Delicadas, mas cheia de posse, lembrando-a enquanto era arranhada de leve como se encontrava rendida nos seus braços. Blair mordia sua boca, pausava para respirar e encarou a massagem sobre seus seios enquanto respirava perto do seu pescoço… Como era difícil manter a calma, conforme sua vontade crescia, sua mente se distanciava completamente dos seus receios inexperientes. Era fácil ficar ao lado dele. E muito rápido se perder. Ergueu seus olhos para as linhas do rosto dele, admirando-o e entregando outros beijos nos lábios vermelhos. Quando desejou, ergueu sem pressa a camisa, acompanhando o tecido molhado se afastar da pele morena e deixar uma breve chuva antes de ser deixada de lado. Blair sorriu entre sua exaltação, fitando brevemente as tatuagens contornadas pela distorção da água – Os limites parecem a melhor parte, às vezes… – Ofegava – Eu fico pensando… Quando vou estar próxima de ‘suficiente’… – Suas mãos já estavam ao cós da calça dele, rondando entre novos beijos e gemidos que se prolongaram enquanto aproveitava a doce massagem, atiçando seus sentidos ao brincar com temperaturas; Blair fechou seus olhos mais forte, desabotoou e se agarrou ao jeans um minuto, despindo-o tão devagar quanto poderia… Aquele nervosismo quente retornou ao seu peito, mas da forma mais agradável que poderia; deu-o espaço brevemente para terminar de se livrar das últimas peças.

– Às vezes… – Rhistel afundou as mãos dentro do jeans antes que ela tirasse, pois no estado em que se sentia, teve certeza que poderia se machucar. Segurou-se, sentindo-se corresponder ao próprio toque. Os olhos se fecharam e ele não se conteve de se massagear suavemente, esticando a pele. Inspirou, olhando-a e deixou-se. – Mas tomaremos o nosso banho agora… – Controlava-se, forçando as presas que surgiam a se recolherem de volta à normalidade.

O sorriso se estendeu com maldade ao que se ajoelhou, colhendo do sabonete e se aproximando ajoelhado dela. Rhistel se sentou sobre as pernas, tocando-a em seu rosto com as mãos ensaboadas e buscando por seu beijo. O seu toque desceu por seu corpo, deslizando sobre os seios e massageando-os, mas breve. As mãos desciam, rodavam o abdome e escorriam pelas coxas fortes. Desceram e recuavam, seguindo lentas até a virilha feminina, apertando-a antes de se dedicar à flor.

Ele quebrou sua expectativa como um vidro frágil, mas que apenas incitava sua vontade de recolher os pedaços até que estivesse feito. Ela sorriu em resposta ao banheiro primeiro após alguns segundos e concordou sem esfriar sua vontade tímida de conhecer outros caminhos do prazer… Rhistel sabia fazer isso tão bem,  tocá-la como se tivesse todas as respostas na sua mente experiente, massageando-a no ritmo que ela apreciava, e tocando em todos os locais permitidos para a fazer ascender por dentro. Blair agarrava firme aos ombros dele, roçando seu rosto no pescoço do Dragão e tentando se controlar a cada pressão mais bem colocada, a cada velocidade melhor atingida. Mordeu-o, agarrou-o, subiu suas mãos por seu corpo com os dedos também ensaboados e o arranhou com menos censura do que costumava… Tocou-o enquanto era tocada igualmente, da maneira que ele preferia, firme à sua pele, massagens intercaladas e com mãos que o exploravam, somente para escutar os seus gemidos se misturarem aos deles enquanto seus corpos eram cercados pelas espumas na superfície da água. Acolhendo-os naquele momento de único prazer… – Rhistel… – Ela o olhou sem ar, pedinte do ápice, o corpo sentindo qualquer mudança na atmosfera ao nível que estava, frio e calor, macio e firme, gemidos e respiração,  sentindo menos do receio do que um minuto atrás…

Rhistel gemeu, até com certa surpresa, quando sentiu o toque mais firme e desinibido, sem um receio sequer de machucá-lo. Ele suspirou, fechando os olhos com força quando a excitação pulso entre os delicados e indelicados dedos femininos. Até onde aguentamos esse jogo, Bee? Sentiu-se sensível onde havia sido mordido, provavelmente ferido, mas estava apreciando muito vê-la se soltando tanto. Ouvia as suas vontades de uma forma diferente, sentindo-a em sensações de calor e aromas. Quando ela pediu por ele, Rhistel afastou a mão devagar e trouxe dela consigo, tirando-a dos seus desejos. O sorriso selado se estendeu antes de beijá-la num selinho vagaroso entre suspiros. Sentia-se pulsando pela necessidade de encontrar o ápice, mas ainda… Até onde eu aguento? – Vem… Aqui, não… – Ele ofegou, contendo-se de Fúria enquanto se erguia devagar e estendia a mão para ela. – Bee…

Assistiu-o se erguer e precisou de um segundo para se localizar no espaço. A água correndo pelo corpo nu foi uma visão para se guardar enquanto sentada na banheira. Blair aceitou a mão de Rhistel e se levantou também. Beijou seus lábios quanto em pé, e buscou auxilio para sair com o corpo molhado. A maga pegou a toalha decorada e secou seu corpo apenas por cima, e repetiu o gesto nele, para que não encharcassem o tapete do quarto. Tocou seu rosto e viu a marca que deixou entre o ombro e o pescoço do Dragão de Gelo, aproximou-se para beijar a pele, pois nem havia notado que o feriu.  Estava até surpresa ao que o desejo a levava pensar e fazer… Ainda não tinha experimentado sair tanto de si… Mas nunca havia sentindo-se daquela maneira também. Apaixonada. Desejando-o sem precedente. Roubou um beijo breve de seus lábios e caminhou para onde era guiada… A grande cama de desenho clássico, colorida em cores quentes como amarelo e vermelho, cheia de desenhos florais que até confundiu sua mente. Não estava pensando direito… Não conseguia pensar direito. Seu corpo não perdia a temperatura quente, por mais que estivesse sempre do lado dele, especialmente nos detalhes que mereceram atenção de Rhistel e seu toque… Seios, pescoço, coxas, entre elas…  Andou até a sua beirada sem pressa e o fitou profundamente ao apoiar o joelho na cama, engatinhando até o centro dela e deitando de lado. Sensível o suficiente para suspirar quando seu corpo repousou no tecido, e as cores por um segundo pareceram fazer parte própria da decoração do seu corpo. O vermelho como se sentia e como suas unhas estavam pintadas, e o amarelo ouro confundindo-se com a cor de seus cabelos claros. Os olhos verdes pediam para que ele deitasse junto a ela.

A meninice se envolvia ao seu lado mulher, onde ares de inocência também traziam a malícia e a doçura. Rhistel apoiou um joelho no colchão, mas deu-se alguns segundos para guardar um quadro em sua memória. Havia uma harmonia pintada, salientando a palidez da pele sedosa e o rosado dos pequenos botões altivos. O dourado dos fios loiros se espalhava brilhante como joias, resplandecendo com a meia luz. Os olhos verdes eram pedras luminosas. Rhistel piscou os olhos devagar, sentindo o coração inquietar, ansioso. Ele tentava não demonstrar a afobação da respiração, libertando-a devagar. Devagar, pedia-se. O desejo que sentia acalorava os seus pensamentos que já se aceleravam. Vê-la daquela forma era mais do que um tormento prazeroso.

Lentamente, ele engatinhou pelo colchão. O final de tarde tecia uma faixa de calor sobre a perna esquerda de Blair, destacando-a. Rhistel a admirou cheio de desejos. Tão perfeitamente bela e entregue. Os lábios do Dragão seguiam entreabertos, aos suspiros suaves; controlados. Ele umedeceu os lábios, sentindo o coração bater mais intenso a medida se deitava sobre ela. Os seus lábios a beijaram delicados e vagarosos… – Bee… – Sussurrou, olhando-a e afastando levemente o quadril. – Me leve para você… – Ele roçou os lábios dela. – Você… Poderá ir com calma… Acostumando-se… – Ele ofegou. – Relaxe bem…

A tímida luz do crepúsculo que encontrava seu caminho entre a cortina saudava não apenas seu corpo, mas o de Rhistel. A cidade era quente, a cama e seu corpo traduziam essa temperatura, e recebê-lo sobre si não foi um choque, mas uma transição onde as diferenças se mesclavam e eram bem vindas em sua curiosidade… Como seria quando finalmente encontrassem aquele elo? Rhistel e suas palavras que mal saíam do peito agitado, sobre o seu que também estava; mas ele ainda encontrava meios de dizer que estava ali, acima do seu desejo, uma consciência que a queria confortável e tranquila acima de tudo. Ela sorriu brevemente, tocou seu rosto e o beijou entre muitos suspiros. Seu corpo o chamava como todas as outras vezes, então não havia necessidade de receio, mas era uma vontade mais calorosa que precisava até de certa paciência sua.

Blair o trouxe devagar, aos poucos, podia sentir sua flor úmida o receber com todo seu calor, mas por canais muito estreitos para tê-lo com tanta pressa. Suas mãos agarradas à suas costas ditavam as proximidades e recuos, causados apenas pelo medo da dor, que não vinha. Que não acontecia. Dando-a mais confiança para tê-lo mais dentro. Era possível não sentir dor? A medida que seu corpo reagia e se excitava mais, trazia-o até o ponto do desconforto surgir tão pequeno que a fez desconsiderar que qualquer dor maior fosse realmente possível. Tudo na sua cabeça. Seu corpo apenas o pedia, mais e mais, e ela se entregava fácil ao prazer que era tê-lo ligado a si, massageado-a e a completando inteiramente por dentro… Seus lábios se roçaram ao rosto de Rhistel, deixando todos os seus gemidos ali, e suas mãos o agarraram mais forte, menos tensas com o ritmo e mais preocupadas em sentir o corpo ao seu.

Ele não se movia. Apenas a observava curioso sobre cada mensagem no semblante dela, apoiando-se em um braço. A excitação já existia no delicado manuseio das mãos de Blair e ele precisou fechar os olhos para se concentrar e não atender aos pedidos de movimento que o seu corpo manifestava. Temera que ela não estivesse excitava o suficiente – o comum? – mas a sensibilidade deslizante, quente em mel ardente, já o aguardava com ardor. Rhistel apertava os lábios vermelhos, pressionando-os. Sentia o coração na própria garganta e o coração dolorido de tanto bater. Estamos juntos. Buscou pelos lábios de Blair vagarosamente, envolvendo-a em seu inferior e deslizando úmido por sua saliva fria… – Bee… – Sussurrou, arfante. – Vamos devagarzinho… E aumentando… Se você sentir alguma dor, você me diz… – E roçou o nariz ao dela, acarinhando.

Apesar de a virgindade não ser algo que ele buscasse em uma mulher com afinco, não poderia negar a sensação prazerosa de se ter comprimido apertadamente dentro dela. O seu quadril se movia vagaroso, respeitando limites. Sentia-se deslizando tão ardentemente que a febre de tê-la se complicava com a sua paciência. Blair queimava por dentro. Desejos pediam a fricção mais intensa. Passados torturantes minutos, ele não se sentia mais solto. Excitada demais? Os seus lábios buscaram pelos dela para um beijo intenso a medida que o seu quadril ganhava um movimento menos delicado. Estreita demais

Ela negou quando escutou a palavra doer. Tinha certeza que a questão era apenas se acostumar, e isso pareceu um processo rápido para não durar o suficiente para se lembrar no futuro. Ele já a tinha quente antes, perto de um ápice da brincadeira na banheira; naquele instante sabia que seu corpo estava em chamas com o ritmo que lentamente ganhava sua velocidade desejada. E envolvia-o tão apertada, assim como seus braços que o abraçavam. O peito dele não estava inteiramente sobre o seu, mas a sensação do coração forte contra sua pele era tocável. O som tinha um impacto forte na sua mente, uma de suas mãos o tocou no peito, arranhando sua pele de leve, e seus lábios se separaram do beijo. O calor dos batimentos dele, em puro contraste com sua pele gelada… Fechou bem os seus olhos… As chamas do seu ventre e o encontro com a pele fria… Aquilo podia mesmo ser tão prazeroso quanto sentia? Ou só sua paixão por ele que a fazia assim? Não era normal. Sua temperatura, seu coração… E tudo isso a excitava naquele instante. As sensações passaram a explodir na sua boca… Seu corpo passou por breves contrações de excitação, apertando-o dentro de si diversas vezes quando o ápice se aproximava, minutos depois de atingirem a movimentação ideal daquela dança tortuosa. Blair sentiu seu corpo vibrar mais forte, aquecer mais intenso, arrepiar-se mais sensível.  Sua mão deixou as costas dele lentamente para se agarrar ao lençol com força entre seus dedos… Não conseguindo dizer, pois ofegava entre seus gemidos e o sentia tão intenso que podia ler os sinais. E não era como se já não houvesse sentido aquilo tudo, mas estava junto dele,  com ele… Toques eram quentes, mas a ideia era mais profunda quando pensava na unicidade.

Ela deve saber que está me matando. O pensamento solto, mas consciente, era uma luz na perdição certa. Ela sabe. Se havia imaginado Blair intimidada pela experiência, encontrava sua amada Maga ardentemente intensa em suas atitudes e ousadias. Distante de se mover sozinho, a tinha livre e desejosa o bastante para Rhistel se sentir amando uma mulher vivida que sabia exatamente onde buscar as mais profundas sensações – e como buscá-las – confinando e dificultando o distanciamento dele. Ela observava, sentia. Cada massagem que ela fazia em seu sexo, deixava Rhistel menos calmo. Meu coração vai explodir. Arfava e gemia. Estava sendo torturado. Os movimentos se agitavam, cruéis. Ele voltava a se apoiar em um braço e pousava a mão firme à cintura dela, apertando-a e puxando-a ainda mais para si. Atormentava-se com a excitação pulsante, segurando-se de se deixar ir enquanto ela não se libertasse. A rigidez sensível era uma definição ambígua entre prazer e desespero. E sentia-se cheio de energia, principalmente ao ter a certeza que ela se envolveu agarrando-se à sensação mais plena. Rhistel sentiu o seu corpo ganhar calor e perder o frio. Os seus olhos fixos aos dela transitavam levemente de cor, ganhando uma faixa cereja que não se manteve. Quando se permitiu, com ela, alcançar o ápice, os seus olhos se fecharam fortemente.

das e vindas até alcançar o conforto pleno de tê-lo entre seus quadris, a sensação se tornou sublime e a abraçou tão calorosa quanto pode, recebendo-o e acompanhando a reação de ter o mel em sua flor. Blair fechou bem seus olhos, arranhou de leve o próprio pescoço e gemeu ao calor  encontrado, atingindo-a em um impacto doce, mas intenso e explosivo. Estava por todo seu corpo e era quente. A pele dele emanava energia e calor e seus olhos claros se abriram brevemente apenas para visualizá-lo. Por que tão quente? Teve a impressão do vislumbre dos olhos cerejas, e aquilo contraiu seu corpo em uma reação diferente que esperava, excitando-a com a ameaça de uma ausência de controle… Embora ele se continha o suficiente para fazer da experiência a mais macia possível, sem garras ou presas, ele apenas a obedeceu conforme Blair dava seu ritmo. E tudo se ascendeu em um resultado tão perfeito, que permaneceu em um estado atordoado por diversos minutos…  Havia cores pelo cômodo inteiro, e sensações por todo seu corpo, quando conseguiu se focar nos olhos escuros, tocou novamente a pele fria de seu rosto e o beijou. Primeiro delicada, depois com mais ardor; quando Rhistel saiu de si, ela suspirou profundamente. – Eu te amo… Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Rhis… – Sussurrou, afastando os cabelos úmidos da testa e procurando a reação do Dragão de Gelo. Ainda colhia da sensação de maneira tão presente, que uma insegurança e expectativa apenas ressurgiu depois, quando se lembrou de saber se ele se sentia da mesma forma…

Ele já sentia o amor sem que ele precisasse ser verbalizado. Amor. O coração preenchido do sentimento que se espalhava pelo seu corpo em forma de desejo. Ele também necessitou de um momento para se localizar. Sentimentos, prazeres, alívio fluíam mistos até ela em suas sementes. A sua respiração afastava os fios loiros do rosto corado. Rhistel também estava. Quando repousou ao lado dela, sentindo o gosto do beijo carinhoso ainda em sua boca, ele a acariciou em seu rosto delicadamente… – Eu também te amo, Bee… Eu fico feliz em saber disso, pois… Você me faz muito feliz… – Os olhos não se sustentavam completamente abertos, relaxando-se, apesar de se manter rijo o bastante para estar pronto para mais amor. – Eu… – Ele franziu o cenho, abrindo um sorriso arteiro. – Ah, depois eu falo. – E riu, voltando a beijá-la.

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