Solstício de Verão – After Party

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Solstício de Verão – After Party


O tempo ia passando em conversas, entre os grupos, risos e diversão. Veronica começou a se mexer naquele momento mais disperso, e caminhou até a Alcateia dos Versos que estavam na maior parte do tempo juntos. A bebida doce demais em seus lábios, mas a mente ainda sã quando se aproximou. A morena olhou ao redor brevemente e disse aos Blackwoods:

– Tinham me contado que cada Verdadeiro tinha um Dragão. Acho que o meu está aqui. – Ela disse em um comentário leve e risonho. Parecia um pouco descrente e mais contava aquela história como lenda.

– Bem… Sim… – Nyra procurou Nina com o olhar, mas não encontrou a Dragonesa. Havia ficado no início da festa e ido embora? – Ainda não sabemos de um. Mas… Não é um mito… Se você tiver um elo, você vai sentir…

– É mesmo? – Veronica ergueu o rosto para enxergar a Árvore e bebeu um longo gole. – Desculpa se eu pareço descrente. Ainda não vi nenhum… Digo… Na sua real forma. Alex sempre comentava algo… Mas criar na mente, sozinha, exige uma criatividade muito aflorada.

Arqueando uma sobrancelha, Nathan prestou brevemente a atenção na conversa antes de retornar o olhar à Annik e Remi que dançavam embalados pelos instrumentos animados do grupo de Aparentados, iluminados pelo fogo. O Lua Cheia pareceu se intimidar e se afastou da Ragabash, agradecendo. Ela olhou ao redor, em dúvida, e chamou Mylo para acompanhá-la.

Daisy não gostava muito daquela parte da festa, mas não gostava de deixar seu cobiçado namorado sozinho. Insistiu para que Mylo retornasse com ela, mas ele preferiu ficar, então ela ficou e continuou a conversa superficial que tinha com as meninas. O ator rondou seu olhar, evitando a curiosidade cair sobre Lavinia de novo, e achou Annik. Pensou um pouco, buscou uma opinião de Donald, que não conseguiu expressar nada além de um sorriso tenso. “Problema”. Mylo virou seu copo de bebida e foi até a loira.

– ‘Ele é ator, deve saber dançar’ – Disse antes de pegar a mão da Lupina e brincou: – Não se engane. Estou intimidado, mas é irrecusável seu pedido.

– Eu tenho certeza que você está sendo muito modesto… – Annik gracejou com risonhos, olhando-o com uma malícia divertida. – Mas é só uma dança sem compromisso com a perfeição! E acredite, Mylo… Daqui poucos minutos todos estarão dançando sem se importar com opiniões alheias! – Ela o tocou no ombro e deitou-se conduzir.

Ao lado de Blair, Ártemis e Alicia Lavinia os observava como quem nada queria. Voltando-se para a Maga, ela bebericou do seu copo quase vazio da bebida doce. Ela se desviou, encontrando os olhos de Rhistel nelas. O Dragão de Gelo estava ao lado do irmão Ladirus e bebia, ouvindo algum comentário cômico de Cassian e Rosstrider.

– Blair. Eu tenho certeza que você dança. – Vinny disse.

– Eu desconfio que seja mais difícil sentir alguma coisa aqui hoje… Muitas energias misturadas. – Jullian comentou com Veronica, observando ao redor antes de bebericar da bebida doce em suas mãos, lambendo os lábios com uma leve letargia. – Falando nele…

Acanhado, Alexander se aproximava sozinho – que era raro, pois o Garou parecia ultimamente estar sempre na companhia da noiva. Ele sorriu sem jeito, observando de Nyra a Jullian e, por fim, Veronica.

– Hm! Alexander… – Nikki terminou sua bebida rapidamente antes que ele se aproximasse e abriu seus braços para recebê-lo, rindo: – Que saudade desse homem. Gaia.

– Vocês se conhecem… – Nyra os olhou com um sorriso discreto. Veronica parecia fazer questão de ser calorosa, então não saberia o grau de intimidade deles.

– Sim. Bastante. – Alexander enfatizou.

Sem pestanejar, Alexander abraçou a antiga companheira de aulas com saudades sinceras, embora parecesse não saber exatamente como agir na situação. Jullian os observou com curiosidade e já esperava pelo comentário do Garou antes que ele fizesse:

– Caminha comigo? – Pediu.

– Claro… – Nikki respondeu depois de o fitar nos olhos, parecendo querer captar intenções antes de aceitar. – Claro que eu caminho. – Sorriu e o seguiu. – Aliás, meu parabéns, Alex! – Cobriu a boca ao se lembrar – Pelo casamento e pelo filho! – Parou de andar somente para abraçá-lo de novo, apertado e saudosa – É tão estranho, nunca te imaginei assim. Mas eu fiquei muito feliz quando soube.

O riso do Garou foi divertido e risonho, bem humorado, apesar de estar com ressalves que ele não fazia questão de esconder. Abraçou-a de volta, achando graça do comentário. Ele realmente estava diferente até demais. E boa parte disso… – As mudanças que seguem desde que você e Neil me ajudaram, Nikki. Parece que foi ontem que eu ainda era um idiota… Né? – Ele a beijou em uma bochecha e depois na outra, como costumava fazer… – De todos os lugares… Esse era o último que eu imaginaria nosso reencontro.

– Eu também não imaginava… Você era um idiota, mas eu também era… Então nos ajudamos. – Riu com as lembranças– Mas eu não estou tããão bem. Assim, casada! E tudo o mais. Ao menos a parte de ser rica, eu consegui. Não posso reclamar. – Divertiu-se – Hoje é um dia bem atípico. Parece que a trama foi até mexida para cair nessa situação, não soa como coincidência, né? Eu não planejei estar aqui hoje. Mas tem lugar mais agradável para um reencontro? Olha esse lugar…

Alexander não conseguiu não rir com aquele jeito dela. Partilhou muitos anos da mesma opinião, mas tudo havia mudado na sua vida, assim como as suas prioridades. – É… Eu não continuo milionário… Doei todas as minhas economias, vendi tudo, mas eu estou recuperando bastante coisa com a Wolf Lady. – Ele deu os ombros, sorrindo forçado embora os seus olhos demonstrassem uma paz e calma que não apreciam ter fim.

Mas tiveram. Quando eles se afastaram, o Garou anunciou a mudança de ares com um profundo suspiro enquanto a olhava:

– Por que você simplesmente me largou, Nikki? Foi embora… Você nem se despediu… Nem um SMS…

Veronica também perdeu o sorriso fácil de seus lábios cheios e pareceu ponderar sobre a resposta.

– Eu fiquei… Desiludida depois do que descobrimos… Eu estava tomando uma decisão no calor do momento, e… Foi difícil olhar para trás. Me desculpe, Alex. – Ajeitou o cabelo loiro atrás da orelha – Eu sei que essa resposta não explica muita coisa. Mas… Eu vou precisar de um tempo para falar sobre isso… Eu me coloquei em sérios problemas atrás de respostas… – Confessou, tentando dizer o que conseguiria naquela situação.

– Não explica… – Alexander murmurou. – Eu tive que lutar contra as minhas mágoas e tristezas, pois que não tinha para onde ir. Eu dependia de estar próximo de um Caern… E ainda dependendo, às vezes… – O Garou umedeceu os lábios, fazendo uma pausa. – Depois que você foi embora, tudo ficou meio esquisito em casa. Neil nunca mais foi o mesmo… Na verdade, eu acho que ele só tem piorado. – O Theurge cruzou os braços, olhando para o céu. – Eu exercitei minha capacidade de perdoar todos os dias e o vi se afundando em culpa, mesmo assim. Ele não anda bem. Alguma coisa aconteceu… E ele não se abre. Lembra-se que ele me disse que a única coisa que conseguiria me curar completamente… Era a Mariposa?

Ela escutou a história com pesar. Veronica o olhava sentida, lamentando o que ele havia passado sozinho – embora ela mesma não se sentisse capaz de ajudá-lo, mas segurou sua mão solidariamente enquanto andavam entre as árvores.

– Lembro… Mariposa de Esmeralda. Você… Chegou a descobrir algo? Me soava uma lenda… Distante como os Dragões… Minha cabeça ainda está se acostumando. – Fechou os olhos brevemente. – Neil é uma decepção. Como alguém pode se deixar assim tantas vezes durante a vida. Tanto poder e tanta fraqueza… Pra quê…

– Não, mas ouvi histórias… Histórias que ninguém quis me contar. – Ele tocou a própria cabeça duas vezes com a mão livre. – Há uma corrida por ela. Uma corrida que também está desesperando a Goetia. Você está aqui por conta disso, não…? Pensavam que ela estava com você… – Ele disse com a naturalidade de sempre de quem lia pensamentos com frequência. Muito mais apurado desde que estreitou a sua relação com Connor, embora ainda distante de estar à altura do Dragão… – Sebastian tem parte dela no corpo… O mesmo Sebastian da histórias do Neil está aqui, na ilha… E eu desconfio que ele seja mais forte que do pensam. Avisei os nossos líderes… Eu senti que ele será um grande problema…

A surpresa tentou ser disfarçada, mas foi inevitável. Ele estava captando os símbolos da sua mente… Isso a fez parar de caminhar e o olhar.

– Alex… Devagar… É muita informação. – Estendeu a mão pedindo calma – Eu não estou por dentro de tanta coisa assim, e nem bebi o suficiente para processar tudo. – Abaixou as mãos, repensou e respirou fundo – Está bem. Esquece. Eu quero saber… Eu vou falar com Neil em breve… Tenho certeza, prefiro estar inteirada. Me conte o que você sabe e pode me dizer…




Foi difícil alguém decidir dar o primeiro passo. Mylo e Annik eram uma visão linda dançando, e o ator fazia isso com muita maestria ao lado da loira. Qualquer passo que inventavam, ficava perfeito e bem encaixado simplesmente.

Daisy ficou brava. Quando Aisha foi embora, alguns aproveitaram para ir igualmente, e a noiva de Mylo foi. Mas antes seguiu até ele para interromper a dança, cumprimentar Annik e beijar o lobo em declarada posse. Kyna tentou convencer Donald a ir, mas ele falava da Alcateia e gostaria de ficar um pouco mais, fazendo a Aparentada ir um pouco nervosa, mas desistente.

Quando uma música mais agitada tocou, Blair propôs a Lavinia e o grupo para dançar. Ficar observando Rhistel de longe era uma tortura pior quando não se focava em nada ao seu redor… Algo precisava ser no mínimo interessante e dançar ajudaria no tempo. Um casal e outro começava a sumir do evento, mas Blair como Aparentada ainda chamava muita atenção.

Annik observou o beijo Daisy enquanto mordia a unha longa do dedão, achando certa graça maldosa da atitude da Parente, mas não afrontou-a. Deixou Mylo após marcar o seu rosto com um beijo e puxo Rhistel que, apesar de negar e rir tímido, não se negou a ir para relembrar finais de expediente em noitadas e danças libertadoras. Os olhos do Dragão seguiram até Blair enquanto sorria e ria, dançando aqueles antigos e clássicos passos medievais que a música convidava, unindo e afastando as mãos geladas das quentes da lupina.

Nada a ver com os passos pedidos, Cassian se aproximou de Blair e Vinny e desceu até o chão com uma rebolada nada sensual. Vinny o estapeou na bunda, rindo, mas o imitou, tão endurecida quanto ele.

– Vamos tentar imitar a loba e o Dragão, Blair. Vem aqui. – Ele propôs. – A gente consegue.

Olhando-os, Lavinia pousou as mãos na própria cintura e se afastou para pegar mais bebida.

Blair aceitou a dança com um riso. – Eu acho que vou te surpreender. Me desculpa, mas na Rússia ainda se dança assim… – Declarou antes de juntar sua mão a dele, dançando perfeitamente como os passos propunham. Seus olhar sobre o dele lentamente deixou a brincadeira conforme a música corria, ganhando certa curiosidade analítica que durou alguns segundos até a pergunta finalmente vir: – Quem é seu professor mago, Cassian?

– Quê…? – Ele murmurou, quase sem voz.

A pergunta saiu, atropelando a diversão de tentar dançar e até conseguir acompanhar os passinhos. A alegria contagiante do Garou se dissolveu pelo seu rosto até empalicedê-lo. Logo se via que o mestre do Tempo estava bem distante de ser discreto com os seus próprios sentimentos. Ele não respondeu, olhava-a como se estivesse prestes a receber uma ameaça de morte.

Alheio aos dois, Ladirus observava as danças educadas. Quando viu Lara e Maya chegarem com um aparelho de som portátil e praticamente expulsarem – com humor – os músicos Aparentados, o Dragão de Água já imaginou que a festa mudaria o seu teor e um pop mais atiçado deixou casais mais atirados. A bebida transitava pra lá e pra cá e o calor se propagava rapidamente. Curioso, Ladirus encontrou Alicia dançando sensualmente e Ártemis foi a consequência em seu campo de visão. Franzindo o cenho, ele se desviou, mas brevemente. Já não conseguia ignorar a morena, tendo a sensação do braço caloroso e carinhoso ainda em seu corpo. Gaia. Ele coçou o pescoço e abaixou a cabeça. Ladirus perdeu brevemente os olhos por Jullian e Nathan que dançavam aos risos na frente de Nyra, mas retornou à fada.

Blair dançou por mais um minuto, olhando-o com cuidado, e continuando os movimentos em um ritmo mais lento, menos sincronizado. Sorria vez e outra, apenas para enganar quem os assistia de longe:

– O gato comeu sua língua, Cassian? – Arqueou a sobrancelha, mantendo o discreto sorriso. – Mestre do tempo… É possível que sua Alcateia não saiba…? Nem Ross…?

Os lábios de Cassian se entreabriram e ele desistiu de falar, desviando-se dela brevemente. Os lábios se apertaram em uma careta culposa e ele inspirou, voltando-se a ela:

– Então… – Ele começou, mas não continuou tão rápido, girou os olhos e sofreu, manhoso, de uma expressão de quem não quer se dar por vencido e confessar. – Rosstrider não comentou nada a respeito. Se ele sabe, eu não sei… Eu não contei para ninguém, mas eu não pretendia esconder nada. Eu só precisava do momento certo… – Explicava-se, incomodado. – Eu não sou um traidor, sabe? Só é delicado… Muito delicado.

– É realmente muito delicado, Cassian. – Ela estreitou os olhos para o Garou, menos amigável – Você pode estar alimentando pessoas erradas com informações. Você pode estar com intenções ruins sobre esse lugar… Ou pessoas específicas aqui. Você está escondendo uma posição que não deixaria ninguém feliz aqui em descobrir. – Ela sussurrava – Esse lugar é maravilhoso… Mas você ainda não viu as pessoas daqui bravas… – Os olhos verdes se arrastaram até Jullian, esperando que Cassian seguisse sua visão; voltaram aos olhos azuis do Garou e fizeram o mesmo movimento até Polaris, e retornou a Cassian. – Então… Me explique o quão delicado estamos falando?

– Eu tenho uma boa imaginação para… Imaginá-los bravos. – O Garou seguia os olhares dela, visivelmente distante da calma. – Mas eu não estou alimentando ninguém com informações. Eu nem sabia de nada… É ele quem me conta. Eu sei que o meu professor não é muito popular. O delicado é isso. – Ele desistiu de abrir um sorriso antes de completá-lo e franziu o cenho. – Eu juro que não estou passando informações.

– E iria continuar por aqui sem que ninguém soubesse? Eram seus planos? – Olhava-o séria e desconfiada, a Maga tinha olhar profundo e fixo, parecia que poderia lê-lo se quisesse – Minimamente, no seu lugar, eu teria certeza que Rosstrider saiba disso… Se ele já não sabe… – Fez uma pausa – Nós vamos ter essa conversa de novo.

– Não! Ah… – Ele sussurrou com tom de urgência. Ainda tentava se reorganizar mentalmente com a ideia de ter sido descoberto pela – Parente? Hah – Blair. Cassian ergueu as sobrancelhas. – Eu não queria nem me meter nessas coisas, Blair… Mas parece que é inevitável. Ele quer… Conversar… E… Talvez não seja o melhor momento para falar sobre isso…

– É claro que ele quer conversar. – Disse depois de um longo silêncio – Ele vai querer saber coisas. Cassian… Se você sabe quem ele é… O que ele está envolvido… E diz que não o dá informações. Por que você acha que ele o treina? Altruísmo? E você… Sua sede é de conhecimento e poder? Ninguém como ele troca nada por nada.

– É uma longa história… Parece estranho, mas é um pouco menos estranho… Do que parece. – Enrolava-se. – Olha… – Cassian disse depois de pensar se havia um caminho mais curto para a explicação mais direta. – Eu não estou aqui para investigar a ilha… Eu sei que o meu lugar é aqui com os outros Lobo-Magos. Eu prefiro morrer a entrar isso aqui. – Ele disse, franco. – Por Gaia, Blair, quem é você? Como sabe tanta coisa assim sobre mim…?

Tinha certeza que era uma longa história, e estava curiosa o suficiente para saber; embora soubesse da inapropriação do local e hora. Ela entreabriu os lábios pronta para responder, mas não o fez. Ela sorriu maldosa e respondeu, aproximando-se do ouvido dele – Eu sou sua fã. – Com um sorriso humorado, afastou-se dele e do contato da dança – Conte a Rosstrider. E… – Fez uma pausa – Cuidado, Cassian… É difícil confiar em alguém que só se sente culpado quando é pego. – Blair voltou a caminhar em direção a onde estavam acomodados.

… Cassian franziu o cenho, questionando todo o rumo da conversa quando ela se afastou, sentindo uma pressão esquisita ao redor do seu pescoço pressionando junto com o medo. Ele não respondeu, pois não tinha nenhuma resposta que pudesse dar sem temer mais ainda o desenrolar das informações. Que maravilha. Blair era uma Maga e o conhecia até demais. O Garou mordeu o lábio e caminhou para perto de Rosstrider, cruzando os braços e a observando de longe. Definitivamente, nada disso estava dentro dos seus planos.




Antes que Lavinia alcançasse o barril de bebida, Mylo entregou um copo cheio a ela junto de um meio sorriso seu, e encheu o seu próprio em seguida. O Garou afastou-se do item quando um grupo veio buscar mais bebida, as pessoas já entravam em um nível leve de embriaguez e parte da sua calça bege estava com uma mancha de vinho na coxa que haviam derrubado. E assim como a maioria dos rapazes, estava sem sua camisa.

–  Essa festa está sendo uma surpresa e tanto… Pelos convidados. – Ela começou depois de um longo gole no drink gelado – Às vezes eu acho que nós os Intrometidos somos parte completa desse lugar… Outras nem tanto… Porque tem muita coisa que não sabemos o que acontece. – Sorriu brevemente – Mas que a surpresa de convidados seja sempre tão boa quanto receber você… E a sua Alcateia… Só estou sabendo que está aqui agora…

A aproximação dele tirou a paz que ela estava tentando manter dentro de si a muito custo. A pele clara e cheia de sardas ganhou a cor da sua timidez e o esforço de sorrir não tivera energia suficiente, pois esta foi gasta com a destreza de conseguir segurar o copo. A Garou inspirou, segurando a Fúria de Lua Cheia que quase se aproximou demais de si.

E mesmo assim, conseguiu se esquivar de levar um banho de vinho doce. Lavinia o olhou, mas não sustentou o olhar. Filho de uma puta. O seu sorriso selado era quase apertado demais. – É, eu tive uma porção de surpresas desde que cheguei aqui. – Ela o olhou, mas novamente, não se deteve. Como deveria agir? Natural? Meter-lhe a mão na cara? – Várias peças de um grande drama. Tipo… Você está noivo. Isso sim foi uma surpresa… E vai dormir no sofá, pelo jeito. A sua garota não gostou da sua graça com a princesinha Volkov…

Ele pareceu esquecer do próprio compromisso quando a olhou brevemente perdido. Brevemente.

– É… Sim. Ela não gosta de quase nada que envolve Seitas e assuntos Garou… Está inclinada a odiar uma dança também. – Bebeu outro terço do copo e a olhou. – Nada de graça, apenas uma dança. – Desviou o olhar antes que lembranças o abraçassem demais, e Vinny chamava muita atenção na sua mente sem precisar de muita coisa. – Desculpa… Vinny… – Piscou os olhos devagar e a olhou – Eu espero que… Estejamos bem… De verdade… Eu sei que não tivemos uma conversa amigável desde… Então… Mas você me mudou muito e eu gosto muito de você.

Desde que você destruiu os meus sonhos infantis. Ela ergueu os olhos sérios até os dele e pensou, inspirando e bebericando da sua bebida, o tédio transitou por seus orbes azuis por um instante e ela refletiu. – É, estamos, mas eu espero que o seu casamento seja uma merda, bem água com açúcar, mas estamos bem. – Ela se desviou dele, mas o fitou de soslaio. – Nós poderíamos ir até a arena qualquer dia desses também… Assim eu poderia dizer que não sinto nenhum ressentimento. – Ela deu os ombros, arqueando uma sobrancelha. – Seria perfeito. – Um sorriso maldoso surgiu em seus lábios avermelhados. – Eu espero que a Blanc não destrua isso em você… Esse novo eu. Deu trabalho.

Até achou que havia bebido demais para escutar aquelas coisas, mas se recordou que era o jeito de Vinny mesmo. Ele riu porque foi o que restou no momento.

– A bruxaria deu certo, obrigado, mas não precisa ser muito detalhista para saber que dificilmente irá tão bem. – Ele riu descontente – Infelizmente é extremamente complicado tirar a mesma ferocidade e paixão de um relacionamento com uma humana… Descobri isso por mim mesmo… Especialmente depois de você. – Ele se aproximou um pouco para falar mais baixo, mesmo com a música barulhenta. Seu olhar vagou entre a festa e depois as sardas do rosto da Garou – E quer saber? Eu sinto sua falta, até da sua Fúria. Se a arena te ajudar, eu aceito.

A audácia causou um olhar hostil de Lavinia que só se suavizou com o tom baixo dele. Refletia enquanto pensava se por detrás da raiva que sentia, forçada ou não, havia restava uma consideração. Mas lógico que restava. Foram anos de história. Anos que não permitiam indiferença. Meus ex-namorados poderiam ficar mais feios com o tempo. Ela o encarava, decidindo se colocaria uma trégua ou continuaria com os ataques por prazer. Ele não ligava. Ele nunca se estressava os estresses dela. – Arena sempre ajuda. – Vinny comentou no mesmo tom baixo. – Eu tenho certeza que sente falta da minha Fúria. – Ela disse, arqueando de novo a sobrancelha zombeteira. – E da minha mente inteligente e critica…

Mylo observou-a com um sorriso que cresceu conforme a assistia se expressar. Foi difícil não se entregar para a desculpa do vinho e beijar os belos lábios de Lavinia, mas foi mais forte. Ele se afastou devagar, a Fúria discretamente o encorajando à decisão errada, mas evitada.
– Sinto… Sua Fúria e sua mente… – Deu um passo para trás, olhou ao redor e evitou o olhar de Donald por muito tempo. – Vem se sentar conosco, Vinny. – Tocou-a na mão para guiá-la alguns passos até a mesa onde os Intrometidos estavam acomodados.

Não seja idiota. O seu coração disparou ainda mais quando sentiu o toque em sua mão e já estava agoniado quando notou olhares que propunham mais do que ela se prometera pensar. Os olhos azuis se distanciaram brevemente na esperança de encontrar alguém que pudesse salvá-la. Idiota. Ela acariciou com os dedos a mão dele. Idiota, idiota, idiota…

– Sim, ah… Eu preciso mesmo falar com o Don… – Ela falou. Nem precisava, mas agora precisava para o seu próprio bem. Ela estava corando e o vinho tinha que ser a desculpa. – Então… Vamos…




As horas correram muito rápidas para a grande maioria. Assunto tinha para a noite inteira, assim como amor. Mas conforme mais casais se distanciavam, menos retornavam, e quase um quarto da festa estava presente apenas. Os que ficavam estavam muito satisfeitos, rindo e bebendo, ou esperando… Caso de Blair, que ainda conseguia se entreter com a presença de qualquer um. Entreter e fingir que apenas era uma Aparentada curiosa com a noite, pois só haviam restado lobos, e as fadas. O vinho não parava de ser reposto, e ela, apesar de dispensar qualquer tipo de bebida, não conseguiu se manter tão alerta e atenta quanto deveria. Nikki e Cassian havia a deixado paranoica. Mas a presença dos Dragões e dos Versos a garantiram uma certeza que nada ruim poderia acontecer… E por isso acabou bebendo. Pouco, mas o suficiente para seu rosto continuar constantemente corado.

Ártemis havia tido sua dose, algumas discussões, ofendido algumas pessoas – e ainda insistia naquela maldade de não reconhecer Tyler. Depois do presente na primeira fase, apenas pisava no chão para fazer comentários, e nem o Grant havia agradecido. Não havia como ter sentimentos amenos perto de Ártemis, ela era agradável demais ou agressiva demais. E claramente não tinha medo de nada.

Mas mudava inteira quando fitava Ladi e tinha o olhar de volta. Desviavam. A Changeling menos tímida, e o olhando por mais vezes, conforme bebia; foi especialmente dolorido, e muito proposital da princesa, quando se dirigiu diretamente ao Dragão de Água e o convidou em sussurros para irem embora.

Judith havia desaparecido com o príncipe russo, Jill nem quis contar histórias sobre o paradeiro da amiga; mas não havia a quem justificar. Summer havia arrumado um par com uma bela Gwenevere, e Arabella e Louis… Retórico.

Nikki sentou com Jill e elas conversaram sobre muitas coisas. Mas a Uktena se entediou um pouco quando percebeu que a inteligente Andarilha havia se entregado para as bebidas por vontade. Uma hora Veronica foi buscar bebida e não voltou; mas Nyra sentou por ali e falou sobre temas mais profundos como rituais, viagens, Etéreo e as ervas que usava para se elevar.

Veronica caminhou e conversou com Don, Iliya, Lavinia e Mylo. Como se fossem amigos, falou da carreira, da música, da existência e essência Garou… Se ergueu e foi atrás de mais bebida.

Quando notou a oportunidade de conversar com Rhistel, ela o fez e quis relembrar dos dias em bares. Resgatar eventos, em como as conversas a ajudaram e como ele era sempre gentil. Veronica ria, e às vezes mal conseguia se equilibrar nos passos para trás. Sequer se tocou que há alguns metros, às suas costas, Blair o olhava antes de sair para a floresta com a discrição possível, esperando-o em algum lugar.

– Nikki… – Nyra a chamou para dar a chance de Rhistel ir. A Theurge estava leve e animada, apoiada ao corpo do seu Galliard e com um cigarro entre os dedos.

– Nyyyra… – A morena sorriu e estendeu as mãos, vindo na direção dela animada – Vamos dançar, por favor.

A Theurge riu, sem saber da onde a tinha dado liberdade, mas era o que a bebida fazia. E foi assim que a Garou aceitou também, alta o suficiente para achar muita graça e risos no ritmo bobo que inventaram. Nathan estava bêbado o suficiente para se sentir lento e observava a dança delas piscando vagarosamente, entre tragadas de um cigarro. Os olhos lânguidos tentavam se abrir sem conseguir. Ele vagou olhar pelo ambiente, acompanhando a dança lasciva que Annik e Jullian se envolviam. Rodando-se e tocando-se com dedos firmes e desejosos. Até Remi, que conversava com Lara muito risonha, parecia manter a atenção na sacanagem do Rei e de Nyra e Nikki. Nathan inspirou, mordiscando o lábio e ergueu-se:

– Eu vou dançar também! Agora… – E enfiou-se entre Nyra e Veronica, dançando do seu jeito esquisito apenas por se mexer entre as duas beldades.

Rhistel agradeceu a Nyra com o olhar. Já não havia mais nada para ele na confraternização. Não encontrou a maioria dos seus irmãos, Kraz acabava se sentar na mesa dos Intrometidos, ao lado de Don e o encarava diretamente, Ross estava conversando há mais de uma hora com Natalie e ela sorria e gracejava tanto para ele que o Dragão de Gelo não tinha certeza se já não havia perdido uma novidade quente. Esperou que ninguém estivesse notando isso. Se é que alguém estava notando alguma coisa. Lavinia e Alicia subiam na mesa dos Intrometidos e chamavam Ártemis para dançar com ela aos risos. Os limites já não existiam mais.

– Ah não! Pare… Nãão! Essa música é minha. – Nikki reclamou, mas continuou dançando cheia de caricatura, apoiando suas costas à de Nathan e descendo até o chão com ele. – Can’t keep my hands to myself. – Cantava a própria música, de olhos fechados e com a mente girando em um ritmo lento.

 Cause all of the downs and the uppers … Keep making love to each other… And I’m trying, trying, I’m trying, trying –   Nyra também cantou, descendo junto diante de Nathan. A Theurge passou o cigarro para os lábios do Galliard e apenas não roubou um selinho para que não pudesse se defender depois. – A gente já pode ir para casa? – Ela sussurrou ao ouvido dele, pegando seu cigarro de volta, mas sentindo-o escapar dos seus dedos quando Veronica pegou para ela.

– O que é isso?

– Experimenta. – Nyra disse em tom de desafio, e Nikki nem pensou: levou aos lábios e tragou. Não precisou de muito tempo para sentir a sensação subir e ela se apegar a uma tela colorida de sensações e leveza. Os olhos escuros acompanharam as meninas dançando sobre a mesa, e os rapazes assistindo provocados o suficiente.

Os olhos escuros de Nathan observaram a mudança das sensações que se expressavam no semblante de Veronica. O Galliard abriu um sorriso malicioso e voltou-se para Nyra, tocando-a em seu rosto suavemente. O seu dedão roçou aos lábios cheios dela antes de se distanciar prudentemente…

– Vamos embora, babe… – Ele sussurrou ao se aproximar do ouvido da loba. – Ninguém vai nem notar mais nada agora.

Mylo não tirava os de Lavinia, engolia seco e tentava se agarrar ao que ainda era são da sua parte. Donald estava especialmente distraído também, mas mudou completamente seu tom ao ver Kraz do seu lado. Ele mesmo não conseguiu desviar seus olhos, pois nunca havia a visto de tão perfeito… E Gaia, ela era perfeita; até Mylo achou que via uma miragem ao lado do amigo. Ele riu, mas Donald apenas ficou mais nervoso, embora não estivesse próximo de estar realmente nervoso como estaria se estivesse sóbrio. Quando olhou para Lavinia de novo, Mylo tentou alcançar a mão dela e chama-la para o chão. – Dança comigo. – Ele pediu.

Donald fitou-o, desviou para os Versos, os poucos que sobraram na festa e se voltou a Kraz. – É… Oi… ?

Ártemis era a única que realmente não estava com humor. Não aceitou subir e continuou sentada na cadeira perto da bebida. Não havia consumido o suficiente para subir naquela mesa e estava triste por ela mesma. Até fitar Ross flertando com Natalie a deixou enjoada e irritada. E costumava ter muito ciúmes do Dragão, mas nem isso ascendeu sua chama de brigas. A Changeling fitou o próprio copo e jogou-o no chão, andou para dentro da floresta com esperança de achar uma árvore alta o suficiente para subir e depois ter medo de descer.

A mão de Lavinia se esquivou, arteira, bagunçando os próprios cabelos. Ela já estava alta demais e nada parecia ser um grande problema. Ela ajoelhou na mesa, pousando as mãos sobre as coxas e fitou Mylo com um sorriso preguiçoso. – Por quê? Você sabe que eu não sou nenhuma profissional! Você dizia que eu era terrível na pista de dança! – Ela riu, mordendo a língua enquanto negava com o dedo indicador. – Eu sou terrível mesmo!

Os olhos de serpente de Kraz fitaram Vinny, curiosa, mas desviaram para Donald, intimidadora e flamejantes. A sua presença trazia um calor evidente. Ela sorriu para o Garou. – Então… – Ela se desviou brevemente, fitando Alicia descendo da mesa para se sentar no colo de Iliya. – Você sabe falar… – Ela abaixou o olhar para a mesa. – Eu estava me perguntando se você um dia falaria comigo… Mas como isso não aconteceu… – Ela o olhou. – Eu estou… Aqui…

– Você é… – Mylo riu a cada tentativa de alcançar a mão da Loba e errando. Ele se apoiou na cadeira para se erguer e depois as duas mãos na mesa. O Garou segurou o indicador dela, e seu olhar apenas seguiu pelo corpo ajoelhado sobre a mesa, mas voltou para os familiares olhos de Lavinia; demorou neles alguns segundos, sério, mas voltou a rir com algo que lhe veio a mente: – Você ainda é terrível. Em muitas coisas… – Ele continuou e riu. – Mas eu não ligo. Embora não esteja sendo ruim ver você aí em cima, bagunçando esses cabelos…

– E eu não consigo parar de me perguntar como alguém como você pode olhar assim para mim. – Ele disse ainda zonzo, mas se arrependendo em seguida do que havia dito. Se era um homem confiante que ela buscava, havia errado o alvo, mas era impossível parar de encarar aqueles olhos de serpente, puxados, levemente erguidos, de uma cor nada fácil de se encontrar na natureza, mas que se camuflava tão bem. Donald podia se inspirar em mil músicas apenas pensando no rosto, nos cabelos, no corpo… E tinha feito isso um pouco ultimamente. Secretamente. – Gaia… – Suspirou o Fianna, que desviou seus olhos desolados e cruzou as mãos sobre o colo. Os Versos da Magia conversavam entre si, decidindo partir. Veronica vagava um pouco desequilibrada pelo local, perdida com o cigarro entre os dedos. Donald voltou a si e queria ter bebido mais do que havia feito; e havia feito muito. – Como a natureza pode ser cruel. – Fechou os olhos brevemente e a fitou, embriagando-se com a beleza dela toda vez que o fazia. – Eu sou melhor cantando e tocando do que falando… E eu suponho que é isso que chama sua atenção. Talvez você goste das últimas… Que fiz…

– Ah, eu duvido, ‘tá?! – Ela o mirou por um instante. Mylo e os seus olhos azuis. Mylo e as suas sobrancelhas retas. Conhecia aquele rosto bronzeado perfeitamente, desenhado em suas memórias de quase três anos de relacionamento. – Veronica, me deixa experimentar isso dai! – Parou de sorrir, abaixando a cabeça brevemente. Os olhos se ergueram para observar os Versos da Magia passando. Nyra, perfeitamente bela, de braços dados com Annik, a loira estonteante, e Nathan, o rockstar sexy. Remi, o fotógrafo dos sonhos das modelos vinha logo atrás e ao lado dele, estava o imponente Jullian, o seu querido amigo. O Lendário piscou um dos olhos para Vinny e ela sorriu, voltando-se para Mylo mais uma vez. Movendo as pernas, ela se sentou sobre a mesa e pousou os pés sobre as mãos dele na madeira, deslizando o corpo para trás. – Você está bêbado… – E eu também. Lavinia deitou o tronco sobre a mesa, sentindo-se banhar de bebida. O rosto se deitou de lado e ela ouviu a conversa de Don e Kraz, observando-os de camarote e franzindo o cenho de incompreensão com as declarações de Donald.

A Dragonesa estava tentando entender o rumo da conversa enquanto o observava. O que era tão difícil? Kraz seguia os olhos dele como uma serpente que enamorava uma flauta. A Dragonesa pareceu pensar com a proposta dele. Gostava da música dele! Gostava muito… Mas estava com outros planos e ele devia saber, não? Homens pareciam entender dessas coisas. Quando viu Iliya beijar Alicia, imaginou que não foi preciso que muita coisa fosse dita para isso acontecer. Ele estava tímido? Inseguro com certeza. Kraz abaixou o olhar e acabou encontrando o de Lavinia. A Garou, achando graça da situação, elevou novamente o tronco com um braço, tocou o rosto quente da ruiva e a beijou profundamente.

Nikki parou do lado da mesa e pareceu tão surpresa quanto os dois rapazes. Donald de boca aberta, os olhos nem piscaram. Havia perdido completamente o minuto que aquilo havia se tornado algo, e diversos pensamentos se desenvolveram na sua mente; inclusive ciúmes da relação à distância e silenciosa que havia construído com a Dragonesa, mas assistiu o desenrolar enquanto decidiu a tocar na mão de Kraz e trazer o rosto da ruiva para si quando a visão do beijo com Lavinia terminou.

Garotas se beijavam também. Não era uma novidade para a Dragonesa. Já havia presenciado Annik e Nyra uma porção de vezes, mas nunca que esperaria a ousadia de Lavinia. Muito menos, achou ruim. Não sabia como seria um beijo e se viu aprendendo rápido demais. Rápido demais também fluía os seus desejos. O seu corpo já naturalmente muito quente lhe proporcionava sensações que ela percebia aos poucos e nem tivera tempo para se preparar para o outro beijo. Viu-se tímida, mas uma timidez agradável, pois não a impedia de envolver Donald com os seus braços e provar do seu beijo sem se intimidar. Os olhos esverdeados, alaranjados ou azulados, sempre transitaram encaravam os dele com profundidade. – Para onde você vai me levar? – Ela sussurrou entre suspiros, fitando-o. – Leve-me daqui…

Mylo acompanhou a cena com certa seriedade e os olhos dilatados de desejo e Fúria. Tinha o corpo de Lavinia diante de si e ele chamava tanta atenção quanto o beijo entre as garotas. Lentamente ele tirou a mão debaixo do pé da Garou, e subiu-a pelos tornozelos femininos, uma ficou por ali, a da esquerda subiu para sua coxa até a cintura, onde a segurou. A que estava no pé dela seguiu lentamente para os cabelos finos castanhos e os afastaram delicadamente do pescoço de Vinny, onde ele tomou a liberdade de beijá-lo, inebriado pelo doce perfume da Garou.

Já era. Lavinia se viu pensando e ciente de que estava bem longe de tomar uma decisão sábia. Ela tinha certeza que a noite não terminaria enquanto ela não fizesse alguma coisa que iria se arrepender depois e xingar a si mesma. Era terrível admitir que, apesar do trágico fim que tivera o seu relacionamento com Mylo, nunca havia se sentido mergulhada numa monotonia sexual. A sua indignação era justamente tentar entender como alguém que se divertia tanto na cama com ela simplesmente a traíra. Que péssimo. Ela fechou os olhos, sentindo o corpo corresponder aos seus ansejos, quente e úmido como o beijo que roubou dos lábios dele.

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