Veronica – The Heart Wants What It Wants

Categorias:Romance
Wyrm

The Heart Wants What It Wants


Uma comemoração secreta, festa, convidados, álbum platina. Particularmente, os eventos eram bons. Costumava beber mais do que deveria até seus agentes terem que a retirar pelos fundos. A poderosa Veronica, dona de um dos maiores impérios monetários americanos, tinha uma imagem entre os ricos para se preservar. Era conhecida por muitos trabalhos, inclusive produção de séries televisivas, suporte a jovens estrelas, entre outros assuntos pouco divulgados. Seu rosto acabava sendo mais conhecido pelos singles que lançava eventualmente. Não era ela quem escrevia as letras, não tinha tempo para isso, mas ninguém realmente ligava. A maga era mais interessada no dinheiro, a arte era o segundo plano, e um hobby, poucas vezes singles tinham sua assinatura pessoal, mas o que tinham, ela estava orgulhosa. Não dava trabalho nenhum para sua equipe, exceto pelas bebidas e drogas ocasionais.

Uma beleza cativante, quente, sensual; um pouco latina e extremamente sofisticada. Às vezes solitária, às vezes forte. Todos a volta dela se sentiam no máxima da sua importância, protegidos ou por proteção; ao lado de Veronica era impossível imaginar que algo daria errado.

– Você viu a cara dele? – Ela riu, comendo o sorvete gourmet no palitinho que haviam destruído ao final.

– Eu vi. Mas acho que você o irritou.

– Sério? – Ela se preocupou no banco de trás da limusine e se encostou na janelinha do motorista, seu amigo.

– Eu não sei. Acho que não dá para ficar bravo com você por muito tempo. Talvez… Você devesse tentar maneirar na bebida da próxima vez…

– Deus… – Ela bufou – Eles não sabem mesmo se divertir? O que faz uma garota com tanto dinheiro, sozinha, em uma festa como aquela? Sorri e acena?

– Talvez… Descansar… Arrumar alguém… Eu sei que é difícil para vocês, artistas… Mas é uma vida boa, eu prometo.

Veronica escutou batendo a ponta dos dedos nos lábios cheios e riu quando ele terminou.

– Eu dou tanta liberdade assim para vocês?

– Ah! Eu sinto muito, é que…

– Estou brincando! Vou dar uma festa para vocês. Vou liberar minha mansão para toda equipe. Vocês vão aprender a se divertir… Você vai ver…

Mas uma garota faria o que precisava ser feito para conseguir sobreviver, especialmente uma onde tinha as pernas trançadas no mundo das trevas. E não pouco.

A água gelada refrescava sua pele e os pensamentos. Seus dedos já estavam enrugados, mas ainda se massageava entre os cabelos e sentia o peso dos fios encharcados se aliviarem de tempos em tempos quando os torcia. Tudo doía no seu corpo  embora já fizesse alguns meses que não entrava em combate e estivesse tão próxima da sua vida humana. Até conseguiu arrumar um namorado.

As batalhas de Veronica eram silenciosas, de espionagem, sabotagem, informações, trocas de itens e pontes de comunicação – tudo por razões pessoais – todas cinzas. A escola convencional, nem a escola de magia, foram o suficiente para alimentar sua ambição. Em poucos anos seus talentos nítidos superaram de alguns professores e alguns problemas a afastaram da Capela que a acolhia. Sua vida não tinha uma família declarada, e amigos eram sempre passageiros mesmo só aos vinte e cinco anos. Pessoas perigosas faziam parte da sua rotina… Humanas ou não era um rotina complexa e que sugava sua mente, mas a mantinha ativa. Jogos, jogos…

Na briga de informações entre os Servos da Mensageira contra os poderosos magos Drawn e Neil, Veronica em silêncio traiu os dois últimos em troca de um poderoso Fetishe que a fez desaparecer do mapa – nada, nem ninguém, poderia encontra-la caso não quisesse, e apenas a Mensageira poderia lhe ceder isso.

Graças ao artefato, um piercing no topo da sua orelha direita, nada poderia localiza-la. Isso a rendeu muitos dias de paz e tranquilidade, mas então… O tédio. A curiosidade a levou a mais alguns contatos da Goetia, inclusive aos mais poderosos; porém, quando percebeu que a história era muito mais funda, recuou.

Tanta fortuna guardada não fazia sentido até o próximo desafio. Essa tal da Mariposa de Esmeralda.

Primeiro pesquisou tudo o que poderia, e agora buscava informações de todas as fontes que conseguia. Ravenfall era o lugar, e ponderava sobre como iria adentrar o local. Mas seus pensamentos infiltradores não seguiram muito longe quando a campainha tocou. Veronica secou os cabelos tingidos de loiro para aquela festa, fitou o próprio robe preto de seda e o colocou no corpo depois de se banhar em creme. Campainha de novo. O vapor saiu do banheiro junto dela, sentou-se à sua cama, olhou-se no espelho, maquiou-se e vestiu um belo bracelete de presente. Prestou atenção ao redor. A campainha tocou pela terceira vez.

Veronica se ergueu paciente e desceu a escadaria da sua mansão, seguiu por cômodos silenciosos e dobrou para o hall principal – seu mordomo e motorista estavam esfaqueados no chão. Antes de puxar o fôlego no susto e recuar um passo, tocou a própria orelha para checar o Fetishe. Duas mulheres e um homem, usando preto estavam posicionados pelo ambiente. Veronica confirmou a tatuagem do símbolo da Mensageira na mão do rapaz e tentou se acalmar.

– Não era necessário isso. – Olhou-o firme. Era um homem imenso e com energias carregadas. Todos claramente armados de essência e acessórios.

– A Monarca Púrpura. – Disse a mulher de pele escamosa. – Viemos te buscar.

– Eu percebi.  Mas não estou a fim de ir a lugar nenhum. – Abraçou-se e os encarou.

– Que ruim para você.

– Quem os enviou? – A pergunta veio de um efeito mágiko de Veronica, e a maga mais fraca respondeu:

– Nosso superior, através de um dos líderes supremos. – Disse a mais nova, loirinha e de cabelos cacheados.

– Cala a boca sua idiota. – A maga que descamava, de pele rosa quase  em carne viva, rosnou em sua voz áspera como o resto do seu corpo.

– Desculpa, eu

– A Mensageira? – Veronica insistiu, mas o rapaz apareceu diante de seus olhos e a esfaqueou na barriga. Ela não pode pensar na dor horrenda, e acertou o rápido golpe nos olhos dele com garras recém criadas. Ele gritou se contorcendo no piso enquanto o sangue corria do olho ferido.

– Eu não estou enxergando!!!

Veronica correu em direção as escadas, subiu cinco degraus e escorregou quando cada degrau se inclinou para baixo. A mais nova estendeu o braço e atirou várias vezes entorno da maga perseguida, alertando-a. Veronica ignorou o quarto disparo, virou-se na direção delas e estendeu a mão. A arma falhou no quinto disparo, que mirava em seu rosto, e a segunda maga também não conseguiu disparar com seu revolver.

Ignorando os ferimentos, Veronica acelerou sua corrida com a mão no abdome, e fez um trajeto muito mais veloz que um humano comum. Trancou-se e lutou para abrir o próprio cofre. Pegou sua arma de calibre trinta e oito, e um cristal dado pela Mensageira.

Havia prometido em sua vida que nunca usaria aquele acessório, e tinha certeza que invocaria a própria encarnação do seu problema  – mas os três magos na sua residência não estavam interpretando e poderiam não estar sozinhos em breve.

– Fiéis ao pecado, a contrição nos amordaça. – Ofegava e recitava – Impomos alto preço à infâmia confessada, e alegres retornamos à lodosa estrada, na ilusão de que o pranto as nódoas nos desfaça. – Observou a porta do seu cômodo derretendo em um material condensado e negro. A cachinhos de mel era boa em Matéria – É para atender minha menor sobrevivência que você vêm do fim do mundo. – Fechou seus olhos – Atenda a esta alma enregelada que um brônzeo cântico te oferta. – Mas não sentiu nenhuma resposta – Gaia? Deus?

Tocou o cristal na sua testa e se sentiu tola por um instante. Uma pessoa tão dúbia quanto ela poderia ser abençoada por qualquer entidade menos meio termo?

– Não vamos te ferir se cooperar, Monarca.

– Ok. – Estendeu sua mão após guardar o cristal no decote e jogou a arma sobre o colchão, esperando as duas entrarem, seguidas pelo recém cego. – Eu vou cooperar. Talvez possamos negociar…

 Não! Nos avisaram sobre você! – Ofegou o homem.

– Eles avisaram sobre quantas coisas boas eu posso fazer? – A voz disse baixa, mas pareceu atingir a mente frágil da loira.

– Você pode mesmo realizar um desejo?

– Eu posso trocar. – Deu alguns passos para frente, a proposta soou tão doce mesmo antes de garantir algo. A voz da maga procurada parecia onipresente, e cheia de segurança e certeza. –  E para você está fácil… Qual seu nome…?

– Ashley.

– CALA A BOCA!  – Enfurece-se a mais velha, coçando os braços que deixavam pele cair pelo caminho. – Seu truque não vai funcionar! Eu disse! Nos avisaram!  Eu deveria te dar uma surra. – Quando deu alguns passos para contornar a cama, a arma disparou sozinha e acertou o abdome da mulher, fazendo-a gritar e se ajoelhar com dificuldade de respirar. Antes que outra briga se desenrolasse, Veronica liberou o curso natural e caótico da existência do local, e o aquecedor atrás da loira e do homem rompeu seu ferro de ligação e lançou um jato de ar quente nas costas dos dois. A menina conseguiu se proteger sozinha com um campo magnético criado, mas teve brevemente suas costas queimadas. O homem caiu no chão inconsciente de dor.

– Tanto talento desperdiçado. – Veronica apontou a arma para a Ashley no chão.

– Você … tem algo… que a… Mensageira quer. – A garota rangeu em lágrimas. – O Cristal…

– Mas esse Cristal é dela e não é único. Por que ela iria querer de volta?

A Ashley soluçou chorosa e iniciou um processo suicida de lutar contra a Realidade. Antes que Veronica pudesse arrancar a pulseira de ouro que usava, a loira foi bem sucedida em fazer o metal esquentar, se estreitar, bloqueando a passagem de sangue do braço da rival, mas não tendo a chance de fazê-lo explodir, pois Veronica disparou contra ela diversas vezes, e acabou fazendo o mesmo nos outros dois que agonizavam.

– Droga!!

Ela deu passos para atrás até se sentar na cama. Observou a própria pele e gritou de dor, sem conseguir tocar no metal fervente que penetrou sua carne. Respirou fundo diversas vezes, mas não conseguiu usar alguma magia para se livrar do forte feitiço da maga kamikaze.

– Argh! Meu braço! – Mordeu a boca e chorou sozinha. Veronica buscou a chave do carro e decidiu dirigir para longe dali da forma que conseguiu; apenas uma mão no volante e extrema agonia no peito. A todo instante pensou em formas de se livrar do ouro, mas teve certeza que a única solução seria força bruta ou um mago realmente poderoso.

– Droga… – Ela tirou o cristal do decote e o jogou no banco do passageiro em alta velocidade, também se livrou do Fetishe em sua orelha. – …De Mensageira. Me responde! Você não é a porcaria de uma deusa!

A velocidade pelas colinas onde a maioria das celebridades viviam foram descidas com rapidez pelo carro. A ligação primeira foi destinada à Aisha, mas nenhuma das tentativas foi atendida. A segunda foi à Blair Valerius, mas não conseguiu obter resposta a tempo. A distração fez seu caos ceder à ordem para retornar aos trilhos e apenas conseguiu tentar um breve efeito para desviar do encontro com a morte: o carro bateu no canteiro lateral e desceu rolando a longa colina da região montanhosa.

A briga eterna contra seu destino. Mesmo nos seus melhores dias, também tinha a sensação que sequer se salvaria, mesmo que ninguém nunca a vissem se arrastando.

Uma forte chuva de verão veio logo depois. Sempre dava um jeito de limpar a bagunça antes da próxima festa… Ainda que sua sobrevivência dependesse do próximo problema.

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