S.O.S

Categorias:Romance
Wyrm

S.O.S


Nos olhos ainda haviam um escuro brilho verde de quem ainda tentava encontrar respostas para muitas coisas. Quanto tempo até acalmar ou libertar aquela tempestade de raiva que se expandia dentro do peito? Não costumava gritar, não tinha o costume de chorar, e alimentava reações amenas diante de cada situação. Suas ações costumavam ser menos internas e refletiam em cada morte que causou por acreditar que o mundo estava apodrecido demais para poupar alguma vida. Estavam todos amaldiçoados. Sempre havia sangue na ponta de seus dedos, e até longe da antiga vida, quando olhava rápido demais para as mãos, enxergava o vermelho e sentia a quentura nas suas digitais. Talvez fosse assombrada eternamente por aquela confusão… Talvez ainda houvessem correntes que se arrastavam presas ao seu corpo, pronta para enganchá-las em alguma estrutura. Eu estive no lado mais negro da noite, pensou, segurando um prato entre os dedos e sentindo falta do próprio reflexo. “Onde nem a lua podia iluminar”. Quando devolveu o objeto na pilha, encarou os olhos de Fayre muito brevemente, e por outro instante, sentiu as correntes. Escutou algumas vozes: pessoas ainda tentavam invocar sua presença, suplicando ajuda, pedindo auxilio, queriam vencer suas batalhas. Erguiam sacrifícios implorando por suas palavras religiosas. Talvez eu seja um eterno mártir. Era possível se adequar aquela vida? Podiam ser apenas férias? Às vezes se via muito assustada e incapaz de se encaixar em tantos contextos estranhos, como o de escolher louças. Não fazia sentido discutir as cores, se azul ou amarelo ficaria melhor no ambiente que viva, era uma perda de tempo sem tamanho; mas ainda a fazia bem falar que preferia os tons pastéis, especialmente porque haviam pessoas para dar atenção e descobrir traços da sua personalidade. Personalidade.  Gostos. Conversas. Calor. Pessoas estranhas que ofereciam sentimentos de como se a conhecessem, que talvez fossem capaz de acalmar sua raiva antiga. Eu fui líder das criaturas negras por muito tempo. Precisava ter paciência e aceitar que seria um processo longo, assim como aqueles que conseguiu salvar quando ainda vestia o manto.

– Você está linda. – Aisha disse quando percebeu que Blair estava tempo demais parada diante de um espelho. – Olha esse conjunto de taças. Falei para a Nyra para a gente ir ver as decorações de quarto. Com certeza a parte mais importante.

Blair sorriu e concordou e andou atrás da Aparentada. Seus olhos passaram uma última vez pelo reflexo e alcançou ver Ártemis dizendo algo a Alicia, pedindo para a amiga não se exaltar sobre a ausência de reflexo de Blair, que era um assunto a ser resolvido. Os Kithain também conseguiam enxergar, a maga se lembrou de Flora, mas nenhuma disse nada.

Meris desejava um encontro. Era possível que ele fosse mais do que ela conhecia? Uma batalha infinita sobre controle? Talvez. Todos ali haviam se provados valorosos. Um lado que nunca havia conhecido de forma tão aquecida. As mortes que cometia antes não importavam, mas agora enxergava que aquelas pessoas também eram importantes para outras, muito acima de qualquer bem maior. E quanto as que estavam próximas de si… Queria os bem, queria os vivos, que retornassem para casa após cada batalha.

Meris poderia ter um outro lado também? Deveria chegar pronta para revidar ou com as mãos nuas? Ele poderia ter uma resposta menos conflituosa sobre o que fazer?

Quando estavam para sua casa, haviam levado muitas pizzas e bebidas e ironicamente um terço das compras pertenciam a Nyra e Annik e a outra a Aisha. A casa acabou cheia, quase uma festa, tirando Blair daquele estado pensativo que tentou leva-la para fora da situação mais de uma vez.

Nina havia dito que iria passear com eles, mas não apareceu no último instante. Ártemis conseguiu alguns presentes de Nyra e tirava as roupas das sacolas de grifes para admirar novamente as peças. Olhou a noite inteira para Ladirus, mas não conseguindo se aproximar quanto queria. Fayre havia o cercado de muitas formas sutis, roubando sua atenção o encontro inteiro, assim como em casa. A maga princesa estava agitada por dentro ainda, da discussão e dos pensamentos, mas conseguia trancar aqueles sentimentos em algum canto da mente e se focar na presença de Ladi.

Os Versos estavam todos presentes, o que se tornava um evento por si só. Nyra comparava algumas pulseiras com Annik e falavam sobre qual vestido seria mais apropriado qual objetivo, e ao mesmo tempo, a Theurge tentava prestar atenção no que Aisha falava tanto com Acksul, e ficou extremamente surpresa ao se deparar com uma conversa extremamente leviana e normal. Aisha explicava que preferia andar em aviões menores, como os seus particulares, do que nos maiores que tinha, mesmo que a turbulência fosse um pouco maior, e que definitivamente ela não poderia usar saltos quando dentro deles. E depois contou como foi a experiência de voar no primeiro avião. Nyra estava bem surpresa que ele estava dando ouvidos a aquilo.

Os olhos da Theurge seguiram brevemente por Fayre e Ladi, onde a maga acariciava um talher desenhado com o polegar e explicava como na Rússia havia todo um ritual sobre os metais que eram usados; não estava se perguntando como Fayre o conquistava tanto, pois tinha certeza que ela havia aprendido sobre como. Ela era cheia de toques e vozes macias, movia-se de um lado ao outro e o cercava.

Quando desviou seu olhar a Rhistel e Blair, não viu mais do que imaginava, sussurros e risinhos. Ela vestia óculos escuros nele, um atrás do outro, entre os femininos e masculinos,  rindo com Nathan de alguma bobagem que os três concordavam.

Ainda, Blair comemorava o final das suas gravações; e Rhistel o início da carreira… O álbum tocava solto pela casa pela terceira vez.

Ai, ai. Meus Dragões. Foi com esse olhar que Nyra fitou Annik e Remi diante de si. Estavam todos fisgados.

Ouvindo os risos e gracejos, deslizando com a temática das poéticas e complexas melodias e versos emocionais, Jullian contemplava a Lua Crescente no céu, banhando por sua luz e somente, apreciando a ausência da luz artificial. Uma taça de cristal já quase fazia estava em sua mão, ondulante em curvas rubras que a mão pálida que a meneava proporcionava. Distante da solidão, ainda se desviava para o jovem pássaro flamejante que explorava o sofá em que ele estava sentado e esticado preguiçosamente de lado, apoiando o rosto na mão e tendo o vermelho nos olhos sempre que focava a Fênix, mesmo da Tellurian. Desde que Luke se ausentara, o Incarna, que ainda não era maior que um corvo, seguia os seus passos e tornava os seus dias mais quentes.

Não que Jullian se desagradasse de reuniões entre amigos. Havia se acostumado a elas e até apreciava. Aprendera a enxergar com leveza o que participava ativamente de sua vida, principalmente ao vestir uma coroa. Mas não se sentia leve naquela noite. Era na Lua, tão íntima em diversos pontos da sua história, que ele buscava por auxílio. A sensação de preocupação não se escondia em seu semblante. Ele bebericava do vinho e distanciava a sua mente do presente para tocar os arredores ocultos do futuro, mas não estava ouvindo as respostas que precisava. Talvez seja apenas a sede. O corpo de ferro estava em sua boca e a calma escondida por detrás de uma vontade de caça. Sede que eu preciso saciar.

A reunião aquecia sua casa e a dava um ar mais humano, criando memórias que nunca pensou que um dia a pertenceria. Quando saiu, foi apenas para enfrentar brevemente a própria mente e ter um pouco da brisa gelada. Ela passou por Jullian sem vê-lo, andou até a sacada, fitou o mar brevemente e deu meia volta. Não estava surpresa ao notá-lo bem ali e nem ter o percebido. Blair sorriu discretamente e andou sem pressa até o Philodox…

Blair se sentou na outra ponta e esticou a mão para acariciar a Fênix após ter certeza que teria a permissão dela.

– Tanta afeição… – Ela disse do Incarna e sorriu. Seus olhos retornaram ao Philodox. – Você também está pensativo…

A taça tocou novamente os lábios finos do Lendário e ele bebeu um gole de olhos fechados, apreciando a sensação breve de relaxamento que o álcool causava em seu corpo de metabolismo acelerado… – Normalmente, estou. Sempre estou em débito entre os assuntos que necessitam de reflexão… Sempre são muitos. – Ele passou a língua rubra do vinho pelos lábios, contornando-os vagarosamente. – Você quer sair comigo na madrugada, Blair?

Ela concordou com a afirmação dele, também se sentia em débito com frequência.

– O oceano inteiro vive na minha mente acho… – Desviou o olhar para o horizonte escuro. – Sair… Para…Os passeios noturnos? – Perguntou por ser um convite inusitado. – Achei que eram extremamente particulares. – Fez uma pausa – Desculpe… Eu não consigo evitar de acompanhar a movimentação de tudo a minha volta… Velho hábito. – Explicou-se.

– São extremamente particulares. – Ele concordou, bebericando novamente do vinho e demorando-se para responder. – Porém, eu precisarei caminhar por uma região hoje que talvez te interesse. A última vez que sondei de longe, percebi um grupo peculiar… – Os olhos de oceano se distanciaram. – Eu nunca tinha-os visto tão de perto. Uma garota albina com uma focinheira de ferro e um homem moreno, grande e musculoso. Eles estão morando próximos, embora não sejam os meus alvos… Talvez eles se ericem assim que eu começar… E eu tenha que matá-los. A União Lupina caça-os há anos. É irônico.

Blair o escutou com atenção, entreabriu seus lábios em curiosidade e se sentou mais confortável ao sofá – ainda o olhando.

– E por que você não os mataria logo? Se sabe onde eles estão… Muitos lobos gostariam de ter essa localização… – Fez uma pausa – Embora Dogo… Talvez ficasse decepcionado com a morte deles. – Pensou um instante – A loucura não os tomou completamente. Mas eles não tem mais espaço em lugar nenhum.

– Hm… – Ele a mirou com um instante longo antes de retornar os olhos ao oceano. – Você está bem mais decidida do que eu esperava prevendo, então. Não posso dizer que estou surpreso, mas… Em certas conversas que examinei por curiosidade e em um bate-papo com o meu querido professor,.. O rapaz Olho-de-Areia, se é que posso chamá-lo de rapaz, pareciam, hm, fervoroso em suas declarações sobre o seu trabalho inacabado.

Ela o escutou com calma e respirou fundo. Blair fitou as próprias mãos sobre as pernas e considerou algumas coisas…

– Eu estou deslumbrada demais com tudo o que estou vivendo e sentindo… Para pensar no que querem que eu pense ou seja. Mas eu sei que eles têm uma visão válida… – Inspirou – Eu poderia e deveria estar sendo mais útil com as vidas que ficaram para trás. Com o poder que me deram em mãos. Há uma religião lá fora em meu nome… E eu sou como uma Deusa que os abandonou em qualquer sorte. – Sussurrou: – Às vezes eu escuto alguns me chamando à noite. Eu deveria estar me sentindo egoísta?

O Lendário franziu o cenho, mordendo o escanteio dos seus lábios finos. – Eu não acho egoísta. Tampouco eu acredito que esteja errada. – Jullian dedilhou o sofá. – Eu estou ouvindo que querem várias coisas da Blair… E que a Blair quer um pouco de paz. – O Lendário desenhou um sorriso frio em seus lábios.

Blair sorriu brevemente e concordou. – Eu também não acho. Mas eles me fazem me sentir responsável. Só de pensar em vestir um manto de novo, eu me sinto tão pesada. – Seus olhos voltaram-se ao Lendário expressando certo cansaço.

– Eu acredito que tudo possa ser usado de uma forma mais útil… Até mesmo a sua paz. – O Lendário fez uma pausa, franzindo o cenho. – Até agora, o que há de mais precioso em suas mãos, é o seu conhecimento. É nele que encontraremos uma forma inteligente de lidar com a Wyrm. Eu não acredito que salvar almas irá resolver o nosso problema… Falando de uma forma prática. Eu conversei ontem com o seu contato… O Cardeal. Ele me disse que vocês pretendem realizar um milagre.

– Sim. E eu esqueci completamente até disso… Eu deveria ir atrás de Fanis. – Respirou fundo – Mas… Eu sei que a minha paz não pode durar. Eu não posso continuar ignorando tudo. Ainda há muitas correntes nos meus pulsos… De muitas almas presas à mim… E… Eu preciso de ajuda… Mas eu não quero envolver ninguém… É pesado demais para qualquer pessoa emocional lidar… – Olhou-o:– Por algumas vezes… Eu achei que você poderia me ajudar, pois eu sei que sua sensibilidade não é comum… Mas… Você é o Rei. Eu conheço o fardo de ser uma líder, e o seu é mais difícil que o meu. Você precisa se importar e se preocupar com as vidas ao seu redor, eu não precisava antes. Hoje eu sei como isso é difícil…

O Lendário assentiu devagar, concordando. – Se eu estivesse livre, talvez eu pudesse ajudar. Eu não posso me comprometer com algo tão grande por hora. Eu preciso espalhar um pouco esse peso da coroa ainda… Então, talvez… Mas ao que vejo, você precisa de alguém com urgência. – Os olhos de oceano se voltaram para ela, estreitos. – Eu desconfio que você já deva ter reparado que exite aqui outra Garou com uma deficiência como a minha e uma paz interior similar, aparentemente. Eu não sei se a estadia dela será longa, mas… Às vezes, ela poderia ajudá-la. – Ele mordiscou o lábio. – E Arabella, obviamente.

Blair o escutou e permaneceu pensando alguns segundos.

– Aparentemente não é o suficiente… Infelizmente… Eu preciso conhece-la melhor… – Respondeu calmamente – E Arabella me mataria se pudesse. A Wyrm que ela conhece é útil se eu quisesse lidar num plano superficial… Mas prometo que vou considerar. – Olhou-o – Amanhã eu dormirei de novo. Quando recobrar todas as minhas energias, vou ter certeza como andam as coisas do outro lado. Eu tenho certeza que muita gente está me aguardando… Sobre… Os dois Espirais… Talvez eu consiga fazê-los lutar uma batalha cinza. Eu posso tentar isso com alguns membros da Goetia… Também…

Ela erguia tantas dificuldades que o Lendário refletia enquanto a observava sobre os ninhos que ela conseguia alcançar ainda. – Eu arriscaria alguns nomes, mas nenhum que eu segurança o suficiente para colocar minha mão em chamas… Além de mim mesmo e a minha Alcateia… – Ele se tocou em baixo do queixo com a unha curta e bem feita. – Meu doce príncipe e a minha amada flor de lótus talvez sejam sábias escolhas… Se as suas opções se esgotarem, mostre-me o que você precisará e decidimos. Não tome atitudes sozinha… Mas… – Ele franziu o cenho. – Eu não subestimaria Arabella e Lavinia… Ou nenhum Volkard.

Blair concordou, mas com uma visão particular. – Eu não teria chego até aqui se não fosse cautelosa. Eu não sou conhecida por imprudência. Além de tudo, eles acreditam que eu sequer sangro. – Olhou-o suspirando cansada, mas aliviada – Obrigada. Talvez isso coloque algumas vírgulas e pontos… E tente dormir um pouco quando voltarmos…
Blair continuou por ali mais alguns minutos.




Não seja idiota… Não surte. Mantra da noite de Alicia. Ela havia tentado não demonstrar a sua empolgação infantil de ver tanta gente famosa no mesmo local, mas provavelmente havia encarado cada um deles até demais. A missão, distante de ser simples, incluía diversos desafios o tempo todo. Ártemis havia sido muito clara em seus conselhos e ela mesma parecia desenvolver perfeitamente o estilo blasé e tratar os contatos incríveis demais com aparente naturalidade – parecia até que já pertencia à ilha. Alicia estava tentando, mas a maior parte do tempo, sabia que não conseguiria adentrar assuntos complexos sem ter um ataque. E ela estava sentada num confortável sofá entre a sua querida amiga e Aisha Arnezeder.

A cantora não decepcionava. Estava conversando com um rapaz – um Dragão! – tão lindo que parecia uma escultura e ele parecia muito interessado no que ela falava com o seu sotaque distante. Não olhe demais. Acksul tinha uma risada maldosa e muito gostosa de se ouvir. Alicia sacou o celular e lembrou-se de Leah primeiramente. Achou que poderia empolgar a garota da pipoca, desprezada por Ártemis, com algumas atualizações. “Aisha está do meu lado e ela está flertando, eu acho!” enviou.

– Equilíbrio invejável dessas moças e o seu, cantando, brincando e elas ainda desfilando. Nem parecem humanas. – Acksul comentou enquanto assistia ao vídeo no celular da Parente, arqueando as sobrancelhas. – Essa estrutura… Surreal imaginar que tudo isso foi montado… – O Dragão estava curvando, apoiando o rosto da mão, assistindo. – Eu acho que reconheci alguns rostos…

– Irmã do Remi… Aurora… – Ladirus fosse.

Acksul fez uma careta ao ouvir “Aurora”. A Rainha das Kitties, poxa!

Alicia ergueu os olhos quando Ladirus se aproximou junto a Fayre. Já era mais difícil enxergar uma vitória para Ártemis. Primeiro, porque não imaginava um homem como aquele. Ladirus estava além das expectativas e aquela mania de mordiscar o lábio era uma maldade por si só. E Fayre… Era o fogo de mulher, cercando-o como uma chama atraída pelo papel. “Arty, quantos Dragões são? Por que aqui só estão três? Nossa. Eles têm algo!” ela enviou a amiga e desceu os brevemente para Rhistel, descansando a cabeça no ombro de Nyra e recebendo carinho em seus cabelos enquanto a cantora conversava com Annik. Os três sentados num tapete macio e próximos das diversas sacolas de Arty.

“…” Foi a mensagem que Alicia recebeu de Leah. “Eu acho que não quero saber o que está acontecendo… Você acha que eles vão para a Click? Ártemis disse algo?”.

Ainda não havia dito nada, estava em uma mistura de drama e felicidade. Ao mesmo tempo que havia ganhando roupas novas, tinha que acompanhar Fayre monopolizando Ladi. Aquela parte teria sido menos dolorida se houvesse aceitado do início.

– No palco a gente sempre se expressa de formas diferentes. É muita energia acumulada e extravasada. – Fayre disse – Deve ser difícil fazer uma performance e estar entre as modelos.

– Eu não podia me mover muito e tinha que ser na hora certa. Mas eu adorei. – Aisha dizia animada e olhou para Acksul – Você tem que ver o meu armário de figurinos. É insano. Eu uso saltos muito maior que esses.

– Uau. – Fayre riu e se entreolhou com Ladi – Você tinha que fazer algumas coisas diferentes quando for se apresentar… Algo como… Mudar sempre a cor do seu cabelo ou desenhos no corpo… É uma marca que os fãs lembram… – Explicava, olhando-o nos olhos – Aisha tem esse visual poderoso e romântico. Eu sempre mudo meu cabelo e uso roupas bem chamativas.

Os grandes olhos azuis do Dragão da Matéria se ergueram brevemente para Fayre e ele arqueou as sobrancelhas, fazendo um beicinho com os grossos lábios. – Sinto-me um ignorante nesse assunto e eu não costumo me sentir assim com quase nada. – Ele acabou rindo. – Eu imaginava desfiles de moda bem menos… Divertidos e desafiadores. – Acksul olhou para Aisha com uma expressão de arte nos olhos. – Eu tenho certeza que você já caiu…

Ladirus riu, estranhando. Não sabia se a leveza era forjada ou Polaris apenas relaxava ao falar de qualquer assunto banal. Ele observou brevemente Ártemis, mas se desviou quando Annik lhe mostrou a língua.

– Uau. – Fayre riu e se entreolhou com Ladi – Você tinha que fazer algumas coisas diferentes quando for se apresentar… Algo como… Mudar sempre a cor do seu cabelo ou desenhos no corpo… É uma marca que os fãs lembram… – Explicava, olhando-o nos olhos – Aisha tem esse visual poderoso e romântico. Eu sempre mudo meu cabelo e uso roupas bem chamativas.

Leveza que abandonou Ladirus com o assunto. O Dragão pousou a mão na gola da camiseta, observando os olhos quentes da Maga com o cenho franzido e uma crescente sensação de inquietação. Apresentar-se? Não iria se enganar de novo. Rhistel não perderia a chance.

– É… Eu posso tentar fazer algo, mas no momento, eu acho que aceito aquela cerveja que você me ofereceu. – Ele riu, sem graça. Pensar em se apresentar para multidões deixou-o até atordoado. Ele acompanhou Rhistel se erguendo e caminhando até Nathan e Remi. Ele nunca vai parar de avançar… Duvido.

– Tem um compilado de vídeos das minhas quedas. – Aisha arqueou a sobrancelha, confessando. – Mas tudo bem. Eu tenho muitos shows na estrada para contar minhas falhas. – A loira disse e encostou seu corpo ao de Polaris, fitando Fayre passar sua cerveja para Ladirus. – Acho que não tenho o costume de ver vocês bebendo. – A loira analisou.

“Quando eu ficar famosa talvez escrevam alguma fanfic de como eu terminei com Ladi”– Ártemis digitou e mandou um coração quebrado para Alicia e respirou fundo. “Odeio ficar por aqui quando vejo esses casais, mas vamos aguentar um pouco mais”. A morena rondou o olhar completamente desinteressado depois de terminar de se entreter com os presentes.

– Acho que eu vou para casa… – Aisha espreguiçou-se esticando as longas e bronzeadas pernas, quase passava da meia noite. – Ah! Eu tenho algo para falar para você Ártemis. Eu tenho um amigo… Inclusive da emissora On, que quer montar uma girl band. Ela já arrumou algumas meninas, mas pensei em te indicar para fazer o teste.

Ártemis a olhou confusa com o assunto:

– Que?

– Girl band? Banda de meninas. Grupo musical. Parece que é tendência agora. O investimento vai ser imenso e você realmente não precisa ser expert em nada… Mas acho que tem que aprender a dançar.
– Você está me propondo um teste? – A fada se ergueu com a mão sobre o peito – Como você me diz isso assim?

– Não é nada certo… Nem sabemos se vai sair do papel… – Aisha arqueou a sobrancelha – Se você não quiser é só ignorar.

– E você fala como se fosse um comentário! – Ártemis brigou e Aisha não entendeu a súbita tensão.

– Quando? Como?!

– Eu não sei de nada! Calma! – Aisha se sentiu levemente assustada – Eu só disse que é uma possibilidade… Talvez você precise fazer um teste… Você pode ensaiar alguma música…
– Tipo Spice Girls?

– Acho que sim. – Aisha disse. – Vou me informar.

Ártemis pegou uma cerveja em cima da mesinha e a agarrou com duas mãos, pareceu vislumbrar algo diante de seus olhos e virou longos goles da bebida. Alicia também pareceu se assustar com a exaltação – já que parecia a reação mais cabível? – e tentou não se mostrar tão profundamente feliz quanto estava pela amiga. O sorriso sela quase se esticou selado, mas abri-lo demais, fechou-o. Ártemis, bebendo?!

A exaltação foi encarava com menos normalidade ainda por Acksul. O braço do Dragão contornou os ombros de Aisha por impulso enquanto mirava a fada. O poder estava ali, estalando ardentemente. Uma bomba relógio. O Dragão sorriu, franzindo o cenho, tentando amenizar a estranheza que o seu semblante demonstrou.

Levando a cerveja lentamente até os lábios enquanto observava a Changeling com ligeira atenção. Apenas se desviou quando Rhistel se sentou ao lado dela e Nathan sentou do outro, arrancando das mãos da fada a lata de cerveja.

– Você não tem idade para isso, morena. – Nathan disse, olhando-a com malícia, mesmo que não tivesse intimidade. – Daqui uns anos. Vem cá.

– Não! – Ártemis fez a garrafa voltar diretamente para a sua mão e continuou a agarrando. – Como assim eu não tenho idade? Eu fiz dezoito esse ano. – Ela disse levemente zonza da quantidade que havia ingerido enquanto pode, mas logo se recuperou. – Você escutou o que a Aisha acabou de dizer, Nathan?

– Juntem-se um pouco mais. – Remi pediu, aproximando-se com a câmera em foco.

– Nãão… – Rhistel disse, manhoso. – Ahm… ‘Tá. – Ele abraçou Ártemis depois que o Nathan o fez, agarrando Ártemis e a amiga Alicia.

Aisha ainda a olhava estranhando, sem entender o porque havia sido foco da energia que ela acumulou no corpo.

– Aquiete-se para a foto, Ártemis. – Nyra disse, ao lado de Remi. – O que deu em você?

– Ah! Foto. – Ela ajeitou o cabelo com o braço por cima da cabeça e sorriu desorientada.

– Mas não é nada certo. – Aisha insistiu, mesmo encolhida entre o braço de Polaris.

– Eu entendi! Eu entendi! – Bebeu mais um pouco. – Vocês precisam me ensinar algo, Rhistel? Nathan? Eu preciso aprender uma música. Por favor?

Quando Nathan começou a rir, Rhistel apenas abriu um sorriso amarelo, franzindo o cenho. Muito parecido com o que esboçou para a foto.

– Claro. Faço um curso para você de duas horas! – O Galliard disse, assentindo.

Aisha olhou para Polaris “O que eu fiz?” murmurou confusa. Polaris mirou a fada agitada com uma sobrancelha erguida antes de dar os ombros e negar com a cabeça: “Apertou o botãozinho mágico dela! Culpada!”, ele murmurou de volta, abrindo um sorriso cruel e rindo. “Você é muito boa em apertar botões mágicos…”. Quando Ladirus os olhou de soslaio, foi o tempo de se desviar o foco agitado de Ártemis e assistir Polaris se aproximando e encontrando os seus lábios com os de Aisha. O Dragão de Água o fitou tocando o rosto delicado da popstar e o acariciando antes de se virar, atônico e beber mais goles da cerveja.

Fayre acabou não aguentando e riu o tempo todo, sem entender a empolgação. Tinha uma grande dose de preconceito contra grupos femininos… Conhecia alguns e seguiam por um caminho nada arte e muito comércio. Provavelmente Ártemis não tinha ideia disso ou não ligava.

– Você precisa começar logo… – Fayre disse risonha. – Precisa impressionar essa pessoa.

– Eu vou… Cadê meu violão. – Olhou ao redor.

– Ártemis! Não é assim! – Annik se levantou, rindo e dando os seus gritinhos excitados. – Você é doida! Deixa acontecer primeiro! Gaia, você nem precisa ter muito talento! A dança, eu ensino! – A Ragabash subiu na mesinha de dentro levou as mãos aos cabelos e moveu o corpo. – Oh! Você precisa aprender isso! Vem!

Remi pegou novamente a câmera, rindo. Nathan batia palmas, não se aguentava.

– Vai, Arty! – Nathan a empurrou de leve.

Ártemis não se intimidou e subiu na mesa com destreza. – Você acha que não sei dançar, né. Mas eu sei. – Gabou-se – Eu sou uma Pooka e sou uma gata. Embora ninguém aqui veja. Por favor, música. – A fada ajeitou a blusinha que vestia, aguardando.

Nyra estava perto do som e quis ver aquilo. Ligou a rádio e tocava uma música da Little Riley, Bang bang e lá foi a Changeling mostrar sua dança, que não era nada mal – movia seus quadris de um lado ao outro descendo as mãos pelos longos cabelos negros, e cantava com a canção:

Wait a minute let me take you there – Ártemis cantava e começou a rir quando se fez mais boba ao mover os braços para o alto, mas continuar movendo os quadris.

Aisha sorriu se divertindo, e até pensou em se juntar, mas algo melhor aconteceu do seu lado. A frase veio com um doce impacto, e seus lábios apenas estavam surpresos quando recebeu o beijo que ascendeu rápido a aparentada. A loira o fitou após o beijo roubado e sussurrou ao ouvido dele “Se você caminhar comigo até o Castelo eu posso te mostrar como sou boa”. Aisha bebeu mais do seu vinho e fingiu estar interessada na brincadeira das meninas; seus dedos tocaram a mão que não saiu do seu ombro em um leve carinho e ela riu um pouco aérea, embora não fosse das meninas.

Degraus além em suas apostas de possibilidades, Polaris arqueou as sobrancelhas e o olhar ganhou mais interesse. O sorriso de menino se esboçou entre maldades e malícia quando ele abaixou a cabeça. Ele observou Annik e Ártemis por um instante, sem vê-las realmente e se virou para a Aparentada, sussurrando com a voz quente que saia de dentro de si: “Proposta irrecusável… Se você me levar com você, eu prometo que encontrarei todos os seus gatilhos, Aisha… Até os que você mesma desconhece…”.

Fayre lambeu o vinho de seus lábios, e também se viu menos inclinada a assistir o show das garotas. Era tarde e havia tomado um pouco de vinho demais. – Vem cá. – Ela se ergueu com os dedos entrelaçados a uma das mãos de Ladi e o puxou dali para a cozinha.

Os Versos da Magia tinham um limite para se comportarem, Ladirus sabia. Não sabiam brincar. Gostavam de festas e a liberdade era obrigatória. Quando viu a amiga de Ártemis também subindo da mesa e Remi abraçando Nyra às costas enquanto filmava a algazarra, ele sabia que não demoraria até que estivessem todos pulando pelos móveis da casa e falando as piores barbaridades. Rhistel apenas os olhava sentado no sofá, pois Nathan também se erguia e buscava por mais bebidas. Jullian um sorriso risonho da varanda e Blair deveria estar logo atrás. Ele até se distraiu com a ideia de se imaginar em cima da mesa, mas se desfez de qualquer devaneio quando foi convidado a se retirar com Fayre.

Inspirou, pedindo-se alguma calma. Tornou-se difícil de pensar quando se sentiu nervoso e caminhar até a cozinha de Blair nunca durou tanto. Não conseguiu olhar ou registrar. Sentia a mão dela na sua e a tontura apenas aumentava. Talvez precisasse de água. Talvez precisasse de uma cadeira para se sentar. A mente lançava imagens confusas a medida que andava e algumas possibilidades nada reais. Ele se sentiu corar e o coração dar socos em si mesmo assim que passou pela entrada.

Mesmo assim, faltou-lhe raciocínio. Ficou algum impulso que estava resguardando em um canto de pensamentos e vontades. Ladirus avançou passos mais rápidos que os da Maga e sentiu o seu corpo colar ao dela às costas. Os seus olhos se fecharam devagar com a corrente de calor que desceu por seu corpo inteiro. Ele soltou a mão que o guiava, pousando os dedos pelos ombros femininos e curvando-se para sussurrar: “Se você me guiar, eu prometo ser muito obediente…”.

Os olhos da maga se fecharam e permaneceram assim por alguns instantes. O toque foi inesperado, e a forma como foi envolvida mais ainda. O fogo tomou conta da temperatura da sua pele e ela o fitou por cima do ombro após ouvir sua voz quente, com uma proposta calorosa. A maga beijou-o em um selinho demorado, experimentando seus lábios e suspirando. Virou-se na direção dele sem pressa e envolveu-o pelo pescoço com seus braços, tocando sua nuca com os dedos de longas unhas, e encostando seu corpo bem junto ao de Ladi o beijou profundamente. Fayre esquece-se propositalmente das palavras… Sabia que não entrava em harmonia com o Dragão de Água através delas, e até preferia assim, onde pudesse apenas ler o belo corpo dele.

Experimentar a intensidade dos desejos que o seu corpo sentia fazia estava muito distante do que havia sentido consigo mesmo ao explorar as sensações de toque. O beijo acontecia por seu corpo inteiro. Os seus quadris contra os dela, sentindo-se tão desesperadamente rijo que até sensibilidades lhe acometiam, lábios que se roçavam e línguas que se envolviam, deslizando quentes. As suas mãos a traziam para perto. Difícil seria se lembrar das censuras enquanto vontades e curiosidades estavam gritando tão alto. Os seus dedos desciam pelas costas de Fayre, apertando-a e puxavam-na. Os olhos se abriam e o coração disparava. Apaixonado? Olhava-a e perdia o ar… – Eu fico tão nervoso quando estou perto de você… Parece que tudo o que eu falo é uma besteira… – Ele resfolegou, tomando ar… – Mas eu preciso dizer que é difícil te tirar da minha cabeça desde que te vi…

Foi difícil prestar atenção em sua fala e se dar consciência de como estavam quentes e excitados na cozinha, enquanto uma festa acontecia no cômodo do lado. O rosto de Fayre estava levemente corado, e seu corpo inteiro pulsava desejo… Ela encostou sua testa ao ombro dele, saboreando o gosto do beijo profundo e molhado ao contornar os próprios lábios com a língua. Precisou de um segundo. Ergueu seu rosto e fitou os olhos puxados do Dragão.

– Isso é… Realmente bom de ouvir… – Beijou-o brevemente no pescoço, afastou o rosto, tocou-o no ombro e beijou-o em selinhos, tentando buscar alguma calma. – Porque… Eu tenho pensado muito em você… Gaia… – Riu sem jeito – Eu acho que é difícil segurar tanto desejo quando se é difícil ficar sozinha com você… Mas eu quero demais estar com você…

Você a beija de volta. As palavras humoradas de Nathan vieram à sua mente, pois nem se lembrara de se questionar como seria e como deveria agir se acabassem se beijando. Fayre era o fogo. Cada gesto dela brincava com os seus ânimos e até mesmo descobrir a sintonia equilibrada o fez piscar devagar. Os seus selinhos eram toques de desejo e as suas mãos cheias dela a traziam para si em resposta. O quanto já não fora perturbado por aquelas curvas e os seus shortinhos curtos tão cruéis? – É… Difícil… Eu fico tentado só de te ver caminhando… Você rebola muito quando caminha… – Ele roçou o lábio ao dela antes de mordiscá-lo.. – Eu sei que se eu olhar ao redor, começarei ter ideias… Essa pia nunca me soou tão tentadora… – Sussurrou, buscando por um beijo.

Tinha certeza da intensidade dele, mas nunca naquela proporção. Se ele achava que ela estava no controle, Fayre não tinha mais certeza. Abaixo dos longos cabelos roxos sua nuca transpirava de calor e entre suas pernas úmida de excitação. Por que ele dizia aquelas coisas? Com aquela voz? O coração dele pulsava contra seu peito e o corpo dele reagia rápido a tudo que era tocado, roçado… Sentiu-se até entorpecida e não negava nenhum beijo, mordiscou e lambeu os lábios do Dragão. Tinha certeza que estava apaixonada naquele instante. E… Se sentasse naquela pia… Ia odiar eternamente qualquer um que entrasse na cozinha.

– Nós… – Pensou muito pouco antes de continuar – Podemos caminhar até meu cômodo… Não tem pia, mas… – Riu ofegando, tocou e segurou seu rosto e beijou seus lábios. – Vem comigo?

O sorriso dele começou selado e foi se estendendo aos poucos. Ladirus riu por fim, mordendo o próprio lábio ao fazê-lo. – “Não tem pia”. – Ele observou brevemente ao redor, ofegante e curioso. – Eu acho que não será um grande problema a ausência de uma pia… Eu posso ter outras ideias para onde você quer me levar… – Ele avançou, retribuindo o beijo úmido. – Eu estou sempre erotizando quase tudo o que te vejo fazendo, Audrey… – Ladirus buscou pelas mãos dela, apertando-as.

Ele ia ter que parar de falar ou não restaria nada da maga da forma que o coração dela acelerava.

Fayre segurou forte a mão dele de volta e andou por detrás da sala para chegar até os quartos do outro lado da casa. Seus olhos de um castanho avermelhado o encaravam por cima do ombro de momento em momento.

A cor vermelha nunca combinou tanto com uma situação, e assim que encostou a porta, voltou-se ao Dragão. – Estamos na mesma harmonia então… Não há nada que eu te veja fazendo que me deixe menos excitada… – Com as mãos no corpo dele, ela o fez caminhar de costas até guia-lo para se sentar e deitar. A maga engatinhou por cima e passou a beijá-lo devagar, experimentando seus lábios sem se distanciar da intensidade.

Chegou a passar, por mais breve que tenha sido, a preocupação de que estava fazendo algo errado. Afinal, Fayre ainda era a princesa mais importante da Sociedade Garou e o seu sangue real não era para o seu bico. O veludo sobre a realidade escondia o quarto vermelho e as chamas ondulantes que tomavam o seu corpo internamente como uma febre. Ladirus observou ao redor, mas sem se deter em nada além das cores. A Maga tinha a sua atenção religiosamente. Quando se viu deitado na cama, uma inquietude despreparada tomou o seu corpo, mas não durou. Ele fechou os olhos enquanto a beijava, percorrendo com os dedos as pernas fortes e puxando-a contra si. Nenhum bicho de sete cabeças? Nada além do natural? Se temia pela complexidade do momento, via-se levado por ele através de ondas que pediam. O corpo dele necessitava tanto quanto o dela, então por que não? – Fayre… Rebole… – Ofegou. Excitava-se com o beijo e a proximidade e o peso que ela fazia sobre si. Jamais de sentira tão excitado e talvez essa fosse a causa de não conseguir se sentir tímido…




Quando Blair entrou na sala atrás de Jullian, teve seu sorriso lentamente desaparecido. A música tocava alto e as meninas dançavam sobre a frágil mesinha. Seus olhos passaram por onde Ladirus e Fayre estavam antes e não os achou, ainda conseguiu pegar Polaris sussurrando ao ouvido de Aisha e ela o olhando de soslaio com um sorriso malicioso e voltando para a apresentação.

A maga caminhou até Rhistel como se passasse por um campo minado, e se sentou ao lado do Dragão de Gelo, ainda tentando entender o que havia acontecido. Mas quando o fitou de perto, pareceu esquecer do resto e roubou um beijo em seu rosto e um selinho. Manhosa, Blair ergueu suas pernas para as apoiar sobre a de Rhistel, e deitou sua cabeça ao ombro dele. Apenas desviando a atenção quando a garrafa perto de seus pés voltou sozinha para a mão da fada, que saltou para uma poltrona para continuar dançando em outro ritmo quando a música mudou e bebendo.

Apesar de estar ainda se localizando sobre a festa formada, Rhistel encontrou certo humor ao ver Blair surpresa daquela forma. Ela devia estar se sentindo dentro de um dos seus filmes – talvez até o último – onde o inferno parecia tocar a Terra e fazer uma participação especial. Ele desenhou um sorriso selado para ela, fechando os olhos com os seus beijos e ajeitando as pernas da Maga sobre as suas. Rhistel a abraçou de lado, beijando-a em seus cabelos. Ele até tentou permanecer tranquilo, mas o ambiente não estava propício para calmarias. A mão do Dragão pousou na coxa de Blair, acariciando-a antes de arranhá-la suavemente enquanto assistia à Annik praticamente rebolando na cara de Nathan que degustava de um copo de uísque.

– Bee… – Rhistel sussurrou com humor na voz, assim como assombro. – ‘Tá assustada…?

Nyra havia puxado Jullian para perto de si e de Remi, que a agarrava com um braço pela cintura, e ao segurar a mão do Philodox, tomou um beijou seus lábios de vinho. Nathan os assistiu por alguns segundos distraídos antes de batucar a mesa. Jullian riu, olhando-o, mas não seria uma brinca que a afastaria dos lábios de Nyra. Deslizando os dedos pelo pescoço da Theurge, Jullian afogou os dedos nos cabelos negros enquanto experimentava o vinho dos lábios macios. Alicia observou os dois, arqueando as sobrancelhas. O beijo dominador desceu pelo pescoço da Garou, desfazendo-se da polidez completamente, pois Remi também explorava os ombros esguios com seus lábios, mas afastando-se para respirar e tirar fotos.

A loira popstar esperou quase dez minutos e se ergueu para sair à francesa, esperando o Dragão da Matéria nas escadas da casa. Acksul ainda acompanhou parte da ousadia de Jullian e Nyra antes de, discretamente, sair.

Blair observou a coxa levemente arranhada, mas o suficiente para deixar uma marca gentil na pele branca. Não estava assustada. Era um misto de surpresa, curiosidade e muitas perguntas. Os Versos nem se incomodavam. Mesmo com presenças desconhecidas… Blair não imaginava que a fama do grupo podia ser tão paupável. Os olhos verdes claros acompanharam-nos por um tempo, e então se voltaram a Rhistel.

– É só um pouquinho assustador. – Sussurrou próximo ao ouvido dele, confessando. – Mas estou mais curiosa…

A bebida veio e foi, mas os Versos não saíram daquela linha até decidirem ir para casa. Ártemis e Alicia ficaram ali, conversando com Blair e Rhistel por algumas horas. A Pooka dizia muitas coisas, levemente aérea pela bebida e até confessou para os dois estar um pouco triste que Ladirus não havia a escolhido – “Acho que ele nem repara que eu existo”.

– Mas tudo bem. – Ela continuou, de olhos fechados já ajeitada no sofá. – Eu vou encontrar alguém.
Blair entreolhou-se com Rhistel, vendo-a cair lentamente no sono. Já fazia algumas horas que tinha certeza que Fayre e Ladirus não sairiam do quarto até o Sol nascer…

– Tadinha. – Sussurrou para o Dragão de Gelo e o fitou por mais alguns segundos – Você pode dormir comigo hoje?

O Dragão de Gelo concordou vagarosamente. Assistira Ladirus ser levado por Fayre e Acksul seguir Aisha e ainda achava difícil encaixar os acontecimentos com normalidade. Talvez, em seu íntimo, não os enxergasse com tanta humanidade assim para serem capazes de proezas. O seu irmão mais velho, principalmente. Não era tolo em crer que Acksul era um novato no que se dizia a respeito de mulheres, mas ele sempre parecia concentrado em outras coisas. Ladirus já era só questão de tempo.

– Ahm, eu… Claro. – Ele respondeu, pego de surpresa com a pergunta. Rhistel a olhou, apertando os lábios vermelhos. Sentiu-se agitando crescentemente… – Nós, é… Vamos deixá-las aqui mesmo? – Ele se voltou para as fadas. Alicia dormia largada ao lado deles e o Dragão jogou a manta do sofá sobre ela, cobrindo a calcinha exposta. – Não tenho ideia melhor…

– Eu vou buscar algumas coisas para elas ficarem confortáveis. – Blair disse e caminhou para seu quarto. Trouxe lençóis, mantas e ajeitou sobre o corpo delas, assim como travesseiros abaixo de suas cabeças. – Provavelmente a gente ainda acorda antes delas. – Observou-as em seus estados de sono profundo, e as garrafas sobre as mesinhas. Pensou se deveria arrumar a bagunça da casa e fitou ao redor. Costumava ter alguns servos que limpavam tudo de forma imediata quase, mas teria que esperar a empregada doméstica do primeiro horário. Blair apagou a luz e o admirou tocado pela luz natural externa que adentrava pelas grandes janelas fechadas apenas pelo vidro. – Você está com sono? – Fitou-o e riu baixinho, dispersando alguma proposta que lhe veio a mente. – Não. Você tem que descansar. Vai ser seu grande dia amanhã…

O carinho do gesto era o seu único foco. Rhistel a acompanhou ir e vir, preocupando-se como a anfitriã que provavelmente nunca havia sido. Os olhos investigavam com interesse de onde surgira a pergunta sobre o seu sono. Rhistel abaixou a cabeça, abrindo um sorriso oculto pela escuridão iluminada. – Eu quase fiz um comentário muito… Inapropriado. – Ele franziu o cenho. – Devo estar com muitas cenas inapropriadas na cabeça… De hoje. – Levantou-se devagar, espreguiçando-se, mas longe de estar sonolento. Ele se aproximou dela e jogou os seus braços ao redor de sua cintura, olhando-a. – Você está com cara de que está cheia de coisas nessa sua mente criativa, Bee…

E estava cheia de ideias. Mas algumas talvez o levassem para longe demais naquela noite. – Eu não estou com sono. – Sussurrou e deitou a cabeça no ombro dele, as mãos da maga deslizaram pelos braços dele carinhosamente. – Não consigo parar de pensar na noite de ontem… No seu toque… No seu beijo e no seu abraço… E todo o prazer… – Mordeu o lábio e escondeu seus olhos no ombro dele, só a proximidade que o abraço os proporcionada, corpo a corpo, fazia sua mente viajar um pouco demais. Até seu perfume fresco causava os leves arrepios que sentia. – Mas… Eu pensei que poderíamos sair e ficar em algum lugar, e ficar conversando … Já que é também uma coisa que não temos muito tempo para fazer… – Voltou a olhá-lo, navegando sua visão dos olhos até os lábios avermelhados de Rhistel, onde roubou um selinho demorado, e seus olhos de novo. – O que você acha…?

Olhando-a Rhistel sorria por vontade e pelo impulso de vê-la empolgada. O cenho franziu e ele a olhou levemente surpreso antes que ela se escondesse. – Ahm… Eu não estava preparado para esse comentário… – Rhistel riu, disfarçando o suspiro e abraçando-a mais forte. Ele tentou pensar na proposta, mas tudo se ia com grande facilidade ao sentir o selinho em seus lábios. Rhistel piscou os olhos vagarosamente, mordiscando o lábio e, em seguida, voltando os olhos para o teto. – Bee… Ahm… Podemos fazer o que você quiser… Meu poder de decidir alguma coisa está bem comprometido como você pode… Sentir…? – Ele riu de novo, timidamente, franzindo o cenho. – Ahm… Sabe… Eu também fiquei pensando… Nisso. A forma como você se libertou e buscou por alcançar o que sentiu… Nossa. Eu fiquei imaginando como será… Fazer amor com você e poder dividir isso com você…

Ela tocou seu rosto com carinho e beijou seus lábios de novo. Era muito difícil tirar seu pensamento daquilo, e falar sobre isso apenas mexia mais com seu corpo… Especialmente quando o sentia da mesma forma.

– Eu estava na banheira hoje… Procurando a mesma sensação… E era como se estivesse do meu lado… – Sussurrou roçando seus lábios rosados na pele morena do rosto de Rhistel – Estou tendo os melhores momentos. Eu só penso em você, só quero dividir com você. – Afastou seu rosto para o olhar – Tenho certeza que não sabe o quanto me faz bem… – Segurou a mão de Rhistel e caminhou devagar o guiando para a sacada.

– Banheira me lembra a minha loucura sempre… E agora, isso. Eu nunca vou encarar banheiras inocentemente mais… – Eu sinto. Rhistel pensou, caminhando com ela e abraçando-a pelas costas, envolvendo a sua cintura e descansando o rosto sobre o seu ombro. Rhistel inspirou o perfume da Maga e beijou a pele pálida. O coração pulsava ardente, preenchido de sentimentos de prazer. – Bee… Eu estou muito apaixonado por você… Meu coração está feito de vidro das suas mãos… – Ele sussurrou. – Eu fiquei um pouco incomodado de assistir a sua cena de morte. Ahm… Você estava perfeita… Mas… Eu não sei. Eu não quero desgrudar de você tão cedo. Sabe, isso ficou na minha cabeça…

Blair andou devagar até a beirada da sacada, encostando seu corpo à estrutura e apoiando suas mãos no parapeito. Ela virou o rosto para beijar o dele e resgatar alguns selinhos dos lábios gelados.
– Você ficou apreensivo. – Ela disse ao se lembrar dele assistindo a cena sério – Foi a primeira vez que fui assassinada. Foi até divertido. – Riu – Eu não faço muitos romances. Mas esse foi o mais esquisito que já fiz. Quer dizer, o segundo. – Virou-se para ficar de frente para ele e sorriu risonha e brincou: – Você vai ter que se acostumar. Ainda vão acontecer muitas coisas com minhas personagens. E eu acho que vamos ficar apaixonados com validade indeterminada. Sabe? – Sorriu para ele – Meus filmes e as suas turnês em cartazes… Suas noites sem dormir escrevendo músicas e eu estudando roteiros… Eu quero passar por esses estresses prazerosos do showbizz com você. – Blair o fitou nos olhos e desceu a ponta dos dedos até a barra da camisa – Posso tirar sua camisa para ver algo?

– Gostaria que você pudesse morrer menos, então… – Ele passou a língua pelos lábios corados, observando-a tecendo romanticamente imagens que se criavam na sua cabeça. – Você não cansa de ser uma coisa fofa e apaixonante, né… É inevitável…

Blair o fitou nos olhos e desceu a ponta dos dedos até a barra da camisa – Posso tirar sua camisa para ver algo?

O Dragão de Gelo devolveu o olhar dela com uma curiosidade brilhosa em seus olhos escuros. – Ahm… Não. Eu sou tímido. – Ele sorriu, risonho. – Claro que pode… Mas só se você fizer uma ceninha para mim fazendo isso.

Ela sorriu para a proposta e concordou. Pensou um instante, abriu os primeiros botões da camisa, e voltou a segurar a barra da roupa, erguendo-a devagar ao mesmo tempo que seus dedos acariciavam a pele de Rhistel.

Seu olhar oceano verde e profundo expressava desejo e acompanhava o levantar da roupa e os olhos do Dragão. Blair terminou de retirar a veste por cima e segurou-a nas suas próprias mãos no alto. Vestiu a roupa social dele por seus braços primeiro e deixaram-na cair sobre seu corpo, sobre o vestido leve que usava após as gravações. A maga continuava o fitando enquanto ajeitava-se para tirar o vestido por debaixo da camisa que havia vestido. O sorriso malicioso se tornou um breve riso arteiro quando conseguiu, e então terminou de tirar o vestido por baixo, ficando apenas com a peça íntima e a camisa de Rhistel. Ela ajeitou a peça ao próprio corpo, um pouco mais folgada do que estava nele devido o corpo mais estreito e as curvas acentuadas da cintura fina que Blair tinha, quase não chegava a cobrir a lingerie inferior que usava. Afastou os cabelos debaixo da gola e moveu o rosto para afastar os finos fios dos ombros. Depois da cena, Blair o fitou e esperou ser observada. – Você é bom com as palavras… Eu sei fazer cenas… – Ela ergueu as mãos sobre os desenhos retangulares no peito dele. As mãos e o corpo dela sempre quentes demais em relação a ele. – Eu estava pensando sobre algo…

Ele quase achou que a cena seria apenas a carícia maldosa. Mãos quentes em seu corpo muito frio. Era sempre excitante sentir a disparidade que as suas temperaturas possuíam. Ele suspirava a cada toque, piscando os olhos devagar e mordiscando os lábios. O semblante dela era o outro deleite. Alvo da sua paixão desde que presenciara a malícia que aqueles olhos conseguiam expressar, devorando-o com o olhar. Rhistel franziu o cenho ao assisti-la se vestindo com a sua camisa, permitindo um decote com os botões. A nudez dela lhe era sempre uma novidade e o mistério que ela fazia com ela, mesmo que ele já houvesse-a visto quase inteira, era a segurança da própria sensualidade. E isso o excitava terrivelmente… – Sim, você sabe… – Rhistel sussurrou e suspirou, fechando os olhos e sentindo o toque delicado que o provocava. Os seus braços a envolveram. – Ahm, o quê? – Observava-a. – Você sabia que uma tatuagem colorida ficaria linda na sua pele, né? Tipo a do Jullian… A que ele tem nas costas. Eu acho que você é até mais branquinha que ele…

Blair sorriu e mordeu o lábio, roubou um selinho em seguida, arranhando-o de leve onde o tocava e subiu as mãos para os ombros do Dragão.

– Que tatuagem você desenharia em mim? – Fitou-o nos olhos – Eu fiquei com isso na cabeça uns dias… Quando eu fui atrás de você depois da missão na fábrica, você me disse que tinha descoberto algumas coisas sobre você mesmo… Uma delas era que você queria estar perto de mim. – Sorriu brevemente ao se lembrar dos beijos e dos toques atrás do minibar da casa de vidro – Mas você não falou qual era a outra coisa.

Os olhos dele estranharam a recordação por um instante enquanto acompanhavam os dedos pálidos desenhando a sua pele morena. – Ahm… Estava difícil pensar sobre assuntos sérios naquela hora. Eu me distrai com Blair e o seu topless… – Ele franziu o cenho, sorrindo timidamente. – Eu acho… Que eu posso desenvolver uma outra habilidade… Provavelmente, eu já a tenha, mas… Esteja descobrindo… – Olhou-a em seus olhos, buscando pela mão livre dela e voltando o pulso para si. Rhistel começou a desenhar imagens ilusórias magicamente na pele da Maga, dando forma a um filhote de leão tentando apanhar uma estrela brilhante, embora outras estivessem mais próximas. – Eu acho que consigo ter algum controle bizarro com energia. Energia de qualquer tipo… Já testei… Mas parece estranho ainda. É como se eu pudesse… Moldá-las. – Ele comentava enquanto pintava o desenho. – Quando eu tento, eu me sinto muito ansioso, por isso não… Tenho me arriscado tanto…

Blair o escutou com atenção, intercalando o olhar dele para o desenho em seu braço. Pensando brevemente na escolha que ele fazia do desenho, leoa e estrelas, a maga sorriu e o olhou.

– É um pouco difícil, mas… Não impossível sentir que há algo diferente… – Fitou-o com certo interesse – Suas tatuagens… Caixas e argolas. Eu já tive a impressão que elas prendem algo aqui dentro… – Tocou o centro do peito dele com a mão livre, pressionando levemente entre os desenhos. – São muito diferentes… Parecem códigos… Linhas e retas… Não sei o que já pensou sobre elas.

Era uma tarefa um pouco difícil só prestar a atenção nas palavras com seriedade. Ele terminou o desenho e fechou os olhos. Não havia notado, mas era particularmente sensível as áreas pintadas do seu corpo. – Eu… – Ele inspirou profundamente. Sua voz sussurrada fluía entre suspiros… – Ahm… Nunca… Quis investigar muito… Eu tenho receio das histórias da Elara. Eu não sei o que eu passei… Mas… Sempre me vem dor… Quando penso demais… Eu sei que eu deveria investigar, mas… Bem, talvez agora eu precise… Mesmo. – Rhistel abriu os olhos, olhando-a. – Eu tenho a impressão… Que sofri mais do que eu possa calcular imaginando.

Blair sabia que eles haviam sofrido muito, e o suficiente para deixar alguém em pedaços por dentro. Ela apenas assentiu, não sabia dos detalhes, apenas das histórias vagas e trechos de conversas que havia conseguido captar.

– Eu tenho certeza que não é uma história fácil. – Disse na sua voz baixa – Talvez você devesse desvendar isso com Nyra… Ela também está prestes a descobrir sobre a antiga alma dela… Penso que é mais fácil se tiver alguém próximo para lidar com isso. – Sorriu sem jeito – Eu não sei se é a melhor opção, mas… Saber mais sobre sua história é a melhor maneira de não ser pego de surpresa. É um pouco estranho… Nossos inimigos sabem mais sobre nós que nós mesmos, e isso é uma desvantagem emocional muito grande.

Blair recuou o olhar para o desenho feito em seu braço e sorriu. Tocou-o com sua mão e o deixou temporariamente registrado em sua pele, que o absorveu junto da energia usada.

– Você tem me ajudado a lidar com tudo o que deixei para trás… Que foi basicamente o único mundo que eu conhecia, tudo… Por mais que você não saiba. – Sorriu timidamente e o olhou – Eu queria que soubesse que eu quero te ajudar a lidar com qualquer coisa que precise lidar…

Palavras doces que tocavam profundamente a sua alma como uma confirmação da veracidade. Rhistel quis o sorriso acanhado dela guardado dentro de si e curvou-se para beijá-la e roubá-lo. O toque foi se despegando vagarosamente – lábios obstinados a não se separar facilmente. Ele suspirou, buscando por uma reprise aprofundada e úmida. A língua gelada se embalou à dela em um ritmo calmo, mas intenso; delicado, mas quente. Os olhos se despertaram mornos quando buscaram pelos dela. – Bee… – Os dedos a tocaram em seu precioso rosto de princesa. – Eu acho que é você quem não sabe o que faz comigo… Abrindo o seu coração sem medo de nada. Eu fico tão derretido. Ao mesmo tempo, uma leoa… Com garras afiadas e presas mortais, sempre me observando com profundidades… Uma menina feroz e doce.

Era até difícil se restabelecer na realidade depois de cada beijo mais intenso que compartilhavam. O doce ficava forte em seus lábios quando se encontravam com o dele. Abriu seus olhos devagar e o fitou entre um discreto suspiro que acompanhava a respiração quente.

A maga apoiou seus braços no suporte às costas e se esticou na ponta dos pés para sentar sobre o parapeito. Blair tocou os quadris dele com seus joelhos e devolveu o beijo envolvendo-o com seus braços.
– Eu gosto da imagem. – Ela sorriu – Sua visão sobre mim…. Ainda é diferente ser vista como uma pessoa, personalidade e identidade. Não só uma celebridade ou imagem distante. – Riu, pois seu peito formigava quente. Rhistel a trazia uma felicidade muito fácil – E o que seria a estrela mais distante? – Afastou o braço para fitar a tatuagem.

– Eu posso imaginar que você já ouviu todos os tipos de suposições sobre você. – Rhistel comentou, aproximando-se e encostando sua testa à dela, também fitando a tatuagem. – Você sempre quer a estrela mais distante, mais difícil e mais brilhante. Eu nunca te vejo querendo menos que o surreal ou incrível… Talvez em relação a mim isso seja diferente. – Ele riu, abrindo um sorriso. – Você se parece com a Nyra nisso… Mas é uma busca por perfeição menos dolorosa. É mais sonho do que desejo. É calma, apesar de focada. Você navega mais tranquilamente pelo lago da vida… Mas a estrela mais alta te atrai. – Olhou-a em seus olhos. – Oscar… Grammys…

Seu sorriso cresceu até se tornar um riso. – Você é a estrela mais alta! A única diferença é que eu não sabia que você existia. Estava muito escuro. – Ela o abraçou contra si, cercando-o com seus braços e pernas. Sussurrou perto ao ouvido dele: – Não vou te soltar, pois eu sei que não tem outro… Ras Algethi. E essa é a minha estrela mais importante hoje e agora. – Roubou-o beijos no rosto e selinhos em seus lábios – E quando você ficar famoso, você pode ser aquela que brilha mais forte, porque eu tenho essa sensação que você não desiste dos seus sentimentos e isso vai te levar longe. Mas até aí eu já estarei numa posição confortável de te ter… – Riu e, sem pressa, voltou abraçá-lo forte, repousando seu rosto no ombro do Dragão de Gelo e segurando-o firme entre seus dedos que agarraram os ombros masculinos. Blair fechou seus olhos e se concentrou nas batidas do coração dele, que sincronizavam com os arrepios da sua pele sensível. – Me beija…

Talvez, em outro momento, os beijos e toques não teriam sido suficientes para saciar a sua vontade dela – palavras amorosas que o esquentavam muito além de apenas aquecer o coração acelerado. Deitar-se com ela e sentir a privacidade livre de poder tocá-la quase rompeu os seus planos idealizados de aguardar um pouco mais para tê-la completamente. Ainda havia prazeres que Rhistel queria mostrar e dormir abraçado com ela também era um deles. Dormir, mesmo saciado com os dedos macios de Blair, mas desejando todo o restante… Uma tortura até prazerosa.

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